As edificações inteligentes estão cada vez mais em pauta, para a elaboração delas, alguns materiais tem sido desenvolvidos para atender a objetivos específicos durante o seu uso sem a necessidade de serem operados por alguma pessoa ou equipamento. Auto-manutenção, limpeza do ar, trabalhar o conforto do espaço, eficiência energética, são apenas alguns dos benefícios que podem ser alcançados ao adotá-los.
Antes de apresentar alguns exemplos, é importante ressaltar que a maioria desses materiais estão em fase de desenvolvimento e lidam com tecnologia de ponta, o que podem elevar os seus custos e, ainda, pouca presença no mercado. No entanto, visto a procura e a necessidade de soluções mais sustentáveis perante o quadro de crise climática, é provável que os produtos sejam desenvolvidos e aperfeiçoados durante os próximos anos e se tornem mais acessíveis. A seguir, conheça alguns deles.
Bioconcretos regenerativos
As rachaduras ou fendas, se não reparadas, podem aumentar e permitir a entrada de água no interior da estrutura de concreto, levando à corrosão do aço e ao comprometimento das qualidades mecânicas da estrutura. O bioconcreto ou concreto bacteriano incorpora algumas espécies de bacilos (bactérias) na mistura do cimento que minimizam a necessidade de manutenção no material, pois produzem esporas que podem sobreviver até cinco décadas sem alimento ou oxigênio, capazes de fechar naturalmente as eventuais fissuras que venham a surgir.
Concretos carbono
Quatro vezes mais resistente e mais leve do que o concreto armado usual, este material utiliza malhas de carbono em vez de elementos de ferro, sinalizando uma economia de recursos e financeira, além de um menor dano ao meio-ambiente. Sua fabricação se dá por meio de um processo de decomposição térmica (pirólise) na qual fios ultrafinos de cristais de carbono são extraídos e utilizados para criar uma malha onde o concreto é alastrado antes de endurecer. Sua vantagem está, portanto, nas aproximadamente 50000 fibras individuais – muito mais finas do que um fio de cabelo humano – processadas para formar uma estrutura de grade. Além de permitir vãos ainda maiores sem risco de colapso, o concreto carbono é capaz de gerar peças pré-fabricadas muito mais leves, dispensando grandes guindastes.
Hidrocerâmicas
O material desenvolvido por estudantes espanhóis, é uma cerâmica com bolhas de hidrogel que são capazes de reter até 400 vezes o seu volume em água. Devido a esta propriedade, as esferas absorvem a água e, em dias quentes, evaporam, resfriando o ambiente. Num dia chuvoso e de temperatura baixa, as bolhas aumentam de tamanho, se recompondo, e servem como isolante térmico. Sendo assim, o conforto térmico e a eficiência energética das edificações são aprimorados.
Materiais autolimpantes
Já é possível encontrar no mercado materiais como tintas, vidros e cerâmicas que são autolimpantes. O que eles tem em comum é possuir em sua composição nanopartículas de dióxido de titânio, um elemento que faz fotocatálise, ou seja, aumenta a velocidade de reações químicas quando exposto à luz, eliminando micro-organismos e sujeiras da superfície. No caso das tintas, elas apresentam uma economia de manutenções e repinturas, e são indicadas para utilização em áreas externas como fachadas e coberturas, afinal, com o calor da luz (natural ou artificial), a tinta libera radicais livres que quebram os agentes poluentes como o óxido de nitrogênio e diminui os odores, melhorando a qualidade do ar urbano. Em Roma, foi realizada uma pintura no interior de um túnel que resultou na redução de 51% dos gases poluentes na área.