A Conferência das Partes das Nações Unidas de 2022, também conhecida como COP27, foi realizada entre 6 e 18 de novembro de 2022, em Sharm El Sheikh, no Egito. A conferência contou com mais de 90 chefes de estado e cerca de 35.000 representantes, ou delegados, de 190 países. Essas conferências têm como objetivo encorajar e orientar os países a tomarem medidas efetivas contra as mudanças climáticas. Embora abordem mais questões, o ambiente construído é reconhecido por desempenhar um papel importante na garantia de que as metas de sustentabilidade sejam alcançadas.
O Building to COP27, um grupo de ONGs e organizações com foco na sustentabilidade, está trabalhando nas conferências COP para posicionar o ambiente construído como um setor crítico para alcançar a transição necessária para um futuro resiliente e com zero emissões. O grupo visa aumentar a conscientização sobre o impacto que o setor de construção pode ter, ao mesmo tempo em que aponta que medidas mais drásticas precisam ser tomadas, já que a maioria dos países ainda não tem metas completas de descarbonização da construção e subestimam certos setores, como o de materiais de construção.
Acompanhe a seguir um resumo dos assuntos abordados durante a COP que impactam a indústria da construção.
Zerar emissões é o novo normal: Compromisso da Arup com avaliações do ciclo de vida e pegada de carbono
A COP27 reafirmou a importância da redução das emissões de carbono em todos os níveis, à medida que a janela de oportunidade para manter as temperaturas globais abaixo de um aumento de 1,5°C se fecha. Como o setor de carbono é responsável por mais de 23% das emissões globais de gases de efeito estufa e consome mais de 30% dos recursos globais, esse assunto tem consequências importantes para a indústria da construção. Durante a conferência deste ano, foi anunciado o Clean Construction Accelerator (Acelerador de Construção Limpa), um ato que visa apoiar o setor de ambiente construído a reduzir pela metade as emissões até 2030 em todos os novos edifícios e projetos de infraestrutura.
Vários escritórios anunciaram seu apoio a essa meta. A porcentagem de construtoras, por receita, que aderiram à Corrida para Zero duplicou desde a COP26. Coincidindo com o início da COP27, a Arup anunciou seu compromisso de realizar avaliações do ciclo de vida e pegada de carbono para todos os seus projetos de construção, novos e reformados, a partir do próximo ano. A Arup estima que atualmente menos de 1% dos projetos de edificações são avaliados de forma a quantificar a escala e a fonte das emissões de carbono geradas durante sua vida útil, uma etapa essencial para identificar as ações de descarbonização mais eficazes.
Um relatório da Arup e do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável sugere que 50% das emissões dos edifícios vêm de carbono incorporado, o carbono gerado na fabricação e transporte de materiais de construção e no próprio processo de construção. Este aspecto é constantemente negligenciado por outras avaliações de carbono. Apesar do foco nas emissões de CO2 operacionais do setor de construção, a categoria registrou um pico em 2021, 2% a mais que em 2019 e 5% a mais que em 2020. A avaliação do ciclo de vida e pegada de carbono prometida pela Arup contabiliza carbono incorporado e operacional.
Desenvolvimento Resiliente para o Sul Global
Um dos principais temas da COP27 foi a necessidade de resiliência climática nos edifícios dos países do Sul Global, destacado pelo fato de ser a primeira Conferência das Partes fora da Europa desde a COP22 de Marrakech, em 2016. Foram lançadas campanhas para combater a falta de acesso a casas seguras e decentes para as comunidades mais vulneráveis. A campanha Roof Over Our Heads (Um Teto Sobre Nossas Cabeças) tem como objetivo melhorar as vidas de 2 bilhões de pessoas vulneráveis ao clima que vivem em moradias informais até 2050. O Guia do WorldGBC para Resiliência e Adaptação Climática no Ambiente Construído também foi lançado antes da COP27 para fornecer princípios e estratégias possíveis para implementar a resiliência climática em toda a cadeia de valor do ambiente construído.
No nível urbano, os signatários da Cities Race to Resilience (Corrida das Cidades para a Resiliência) mais que dobraram desde 2021. A iniciativa visa garantir que as metas de resiliência climática sejam tratadas com a mesma urgência da corrida global para reduzir as emissões pela metade até 2030. Da mesma forma, foi lançado o Summary for Urban Policy Makers (Resumo para Formuladores de Políticas Urbanas), com guias de políticas possíveis para formuladores de políticas municipais e urbanas, para descarbonizar e construir a resiliência dos ambientes urbanos.
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