O Dia da Mulher Arquiteta e Urbanista foi estabelecido em 2020 pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil para reafirmar o compromisso com a promoção da igualdade de gênero em todas as suas instâncias e na relação com a sociedade. Conforme levantamento do próprio CAU/BR em seu Anuário 2019, mulheres representam 63% dos arquitetos e urbanistas, uma proporção que deve aumentar no futuro próximo. Considerando apenas os profissionais com até 30 anos, são 75% de mulheres contra 25% de homens.
Para celebrar a importância desta data, reunimos uma seleção de artigos sobre algumas pioneiras da arquitetura, urbanismo e paisagismo no Brasil. Conhecer a obra destas mulheres e suas contribuições ao campo profissional é valioso não apenas do ponto de vista histórico, mas também social, com vistas ao futuro da arquitetura enquanto prática mais inclusiva, sensível e justa.
Lota de Macedo Soares
Maria Carlota de Macedo Soares nasceu em 1910 em Paris, onde o pai – responsável por um dos jornais mais influentes do Rio de Janeiro, o Diário Carioca – estava exilado. Criada em meio à elite, Lota chega ao Brasil em 1928, com 18 anos, e foi muitas vezes definida como uma figura controversa que gostava de carros de corrida, usava calça jeans e camisas masculinas e teve um discreto, porém duradouro, romance com a premiada poetisa americana Elizabeth Bishop.
Carmen Portinho
No início da década de 1920, uma época na qual as mulheres sequer podiam trabalhar sem a autorização do marido, Carmen Portinho ingressou no curso de engenharia na Escola Politécnica da Universidade do Brasil. Na vanguarda da profissão, como uma das três primeiras mulheres a se formarem engenheiras no Brasil, ela abria campo em um espaço de domínio inteiramente masculino.
Rosa Kliass
Considerada a dama do paisagismo brasileiro, Rosa Grena Kliass foi a mulher responsável pela transformação no cenário, ao longo de uma caminhada de amadurecimento, traduzindo à sociedade a luz sobre a importância do papel do arquiteto paisagista. Sua trajetória pelo paisagismo se confunde com a própria origem do paisagismo no Brasil. Paulista, nascida em 1932 na cidade de São Roque, foi durante seu último ano no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), em 1955, que teve contato com a disciplina de paisagismo.
Lina Bo Bardi
Apesar de nascida na capital italiana, Lina Bo Bardi tornou-se uma das figuras mais importantes a sintetizar a cultura brasileira ao mundo e ao próprio país, unindo arquitetura, política e cultura popular. Seu perfil inquieto e sua ânsia à quebra de tradicionalismos fez do Brasil o território ideal à aplicação de seus ideais. Para além dos elementos concretos e solidificados, a arquiteta buscou o desenvolvimento de um trabalho pautado pela presença dos elementos culturais e uma intensa discussão política, idealizando uma arquitetura pautada pelo rompimento de barreiras entre o erudito e o popular.
Os trechos foram extraídos dos próprios artigos e têm autorias diversas.