O arquiteto japonês Riken Yamamoto foi agraciado com o Prêmio Pritzker de Arquitetura 2024. Conhecido por estabelecer uma “relação de parentesco entre os domínios público e privado" e criar "arquitetura como pano de fundo e também destaque para a vida cotidiana", Yamamoto é o 53º homenageado do mais prestigiado prêmio arquitetura do mundo — e o nono arquiteto do Japão a receber a honraria, juntando-se a Arata Isozaki, Shigeru Ban, Kazuyo Sejima, Ryue Nishizawa, Kenzō Tange, Fumihiko Maki, Toyo Ito e Tadao Ando. Sucessor de David Chipperfield em 2023, Francis Kéré em 2022, e Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal em 2021, Yamamoto receberá prêmio durante a 46ª cerimônia do Prêmio Pritzker em Chicago ainda no primeiro semestre deste ano, e dará uma palestra no S.R. Crown Hall, no Instituto de Tecnologia de Illinois, em 16 de maio.
Artigos
Como Los Angeles está enfrentando a escassez de moradias a preços acessíveis
Várias cidades nos Estados Unidos estão sofrendo com a falta de milhões de unidades habitacionais. Agravada por outros fatores, essa escassez está aumentando radicalmente o custo tanto para alugar quanto para comprar casas. Los Angeles não é exceção; com 74% do seu território destinado exclusivamente à casas unifamiliares, a construção de habitações multifamiliares é limitada a uma área extremamente pequena da cidade, tornando a construção de novas habitações acessíveis muito difícil. Além disso, processos complexos de aprovação, que duram vários anos, muitas vezes tornam esses projetos ainda menos viáveis.
Por isso, em dezembro de 2022, a prefeita Karen Bass tomou uma decisão drástica ao declarar estado de emergência para acelerar a aprovação de projetos de habitação acessível, permitindo aos investidores acelerar projetos que contemplariam um sistema de aluguel estável por meio de permissões rápidas e isenções de regras de zoneamento. A Executive Direction (ED1) gerou um aumento nas solicitações para construção de habitações acessíveis, surpreendentemente, não apenas de investidores que usam dinheiro público, mas também de particulares.
Os méritos do greenwashing: estigma social em torno da construção natural na Índia
Nos últimos anos, a Índia testemunhou o ressurgimento do interesse em materiais de construção naturais, impulsionado pelo aumento das preocupações ambientais e um crescente desejo de resgatar estilos de vida tradicionais. De Mumbai, com suas movimentadas ruas, às tranquilas aldeias de Kerala, arquitetos, construtores e comunidades estão se unindo para explorar o potencial da terra, do bambu, da cal e de outros materiais orgânicos na criação de estruturas que sejam relevantes para cada contexto e que também incorporem os ideais contemporâneos do país. Essa mudança em direção ao uso de materiais naturais e recursos vernaculares reflete um movimento em prol da sustentabilidade e de uma conexão mais profunda com a natureza.
Intervenções arquitetônicas no deserto: natureza, intervenção mínima e luxo recluso
Situados nas paisagens desérticas mais remotas do Oriente Médio e além, esses acampamentos oferecem uma oportunidade única de conexão com o ambiente através da experiência solitária em cenários amplos e expansivos.
Ao evitar intervenções estruturais que possam modificar as paisagens históricas, os projetos destacam habilidades, materiais e técnicas arquitetônicas tradicionais e locais, ao mesmo tempo em que oferecem interiores de luxo.
O uso da pedra natural na arquitetura contemporânea argentina
De Tafí del Valle a San Carlos de Bariloche, a implementação da pedra natural na arquitetura argentina contemporânea revela a decisão dos arquitetos de dialogarem com seu entorno, bem como destacar a pureza dos materiais. Embora a pedra seja um dos materiais de construção mais antigos que perdurou ao longo da história, sua aplicação em residências no Uruguai, Brasil ou México apresenta características diferentes em relação às texturas, formas, tons e padrões.
Retraçar para conhecer: arquitetura para além da visualidade
Algumas lições, mesmo que simples, podem ecoar de maneira duradoura em nossas práticas pessoais. É o caso de uma específica memória retomada ainda dos anos de graduação, no curso de Arquitetura e Urbanismo na Escola da Cidade, onde em uma aula de desenho técnico no segundo ano os professores sugeriram que retraçássemos as plantas da casa Butantã, do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. A lembrança é que, de imediato, parte dos alunos considerou aquela atividade pouco especial ou sequer relevante, o que também pode ser compreensível, ao passo que para outros certamente foi prazeroso e frutífero – mesmo que não se lembrem desse específico episódio mais de uma década depois, como é aqui o caso. O valor de sermos expostos a diferentes atividades dentro das disciplinas, das mais as menos convencionais, das mais simples as mais elaboradas, é que cada indivíduo fará usufruto de uma ou de outra ferramenta e conhecimento de maneiras distintas. Daí a importância da amplitude de experiências, mesmo que dentro do aparentemente rígido ensino do desenho técnico. O que é banal para uns pode ser instrumental para outros, pontualmente ou de maneira prolongada.
