Muita coisa aconteceu desde que os países se encontraram em Paris, em 2015, e estabeleceram um acordo para combater as mudanças climáticas. Até aqui, mais de 196 países ratificaram ou se juntaram de alguma maneira ao Acordo Climático de Paris, representando mais de 96% das emissões globais dos gases de efeito estufa. Em paralelo, 57 países – incluindo Estados Unidos, Japão, Canadá, Alemanha e México –, também elaboraram planos de longo prazo para descarbonizar suas economias.
À medida que os governos implementam metas e políticas e traçam rotas mais bem detalhadas para reduzir suas emissões de GEE, é importante compreender o cenário global das emissões e como ele muda ao longo do tempo. O gráfico interativo do Climate Watch explora as emissões por país e por setor econômico [1] e mostra como os maiores emissores mudaram nos últimos anos:
1. Os 3 maiores emissores do mundo emitem 15 vezes mais do que os últimos 100
Os três maiores emissores de GEE – China, União Europeia e Estados Unidos – contribuem com 42,6% das emissões globais, enquanto os últimos 100 países na lista representam apenas 2,9%. Juntos, os dez maiores emissores são responsáveis por dois terços das emissões mundiais de GEE.
É interessante notar que, embora a Índia tenha uma classificação alta entre os emissores, quando você considera a população para observar as emissões de GEE per capita, o país altamente populoso está significativamente abaixo dos outros 10 maiores emissores.
Coletivamente, esse grupo de nações responde por mais de dois terços das emissões globais de GEE. O mundo não terá sucesso na luta contra as mudanças climáticas sem ações significativas por parte dos dez maiores emissores.
2. O setor de energia é o maior emissor de gases de efeito estufa, mas ações em todas as áreas são importantes
Desde que começaram os registros, em 1990, o setor de energia – incluindo geração de eletricidade e calor, bem como usos finais em edifícios, transporte e fabricação e construção – permanece como o maior contribuinte para as emissões de GEE, acima de qualquer outro setor, representando 76% das emissões globais em 2019.
As emissões do setor de energia aumentaram 61,9% desde 1990. O crescimento, no entanto, desacelerou desde 2013, aumentando apenas 4% nos últimos cinco anos. Mudança no uso da terra e florestas é o único setor que diminuiu suas emissões desde 1990 (redução de 14%, quarto maior setor), embora seus valores tenham atingido seu ponto mais baixo em 2013 e tenham aumentado constantemente desde então.
Todos os outros setores continuam a registrar aumento nas emissões desde 1990, incluindo agricultura (16% de aumento, o segundo maior setor em emissões), emissões industriais (aumento de 203%, o quarto maior setor) e resíduos (crescimento de 19,5%, o quinto maior setor).
Evitar os piores impactos das mudanças no clima exige uma reversão dessa tendência em todos os setores, culminando na neutralidade de carbono até 2050.
3. Muitos dos maiores emissores estão desacelerando ou reduzindo suas emissões per capita
Embora, no total, os maiores emissores tenham aumentado suas emissões em 56,6% desde 1990, Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Japão já atingiram o pico em per capita desde então.
Dados mais recentes do Global Carbon Project, que cobre as emissões de dióxido de carbono relacionadas à energia, mostram que o crescimento das emissões desacelerou globalmente desde 2013, aumentando em média 0,8% ao ano, em comparação a uma média de 1,7% desde 1990. Essa desaceleração aconteceu mesmo com a economia global crescendo no mesmo período. Pelo menos 21 países já estão provando que é possível dissociar emissões e crescimento econômico. Em 2020, as emissões globais diminuíram 4,9% como resultado da pandemia de Covid-19, tornando-se a maior queda de emissões desde 1960 (primeiro ano com dados disponíveis para esta fonte). Em 2021, no entanto, as emissões voltaram a crescer rapidamente, atingindo um aumento de 0,1% em relação aos valores de 2019, mostrando que as emissões ainda estão em tendência ascendente, ilustrando a necessidade de intensificar as ações climáticas para ver uma dissociação entre crescimento econômico e emissões de carbono.
Explore o Climate Watch
Para evitar os piores impactos das mudanças no clima, precisamos reduzir rapidamente as emissões e chegar a emissões líquidas zero até 2050. Dados sobre o clima são essenciais para entender as últimas tendências nas emissões e quais ações de curto e longo prazo dos países ajudarão a puxar a curva para baixo.
O Climate Watch, a plataforma de dados climáticos do WRI, oferece centenas de conjuntos de dados abertos que permitem visualizar o histórico das emissões de gases de efeito estufa de todos os países, regiões e setores para diferentes tipos de gases. A plataforma permite que os usuários analisem e comparem as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) e as estratégias de longo prazo atreladas ao Acordo de Paris, conheçam as políticas climáticas dos países, vejam como os governos podem elevar suas metas climáticas para atingir objetivos de desenvolvimento sustentável e usem modelos para mapear novos caminhos rumo a um futuro mais próspero e com menos carbono. Essas ferramentas podem lançar luz sobre quais mudanças precisam ser feitas e traçar uma rota para chegar a emissões líquidas zero.
[1] As três conclusões exploradas neste artigo são baseadas em dados de 2019 para todos os setores, incluindo uso do solo, mudanças de uso do solo e atividades florestais (LULUCF). O gráfico interativo circular, porém, não mostra as emissões LULUCF, uma vez que estas podem ser negativas. Acesse o Climate Watch para conferir um inventário completo de 2019 para todos os setores, tipos de gases e países, incluindo emissões LULUCF.
Via WRI Brasil.