O papel do arquiteto nem sempre foi o que é hoje. Historicamente, e quase desde o seu início, era visto como um “show de um homem só”, onde o arquiteto era o artista, o escultor e o visionário de uma estrutura. À medida que a prática continuou evoluindo, ela se tornou uma profissão muito mais colaborativa e muito menos individualista por natureza, compreendendo continuamente a importância de considerar as perspectivas externas - mesmo aquelas tradicionalmente não treinadas dentro da arquitetura.
A experiência do usuário facilmente pode se contrapor aos ideais de um projeto, principalmente quando espaços devem ser pensados para comunidades. Sendo assim, recorrer a uma arquitetura na qual os futuros usuários possuem poder de decisão representa um movimento no qual distintos pontos de vistas podem se aliar ao olhar do arquiteto para gerar um partido inovador.
Visto que seres humanos passam a maior parte de suas vidas em ambientes fechados, não nos surpreende o fato de que determinadas características do espaço construído têm um impacto significativo em nosso comportamento psíquico. A psicologia ambiental é, de fato, a disciplina que estuda o comportamento humano em suas interrelações com os espaços onde a vida humana transcorre. Condições de iluminação, de escala e proporção assim como os materiais e suas texturas são características espaciais que emitem informações para nossos sentidos, afetando a maneira como nos relacionamos com o espaço, produzindo um sem fim de sensações e reações.
Determinadas características do espaço construído são capazes de induzir sensações de tranquilidade e segurança, de fazer com que as pessoas se sintam bem e relaxadas ou até aumentar a concentração e a produtividade dos usuários em seu ambiente de trabalho. Independente de qual sejam as sensações que eles nos provocam, não se pode negar que as características dos espaços em que vivemos – ou trabalhamos – desempenham um papel fundamental na maneira como as pessoas se sentem e como elas se relacionam com o espaço; e portanto, a psicologia ambiental pode ser uma importante aliada no desenvolvimento de projetos que proponham soluções para promover uma maior qualidade de vida aos seus usuários.
Por mais clichê que a frase possa parecer, há duas coisas que agradam muito os arquitetos: concreto aparente e a cor preta. Enquanto que o concreto oferece uma estética bruta aos espaços, salientando as tonalidades, as texturas e as superfícies que moldam a mistura, a sobriedade que a cor preta proporciona permite evidenciar justamente as características que o arquiteto busca. Combinar os dois parece natural. Mas o concreto pigmentado de preto não é tão comum como poderíamos imaginar. A seguir falamos um pouco do processo de produção do concreto negro e alguns projetos que o utilizam.
Poucas coisas irritam mais que a exposição a ruídos excessivos, por longos períodos de tempo ou a incapacidade de entender o que precisamos ouvir. Seja uma obra próxima, o tráfego de uma rodovia, o ar condicionado ou o vizinho aprendendo saxofone, pesquisas mostram que ruídos podem contribuir para doenças cardiovasculares, aumento de pressão, dores de cabeça, alterações hormonais, distúrbios no sono, redução no desempenho físico e mental e a redução do bem-estar. Por outro lado, em um ambiente acusticamente "confortável", além de ouvirmos o que desejamos, nos concentramos melhor e nos sentimos mais calmos.
A preocupação com a criação de ambientes acusticamente confortáveis é geralmente relegada a cinemas, salas de concertos e estúdios de gravação. Mas é particularmente importante em ambientes de aprendizado, como salas de aulas, já que influencia diretamente na relação ensino-aprendizagem. O desconforto acústico pode prejudicar o processo de aquisição de conhecimento, interferindo na atenção e piorando a comunicação entre aluno e professor.
Os telhados verdes são compostos por uma série de camadas que permitem que a vegetação cresça corretamente, evitando infiltrações que podem causar danos à estrutura do edifício. Embora haja uma grande variedade de opções para construí-las, hoje apresentamos um sistema composto de uma base de argamassa, uma camada de emulsão asfáltica, duas membranas asfálticas impermeáveis, uma camada de drenagem e o substrato que permitirá o crescimento das espécies vegetais.
