Cidades ao redor do mundo enfrentam um novo êxodo urbano. À medida que a pandemia do COVID-19 se espalha, as condições de vida e as crises habitacionais são ressaltadas, desde o trabalho remoto até a reconstrução das economias globais. De acordo com um artigo da Fast Company, desde o início da pandemia, quase 40% das pessoas que vivem nas cidades, já consideraram se mudar. Com a possibilidade da pandemia se prolongar por anos, cada vez mais habitantes estão considerando a mudança para áreas rurais e cidades pequenas.
O conceito de Design for Disassembly (DfD) ou “projetar para desmontar”, é uma prática que vem ganhando força ao longo dos últimos anos entre arquitetos do mundo todo. Tal abordagem revela uma crescente preocupação com o excessivo consumo de recursos naturais, o desperdício e a baixa taxa de reciclagem na indústria da construção civil. O artigo a seguir pretende analizar em detalhe esta nova tendência na arquitetura, apresentando algumas diretrizes de projeto que contemplam a possibilidade de desmontagem e reciclagem de edifícios no futuro, oferecendo uma melhor compreensão desse conceito e seu impacto na prática profissional da arquitetura e na economia circular.
A intervenção em edifícios de valor histórico é uma das incumbências mais delicadas que cabe ao arquiteto. Falar em preservação hoje não passa apenas pela reforma de edifícios de séculos passados, mas também pela linguagem da arquitetura moderna.
Dubrovnik, Croácia. Drone photo by @spencerdavisphoto
Algumas das características mais comumente atribuídas às praças estão relacionadas à presença de pessoas no espaço e aos usos que são atribuídos a ele, como, por exemplo, locais de convivência, práticas esportivas, turismo e manifestações. Estes diferentes usos, que muitas vezes vão além daqueles previstos no projeto, estão diretamente ligados ao nível do solo, onde as pessoas circulam e vivenciam o espaço. Vistas sob uma perspectiva aérea, por outro lado, as praças podem revelar outras características relacionadas ao seu desenho arquitetônico e sua inserção no contexto urbano.
No ano de 1978, momento áureo da discussão pós-moderna na arquitetura, doze eminentes arquitetos foram convidados a participar da exposição Roma Interrotta com a proposta de redesenhar o primeiro mapa da cidade de Roma, produzido em 1748 pelo arquiteto Giambattista Nolli. Cada convidado foi responsável por reinventar uma parcela do mapa original com o propósito de elaborar uma condição teórica/utópica, tendo em vista as decorrências históricas que atravessaram o território nesse intervalo de tempo.
O setor da construção civil, principalmente o de edificações, é um dos maiores consumidores de recursos naturais e responsável pela geração de consideráveis impactos ambientais e emissões de CO2, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Ambiente. De acordo com os dados da organização C40 Cities, as edificações são uma das principais fontes de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) nas cidades e, portanto, onde existe grande espaço para a redução dessas emissões, sendo que o CO2 é considerado o principal GEE. Dados do Balanço Energético Nacional (MME, 2019), apontam que as edificações residenciais, públicas e comerciais no Brasil consumiram mais de 40 % de toda a energia elétrica produzida no país no ano de 2018.
Uma das considerações de projeto mais importantes que os arquitetos residenciais têm a responsabilidade de abordar é a acessibilidade, assegurando que as pessoas com deficiência possam viver confortavelmente em sua própria casa sem impedimentos que bloqueiem a funcionalidade básica da casa. A acessibilidade para usuários de cadeira de rodas é uma preocupação arquitetônica particularmente importante devido a seus requisitos espaciais e materiais inalteráveis e necessários. Como garantir o conforto de todos os usuários, incluindo pessoas com deficiência, é uma das obrigações essenciais de todos os arquitetos, o design para cadeirantes deve ser feito com o máximo cuidado e atenção, especialmente em ambientes residenciais. Abaixo, descrevemos uma série de estratégias para projetar pisos para circulação de cadeiras de rodas, ajudando os arquitetos a oferecer o máximo de conforto e acessibilidade
https://www.archdaily.com.br/br/943762/que-tipos-de-pisos-residenciais-facilitam-a-circulacao-de-cadeiras-de-rodasLilly Cao
Assim como escolas, restaurantes, centros comerciais e outros locais de aglomeração de pessoas, os museus ao redor do mundo tiveram que fechar as portas com a chegada da Covid-19. Hoje, algumas cidades, onde as taxas de contágio diminuíram significativamente, estão se preparando para a reabertura das atividades consideradas não essenciais. Como parte deste grupo, os museus, que durante o período de isolamento buscaram novas formas de se conectar com o público à distância, devem agora se adaptar a uma nova forma de receber os visitantes.
