O escritório de arquitetura Herzog & de Meuron divulgou seu projeto de intervenção na estação Liverpool Street, em Londres. A proposta inclui “atualizações vitais” destinadas a transformar a estação da era vitoriana em um centro de transporte totalmente acessível e adequado para acomodar as 135 milhões de pessoas que usam o equipamento todos os anos.
A proposta também inclui a construção de 84 mil metros quadrados de escritórios e um hotel de mais de 17 mil metros quadrados em duas novas estruturas, de 10 e 6 pavimentos, respectivamente. Essas intervenções atraíram críticas de grupos conservacionistas e, no momento, a proposta está em sua primeira rodada de consulta pública. O projeto é supervisionado pela Stellar, que trabalha junto a MTR, a operadora de serviços de transporte ferroviário e a Network Rail.
As intervenções visam aliviar problemas significativos de capacidade e superlotação, além de abordarem questões de acessibilidade, já que a estação tem apenas um elevador que serve a estação da linha principal e não há acesso sem degraus às plataformas da linha central. Consequentemente, o tamanho do saguão foi dobrado para 9.100 metros quadrados, para aumentar o espaço de circulação. O número de elevadores públicos também aumentou de um para sete, enquanto o acesso às plataformas do metrô de Londres foi reformado para fornecer acesso sem desnível em toda a estação.
O programa inclui duas novas estruturas que abrigam escritórios e espaços comerciais, que foram projetados para serem construídos sobre parte dos elementos da década de 1990 e do saguão da estação. O projeto dessas adições já foi reduzido e submetido a uma série de alterações. Os desenvolvedores anunciaram que propostas mais detalhadas seriam apresentadas na segunda consulta, prevista para janeiro.
O grupo de conservação do patrimônio do governo, o Historic England, foi rápido em expressar preocupação com os planos divulgados há pouco, conforme relatado pelo Architects Journal. A organização chamou a proposta de “superdimensionada e insensível”, enquanto a Victorian
Society disse que não havia sido consultada sobre o projeto, e que ele “sobrecarregaria” a estação de 1874. Uma das principais preocupações expressas é que os novos volumes invadiriam as vistas de alguns dos maiores marcos de Londres, como a Catedral de St. Paul,
protegida pelo London Views Management Framework.
Em um comunicado à imprensa, Stellar declara que “não haverá ou haverá baixo impacto nas vistas da Catedral de São Paulo”. A empresa também comunicou que os galpões de trem vitorianos, que devem ser restaurados pela Network Rail, não serão tocados, pois o saguão da estação foi projetado para contemplar esses bens históricos, abrindo novas vistas por toda a estação. Elementos do Andaz Hotel também serão restaurados e seus quartos históricos serão mais acessíveis ao público, incluindo os templos maçônicos e o salão de baile.
Outros planos de restauração em Londres também causaram reação de grupos de conservação. As propostas de Selldorf Architect para renovar a ala Sainsbury, originalmente projetada por Robert Venturi e Denise Scott Brown, enfrentaram críticas severas, já que muitos veem o projeto como “desnecessariamente destrutivo”. Os planos de remodelação baseiam-se em redirecionar as vias de circulação e usar a Sainsbury Wing como a principal área de acesso à National Gallery, função para a qual a ala não foi projetada. Após rodadas de consultas públicas, os arquitetos apresentaram propostas revisadas em um esforço para reter mais da estrutura original do edifício, mantendo o original.