Para tentar explicar a passagem do tempo, os gregos contavam com dois deuses: Cronos e Kairós. Enquanto o primeiro é representado como impiedoso tal qual um relógio que nunca para, Kairós evocava a um momento adequado ou oportuno para uma ação. Ou seja, enquanto Cronos é quantitativo, Kairós tem uma natureza qualitativa e permanente. De fato, a relação da humanidade com a passagem do tempo nem sempre é amigável.
Com as edificações não é diferente. John Ruskin, em seu seminal The Seven Lamps of Architecture (1849), dizia que somente edificações em ruínas preservariam nossas percepções passadas e, simultaneamente, nos permitiriam enfrentar nosso estado de mortalidade. Nesse sentido, as manchas de tempo e escombros eram testemunhas cruciais para demonstrar o envelhecimento na arquitetura, que, em sua concepção, atingiam uma estética entre o sublime e o pitoresco. Ainda que esta seja uma opinião um tanto contraditória, a ideia de considerar como uma edificação irá perdurar no tempo vem ganhando mais atenção. É sabido que alguns materiais envelhecem melhor que outros: enquanto uma parede branca rebocada rapidamente apresenta trincas e manchas, um muro de pedra parece melhorar com os anos, se fundindo com o seu entorno, por exemplo. O tempo traz matizes novas, conta a história do que passou e dá autenticidade às superfícies.
Essas características exclusivas geralmente são próprias de produtos naturais, com baixo índice de processamento, como a madeira, o zinco, o aço e o cobre. Mas no mercado já há produtos que trazem essa peculiaridade de se adaptar conforme o entorno, mimetizando-se ou tornando-se mais destacado. É essa a ideia por trás do produto Exterior Pro 2.2 Authentic, da Fundermax, cujo processo de produção cria tons, nuances de cores e facetas que tornam cada peça única. O produto da empresa austríaca apresenta sua própria vida e tem um envelhecimento natural como se fosse uma madeira ou uma chapa de aço corten, conforme o local e as condições a que está exposto. Apesar da mudança estética, isso ocorre sem a perda de nenhuma propriedade funcional da placa, com mínima necessidade de manutenção e protegendo adequadamente o edifício ao longo da vida útil do mesmo.
Utilizado sobretudo para o revestimento de fachadas, Max Compact Exterior Authentic é composto por chapas de HPL (high-pressure laminates), de variadas espessuras e dimensões, produzidas sob alta pressão e calor. Graças às resinas de poliuretano acrílico duplo, as chapas são extremamente duráveis por oferecerem proteção climática eficaz e são adequadas para uma ampla variedade de aplicações externas. Também são resistentes a solventes, arranhões, anti-graffiti, bem como fáceis de instalar e limpar.
Enquanto o núcleo é composto de um material retardante de chamas, marrom, a estética das faces abrange os tons terrosos e naturais, com três opções de cores aplicadas às chapas. São estes:
- Authentic Mocca: as nuances escuras do café, com partes mais escuras e outras mais claras, conferindo uma sobriedade de bom gosto
- Authentic Pecan: um tom intermediário, que lembra uma castanha, proporciona uma aparência esteticamente agradável pode ser alcançada.
- Authentic Caramel: se aproximando de um amarelo dourado ou marrom de mel, esta superfície foi inspirada nos doces de caramelo amplamente amados, com seus diferentes tons de cor.
Além disso, cada superfície pode ser especificada em três acabamentos: NT (fosco e sedoso), NY Sky (fosco, com toques reflexivos, com superfície irregular) e NH Hexa (cravejada profunda, com padrão hexangular antiderrapante). A linha de produtos apresenta duas possibilidades de dimensões: 4100 x 1300 mm ou 4100 x 1854 mm.
No caso do projeto The Lofts of La Baume, na França, por exemplo, a ideia dos arquitetos era se mesclar ao ambiente natural montanhoso, ao mesmo tempo que trazia a contemporaneidade do projeto de linhas retas e materiais sóbrios. Para tal, foi utilizado um embasamento com pedras claras beges e dos painéis terrosos de HPL, em que as pequenas variações de cores devido a matérias-primas e fatores de produção criam um efeito de visual e organicidade nos painéis de fachada.
Já no Edifício Oscar Ibirapuera, de Perkins&Will, o revestimento utilizado nas fachadas, nas treliças deslizantes, em certos detalhes internos e em elementos do térreo (como defensas e tótens) traz sobriedade e personalidade ao projeto. Neste caso o escolhido foi o Max Compact Exterior linha nature, cujos matizes terrosos contrasta com o ambiente urbano em que a edificação se localiza.
De fato, a ideia destes revestimentos é o de, além de evidenciar a passagem do tempo nas edificações, mostrar que há beleza nas imperfeições e padrões aleatórios, e que estarmos abertos ao novo pode trazer resultados inesperados e fascinantes.
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