Tiffany Brown com estudantes. Imagem Cortesia de Tiffany Brown, 400 Forward
Pioneira em justiça, equidade, diversidade e inclusão na profissão da arquitetura, Tiffany Brown é a fundadora do 400 Forward, uma iniciativa que busca, inspira e orienta a próxima geração de mulheres arquitetas. Nomeado à luz do licenciamento da 400ª arquiteta afro-americana em 2017, o programa visa familiarizar as meninas com a arquitetura, fornecendo-lhes ferramentas para lidar com questões de injustiça social.
Impulsionando a presença de mulheres afro-americanas na profissão da arquitetura – atualmente menos de 0,3% nos EUA – 400 Forward também oferece bolsas e material de estudo para exames de licenciamento em arquitetura para mulheres afro-americanas. Para saber mais sobre a iniciativa, o ArchDaily teve a oportunidade de conversar com a fundadora Tiffany Brown sobre o programa, a diversidade no campo e o empoderamento das arquitetas e estudantes.
Antes mesmo da nova presidente do IPHAN ser nomeada em maio de 2020, em conversa na Escola da Cidade no dia 05 de junho de 2019, na disciplina Seminário de Cultura e Realidade Contemporânea, então coordenada pelo professor José Guilherme Pereira Leite, os professores convidados Silvana Rubino e Alfredo Manevy falaram sobre diversas problemáticas e contradições que norteiam a política cultural no Brasil partindo da extinção do Ministério da Cultura (MinC) e discutindo o rebatimento disso principalmente no campo da arquitetura e do urbanismo.
https://www.archdaily.com.br/br/943847/da-extincao-do-minc-ao-debate-arquitetonico-uma-conversa-com-silvana-rubino-e-alfredo-manevyEquipe ArchDaily Brasil
Um dos elementos arquitetônicos que mais fortemente promove a relação do interior com o exterior é a varanda. Difícil é precisar sua origem, sendo vista em exemplos de arquitetura vernacular no oriente, no mundo árabe, na Europa e, com grande expressividade, no Brasil.
Até onde os registros escritos alcançam, o que se sabe é que a “pré-história” é um período que vai de 35.000 à 3.000 anos a.C. no Oriente Médio e 2.000 a.C. na Europa Ocidental. Pelo que é possível observar, os construtores da antiguidade tinham uma profunda compreensão das necessidades humanas e como lidar com as condições ambientais através da arquitetura em sua forma mais primitiva. Nos primórdios, famílias e tribos viviam em cabanas construídas a base de ossos e peles de animais. Milhares de anos de passaram até que o homem passasse a construir estruturas mais robustas utilizando pedras e tijolos de barro, assumindo formas prismáticas e dotadas de aberturas para iluminação e ventilação natural.
Ao longo dos próximos meses, publicaremos aqui no ArchDaily uma série de pequenos artigos sobre a história da arquitetura e como ela evoluiu até assumir a forma como à conhecemos hoje. Nesta semana, regressamos a um dos períodos mais importantes e influentes da história da humanidade: a Grécia antiga; mais especificamente os períodos egeu, arcaico, clássico e helenístico.
Ao longo dos últimos 14 anos, o ArchDaily vem oferecendo conteúdo de qualidade para todas e todos. Nossos curadores são encarregados de selecionar os melhores projetos – de escritórios renomados a estúdios emergentes – para fazerem parte da maior biblioteca de arquitetura do mundo, enquanto nossos editores fazem a cobertura dos principais desafios e ideias mais inovadoras que estão redefinindo as cidades.
“Da janela vê-se o Corcovado, o redentor, que lindo”. A letra de Tom Jobim, eternizada pela voz e pelo violão suave de João Gilberto, foi uma das músicas que apresentou ao mundo a ideia de um Rio de Janeiro paradisíaco e um Brasil promissor, cada vez mais urbano e com uma capital moderna sendo construída do zero. Quase 60 anos depois, Paulo Mendes da Rocha cita casualmente essa canção em uma entrevista e aponta que para ele, nessa cena, o elemento mais importante é a janela, e não o Corcovado ou o Cristo Redentor. Isso porque é ela que enquadra a vista e direciona o nosso olhar ao que importa. É uma frase que passa quase despercebida, mas que carrega enorme significado poético e artístico sobre o ofício da arquitetura.
Como alternativas à produção de materiais na construção civil, caracterizada por altos gastos energéticos e altos índices de poluentes lançados na atmosfera, a reciclagem e o reuso de materiais e estruturas têm se tornado cada vez mais comuns na arquitetura. A principal diferença entre esses métodos é que, enquanto o primeiro emprega certo gasto energético no tratamento do material antes do seu reaproveitamento, o segundo não requer esse processo, reutilizando-o na forma em que foi descartado.