Design inclusivo e regenerativo: projetando ambientes para idosos e neurodiversos
A intersecção entre neurociência e arquitetura/design vem apresentando inovações no ato de projetar espaços. Recentemente, a relevância do design inclusivo e regenerativo ganhou destaque, abordando a necessidade de criar ambientes que acolham a diversidade humana, incluindo idosos e pessoas com neurodiversidade. Este enfoque não só amplia a acessibilidade como também promove a regeneração ambiental e o bem-estar dos usuários.
Como as cidades podem resfriar grandes estacionamentos?
O efeito ilha de calor urbana ocorre quando pavimentos, estradas e edifícios absorvem o calor do sol e o irradiam de volta, causando um aumento na temperatura e impedindo a cidade de se resfriar. Com a crescente dependência de carros nas cidades, o número de vagas de estacionamento também está aumentando. Isso resultou na conversão de grandes áreas de terreno permeável coberto com vegetação em superfícies duras e impermeáveis. O uso de materiais como asfalto, combinado com a falta de sombra, as superfícies de aço reflexivas dos carros estacionados e a perda de vegetação nessas extensas áreas de estacionamento, contribui para a amplificação dos efeitos de alta temperatura e eventos de calor extremo, tornando os espaços urbanos desconfortáveis. Essa transformação está impactando o clima das regiões dependentes de carros e demanda ideias e esforços colaborativos para mitigar os efeitos negativos do aumento do calor.
Criando mobiliários com plásticos reciclados e lixo urbano: Los Colados Project
Por décadas, nossa sociedade e o desenvolvimento de nosso ambiente construído têm sido fortemente associados a processos extrativos intensivos. Enquanto esses métodos foram fundamentais para o crescimento das áreas urbanas, eles também prepararam o terreno para desafios significativos que as gerações contemporâneas enfrentam hoje. Atualmente, os resíduos de construção se acumulam nas periferias de nossas cidades, e resíduos plásticos flutuam nos oceanos.
Neste contexto, e de forma semelhante à ideia expressa por Alvar Aalto, que afirmou que "a arquitetura moderna não implica o uso de novos materiais, mas sim empregar os materiais existentes de forma mais humana", é crucial reconsiderar como gerenciamos nossos recursos e resíduos. Essa mudança de direção nos oferece novas oportunidades para enfrentar os desafios que a crise climática em andamento trouxe. Em resposta, diversas ações estão sendo tomadas, utilizando materiais como resíduos de alimentos, madeira reciclada e resíduos plásticos, entre outros, explorando inovações em um contexto onde os materiais brutos estão se tornando cada vez mais escassos.
Mobilidade urbana nos Estados Unidos: como o serviço de transporte por aplicativo impacta as cidades norte-americanas
A mobilidade urbana nos Estados Unidos passou por uma transformação radical com a introdução dos serviços de transporte por aplicativos no final dos anos 2000. A adoção generalizada de serviços como Uber e Lyft alterou a forma como os cidadãos se movimentam pelas cidades, oferecendo conveniência, flexibilidade e acessibilidade como nunca antes. O inovador modelo de negócios que se destaca ao auxiliar os usuários individuais falhou em prever as maiores implicações na escala da cidade - congestionamento, sistemas de transporte público e aquisição de carros. Enquanto cidades europeias como Bruxelas se comprometeram a incentivar o transporte público para reduzir problemas de congestionamento, cidades americanas buscam soluções próprias.
Desafios e soluções construtivas em Mass Timber: O caso da loja Dengo
O Mass Timber é uma alternativa inovadora que vem ganhando cada vez mais destaque e importância mundialmente devido à sua sustentabilidade e tecnologia na construção de edifícios. A inauguração, em 2020, da primeira loja conceito Dengo, localizada em São Paulo, marcou não apenas a estreia da primeira fábrica interativa da marca, mas também a pioneira utilização do CLT (Cross Laminated Timber) em um edifício de altura no Brasil. Desenvolvido pelo escritório de arquitetura Matheus Farah e Manoel Maia, o projeto enfrentou uma série de desafios, justamente por essa ser uma nova tecnologia que estava chegando ao mercado.