Para impermeabilizar as áreas de sumidouros, parapeitos e outros pontos críticos, também inclui uma membrana líquida de poliuretano, que permite vedar todo o sistema. Verifique, abaixo, algumas teclas de aplicação dos diferentes componentes de um telhado verde e os benefícios desta última camada impermeável a líquidos.
Após o período da revolução industrial, muitas cidades europeias testemunharam um crescimento em ritmo acelerado, intensificado pelo movimento das pessoas do campo para os centros urbanos na busca por maiores oportunidades.
Mas, se de um lado as cidades tornavam-se cada vez mais atrativas, também se intensificaram problemas como a poluição e o crescimento das ocupações irregulares. Em outro contexto, se o campo permitia o contato próximo à natureza e uma abundância de recursos naturais, também sofria com certo isolamento e redução nas possibilidades de emprego.
Richard Buckminster Fuller certa vez resumiu o seu conceito de Dymaxion da seguinte forma: “construir o maior espaço e a estrutura mais sólida com o menor uso de material”.
A humanidade passa cada vez mais tempo em espaços fechados, seja no trabalho ou em casa. Estudos mostraram que passamos 87% de nossas vidas em ambientes internos. Enquanto interiores agradáveis podem influenciar positivamente no humor e no bem-estar de seus ocupantes, locais mal iluminados, desconfortáveis podem tornar as vidas miseráveis. Por isso, o ofício de projetar interiores é tão importante, mesmo que muitas vezes seja considerado menor por alguns profissionais. Ao desenhar um projeto de interiores, o arquiteto tem o poder de influenciar a maior parte das variáveis. Seja a iluminação artificial, a luz natural, as proporções, os materiais, todos os elementos influenciam nas sensações que a arquitetura passará aos seus ocupantes.
Alexandria Park Tiny Home Village. Image Cortesia de Lehrer Architects
A Lehrer Architects converteu uma série de terrenos baldios de Los Angeles em espaços para micro-moradias voltadas a acolher pessoas em situação de rua—um modelo experimental concebido para combater a falta de moradia na cidade. Trabalhando em parceira com o Departamento de Obras e Engenharia da cidade de Los Angeles, a Lehrer Architects desenvolveu um projeto bastante simples porém eficiente. Casas construídas com estruturas de paletes reutilizados foram pintadas em cores vibrantes para promover o sentido de comunidade e restaurar a dignidade da população em situação de rua através da arquitetura.
"Me senti como Nino Rotta e Oscar Niemeyer como Felini, eu fazendo uma música importante naquela obra." Athos Bulcão, renomado artista plástico, usa essa comparação entre o compositor italiano e o diretor de cinema para fazer alusão à relação entre seu trabalho nos azulejos e o projeto arquitetônico. Tal fusão entre arte e arquitetura marcou um importante período na história do Brasil utilizando a mescla entre as duas disciplinas para lançar luz à assuntos como fortalecimento da identidade nacional, massificação da arte e estratégias arquitetônicas relacionadas ao clima tropical.
O que define um museu nos dias de hoje: seu conteúdo ou sua arquitetura? Lauren McQuistion, arquiteta e doutoranda da Universidade da Virginia, explora os possíveis novos significados das instituições de arte na contemporaneidade em seu artigo recentemente publicado pelo Architect's Newspaper.
O antigo território persa, atualmente ocupado pelo Irã, passou por um período de amplo crescimento e expansão durante os séculos XIV e XVI, principalmente sob o domínio das dinastias Timúrida e Safávida. Ao longo destes dois séculos de soberania e prosperidade, centenas de milhares de mesquitas e palácios foram construídos—edifícios simbólicos e religiosos que passaram atrair cada vez mais fiéis e estabelecendo novos destinos de peregrinação no país. Entretanto, dentre as inúmeras estruturas icônicas construídas até o final do século XVI no Irã, não muitas sobreviveram até os dias de hoje. Neste contexto, os poucos antigos manuscritos preservados são uma rica fonte de informação, os quais nos ajudam a entender a complexidade e vastidão da arquitetura persa.
