Para serem realmente eficientes, os ônibus precisam de condições especiais, como corredores exclusivos e plataformas elevadas para embarque e desembarque. Imagem: Mario Roberto Duran Ortiz
A crítica mais famosa do espaço desmedido ocupado pelos automóveis foi representada por um cartaz da cidade de Müenster, que compara o espaço ocupado por 60 carros, um ônibus e 72 bicicletas (todos transportando 72 pessoas). A imagem deixa evidente que o espaço ocupado pelos automóveis para transportar o mesmo número de passageiros é espantosamente maior.
Agrivoltaic Pavilion prototype & designs in 'Sustainable Architecture & Aesthetics.' Transforming BIPVs with custom 3D-printed filters and panels for site-specific solar collection. Courtesy Sabin Design Lab at Cornell College of Architecture, Art, and Planning and the DEfECT Lab at Arizona State University. Image Courtesy of Jenny E. Sabin
Por que pesquisar e inovar em arquitetura? Em uma conversa com a arquiteta Jenny E. Sabin, mergulhamos na ligação crítica entre pesquisa e prática em arquitetura. Buscando o desenvolvimento de um novo modelo, sua equipe incorpora uma abordagem interdisciplinar que introduz conexões entre essas áreas, fomentando a colaboração tanto com cientistas quanto com engenheiros.
Observando o comportamento da natureza, o método proposto integra descobertas biológicas e matemáticas ao processo de design. Após passar por um processo de teste sistemático, essas percepções são aplicadas na fase de design generativo do projeto para criar soluções adaptativas e responsivas de materiais. Analisando suas estratégias de pesquisa e design, mostramos como ela traduz a pesquisa em prática arquitetônica.
A habitação é uma das principais premissas da arquitetura. Para muitos, o abrigo é um de seus denominadores principais. Dentro das cidades, é pauta premente e complexa. De todo modo, as iniciativas de habitação com interesse social tentam dar conta de abrigar uma parcela considerável da população, para garantir que usufruam dessa premissa-primeira da arquitetura: uma casa.
Quando Kisho Kurokawa projetou a icônica Nakagin Capsule Tower em 1972, a estrutura pretendia concretizar os ideais do metabolismo, experimentando ideias de crescimento e adaptação inspiradas em processos biológicos. Este estilo arquitetônico surgiu no Japão pós-guerra com o objetivo de criar edifícios e megaestruturas que se assemelhassem a organismos vivos, capazes de evoluir, expandir, contrair e se adaptar às mudanças do ambiente. Seguindo essa filosofia, a Nakagin Tower era composta por 140 unidades de cápsulas idênticas, cada uma fixada individualmente em dois eixos centrais. As cápsulas deveriam ser substituídas e atualizadas a cada 25 anos, permitindo flexibilidade e mudança. No entanto, essa inovação se revelou impraticável. Quase 50 anos após a sua construção, a torre foi parcialmente demolida. No total, 23 cápsulas foram preservadas para serem reutilizadas. Atualmente, essas cápsulas estão espalhadas pelo mundo e continuam representando os ideais metabólicos.
O conceito de uma cidade pode ser entendido como um sistema em constante transformação, no qual arquitetos e habitantes colaboram para sua concepção e remodelagem. Embora sua estrutura inicial possa ser delineada por designers ou arquitetos, a essência da trama urbana é, em última instância, moldada pela sociedade e pelas gerações que a ocupam. A questão da "autoria da cidade" frequentemente surge no contexto do planejamento urbano. Será que os arquitetos e urbanistas podem prever até que ponto uma cidade evoluirá por meio de seu projeto inicial? A resposta é não. A noção de autoria do usuário reconhece, então, que o planejamento urbano não deve ser abordado como um projeto de construção convencional, no qual os designers tentam prever todos os aspectos de forma, padrão, comportamento e cultura. Em vez disso, ela reconhece o papel desempenhado pelas pessoas na configuração da trama urbana por meio de suas preferências arquitetônicas, desenvolvimento da identidade do bairro e remodelagem contínua que contribui para a história e o espírito do lugar. Esses elementos devem ser considerados desde o início do processo de projeto, contemplando ideias relacionadas à expansão futura, infraestrutura adaptável e capacitação dos cidadãos para contribuir com a arquitetura da cidade, tornando, assim, o planejamento urbano mais democrático. Este artigo explora conceitos de cidades radicais, nas quais os designers adotam ideias de autoria dos usuários e a evolução constante da arquitetura efêmera.
