Novidade e familiaridade no metaverso: preferimos arquiteturas que já conhecemos?

Vivemos em um mundo onde o vivenciado, o lembrado e o imaginado, assim como os diferentes momentos no espaço e no tempo relativos ao passado, presente e futuro, estão inseparavelmente misturados. Recentemente, estão sendo oferecidos vários meios para acessar outros planos de existência, utilizando tecnologias imersivas como realidade virtual e aumentada (VR e AR), criando um caminho para o metaverso no qual somos transportados para espaços que são capazes de ser mais ‘reais’ do que qualquer coisa que vivenciamos atualmente.

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Com o potencial cada vez maior de futuros virtuais entre nós; a criação de comunidades digitais, tecnologias sem fio e um mundo interconectado estão mudando para sempre o ambiente em que habitamos. O metaverso como o conhecemos está constantemente sendo desenvolvido, tendo em mente as necessidades específicas dos conceitos arquitetônicos. O projeto arquitetônico é há muito tempo uma das aplicações dos ambientes virtuais imersivos. Com o conceito de espaço e a razão não necessariamente tendo que atuar como um fator no desenvolvimento da infraestrutura do metaverso, por que os designers ainda buscam fazer esses planos de realidade parecer 'real' nesses espaços digitais?

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Galeria Virtual 'NFTIsm'. Image Courtesy of JOURNEE

Permita-nos apresentar-lhe o efeito da mera exposição, também conhecido como princípio da familiaridade, um fenômeno psicológico que descreve nossa tendência humana de desenvolver preferências por coisas simplesmente porque estamos familiarizados com elas. Coisas familiares, como tipos de comida, música e atividades, nos fazem sentir confortáveis. De uma perspectiva evolutiva, faz sentido que a familiaridade gere gosto, levando ao conforto. De modo geral, algo com o qual estamos familiarizados parece mais seguro e é menos provável que nos machuque. Não queremos correr o risco do desconhecido.

Algo muito semelhante aconteceu com o primeiro iPhone: ele tinha um aplicativo de calculadora que parecia uma calculadora real e um aplicativo de notas que parecia papel. Esse esquema de razão para tentar fazer as coisas parecerem familiares e tangíveis foi um caminho importante para a construção da interface de usuário digital dos smartphones de hoje. Havia um entendimento de que era necessário familiarizar esses novos avanços na tecnologia portátil, pois os designers sabiam que levaria anos para conseguir trazer o público junto nessa revolução, e até mesmo para aceitarem esse novo padrão, em primeiro lugar. Portanto, não buscaríamos também essa sensação de familiaridade ao tentarmos nos adaptar a novos ambientes em realidade virtual e aumentada, seus prédios e arredores?

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Projeto de arte imersiva 'Architecting the Metaverse'. Imagem cortesia de Kyungsub Shin

A ideia do metaverso pode parecer assustadora à primeira vista, e muitos não são estranhos às reações e preocupações mistas que ela levanta. No entanto, uma vez que reconhecemos a verdade sobre a ligação entre familiaridade e prazer, sabendo que são necessárias várias exposições para desenvolver um gosto pelo desconhecido, podemos fazer disso uma estratégia para ignorar a reação negativa inicial em relação a novos estímulos.

Lentamente, vemos arquitetos engajados em diferentes projetos de realidade virtual para nos apresentar esse novo esquema da era digital. A Zaha Hadid Architects criou uma cidade “ciber urbana” no metaverso, onde os indivíduos podem comprar terrenos com criptomoeda e entrar em edifícios digitais com um avatar. Chamada de Liberland, a cidade 4.0 é uma homenagem à República Livre de Liberland. Inclui uma prefeitura, espaços de coworking e uma galeria de arte criptográfica exibindo obras NFT (tokens não fungíveis).

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Metaverso Liberland. Image © Mytaverse

Os edifícios nesta cidade ainda se assemelham a edifícios reais e tangíveis que encontramos e experimentamos em nossas vidas cotidianas, empregando forma e estrutura que ainda fazem sentido em razão das restrições do mundo real. Os arquitetos entendem que é primordial que as pessoas entrem em algo que pareça familiar. Com a ascensão do metaverso e a digitalização do ambiente construído, alguns até expressaram preocupação com o papel dos arquitetos tradicionais se continuarmos a progredir nesse caminho, no entanto, quem são aqueles que podem construir e desarraigar estruturas que parecem familiares mesmo em plataformas novas, sem precedentes? Arquitetos.

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Metaverso Liberland. Imagem © ZHA

Há grande valia em explorar a relação recíproca de como a prática da arquitetura informou esses mundos virtuais e vice-versa, bem como focar na experiência pessoal de um indivíduo com as emoções e sentimentos que surgem ao se envolver com o estímulo visual e sonoro. Isso se traduz nas experiências no mundo real, já que o espaço real cotidiano já está profundamente incorporado nesses respectivos ambientes virtuais.

Talvez devêssemos começar a ver o metaverso e as realidades virtual e aumentada na forma do conteúdo e qualidade espacial que eles possuem. Cada vez mais, eles estão se tornando ambientes imersivos tridimensionais que as pessoas estão começando a habitar espacial e emocionalmente, ambientes digitais que os indivíduos podem considerar como extensões diretas e contínuas de suas vidas offline: um espaço virtual que se integra bem com os sonhos, impulsos e desejos humanos.

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Projeto de arte imersiva 'Architecting the Metaverse'. Imagem cortesia de ZHA

Nota do Editor: Este artigo foi publicado originalmente em 06 de setembro de 2022

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Sobre este autor
Cita: Joson, Jullia. "Novidade e familiaridade no metaverso: preferimos arquiteturas que já conhecemos?" [Clinging to Familiarity in the Metaverse: Are We More Likely to Accept Architecture When it Looks Familiar?] 06 Out 2022. ArchDaily Brasil. (Trad. Simões, Diogo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/988734/novidade-e-familiaridade-no-metaverso-preferimos-arquiteturas-que-ja-conhecemos> ISSN 0719-8906

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