Quando analisada do alto, a paisagem de São Paulo é uma enorme aglomeração urbana, com sua topografia, suas áreas verdes, seus bairros verticalizados e seu tecido urbano. Revela também todas suas camadas históricas sobrepostas, com edifícios centenários convivendo com espigões com poucas qualidades arquitetônicas. Museus e parques, shoppings centers e condomínios. E é justamente toda sua aparente desordem e heterogeneidade o que a torna uma cidade tão única.
Para aqueles interessados em conhecer a metrópole de um novo ponto de vista e também, parte de sua história, apresentamos a seguir um roteiro de mirantes e observatórios:
O emprego do aço na arquitetura, no início do século XX, é considerado um dos desenvolvimentos mais inovadores da construção civil, tendo permitido que arquitetos criassem estruturas com alturas nunca antes vistas. Henry Bessemer desenvolveu o processo siderúrgico de maior sucesso em 1855, mas somente em 1890 o processo foi refinado a ponto de poder ser usado na construção. As primeiras edificações em aço dos dois lados do Atlântico, o Rand McNally Building em Chicago e a Forth Bridge em Edimburgo, quebraram recordes na época.
https://www.archdaily.com.br/br/934109/20-projetos-famosos-do-seculo-20-construidos-em-acoNiall Patrick Walsh
"Um horroroso projeto para o futuro Centro de Informação Turística, a se situar em frente ao Palácio dos Despachos, um verdadeiro terror ‘modernoso’.” As palavras duras da colunista social Anna Marina Siqueira no jornal belo-horizontino Diário da Tarde em 1985 se referiam ao novo edifício construído na Praça da Liberdade, então epicentro político de Minas Gerais. Foi inaugurado como Centro de Apoio Turístico Tancredo Neves e, por muitos anos, abrigou o Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães. Em abril de 2017, foi reaberto após um restauro e se tornou o Centro de Informação ao Visitante do Circuito Liberdade e o Hub Minas Digital. Se, por estar fora do eixo Rio-São Paulo, ainda não foi possível ligar esses nomes ao prédio, a alcunha popular facilita a identificação: ele é conhecido como Rainha da Sucata, e também já foi chamado de o prédio mais feio do Brasil.
"Uma antiga pista de skate, um jardim abandonado em baixo da ponte e o projeto de reconstrução dos espaços públicos em um bairro operário da cidade de Barcelona são os cenários do documentário Landskating. A narrativa conta o processo de reurbanização de três espaços públicos na cidade, explicando como territórios antes marginalizados foram re-inseridos no tecido urbano respeitando a história do lugar, sua memória, seu povo e o dia-a-dia de seus moradores."
A estréia de Landskating está sendo esperada ansiosamente por arquitetos, urbanistas e também pelos moradores de tais comunidades. Dirigido por Kike Barberá, com roteiro de produção de Sergi Carulla e Oscar Blasco (SCOB), o documentário foi filmado entre 2013 e 2015, durante o período de implementação dos processos participativos, conduzido pelos próprios jovens, e a construção dos três primeiros parques urbanos de lazer da cidade de Barcelona.
Aproveitando a programação de estréia do documentário, entrevistamos a equipe do SCOB para saber mais sobre o seu último trabalho desenvolvido na cidade Barcelona.
Embora saibamos o quão importante é permitir a presença de crianças em espaços públicos e externos, é difícil negar que há poucas cidades preocupadas em oferecer ambientes preparados para crianças; espaços seguros e dignos que lhes permitam experienciaro urbano e, assim, tornarem-se cidadãos conscientes da vida comunitária. É também compreensível que, cada vez mais, as famílias criem momentos de lazer nos espaços internos, dando aos filhos a liberdade e a segurança necessárias.
Neste artigo, selecionamos 11 exemplos incríveis que demonstram como a arquitetura de interiores pode ajudar a criar espaços de recreação para meninos e meninas de todas as idades, ajudando-os a dar os primeiros passos neste mundo com maior autonomia e confiança.
Nos últimos dias uma série de matérias e artigos diagnosticou corretamente o motivo das enchentes recentes nas capitais Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre, assim como em cidades menores como Iconha, no Espírito Santo. O principal motivo para estes desastres foi a urbanização das nossas cidades — tanto planejada quanto não planejada —, que reforçou os potenciais danos causados.