Passando da glória à ruína em um par de séculos, boa parte de todo o esplendor arquitetônico de uma das mais importantes civilizações que o mundo já viu nascer e florescer se reduz hoje a alguns poucos manuscritos dispersos do Shahnameh, além de livros ilustrados e poemas representativos daquela época. Inesperadamente, as não muitas imagens que ilustram as páginas destes sagrados tomos e livros, são hoje a principal testemunha da grandiosidade da arquitetura islâmica de outrora.
lustração da arquiteta Mayumi de Souza Lima. Desenho autoral
As contribuições de Mayumi Watanabe de Souza Lima para a produção arquitetônica brasileira da segunda metade do século XX constituem um terreno fértil e ainda pouco explorado pelos estudos acadêmicos da história do ambiente construído. Suas perspectivas práticas e teóricas em torno da participação popular e da industrialização da construção conformaram o fio condutor da pesquisa da qual emerge esse ensaio, que se voltou primordialmente ao período das décadas de 1980 e 1990, derradeiro de uma trajetória tragicamente interrompida em 1994.
A relação entre arquitetura e estrutura já foi amplamente discutida e é repetidamente revisitada por arquitetos a cada novo projeto iniciado. Assim como os sistemas hidráulico e elétrico, o sistema estrutural é uma das disciplinas que compõem uma construção. É ele, porém, um dos mais impactantes no resultado arquitetônico, pois tem relação direta com os espaços criados e a materialidade escolhida. Ter o domínio do projeto de estruturas e entender como melhor incorporá-lo ao projeto de arquitetura traz mais autonomia ao arquiteto e maiores possibilidades de soluções de projeto.
A escolha do sistema estrutural, e de que forma ele irá ser incorporado ao projeto de arquitetura é um dos fatores mais impactantes nos projetos. Por um lado, pode-se optar por absorver os elementos estruturais, deixando-os camuflados na arquitetura e tornando-os imperceptíveis no projeto. Por outro, é possível que o sistema estrutural seja posto em evidência, tornando-se um elemento de destaque no projeto, seja por sua lógica estrutural, seja por sua materialidade, ou ainda sendo elevado a um elemento quase que escultórico.
Quando a cidade de St. Paul, Minnesota, propôs o desenvolvimento de prédios de apartamentos e espaços comerciais em uma região industrial vazia, um artigo de opinião na Growler Magazine comparou o desenvolvimento proposto a uma trituradora de metal. “Em vez de conservar e melhorar as qualidades e caráter do bairro,” escreve Charles Hathaway, “a requalificação endossada pelo projeto da cidade desconsidera as características únicas do bairro e diminui sua qualidade.”
https://www.archdaily.com.br/br/960029/como-discussoes-sobre-carater-de-bairro-reforcam-o-racismo-estruturalGretchen Brown
Este artigo tem como objetivo explorar um termo que é amplamente utilizado para descrever a prática de trabalho coletivo auto organizada, mas que, ao mesmo tempo, carrega um significado de luta anti-hegemônica ao ser empregado como sinônimo de projetos autogestionários. Os mutirões remetem à uma reflexão da importância do trabalho coletivo, e da luta popular, e de como a prática arquitetônica, e a construção civil se relaciona com esses temas.
Em sua essência, a arquitetura é uma profissão interdisciplinar. Desde engenheiros estruturais a agrimensores, um projeto de arquitetura desenvolve-se com a colaboração de indivíduos de diversas áreas de trabalho. Uma conexão muitas vezes esquecida é o elo entre os campos da arquitetura e da arqueologia, que, de várias maneiras, têm muito em comum. Numa época de maior consciência sobre as questões de sustentabilidade e patrimônio, a expertise presente no campo da arqueologia desempenha um papel vital na preservação de marcos arquitetônicos de importância histórica. Essa experiência também pode desempenhar um papel significativo na criação de intervenções arquitetônicas sensíveis, adequadas ao seu contexto, contemporâneas em seu projeto, ao mesmo tempo, em que respondem a precedentes históricos.