Diante de um mundo cada vez mais inserido nas dinâmicas dos agitados ambientes urbanos e tecnologias digitais, uma maior conexão com a natureza parece ter se tornado mais importante para o bem-estar físico e emocional das pessoas, o que perpassa, de maneira direta e fundamental, os espaços em que elas convivem. Discussões e estudos acerca de temas como a neuroarquitetura e a biofilia são cada vez mais presentes e populares no campo da arquitetura e do design de interiores contemporâneos, levantando reflexões importantes sobre uma escolha mais assertiva e consciente de uma série de elementos projetuais que compõem os ambientes que mais convivemos.
Nesse cenário, o uso de materiais como a madeira, seja em ambientes residenciais, comerciais ou corporativos, têm demonstrado efeitos positivos em como sentimos e experienciamos os espaços ao nosso redor, ao suscitarem alguma conexão com o meio natural, reconfigurando a forma como percebemos nossos ambientes de vida e de trabalho e como somos afetados por eles. Ao incorporar elementos de madeira em nossos espaços, somos capazes de criar locais de maior tranquilidade que nos permitem desconectar do estresse e da agitação da vida urbana.
Fortaleza, CE. Foto: Arthur Fonseca, via Wikipedia. Licença CC BY 3.0 br
Para enfrentar a crise climática é urgente transformar o modo de vida nas cidades, grandes poluentes e consumidoras de energia. O uso de veículos motorizados, especialmente no transporte individual, é uma das mudanças necessárias nos centros urbanos. Cidades que ofereçam segurança para pedestres, ciclistas e uma rede eficiente de transporte público são cada vez mais fundamentais.
Incentivar o desenvolvimento de centros urbanos em que as pessoas possam se deslocar de forma ativa – a pé e de bicicleta – para suas atividades diárias é o caminho que o Instituto Caminhabilidade impulsiona. Por isso, criou o Prêmio Cidade Caminhável, que valoriza e inspira ações por cidades caminháveis no Brasil.
A janela para resolver a mudança climática está se estreitando; qualquer solução deve incluir o carbono incorporado. O Sexto Relatório de Avaliação publicado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) concluiu que o mundo poderia emitir apenas 500 gigatoneladas a mais de dióxido de carbono, contados a partir de janeiro de 2020, se quisermos ter 50% de chance de ficar abaixo de 1,5 grau. Somente em 2021, o mundo emitiu cerca de 36,3 gigatoneladas de carbono, a maior quantidade já registrada. Estamos no caminho para estourar nosso orçamento de carbono nos próximos anos e, segundo o relatório, “as escolhas e ações implementadas nesta década terão impactos agora e durante milhares de anos.”
As cidades ao redor do mundo enfrentam desafios cada vez maiores em relação ao planejamento urbano e à criação de espaços públicos sustentáveis e atraentes, como áreas verdes. Diante disso, tem-se buscado novas alternativas para criar paisagens verdes nos espaços públicos das cidades. Esses lugares desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e transformação das cidades, sendo há muito tempo o cenário das interações sociais, expressão cultural e troca de ideias.
A África tropical abriga vastas florestas que se estendem por 3,6 milhões de quilômetros quadrados nas regiões Ocidental, Oriental e Central do continente. Essas florestas desempenham um papel crucial, fornecendo madeira para os setores de móveis, combustíveis e indústrias de papel. No entanto, a madeira ainda não faz parte da arquitetura contemporânea dessas regiões. Embora o gosto arquitetônico seja um fator, a principal razão para essa ausência está relacionada à incapacidade das indústrias madeireiras em atender aos requisitos de disponibilidade, acessibilidade, apelo estético, durabilidade e desempenho climático e estrutural da madeira. A indústria madeireira na África tropical é composta principalmente por operações informais e de pequena escala, focando principalmente no corte de toras, em vez de refinar a madeira para uso em projetos arquitetônicos ou estruturais. Apesar disso, o grande número de empresas informais na região apresenta uma oportunidade para remodelar a indústria e aproveitar os recursos florestais locais na construção de edifícios em madeira.
A Índia possui muitos museus, galerias de arte, bibliotecas públicas, teatros e centros de preservação do patrimônio cultural. No entanto, muitos desses locais estão abandonados e negligenciados, assim como os objetos que deveriam expor e proteger. Historicamente, o desenvolvimento da infraestrutura cultural na Índia tem sido responsabilidade do governo, o que muitas vezes resultou em um estado de estagnação. No entanto, nas últimas duas décadas, temos observado uma mudança significativa na cena cultural do país. O crescente interesse de instituições privadas abriu caminho para diversos projetos culturais, geralmente em parceria com autoridades locais. Esses projetos têm como objetivo celebrar a riqueza da cultura indiana, tanto histórica quanto contemporânea, tornando-se destinos populares para a classe média em ascensão.
