Embora a indústria da construção esteja avançando em novos campos como nanotecnologia e impressão 3D há anos, ainda é uma das mais atrasadas em termos de tecnologia. Muitas das inovações permanecem apenas em fase experimental e, embora haja uma tentativa constante de reverter essa situação, ao mesmo tempo sabemos de um fato preocupante: a construção civil é uma das atividades que mais poluem e geram resíduos do mundo.
Buscando colocar sobre a mesa as novas tendências em relação aos materiais do futuro que enfrentam esses desafios, pedimos a opinião de nossos leitores por meio de uma chamada aberta. Após receber um imenso número de comentários, tanto de profissionais da construção, estudantes e interessados em arquitetura, foi surpreendente encontrar coincidências as quais indicam que devemos primeiro estar atentos aos caminhos possíveis: os materiais reciclados predominarão? Talvez materiais biocompósitos? Ou uma combinação de ambos?
Confira alguns dos principais pontos de vista, abaixo.
Os materiais reciclados deveriam ser o futuro da arquitetura?
Não acho que seja um material específico. Entendo que a questão está relacionada a uma conscientização e comprometimento da sociedade como um todo e, em particular, dos setores envolvidos na atividade da construção. A reciclagem e reutilização de materiais é o futuro, caso contrário a Terra corre um sério risco de desaparecer como planeta e, portanto, os seres vivos que a habitam. - Gustavo, arquiteto argentino.
Apesar do impacto representado pelo uso massivo e das poucas medidas de controle de seu desperdício, além de contemplar também a crescente escassez de matéria-prima em todo o mundo, acredito que isso nos colocaria em um futuro onde estaremos em um mercado abarrotado de materiais reciclados, predominantemente aqueles que contêm plástico. É evidente que o plástico é um dos materiais que atualmente apresenta maior desenvolvimento em seus produtos derivados, oferecendo principalmente alternativas de baixo custo que deixam os materiais naturais fora de competição. Uma pena pois isso representaria a extinção dos materiais naturais que, em termos gerais, dão vida à arquitetura com suas texturas, cores, propriedades acústicas e outras características que não podem ser igualadas. - Oscar Borda, estudante de arquitetura da Colômbia.
O material do futuro deve atender a duas premissas básicas, a mais importante é que seja um derivado do melhor reaproveitamento de resíduos, seja ele positivo ou negativo, entendendo-o como aqueles advindos da produção excedente ou do reaproveitamento de materiais da construção (demolidos ou transformados) e produzidos por resíduos ou lixos de várias categorias. E a segunda é que seja um material que ofereça a melhor continuidade construtiva, que vire definitivamente a página da construção baseada em blocos de concreto, tijolos ou sistemas que produzem muitas juntas e pontes térmicas - Víctor Calderón Rivera, arquiteto chileno.
Os biocompósitos serão os materiais do futuro?
Os materiais de construção do futuro devem ser não apenas técnica e economicamente viáveis, mas também sustentáveis. Devem ter uma pegada ecológica mínima. Essas restrições deixam de fora materiais plásticos que não podem ser assimilados pela natureza, acumulando e contaminando os ecossistemas. Acho que no futuro a arquitetura deveria incentivar o uso de materiais disponíveis na terra: argila, areia, pedras. Fibras vegetais e madeira de plantações. - Juan, um interessado em arquitetura do Chile.
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Acredito que a relação dos materiais de construção com a natureza será o novo campo de estudo em inovação, pois sendo renováveis e de baixo custo, seriam mais rentáveis econômica e ecologicamente. - Alex, arquiteto da Bolívia.
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Os materiais do futuro devem focar na parte sustentável, com materiais naturais como terra, pedra, madeira e cal, que podem ser melhorados e estabilizados, pois estes retornam à terra no final de sua vida útil. Cimento, aço e muitos outros vão para lixões que poluem a terra e os aquíferos. Já existem pesquisas sobre novos materiais naturais que são muito interessantes, o ruim é que para a maioria delas não há incentivo. - Aide Castillo, arquiteto do México.
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