Arquitetura e natureza: como a arquitetura pode se inspirar em elementos naturais

Escrito por Giovana Martino
Publicado em 30 de Junho de 2022

A natureza é muitas vezes utilizada como fonte inspiradora para a arquitetura. Seja a partir de suas formas, a extração e utilização de seus materiais, ou até a incorporação de processos físicos e químicos nas tecnologias empregadas, é sempre relevante procurar relações entre o meio construído e o meio natural. Dos muitos ecossistemas presentes no planeta Terra, os oceanos representam a maior parte da superfície e guardam em si histórias, místicas, símbolos e formas que podem ser referenciadas na arquitetura.

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Histórico objeto de profundo interesse da humanidade, os oceanos representam cerca de 71% da superfície terrestre e 97% da hidrosfera, cobrindo a maior área da superfície do planeta com regiões ainda não exploradas, o que por séculos foi motivo para serem retratados com misticismo e fantasia. Para além da leitura fantasiosa a respeito desse ecossistema, os oceanos são grandes responsáveis pela vida na terra, estando atrelados à manutenção da temperatura do planeta e também à disponibilidade de oxigênio, correntes de vento e tantos outros fenômenos naturais, além de também serem valorizados por sua paisagem natural e ambiência relaxante.

Do fascínio pelos mistérios marítimos, até à valorização de paisagens naturais, os arquitetos muitas vezes se deparam com projetos que conseguem extrair desse fascínio, inspiração para o meio construído, seja a partir de sua proximidade e possibilidade de contemplação, da derivação de formas arquitetônicas, da reprodução de signos ou símbolos, ou ainda de técnicas ou elementos naturais presentes nos projetos. Veja a seguir uma seleção que têm como inspiração os grandes oceanos:

São muitas as formas de manifestar sua referência dentro dos campos da arquitetura. Enquanto alguns projetos se justificam a partir de referências mais subjetivas ou conceituais, outros buscam nos elementos naturais uma inspiração mais direta, como é o caso de projetos que encontram nas formas da natureza seu partido. O Oceano Vertical do Maaps Architects, o Museu do Oceano e do Surf de Steven Holl Architects, em colaboração Solange Fabião, e ainda A voz do Mar de Ressano Garcia são três projetos que partem de sua proximidade com as praias para reproduzir as formas dos oceanos em sua arquitetura.

Já outros não reproduzem exatamente o objeto de inspiração, mas se aproveitam de sua proximidade para garantir sua implantação, e a dinâmica do programa, considerando os acessos e o enquadramento de vistas, por exemplo, como no Centro de Acolhimento Wind Chimneys de Hiroshi Nakamura & NAP, o Banheiro Público em Ocean Beach de Kevin deFreitas Architects, ou ainda o Refúgio Dolphin Sands de Matt Williams Architects.

Uma outra forma de referenciar a natureza está na reprodução de elementos específicos, ou símbolos, na arquitetura ou no design. No caso dos oceanos, por exemplo, o Hotel Ocean Park Marriott da Aedas, além de inspirar sua forma nas ondas do mar, também colocou aquários e outros elementos decorativos e artísticos que remetem ao ambiente marítimo, assim como o Restaurante NoMad de Lucas Lage Arquitetura, enquanto a Casa Musubi de Craig Steely Architecture se inspira em um objeto que subjetivamente remetemos ao mar: um barco.

Por fim, para além dos artifícios formais e estéticos, uma maneira importante de projetar em consonância com a natureza, é incorporar soluções técnicas que levam em conta as dinâmicas naturais do lugar onde está sendo implantando, conseguindo impactar minimamente no meio natural, como fazem os projetos do Abrigo Punta Colorada III do TATÚ Arquitectura, a Pousada The Wandering Walls do XRANGE Architects ou o Villa La Mediterranee de Stefano Boeri Architetti.