A madeira tem desempenhado um papel fundamental na história da arquitetura ao proporcionar às construções versatilidade e sustentabilidade. Atualmente, seu uso está se transformando, impulsionado tanto pelos avanços tecnológicos trazidos pelo uso da madeira laminada cruzada (CLT) quanto por uma crescente consciência ambiental.
A lista a seguir é um índice de artigos, notícias e projetos publicados no ArchDaily que abordam tudo o que você precisa saber sobre o uso da madeira na arquitetura, desde estratégias de design e as últimas tendências até sua aplicação em obras e materiais de construção.
A cidade de Viena tem uma política habitacional bastante elogiada. Ela realmente tem muitos méritos, mas não é necessariamente perfeita. Na verdade, a política habitacional de Viena caminhou em uma direção diferente das outras cidades europeias, o que desperta o interesse de quem estuda o tema. Nesse episódio do podcast Housing Voice, produzido pela universidade UCLA, Justin Kadi apresenta algumas características que tornam a capital austríaca um caso único. O episódio também disponibiliza uma série de artigos científicos para quem quiser se aprofundar no assunto.
Há algumas semanas, o Instituto Real de Arquitetos Britânicos (RIBA) anunciou a estudante ganhadora do subsídio de viagem RIBA Norman Foster 2023. Trata-se da peruana Martha Pomasonco que obteve a bolsa em reconhecimento ao seu projeto intitulado “Barrios Mejorados”.
A pesquisa que conquistou o júri investigará o impacto dos mais bem-sucedidos programas de melhoria nos assentamentos informais aplicados em alguns países latino-americanos a fim de encontrar lições de projeto relacionadas à sustentabilidade social e ambiental. Sua investigação parte da ideia de que 80% da população da América Latina vive em cidades, o que a torna a região mais urbanizada do planeta. Dessa porcentagem, entretanto, estima-se que 15% viva em assentamentos informais caracterizados principalmente pela infraestrutura inadequada e baixa qualidade de vida. Por este motivo, nos últimos 30 anos, diferentes programas de melhoria foram aplicados tendo como fator chave para seu sucesso a participação dos cidadãos em todas a etapas de projeto.
As cores têm desempenhado um papel essencial na história da arquitetura moderna — desde a teoria da policromia de Le Corbusier até as concepções estéticas da Bauhaus. No entanto, estamos no início de uma era em que a interpretação e implementação das cores na arquitetura estão passando por uma mudança a partir de seu impacto no ambiente construído.
Ao longo do mês de agosto, realizamos uma chamada aberta para ouvir de nossos leitores suas previsões e opiniões sobre o futuro das cores na arquitetura. Depois de revisar uma grande quantidade de comentários, foi uma surpresa encontrar reincidências em relação à importância de considerar a eficiência energética na escolha. Confira a seguir os principais pontos de vista.
A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. Especialmente durante e após a pandemia, ou seja, período atual, os índices de burnout estão aumentando. No entanto, pouco está sendo discutido sobre o tema. Tendo em vista o papel da concepção do espaço construído na vida dos colaboradores, como a neuroarquitetura pode auxiliar a qualidade de vida, mitigando o burnout?
Os círculos, como uma forma geométrica fundamental, possuem uma qualidade cativante e harmoniosa que foi integrada perfeitamente à arquitetura e ao design ao longo de várias épocas e estilos. De detalhes sutis a pontos focais ousados, o uso de curvas no design de interiores transcende a mera ornamentação, muitas vezes simbolizando continuidade, conexão e um ritmo visual relaxante. Com suas curvas infinitas e contínuas, eles oferecem uma sensação de unidade, movimento e equilíbrio que pode transformar espaços em ambientes convidativos e esteticamente agradáveis — um efeito especialmente útil para os projetos de interiores. A seguir, reunimos 27 projetos que empregam formas circulares em interiores ao redor do mundo.
