The Bank for International Settlements (BIS) conhecido em português como Banco de Compensações Internacionais (ou Banco de Pagamentos Internacionais, BPI) anunciou que o projeto oriundo da colaboração entre ELEMENTAL e Nissen Wentzlaff Architekten foi o vencedor do concurso internacional para reforma da sua sede na Basiléia, Suíça.
O júri do concurso, composto por Sacha Menz, Beat Aeberhard, Louisa Hutton, Débora Mesa Molina, Vittorio Magnago Lampugnani, Christophe Girot, Thomas Jordan, Luiz Awazu Pereira da Silva, Monica Ellis, Bertrand Legros e Véronique Neiss, selecionou este projeto vencedor dentre 10 outros projetos de renomadas equipes internacionais, incluindo Bjarke Ingels Group com Gruner; Boltshauser Architekten; David Chipperfield Architects com Harry Gugger Studio; Dominique Perrault; Foster+Partners com SKREINSTUDIOS; Herzog & de Meuron Basel; HHF Architekten ETH SIA BSA com Tatiana Bilbao ESTUDIO; e Kengo Kuma & Associates com F.A.B.
Entre as bases do concurso o objetivo era encontrar propostas de projeto para substituir os edifícios envelhecidos vizinhos à Torre BIS principal e proporcionar um conceito moderno de instalações para acomodar a expansão das reuniões globais e o crescimento das atividades, bem como criar um ambiente de trabalho semelhante ao de um campus para seus funcionários e visitantes.
"Ao considerarmos nossos planos para o futuro, buscamos projetos que apresentassem conceitos modernos de instalações para reuniões e trabalho. Era importante para nós que qualquer novo empreendimento no conjunto fosse sustentável do ponto de vista ambiental, e que se encaixasse de forma adequada à paisagem urbana da Basiléia. O projeto escolhido pelo júri contribui na criação de uma nova visão que dá vida a esses conceitos", disse a secretária do BIS General Mónica Eliss.
A proposta vencedora, uma nova torre no terreno, busca conectar e complementar a torre existente projetada pelo arquiteto suíço Martin Burckhardt. O júri não apenas apreciou este gesto, mas também destacou seu amplo uso de madeira e sua fachada verde.
De acordo com o anúncio do BIS, o projeto está em conformidade com o plano diretor aprovado pelas autoridades municipais em 2015, que permite construir um total de até 68.000 m² de área bruta acima do solo no local da torre, incluindo a torre existente, que é de 23.000 m². Agora, se o BIS decidir prosseguir com o projeto vencedor em um etapas mais avançadas, haverá um novo processo de planejamento e aprovação.
Abaixo, ELEMENTAL compartilha conosco a descrição do projeto:
O BIS trabalha em diferentes locais espalhados pela cidade de Basiléia. Buscando reunir as pessoas, o Banco lançou um concurso para a renovação da icônica torre circular dos anos 70. Se a arquitetura serve para moldar os lugares onde as pessoas vivem, neste caso, onde as pessoas trabalham, nós nos perguntamos: O que INFORMA a FORMA deste projeto? Identificamos 5 forças diferentes nas quais nosso projeto se baseia.
- Os contextos urbanos (plural)
Um desafio particular deste projeto é que ele deve responder a dois contextos: a torre existente e as torres adjacentes. A nível de embasamento, a proposta adota uma forma orgânica que se integra com a geometria do edifício existente. Mas ao olhar para cima, ela segue a geometria cartesiana de seus vizinhos. No entanto, ela faz um giro para estabelecer um diálogo com a torre existente, como se eles estivessem conversando.
- Tempo: ganhar e preservar
As normas municipais deslocam o centro de gravidade da intervenção para o canto sul da quadra onde se implanta. Embora contra-intuitivas, estas restrições são boas notícias: por ter como imperativa a implantação da maior parte dos metros quadrados fora do espaço existente do edifício, uma parte significativa do novo projeto é construída sem perturbar a função atual do banco, maximizando a continuidade da operação e ganhando assim um tempo precioso. Com a ampliação, a sede do BIS se transforma de um único edifício para um campus. A forma orgânica do térreo amplia os acessos, permitindo criar uma entrada central para o novo campus do BIS entre as duas torres. Além disso, as árvores existentes no terreno puderam ser mantidas, preservando o tempo que elas levaram para crescer. Sua presença proporciona valiosas áreas sombreadas ao ar livre.
- Colaboração: a mudança de paradigma
Os requisitos para os ambientes de trabalho estão sujeitos a rápidas mudanças. Fazer a pergunta: "Por que se quer ir para o escritório?", leva a pensar que encontro físico, trocas informais e visibilidade mútua ganharam importância. Consequentemente, a ênfase do projeto se deslocou para espaços coletivos e sociais. A planta convencional de uma torre foi invertida: o núcleo central típico é disperso e o perímetro, mais poroso, liberando o centro para transparência e visibilidade, melhorando a experiência de encontrar outras pessoas. Esta ideia permite cria vistas interessantes e, ao mesmo tempo, garante luz e ventilação naturais. Os elevadores e escadas podem ser translúcidos, as pessoas podem ver o que os outros estão fazendo enquanto se movimentam verticalmente através da torre. Átrios e generosas escadarias abertas criam núcleos conectados de vários andares.
- Sustentabilidade: híbridos estruturais e espaços ao ar livre
A estratégia de sustentabilidade de nosso projeto se desenvolve a partir de uma perspectiva holística: a redução da pegada de carbono é tão importante quanto o bem-estar social e a durabilidade. Se você vai gastar energia, é melhor ter certeza de que gastará apenas uma vez e de que as coisas durem. De acordo com o conceito de cluster, cada terceiro andar é feito de concreto, o que permite o uso extensivo de madeira estrutural na torre e, portanto, minimiza a energia empreendida. Circulação vertical, dutos técnicos e estrutura são deslocados para a periferia e, assim, a planta oferece a máxima flexibilidade para futuras adaptações. A climatização com baixa tecnologia proporciona conforto ao mesmo tempo em que reduz o consumo energético. Os terraços ao ar livre podem ser alcançados a uma curta distância de cada local de trabalho, oferecendo vistas e acesso ao clima do lado de fora.
- Caráter
Além dos aspectos racionais do desenho, um projeto também é percebido de forma simbólica e emocional. Nossa abordagem da questão do caráter do projeto tem três dimensões:
A primeira foi que, como a torre BIS existente tem uma forma geométrica pura, nos perguntamos se a nova torre deveria ou não imitar sua silhueta circular. Nossa proposta é responder à torre com outra forma pura: um quadrado. O projeto trata de um diálogo clássico entre o círculo e o quadrado.
A segunda dimensão foi que, para construir confiança, uma instituição bancária central deve ser percebida como uma organização transparente. É por isso que nossa proposta utilizou a mudança de paradigma do perímetro poroso para criar uma estrutura que possa ser percebida como aberta.
Finalmente, após a pandemia, todos nós parecemos ter o desejo de voltar à natureza. É por isso que propusemos uma floresta de pilares. Pilares mais grossos trabalhando em compressão em direção ao centro dão lugar a elementos mais finos em direção à borda, dando ao edifício um toque natural em um ambiente urbano denso.