O “Caminho Histórico Glória-Lavapés” é composto pelas ruas da Glória e do Lavapés, que interligam os bairros da Liberdade, Glicério e Cambuci situados na região central do município de São Paulo. Apesar de ter sido tombado em março de 2018 e homologado em julho de 2019 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP), esse lugar ainda enfrenta problemáticas que reiteram e reforçam o apagamento histórico de memórias importantes compreendidas ao longo dessa extensão como a memória de ocupação negra, a memória morfológica do traçado da cidade colonial e a memória visual e topográfica da condição acidentada do terreno.
https://www.archdaily.com.br/br/929303/bairro-da-liberdade-o-apagamento-historico-da-memoria-negra-em-sao-pauloBeatriz Hubner, Fernanda Galloni, Paloma Neves, Stela Mori
Certa vez, uma colega arquiteta comentou comigo que haviam contratado um novo estagiário no escritório do qual ela era sócia. Rapaz competente, dedicado que estava cursando os semestres intermediários do curso de arquitetura. Sua admissão se deu, principalmente, pelo fato de ter apresentado boas habilidades em softwares de modelagem BIM (Building Information Model), com um portfólio repleto de projetos de escala média bem resolvidos.
Imagine o seguinte cenário. Estamos em 1902, e para grande choque e angústia dos cidadãos de Veneza, a bela torre campanária da Piazza San Marco acaba de desabar. Nessa mesma noite, o conselho municipal da cidade vota para aprovar 500.000 Liras para a pronta reconstrução, “com’era, dov’era” — “como era, onde era”. Os futuros residentes e visitantes podem agora continuar a desfrutar desta bela estrutura, que de qualquer forma já antes tinha sido restaurada e acrescentada várias vezes.
Mas depois uma autoridade, de algures muito longe, decide intervir. “Os nossos regulamentos não permitem isto! As nossas políticas de financiamento exigem que ‘um projeto use design contemporâneo’ — o que significa que podem usar apenas os estilos atuais que nós aprovamos, e não pode usar os estilos tradicionais de Veneza. Isso seria uma ‘falsificação da história’, uma ‘mistura do falso com o genuíno’, e nós decretamos que isso teria consequências nefastas!” O projeto não vai adiante, e algo inteiramente “contemporâneo” é construído em seu lugar.
Reunimos aqui uma lista com os melhores artigos, notícias e projetos que abordam um material que ainda pode ser muito explorado pela arquitetura: o bambu.
Empregar materiais naturais biodegradáveis é uma das estratégias ambientais mais eficientes da construção civil atualmente. Embora alguns possam considerá-la passadista, é uma maneira fácil e acessível de promover uma arquitetura ecológica. A implementação de telhados de palha é um excelente exemplo de solução construtiva sustentável e, ainda, eficiente em termos de conforto ambiental.
Mesmo que um terço dos deslocamentos nas cidades brasileiras seja feito a pé, os cidadãos que usam as próprias pernas ou uma cadeira de rodas em seus trajetos não são tratados com prioridade. As palavras “pedestre” e “calçada”, aliás, nem aparecem na Lei 12.587/2012, que estabelece as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, sinal de um quadro de inconsistência jurídica em nível federal e municipal.
https://www.archdaily.com.br/br/933743/territorio-sem-dono-calcadas-brasileiras-revelam-negligencia-com-o-pedestreNelson Oliveira e Ana Luisa Araujo
Dizem que trabalho perfeito não existe. Estamos acostumados com o mau humor característico dos ambientes corporativos e todos sabemos que a nossa produtividade continuará despencando à medida que a semana avança. Não que a segunda-feira seja o dia mais querido pelos trabalhadores, muito pelo contrário. Acontece que devemos para de culpar nossos colegas ou clientes pela nossa ranzinzice; o problema no trabalho talvez esteja na cadeira em que nos sentamos, na iluminação inadequada acima da tela do computador ou no ruído contínuo das máquinas que operamos.
Além do fato de que passamos em média 70 a 80% do tempo de nossas vidas em ambientes fechados, dedicamos aproximadamente nove horas do nosso dia ao trabalho. Estudos indicaram que a qualidade do ambiente de trabalho tem efeitos positivos a curto, médio e longo prazo na vida, saúde e produtividade das pessoas que o ocupam. Embora as pesquisas no campo das condições de conforto em ambientes corporativos ainda estejam muito aquém do seu verdadeiro potencial, reunimos uma lista das principais descobertas na área, elementos que provaram ser altamente influentes para uma melhor sensação de conforto das pessoas em seus espaços de trabalho.
O fotógrafo de arquitetura Marc Goodwin visitou recentemente Madri para continuar sua jornada documentando diversos estúdios de arquitetura e escritórios de design. Ele já registrou firmas de diversas cidades e países ao redor do mundo, incluindo o Brasil, Cidade do Panamá, Holanda, Dubai, Londres, Paris, Pequim, Xangai, Seul, países nórdicos, Barcelona, Los Angeles e Istambul. Em Madri, Marc fotografou 16 escritórios e diversos estúdios.
Nossas cidades, vulneráveis por natureza e desenho, geraram o maior desafio que a humanidade precisa enfrentar. Com a expectativa de que a grande maioria da população se estabeleça em aglomerações urbanas, a rápida urbanização levantará a questão da adaptabilidade à futuras transformações sociais, ambientais, tecnológicas e econômicas.
