Quais são as histórias das primeiras arquitetas ibero-americanas? É a principal pergunta que buscamos responder para celebrar o tema do ArchDaily deste mês: Mulheres na arquitetura.
Buscando apresentar suas motivações, inspirações e trajetórias, realizamos um trabalho de pesquisa para visibilizar e destacar alguns nomes que não receberam o merecido reconhecimento. Conheça abaixo Doris Clark Núñez, Guadalupe Ibarra, Matilde Ucelay Maórtua, Filandia Pizzul, Dora Riedel, Luz Amorocho, María Luisa Dehesa, Arinda da Cruz Sobral e Julia Guarino.
Doris Clark Núñez - Peru
por Carolina Velásquez e Wiley Ludeña
Doris Mary Clark Núñez é considerada a primeira arquiteta peruana. Com uma vida marcada por dificuldades, questionamentos e restrições unicamente pelo fato de ser mulher em um mundo tradicionalmente masculino, Clark Núñez configura-se como referência de ativismo e resistência, bem como de busca pela subversão e mudança de paradigmas nos debates e estruturas tradicionais. Uma vida dedicada desde à atividade docente, política e academia, até ao lançamento das bases para a expansão do campo de atuação das mulheres na arquitetura.
Guadalupe Ibarra - Equador
por Verónica Rosero e María José Freire
Nascida em 1947 na cidade de Quito, Guadalupe Ibarra se instalou em Cuenca na adolescência por causa do trabalho de seu pai, ligado ao exército. Lá ela decidiu estudar arquitetura e se matriculou em 1963 na Universidade de Cuenca. Estudante de alto desempenho, Ibarra obteve seu diploma de arquitetura em 1970, tornando-se a primeira mulher equatoriana a se formar nessa profissão no país. Logo após a formatura, candidatou-se a professora da mesma universidade, vencendo o concurso entre 30 participantes com a “primera antigüedad”, ou seja, com a nota mais alta no processo. Ibarra lecionou Oficina de Projetos, Desenho Técnico e Materiais de Construção até 1978.
Filandia Pizzul - Argentina
por Zaida Muxí (cortesia de Un día Una Arquitecta)
A primeira arquiteta a receber o título na República Argentina foi Filandia Pizzul, em 1928, da Universidade de Buenos Aires, quando o curso havia sido criado há mais de 50 anos. A partir de 1874, o curso de arquitetura funcionava independentemente do Departamento de Ciências onde os estudos eram ministrados desde 1865. Sua figura foi pioneira em vários campos, pois foi também a primeira mulher a concluir os cursos do Departamento de Aeronáutica em 1928, obtendo a licença de pilota número 181.
Dora Riedel - Chile
por Mujer Arquitecta
Em 1925, Dora Riedel ingressou na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Chile, onde foi uma excelente aluna durante os cinco anos em que estudou. Segundo o censo nacional realizado em 27 de novembro de 1930, as mulheres correspondiam a 50,5% da população do Chile, ou seja, 2.164.736 em um universo de 4.287.445 chilenos. Em 9 de dezembro do mesmo ano, na Escola de Arquitetura da Faculdade de Ciências Físicas e Matemáticas da Universidade do Chile, Dora Riedel Seinecke se tornou a primeira mulher no Chile a se formar arquiteta e uma das primeiras da América Latina.
Luz Amorocho - Colômbia
por Agustina Iñiguez
Sendo a primeira arquiteta a se formar na Colômbia em 1945, María Luz Amorocho Carreño representa uma figura de destaque no campo arquitetônico do país após exercer a profissão em diferentes áreas que envolviam desde o ensino e o projeto para as esferas pública e privada até a escrita e a crítica, principalmente na revista Proa. Com uma carreira de mais de 40 anos, soube defender os seus ideais num contexto de mudança centrada no âmbito da modernidade e conseguiu estabelecer um precedente na prática profissional das futuras arquitetas. A partir da análise da sua obra é possível estudar os diferentes papéis dos arquitetos, passando pelo desenho e construção até à investigação e gestão.
María Luisa Dehesa - México
por Mónica Arellano
María Luisa Dehesa Gómez Farías, originária de Xalapa, Veracruz, tornou-se a primeira mulher no México a receber o título de arquiteta. Sua formação começou em 1933, quando conseguiu ingressar na Real Academia de San Carlos, mudando-se para a Cidade do México – em um quarto alugado no terraço de uma casa em Coyoacán, de onde viajava de bonde até a faculdade – para fazer parte de uma geração feita de 113 pessoas, das quais apenas 5 eram mulheres.
Arinda da Cruz Sobral - Brasil
por Camila Belarmino
Que outras personagens construíram suas carreiras no Brasil além de Lina Bo Bardi e Carmen Portinho? Iniciou-se uma investigação em busca de outros nomes historicamente invisíveis e o ponto de partida foi a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, que até a década de 1930 era a única escola que oferecia curso de arquitetura no Brasil. Dessa forma, foi encontrado o registro da estudante de arquitetura Arinda da Cruz Sobral, que iniciou o curso em 1907 e se formou em 1914.
Julia Guarino - Uruguai
por Agustina Iñiguez
Nascida em 17 de julho de 1897, Julia Guarino Fiechter acabou sendo a primeira mulher a obter o título de arquiteta em território uruguaio por volta do ano de 1923. Apesar de ser natural de Éboli, província de Salerno, na Itália, ela cresceu e desenvolveu sua vida profissional no Uruguai depois de se formar na Faculdade de Arquitetura da Universidade da República, sendo também desenhista e professora. Amante do desenho, da matemática e da construção, por volta de 1920, ingressou na Direção de Arquitetura do Ministério das Obras Públicas como desenhista e ao receber a licenciatura desenvolveu-se como técnica, assumindo posteriormente o cargo de Vice-diretora na administração pública. Por sua vez, ela trabalhou como professora do ensino médio e participou de bancas de exame na Universidade.
Este artigo é parte dos Tópicos do ArchDaily: Mulheres na arquitetura. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos do ArchDaily. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.
Além disso, convidamos você a assistir ao lançamento de Women in Architecture, um documentário realizado pela Sky-Frame sobre três arquitetas inspiradoras: Gabriela Carrillo, Johanna Meyer-Grohbrügge e Toshiko Mori. O filme será lançado no dia 3 de novembro de 2022.
Artigo traduzido por Camilla Ghisleni.