A escolha do CLT como principal material de construção no projeto reflete um compromisso com a sustentabilidade e a redução do impacto ambiental, pois ele contribui para a mitigação do carbono na atmosfera. Além disso, sua utilização permite uma obra mais limpa, leve e rápida em comparação com métodos construtivos tradicionais. No entanto, é necessário ter em mente que uma construção em Mass Timber requer cuidados especiais no manuseio, armazenamento e montagem dos materiais para preservar a integridade e beleza ao longo do processo construtivo. Somente as práticas adequadas podem garantir a qualidade final da obra, como por exemplo não deixar a madeira exposta às intempéries ou utilizar calços para evitar o contato da madeira com o solo.
Contraste ou harmonia: a estética das adaptações modernas em edifícios históricos
À medida que as cidades crescem e evoluem, surge a questão de preservar, reabilitar ou adaptar locais históricos. A intervenção em tais edifícios requer um delicado equilíbrio entre honrar sua patrimônio e atender às demandas contemporâneas. Muitas vezes, as soluções mais inovadoras e radicais surgem quando os arquitetos tentam renovar um prédio mantendo sua pegada original e o máximo possível de suas características. Em seguida, eles criam extensões modernas que tanto harmonizam quanto contrastam com a estrutura original. Esta abordagem não apenas revitaliza o edifício, mas também celebra a sinergia entre o passado e o presente, incluindo materiais, tecnologia de construção, movimentos arquitetônicos, histórias e qualidade geral do edifício. A sobreposição de elementos antigos e novos por meio de harmonia ou contraste requer uma abordagem inteligente e sensível que confere ao edifício uma estética única e um novo significado.
Vendo através das camadas: materiais translúcidos na arquitetura
A translucidez, em sua essência, é uma propriedade óptica que permite a passagem total ou parcial da luz através de materiais, sem proporcionar uma visão clara dos objetos por trás deles. Apesar de sua aparente simplicidade, essa propriedade tem aplicações fascinantes no campo arquitetônico, gerando propostas atraentes e poderosas que brincam com a luz sem obstruir as vistas.
Tradicionalmente, as chapas de vidro têm sido o material simbólico associado à transparência, comumente usado na fabricação de portas e janelas. No entanto, avanços tecnológicos na produção e a exploração de materiais inovadores têm ampliado significativamente as oportunidades de aproveitar essa propriedade em aplicações tanto interiores quanto exteriores. Esses avanços desafiam limitações preconcebidas e incentivam a criatividade no desenvolvimento de propostas arquitetônicas inovadoras.
Incrível e acessível: defendendo moradias de qualidade
Este artigo foi originalmente publicado em Common Edge.
Quando Brenda Mendoza contou a um repórter da NPR sobre seu trajeto para o trabalho, ela se tornou o rosto da atual crise habitacional em Los Angeles. Mendoza, uma roupeira de um hotel Marriott, morava com sua família em um apartamento em Koreatown, onde cresceu, a apenas 10 minutos de seu trabalho. O proprietário aumentou o aluguel, então ela se mudou para um lugar mais barato em Downey. Quando esse aluguel também ficou inacessível, ela se mudou para Apple Valley e agora levanta às 3h30 da manhã para dirigir 160 quilômetros até o trabalho, deixando o marido e o filho em seus empregos pelo caminho. Ela não se mudou para Apple Valley para investir em uma casa que pudesse amar. Simplesmente encontrou um aluguel igualmente instável, mas ligeiramente mais acessível, a horas de seu local de trabalho.
O futuro sob nossos pés: tijolos de solo cimento e o caminho para uma construção sustentável
Tijolos fazem parte do imaginário coletivo quando pensamos em construção. Tratam-se de materiais elementares, onipresentes, modulares, leves e confiáveis para erigir edifícios. No entanto, a fabricação tradicional de blocos cerâmicos depende da queima de argila em fornos a altas temperaturas, muitas vezes alimentados por combustíveis fósseis não renováveis, como carvão ou gás natural. Além disso, o processo de transporte aumenta significativamente sua pegada ambiental, por se tratarem de materiais pesados e volumosos. Com um interesse crescente em materiais de construção alternativos, que oferecem menor impacto ambiental e maior sustentabilidade, tijolos de solo cimento são um bom exemplo, apresentando uma pegada ambiental menor por utilizar matérias primas locais e dispensar o processo de queima, mas mantendo muitas das qualidades intrínsecas dos tijolos tradicionais.