Detalhe - Pavilhão para Casa de Chá / Grau Architects
O desenho exerce um papel fundamental no projeto arquitetônico. Principal condutor para a materialização das ideias, é através dele que se explica o que foi pensado para o espaço. Nas arquiteturas de madeira, são diversos os tipos de encaixes, junções, modos de compor com as texturas e conectar o material com outras estruturas. Ao desenhar, mais do que expressar os detalhes com precisão, é possível criar manuais didáticos sobre a montagem e construção da obra, que facilitam a compreensão da mão-de-obra e sua execução. Por isso, reunimos diferentes projetos que em demonstram distintas formas de representar o uso do material e suas possibilidades.
Subúrbios de Mumbai, na Índia, com telhados de metal nas casas. Uma análise do WRI Índia mostra que, embora a vegetação possa amenizar as temperaturas de superfície nas cidades, uma ampla parcela das residências de Mumbai possui telhados de metal, contribuindo para uma temperatura de superfície mais alta. Foto: KishoreJ/Shutterstock
O atual verão no Hemisfério Norte tem sido tão quente, com as temperaturas atingindo recordes – inclusive no mar –, que as discussões já giram em torno dos limites da sobrevivência humana. Mesmo na Antártida, o gelo marinho não tem conseguido se reconstituir, um desvio drástico em relação aos padrões normais para o inverno. Não é apenas impressão que eventos de calor extremo têm acontecido cada vez mais. Como resultado das mudanças climáticas, o número desses eventos aumentou – e deve piorar.
De fato, na maioria dos anos, o calor é o fenômeno mais letal, matando em média 490 mil pessoas no mundo e causando problemas graves de saúde para muitas outras. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as mortes em decorrência do calor devem aumentar em 50% até 2050. Mas esse impacto não é distribuído de forma equilibrada, tanto ao redor do mundo quanto dentro das comunidades: populações que já vivem em condições mais vulneráveis são as que enfrentam os maiores riscos.
https://www.archdaily.com.br/br/1006087/como-resfriar-as-cidades-com-o-planeta-cada-vez-mais-quenteEric Mackres, Gorka Zubicaray e Bina Shetty
Stockholm Wood City. Courtesy of Atrium Ljungberg | White Arkitekter
Diante de estudos que estimam que até 2050 quase 70% da população mundial será urbana, pensar num desenvolvimento mais sustentável e equilibrado das cidades torna-se um imperativo para as próximas décadas. Essa discussão perpassa, invariavelmente, uma escolha mais assertiva de materiais de construção que tragam melhores benefícios urbanos e ambientais. Nesse cenário, um material que vem ressurgindo como uma escolha mais sustentável para a infraestrutura urbana é a madeira, sobretudo quando aliada a novos recursos tecnológicos, que vem se reintroduzido nas paisagens das cidades devido às suas características versáteis e à sua capacidade de se alinhar às construções do amanhã.
Todos os dias, governos, instituições financeiras e corporações têm uma decisão a tomar: investir em ativos físicos que emitem gases do efeito estufa e prejudicam a natureza ou priorizar o desenvolvimento de soluções verdes que fomentam uma economia estável, resiliente e equitativa. À medida que as comunidades enfrentam os impactos severos das mudanças climáticas, a decisão de construir um futuro sustentável fica mais evidente.
https://www.archdaily.com.br/br/1006690/6-mudancas-necessarias-para-o-sistema-financeiro-ajudar-a-promover-um-futuro-sustentavelAnderson Lee
O planejamento urbanístico da cidade deve andar junto com a natureza. Foto: Daniel Costa, via Unsplash
A capacidade das árvores de climatizar naturalmente as cidades é um dos benefícios de promover os plantios em áreas urbanas. No Distrito Federal, a questão da arborização tem sido objeto de estudo para promover o uso sustentável dos recursos naturais como políticas públicas. Estudante de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Júlia Almeida mensurou as influências da microclimática da vegetação na escala residencial de Brasília, comprovando o poder da vegetação na qualidade de vida.
São Paulo. Foto de D A V I D S O N L U N A , via Unsplash
Muitas cidades ao redor do mundo têm sérios problemas de acesso à moradia. Um dos motivos são regulações de zoneamento muito restritivas. O zoneamento — as regras que determinam o que pode ser construído em cada lote — foi inicialmente projetado para controlar problemas urbanos, como congestionamento, poluição e sombreamento.
Com o tempo, no entanto, os planejadores entraram em acordo com os proprietários de imóveis para endurecer as regras. Os planejadores não gostavam da densidade urbana e ficaram muito felizes em reduzi-la. Os proprietários perceberam que códigos mais rígidos poderiam preservar o valor de suas propriedades e excluir os pobres e as minorias de seus bairros.