De fato, a principal problemática da década questiona como nossas cidades irão lidar com fatores que mudam rapidamente. Ela também analisa os aspectos mais importantes a serem considerados para garantir o crescimento a longo prazo. Neste artigo, destacamos os principais pontos que ajudam a proteger nossas cidades no futuro criando um tecido habitável, inclusivo e competitivo que se adapta a qualquer transformação futura inesperada.
Com a alta densidade populacional das cidades e o apetite voraz do mercado por cada metro quadrado, não é incomum que a vegetação urbana seja algo deixado de lado. É por essa razão que florestas, hortas e jardins verticais venham despertando tanto interesse e figurado em propostas diversas. Utilizar o plano vertical para manter plantas parece uma saída coerente e de bom senso, sobretudo quando não há possibilidade de trazer o verde para o nível das pessoas, nas ruas.
As recentes enchentes em Belo Horizonte e em outras cidades mineiras assustaram a população. Vídeos mostrando a força das águas arrastando carros e derrubando estruturas impressionaram todo o país. O estado de alerta não se resumiu a Minas Gerais. Grande parte do Sudeste enfrentou fortes chuvas, provocando grandes transtornos. No Espírito Santo, por exemplo, mais de 5 mil pessoas tiveram que deixar suas casas, e São Paulo entrou em estado de atenção por alagamentos. Enquanto isso, no Rio, uma situação envolvendo algas nos mananciais provocou o contrário: crise de água causada pela qualidade da água que chegava à torneira das pessoas.
https://www.archdaily.com.br/br/933675/infraestrutura-natural-pode-evitar-desastres-como-as-enchentes-de-minas-gerais-e-sao-pauloWRI Brasil
A história da arquitetura demonstra que o uso do material aparente sempre foi algo corrente, seja em antigas técnicas vernaculares ou dentro do movimento brutalista, para citar alguns exemplos. É evidente que a linguagem de um projeto muitas vezes está estritamente ligada ao seu material, pois diversas sensações, assim como a percepção do espaço, são dirigidas pela qualidade estética e física do elemento escolhido. Por este motivo, aqui reunimos dez edifícios que ressaltam a qualidade de seus materiais, seja para fazer um discurso, reinterpretar alguma técnica do passado ou até mesmo para ressignificar a potência de alguns desses elementos.
Assim como a pedra, a madeira e outros materiais naturais, desde os primórdios da história mundial o Homem já utilizava a palha como material construtivo. Contanto, com o advento de novas tecnologias, como é o caso do concreto, e a ideia de Progresso alavancada com a revolução Industrial e consequentemente, com o surgimento do aço, parte dos materiais anteriormente utilizados perderam força e foram massivamente substituídos por outras tecnologias.
O espaço há muito tempo capturou nossa imaginação, olhando para a imensidão acima de nós, escritores, cientistas e designers sempre sonharam com novas visões para o futuro em planetas distantes. Marte está no centro desse discurso, o planeta mais habitável em nosso sistema solar depois da Terra. As propostas para o planeta vermelho exploram como podemos criar territórios humanos no espaço sideral.
Com a crescente conscientização sobre o impacto ambiental da queima de combustíveis fósseis, os quais também são amplamente utilizados para a produção de energia consumida por edifícios, espera-se dos arquitetos um posicionamento cada vez mais crítico e que sejam capazes de incorporar em seus projetos fontes energéticas alternativas como uma solução para minimizar a dependência das atividades humanas dos combustíveis fósseis. Entre as fontes mais progressivas de geração de energia está a biomassa, um sistema que combina o uso de matérias-primas sustentáveis que resultam em uma menor emissão de CO2 se comparado com outros tradicionais sistemas à combustão. Neste contexto em que a biomassa parece ser a alternativa mais viável às usinas movidas a gás e a carvão, levantamos a seguinte questão: o que é a energia de biomassa afinal, e quais suas principais vantagens e desvantagens?
https://www.archdaily.com.br/br/933372/o-que-e-energia-de-biomassaNiall Patrick Walsh
Um dos materiais construtivos mais antigos, a pedra perdurou na história da arquitetura por suas características de resistência e durabilidade. Frequentemente utilizada em estruturas de proteção, como fortificações e muros, a pedra também é, historicamente, a base para uma série de construções com diferentes fins, como o residencial, na qual foi empregada desde os primeiros abrigos.
O município de Rio do Antônio, localizado a cerca de 700 quilômetros da capital do estado da Bahia, possui até hoje resquícios deixados da época da escravização no Brasil. O período deixou marcas que podem ser notadas na realidade na cidade, inclusive em sua arquitetura.
A tipologia do celeiro é um elemento cativante da arquitetura rural. De construção simples e tradicionalmente definidos por necessidade e não por questões estéticas, os celeiros continuaram a despertar a imaginação daqueles que buscam o contraste com a realidade globalizada e densa da vida urbana.