O bambu apresenta infinitas possibilidades e, quando usado com criatividade, pode proporcionar volumes inusitados. Em sua forma natural, é um tronco reto e ligeiramente pontiagudo. O bambu é naturalmente flexível e pode ser dobrado em uma ligeira curvatura e estruturas simples emolduradas podem ser construídas usando a forma reta natural do bambu. Como o dobramos para criar espaços fluidos e dinâmicos?
No entanto, requer técnicas específicas para atingir formas curvilíneas extensas. Nas estruturas construídas em Bali, há 3 técnicas para criar estruturas curvas usando bambu. Estas são:
A exposição Anything Goes? Da Berlinische Galerie relata como um pós-modernismo global e contraditório se enraizou em ambos os lados do Muro de Berlim na década de 1980. Florian Heilmeyer, em seu texto originalmente publicado na Metropolis, discute a ambiciosa exposição que consegue olhar simultaneamente para os dois lados da cidade alemã da época.
Mesmo sem querer, às vezes você acaba conhecendo a vida do seu vizinho ao lado, por ouvir todas as suas conversas através das paredes. Ou perde o sono quando o cachorro que vive no apartamento acima resolve fazer um passeio no meio da madrugada. Possivelmente você mora em um local com um isolamento acústico inadequado das paredes e/ou lajes. Com cidades cada vez mais densas e construtores buscando maiores margens de lucro, não é raro que o conforto acústico seja deixado de lado em diversos projetos de arquitetura. Quando o som é excessivo ou indesejado, ele passa a ser denominado ruído e impacta o corpo, a mente e as atividades humanas. Ainda que nem todos os espaços precisem selar quaisquer tipos de sons, como câmaras herméticas, criar espaços com um grau adequado de isolamento acústico melhora a qualidade de vida de todos usuários.
Tendência, estilo e movimento são algumas das categorizações mais recorrentes utilizadas nas tentativas de definir o conceito do brutalismo, termo utilizado para delinear um recorte de produções arquitetônicas situadas entre as décadas de 1950 e 1970 que guardam algumas semelhanças entre si, sobretudo no uso aparente dos materiais construtivos. Estabelecer uma definição precisa para o brutalismo, no entanto, mostra-se uma tarefa árdua, ainda que (ou, sobretudo porque) o termo tenha atingido grande alcance e, com isso, muitas tentativas de conceituação.
Oito organizações que atuam pelo desenvolvimento sustentável do Brasil somam esforços para estimular Soluções Baseadas na Natureza (SBN) como estratégia para mitigar os efeitos da mudança do clima nas cidades, enfrentar desafios urbanos e tornar as cidades mais resilientes.
O termo é relativamente recente e ainda pouco conhecido do grande público no país. Contudo, o conceito, estabelecido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), é simples: promover intervenções inspiradas em ecossistemas saudáveis para enfrentar desafios urgentes da sociedade, especialmente nas grandes metrópoles. Escassez hídrica, enchentes, desaparecimento da biodiversidade, problemas de saúde e avanço do nível do mar são algumas das questões que podem ser enfrentadas considerando a natureza como parte da solução, gerando benefícios ambientais, sociais e econômicos.
Apartamento Doehler / SABO project. Cortesia de SABO project
Ainda que possam assumir diferentes funções em muitos projetos, as escadas são, antes de tudo, elementos de circulação vertical, utilizadas para conectar dois ou mais níveis. Devido a relativa inconstância com que são utilizadas, muitos projetos para espaços com áreas reduzidas valem-se dessa característica para explorar soluções que vão além das configurações mais tradicionais e das medidas padrão dos espelhos.