Em 3 de novembro de 2022, o Instituto Indiano de Administração de Ahmedabad (IIMA) anunciou a decisão de encerrar as obras de restauração de parte do campus projetado por Louis Kahn com os arquitetos indianos Balkrishna V. Doshi e Anant Raje em 1962. A decisão afeta os blocos do corpo docente, o complexo de salas de aula e os dormitórios, exceto o dormitório D15. De acordo com o comunicado, a instituição pretende substituir alguns dos edifícios, uma vez que o complexo “enfrenta danos estruturais, deterioração e se tornou inabitável, representando uma preocupação de segurança para os residentes do campus”. Isso significa uma mudança na decisão de cancelar os primeiros planos de demolição após protestos, anunciada em janeiro de 2021.
O Instituto Indiano de Administração em Ahmedabad nasceu de uma colaboração entre um grupo visionário de industriais e a Harvard Business School com o objetivo de criar um novo instituto educacional focado no desenvolvimento de profissões específicas para o avanço da indústria indiana. Balkrishna Doshi convidou Louis Kahn para vislumbrar uma escola nova e moderna. Kahn entendeu a necessidade de um planejamento espacial mais eficiente das salas de aula quando começou a questionar o projeto da infraestrutura educacional como um todo. Repensar a prática educativa transformou uma escola em um instituto, onde a educação era colaborativa e interdisciplinar, ocorrendo dentro e fora da sala de aula. Hoje, o complexo que inclui a Biblioteca Vikram Sarabhai, as salas de aula, a administração e 18 dormitórios, é reconhecido como uma das obras inovadoras de Kahn na Índia.
Em dezembro de 2020, o IIMA anunciou planos para demolir os dormitórios devido a problemas de vazamentos no telhado, umidade nas paredes e outras questões estruturais. A instituição planejava substituí-los por novos dormitórios, aumentando a capacidade de alojamento de 500 para 800. Os prédios, que foram danificados durante um terremoto em 2001, faziam parte de uma restauração em andamento, feita pela empresa de Mumbai SNK, Somaya e Kalappa Consultants. Ainda assim, o IIMA afirma que houveram queixas que datam de 1982 sobre a deterioração dos edifícios.
Após este anúncio em dezembro de 2020, protestos eclodiram em todo o mundo, pedindo a conservação dos edifícios. Uma petição para salvar os dormitórios levantou quase 20.000 assinaturas, demonstrando um interesse internacional no assunto. Mais protestos ocorreram quando o historiador da arquitetura William Curtis chamou de “um ato de vandalismo cultural”. Isso levou o conselho de governadores a retirar a Manifestação de Interesse publicada e a reavaliar as opções.
Agora, os planos de demolição e substituição foram renovados, citando engenheiros do IIT Roorkee e um grupo não revelado de especialistas em restauração. O conselho administrativo afirmou que “era necessário abordar esta questão em vez de optar por soluções temporárias, como restaurações, que foram tentadas, mas não foram tão eficazes”.
Em um artigo da Architectural Review de 2014, William J.R. Curtis alertou contra as ameaças de demolição enfrentadas por muitas obras arquitetônicas importantes na Índia, principalmente devido à atmosfera política do país e ao “boom capitalista hiperinflado”. Ele reconhece Ahmedabad como “um dos principais museus de arquitetura moderna do mundo, com edifícios notáveis, como o Museu Gandhi Ashram de Correa, a Escola de Arquitetura CEPT de Doshi e seu estúdio Sangath”.
Em uma nota semelhante, a Smithsonian Institution anunciou planos para demolir o Gyo Obata's Restaurant Pavilion em Washington DC, que será substituído pelo Bezos Learning Center, enquanto em Tóquio a icônica Nakagin Capsule Tower de Kisho Kurokawa foi demolida e uma versão digital dela foi criada para ser disponibilizada no Metaverso.