A era dos carros movidos a gasolina está chegando ao fim com o advento das baterias e carros elétricos – e com ela, os postos de gasolina e a poluição que eles trazem para as comunidades.
Postos de gasolina, por sua própria natureza, são riscos ambientais. Dos 450 mil locais perigosos somente nos EUA, metade está contaminada por petróleo, com grande parte vindo de tanques subterrâneos vazando de antigos postos de gasolina, gerando riscos de vazamentos e explosões.
Esses perigos não se limitam a vazamentos de tanques ou após o posto de gasolina não estar mais em uso. Enquanto em operação, os postos de gasolina representam sérios riscos à saúde das pessoas em residências, empresas e escolas próximas. Os postos de gasolina emitem níveis perigosos dos conhecidos agentes cancerígenos benzeno e ozônio, que causam sérios problemas respiratórios.
As preocupações com as mudanças climáticas levaram os governos da Califórnia, Canadá e UE a exigir o fim das vendas de carros a gasolina até 2035, enquanto outros lugares estão indo ainda mais longe e implementando proibições de vendas já em 2030 ou até 2025. Empresas de automóveis como GM, Mazda , Volvo estão seguindo o exemplo, estabelecendo datas para quando seus últimos veículos a gasolina serão vendidos.
Em 2021, Petaluma, na Califórnia, tornou-se a primeira cidade do mundo a proibir novos postos de gasolina. Desde então, pelo menos mais quatro cidades proibiram permanentemente novos postos de gasolina e pelo menos mais seis (incluindo Los Angeles, a cidade dos carros) estão desenvolvendo políticas nesse sentido.
Novas demandas
Em 2030, poderá haver 26 milhões de carros elétricos nos EUA, o que significa que será necessário mais de 10 vezes o número de carregadores de veículos elétricos existentes hoje.
No Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o número de modelos elétricos vendidos no país cresceu 255% de 2020 para 2021. Este é um resultado muito acima do mercado de veículos tradicional como um todo, que teve alta de 3% no mesmo ano.
A Starbucks, com seus 15.000 locais em todo o país, acha que poderia ajudar a preencher parte da lacuna.
Em um piloto lançado este ano, a empresa está em parceria com a Volvo e a Chargepoint para instalar carregadores de VE em seus estacionamentos ao longo de uma rota de 1.350 milhas de Denver a Seattle, com paradas disponíveis aproximadamente a cada 160 quilômetros.
Tomar um café enquanto abastece o carro é uma ideia interessante considerando que o tempo de recarga de um veículo elétrico é bem mais lento do que o abastecimento de um tanque com gasolina.
Seria essa solução geradora de um novo tipo de comportamento urbano onde as pessoas parariam em cafés para abastecer seus carros criando uma mudança estrutural na arquitetura comercial urbana?
Ao mesmo tempo que café urbanos se adaptariam a criar áreas de abastecimento, que fim levariam os terrenos onde hoje operam os postos de gasolina considerando que na maioria das vezes eles estão situados em esquinas de grande mobilidade nas cidades.
Seriam alvo certeiro da especulação imobiliária? Ou seria possível que esses hubs de abastecimento de carros elétricos fossem adaptados nos locais onde hoje já funcionam os postos?
Hubs de abastecimento
No Canadá, A Parkland, empresa que conta 3 mil postos espalhados por 25 países, foi a patrocinadora de uma competição internacional que visa criar o posto de abastecimento elétrico do futuro.
James Silvester, um arquiteto de Edimburgo, na Escócia, responsável pelo projeto vencedor, sugere um novo modelo drasticamente diferente do que temos hoje – um modelo que prioriza a experiência dos clientes. Seu design propõe uma longa estrutura linear com terminais de carregamento em todo seu perímetro. No centro, ele abriga lojas e outros serviços de conveniência, além de espaços não comerciais para que motoristas possam fazer uma pausa e relaxar.
Projetado com um sistema modular que permite que sua estrutura se adeque aos diferentes tamanhos de terreno, o posto de Silvester é capaz de fornecer uma variedade maior de serviços e comodidades. Além de opções de comida e bebida disponíveis, seu design oferece área para exercícios, massagem terapêutica e até mesmo jardins, onde os motoristas podem descansar enquanto a bateria recarrega.
A estrutura proposta pelo designer escocês é feita com materiais sustentáveis, como madeira e pedra, e seu um telhado possui painéis solares. Ele ressalta que, com essa estrutura modular, o tempo de construção é menor e flexível o suficiente para acomodar uma ampla variedade de serviços.
O projeto vencedor pode ser mais do que apenas um design inteligente. A Parkland está discutindo com o designer sobre como o novo posto pode começar a ser implementado, ainda que lentamente. A empresa ainda está nos estágios iniciais de sua própria transição para veículos elétricos, mas tem planos de abrir uma rede de 25 postos ultrarrápidos para estes veículos na Colúmbia Britânica até o meio do ano.
Esse pode ser o início de uma transformação que visa atender às necessidades de uma comunidade que está crescendo a cada dia.
Via Tabulla