Em cada diferente região no globo surgiram construções vernaculares das mais variadas, sejam enterradas no subsolo, dentro de grutas, ou ainda construídas com pedras, madeira e tecidos. A solução desses abrigos se dava a partir dos materiais disponíveis e também das condições climáticas que precisavam ser enfrentadas. A arquitetura surge a partir do desenvolvimento desses abrigos, construídos para proteger as pessoas de predadores e também das intempéries.
As soluções construtivas empregadas há milhares de anos se desenvolveram e ficaram cada vez mais complexas, mas mantiveram essencialmente um objetivo em comum, lidar com o clima da região.
Frio Extremo
As regiões glaciais são as áreas menos populosas do planeta Terra. Quando pensamos em condições extremas de sobrevivência, nosso imaginário automaticamente remete às nevascas e à baixa temperatura. Essas regiões podem ser montanhosas ou planas, com vegetação de grande porte, ou gramíneas, mas em geral todas lidam com os desafios da neve e da baixa temperatura. A arquitetura dessas regiões, portanto, precisa não somente garantir que não haja perda de calor interno, como também precisa pensar em sistemas de aquecimento para gerar calor, utilizando muito da luz solar para isso. Além disso sua forma precisa considerar a carga da neve, tanto para resistir estruturalmente, quanto também para evitar sua concentração.
Casa Invertida / The Oslo School of Architecture and Design + Kengo Kuma & Associates
Cabana Alpina / Scott & Scott Architects
Refúgio La Dacha / DRAA
Calor Extremo
Apesar da variedade de tipos de desertos que há no planeta, de maneira geral sua característica principal é lidar com as temperaturas extremas e grandes amplitudes térmicas em curtos períodos de tempo. Além disso, os desertos são, geralmente, secos e apresentam pouca vegetação de portes maiores, o que fez com que essas regiões desenvolvessem arquiteturas vernaculares baseadas na construção com terra ou ainda semi enterradas. Buscando, portanto, a adaptação a essas regiões, a arquitetura costuma ter paredes grossas e materiais com alta inércia térmica, de maneira a preservar a temperatura interna e ao mesmo tempo as aberturas são cuidadosas, não podendo ser muito grandes para evitar o ganho ou perda de calor.
Casa Tejocote / González Muchow Arquitectura
Casa dos Arcos Mirai / Sanjay Puri Architects
Casa Mayan / Afshin Khosravian and Associates
Chuvas Torrenciais
O clima tropical e seus ecossistemas não representam um desafio quanto às baixas ou altas temperaturas, menos ainda em relação a neve ou sol escaldante. A vegetação vasta, dominada por grandes árvores de copa larga garante sombra, enquanto a topografia e as temperaturas dão a água fresca dos rios e córregos. O desafio do habitar nessa região são as tempestades, com chuva e ventos fortes que podem comprometer qualquer tipo de abrigo. A arquitetura para se adaptar a esses lugares precisa, por um lado, oferecer estruturas resistentes aos ventos e coberturas que direcionem a água da chuva, evitando alagamentos. Por outro lado, para garantir conforto térmico na construção, é importante que a casa apresente soluções passivas de ventilação e resfriamento.