A arquitetura em seu sentido mais amplo se preocupa com a criação de estruturas que são permanentes, cimentando-se no contexto cultural e histórico maior de sua humanidade, porém, onde inserimos a criação de estruturas projetadas com a intenção de serem desmontadas. Qual o significado e valor podem ter estas estruturas, sabendo que nunca foram projetadas para durar, mas para simplesmente ocupar o espaço por um momento?
Embora a maioria da arquitetura mundial tenha sido projetada principalmente para priorizar a função, o que torna a arquitetura excelente em qualquer capacidade é sua capacidade de combinar forma e função para criar espaços que não apenas servem ao seu propósito, mas também são visualmente atraentes.
Permanência e durabilidade são frequentemente os objetivos da arquitetura, porém, em algumas ocasiões, a criação de espaços temporários é favorável na noção de projetos de exposições e a criação de uma infraestrutura de montagem rápida formada a partir do desejo de ativar espaços abandonados em nossas cidades. A arquitetura temporária continua a ter uma relevância marcante na sociedade atual, ajudando a moldar os espaços públicos e causando impacto na mente de seus cidadãos.
A seguir, alguns exemplos de projetos de exposições, estruturas e instalações temporárias que mostram a diversidade em sua intenção e uso enquanto experimentam com materiais, forma e um subconjunto de cores.
Pavilhão Sarbalé Ke / Kéré Architecture
Sarbalé Ke, "a Casa da Celebração" em Moore, uma língua falada em partes de Burkina Faso, é uma instalação vibrante criada para o Festival de Música e Artes Coachella Valley de 2019. Continuando o tema desenvolvido por Francis Kéré, a instalação apresenta doze estruturas que rementem ao baobá, refletindo sobre o material, textura e disposição espacial da arquitetura em sua terra natal, Gando, Burkina Faso. As torres de baobás criam espaço para os visitantes fluírem pelos troncos em todas as direções. Isso dá lugar a um interior repleto de luz, naturalmente ventilado e sombreado, ambos evocando a maravilha da luz do dia no coração de um baobá, ao mesmo tempo, em que responde à necessidade imediata de sombra no clima escaldante da primavera do Coachella.
Park ‘n’ Play / JAJA Architects
O ponto de partida para o concurso de projetos era uma estrutura de estacionamento convencional. O desafio era criar uma atraente fachada verde e um conceito que incentivasse as pessoas a utilizarem a cobertura. Ao invés de ocultar a estrutura do estacionamento, propusemos um conceito que potencializasse a beleza do grid estrutural enquanto rompesse a escala da sólida fachada. Um sistema de caixas com vegetação foi introduzido em um ritmo que dialoga com o grid e cria uma escala enquanto distribui a vegetação em toda a fachada. O grid de caixas na fachada é então combinado com duas grandes escadas públicas, as quais têm corrimãos contínuos que se tornam um fantástico playground no telhado.
LEGO House / BIG
BIG-Bjarke Ingels Group e LEGO transformam os clássicos "tijolos" LEGO em escala arquitetônica com a LEGO House, formando vastos espaços expositivos e praças públicas que incorporam a cultura e os valores de todas as experiências LEGO. Os primeiros pavimentos incluem quatro brinquedotecas organizadas por cores e programadas com atividades que representam um certo aspecto da aprendizagem de uma criança: o vermelho é criativo, o azul é cognitivo, o verde é social e o amarelo é emocional. Visitantes de todas as idades podem ter uma experiência imersiva e interativa, expressar sua imaginação e conhecer outros construtores de todo o mundo.
Planeta Vermelho / 100architects
Planeta Vermelho é uma intervenção no espaço público destinada a promover interações, atrair clientes e melhorar a experiência no espaço público de propriedade privada numa rua comercial ao ar livre. Nossa proposta surgiu a partir de uma abordagem SURREAL, a partir da intenção de quebrar as regras convencionais de percepção, daquilo que já é concebido como realidade, a fim de despertar a imaginação e a criatividade das crianças, além de imergi-las em uma experiência colorida.
Sociedade de Design de Shenzhen / MVRDV
Uma sociedade liderada pelo design está em constante construção e, num universo em expansão, há a emergência de um novo mundo de fabricação digital. O projeto do MVRDV para a principal sala de exposições do Centro de Cultura e Arte do Mundo do Mar, localizado em Shekou, Shenzhen, responde ao tema bienal ‘Notando o Digital’ e considera as inúmeras formas de criatividade digital que têm sido fundamentais para a mudança da China de um histórico centro de produção para a sua reinvenção atual como um centro de inovação. Para responder a isso, o MVRDV desenvolveu um labirinto localizado em dois andares que individualizam e diferenciam os ambientes de exibição entre projetos e designers, enquanto cria uma sinergia entre os dois andares, oferecendo diferentes perspectivas e experiências de dentro da sala de exposição ou olhando de cima.
Pavilhão Flutuante / Shen Ting Tseng architects
Em resposta a característica natural do terreno, o conceito de "flutuante" deriva dos atributos de vento e luz. Ao unir a parte superior e a plataforma da ilha curvada desde abaixo, cria-se um pavilhão que captura a brisa e a luz flutuando em meio a praça. Através da interação entre a base e as forças naturais, gera-se uma nova forma de perceber o espaço. A praça converte-se em um catalisador de grupos, um campo íntimo, porém público.
A arquitetura tem consistentemente compartilhado uma linha tênue com a arte, quase semelhante à natureza da escultura, pois além da necessidade de funcionar como um espaço ocupável, também deve trazer a necessidade de inspirar e causar um impacto emocional. Acredito que os projetos selecionados são um exemplo dessa interseção entre arquitetura e arte.