Amateur Architecture Studio, Ningbo History Museum, 2008. . Imagem Cortesia de Louisiana
Ao longo dos dois últimos séculos, a China passou por um vertiginoso processo de expansão demográfica e urbana, resultando na completa descaracterização de sua paisagem histórica, onde inúmeras pequenas cidades e vilarejos acabaram sendo varridos do mapa, substituídos por novas infra-estruturas urbanas e edifícios cada vez mais altos. À medida que a antiga paisagem chinesa vai desaparecendo sob o novo tecido urbano da China do século XXI, importantes elementos da cultura cívica e social também estão sendo esquecidos e negligenciados. Wang Shu, o primeiro arquiteto chinês a ser galardoado com o Prêmio Pritzker, tem lidado com esta delicada situação cotidianamente desde o início de sua carreira, desenvolvendo uma arquitetura que busca construir pontes entre o passado e o presente. Utilizando materiais reciclados e recuperados de antigas estruturas abandonadas ou destruídas, Wang Shu está resignificando a arquitetura tradicional chinesa no contexto de um país em rápido e incansável processo de desenvolvimento e expansão urbana. A seguir, discutiremos algumas das principais obras construídas por Wang Shu, como o Museu de arte contemporânea (2005) e o Museu Histórico de Ningbo (2008), e o Campus da Nova Academia de Arte de Hangzhou (2004).
Sobretudo quando falamos de edificações públicas, é imprescindível que os espaços sejam pensados de forma que permitam o acesso de todos os indivíduos com autonomia, independente de suas dificuldades motoras. Entretanto, na hora de projetar, sabemos que “adequar” o projeto às normas pode se tornar uma enorme dor de cabeça, ainda mais quando cada centímetro importa para darmos conta do programa de necessidades pretendido.
Para normatizar essa questão, a NBR 9050, de 2015, estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados em projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.
A pegada de carbono (carbon footprint) pode ser definida como a quantificação, normalmente em quilogramas (kg) ou toneladas (t), das emissões (e remoções) de diferentes gases de efeito estufa (GEE) no ciclo de vida de um produto, processo ou serviço. Existem diversos GEE, sendo que os mais importantes em termos de contribuição para o aquecimento global e mudanças climáticas são: dióxido de carbono (CO2), (CH4) e Óxido Nitroso (N2O).
Monumento às Bandeiras, em São Paulo, pichado em 2016. Foto de Rovena Rosa / Agência Brasil / Fotos públicas
A arquiteta Ayesha Luciano não sabe muito sobre seus antepassados. Assim como outros descendentes de populações afro-brasileiras e indígenas, a história de sua família foi apagada durante o processo de colonização do Brasil. É o que a filósofa Sueli Carneiro chama de epistemicídio: o aniquilamento das saberes e memórias em países de passado escravista.
Mas os perpetradores deste genocídio têm suas figuras lapidadas em pedra, ocupando lugar central em espaços públicos do país. É o caso da estátua totêmica do bandeirante Borba Gato, na capital de São Paulo, ou de Joaquim Pereira Marinho, traficante de pessoas escravizadas cuja estátua está no centro de Salvador (BA). A arquiteta comenta:
Reabilitar um edifício não é tarefa simples. Além de exigir sensibilidade aguçada para identificar e reconhecer o valor histórico das pré-existências – e, assim, decidir o que perduará no tempo e o que será substituído por elementos novos, coerentes com o programa atual –, trata-se também de uma estratégia que extrapola os limites do desenho e entra em temas como sustentabilidade e economia de meios. Afinal, estamos falando de reciclar uma estrutura, ou partes dela, e isso tem consequências tanto formais quanto ambientais.
Concluindo a série de artigos sobre o estudo da habitação social na América Latina, Nikos A. Salingaros, David Brain, Andrés M. Duany, Michael W. Mehaffy e Ernesto Philibert-Petit apresentam uma reflexão sobre os altos preços da terra, grandes esquemas e desestabilização nacional. Confira, a seguir.
https://www.archdaily.com.br/br/943131/realidades-incomodas-da-habitacao-social-na-america-latinaNikos A. Salingaros, David Brain, Andrés M. Duany, Michael W. Mehaffy & Ernesto Philibert-Petit
O manifesto futurista, assinado em 1909 pelo poeta Filippo Tommaso Marinetti, seria o pontapé inicial para formalizar os ideais e assentar as bases de um movimento vanguardista que atrairia a escritores, músicos, artistas e arquitetos (dentre os quais se encontrava, por exemplo, Antonio Sant'Elia). Após a publicação do manifesto, o futurismo se consolida como uma corrente de ruptura e abre o caminho para que outras vanguardas artísticas entrem na cena no alvorecer do século XX.
Embora este movimento experimentasse um declínio considerável no período pós-guerra, ele seria notavelmente reinventado no contexto da Era Espacial, onde a expectativa da conquista do espaço, a fé na tecnologia, o esplendor industrial, a cultura incipiente do automóvel, o florescimento econômico e cultural e o fascínio por novos materiais, permitiriam um novo panorama onde diferentes gerações de arquitetos reinterpretariam a estética futurista durante várias décadas (principalmente as décadas de 60 e 70). A vanguarda, a engenharia e a arte se combinariam e, potencializadas pelos avanços tecnológicos, dariam origem a uma arquitetura com um ar de ficção científica.