O muro é um dos principais problemas de nossas cidades. Materialização divisionista por excelência, tira o sentido da convivência nas ruas e transforma o caminhar por nossas calçadas em uma experiência vazia, monótona e insegura. Os “olhos na rua” são essenciais para a vida urbana, especialmente em uma sociedade violenta como a brasileira.
Por que nossas cidades têm tantos muros? Usualmente se culpa o setor imobiliário, eterno vilão para os que costumam confundir causa e consequência. Mas, na verdade, casas já antigas também se valem deles.
Um projeto de arquitetura nasce de nuances, da empatia para com os usuários e de uma compreensão profunda de seu contexto específico. Melhores soluções são aquelas que atendem tanto às necessidades e os anseios dos clientes quanto questões de contexto e identidade. Neste sentido, o projeto interseccional pode ser entendido como uma abordagem que leva em conta diversos fatores —de identidade, gênero, raça, sexualidade, classe e muitos mais — e como estes interagem entre si. Considerando isso, quanto melhor compreendermos as questões de relativas ao contexto específico e ao usuários para os quais projetamos nossos espaços, melhor serão nossos edifícios e, consequentemente, as cidades que estaremos construído para o futuro.
No dia 19 de agosto, celebramos o Dia Mundial da Fotografia. Este ano, para incentivar nossas leitoras e leitores entusiastas desta arte, lançamos uma chamada que convidava todos os interessados – fotógrafos amadores ou profissionais – a enviarem suas imagens de arquitetura e cidade.
Dos mais de 130 participantes de partes tão distintas do globo quanto Índia, Brasil, Paquistão, Moçambique, Itália e Estados Unidos, recebemos mais de 400 fotografias de edifícios, interiores e espaços públicos localizados contextos diversos, registrados por olhares atenciosos a partir de técnicas variadas. Nossa equipe de conteúdo pré-selecionou 50 fotografias e, em seguida, votou nas 25 imagens mais instigantes. Apresentamos esta seleção a seguir, em ordem alfabética pelo nome dos autores.
https://www.archdaily.com.br/br/968549/as-melhores-fotografias-de-arquitetura-enviadas-por-nossos-leitores-em-2021Equipe ArchDaily Brasil
No dia 21 de setembro o planeta comemora o dia da árvore, uma data que tem como objetivo conscientizar a respeito da preservação da natureza. Ainda na infância estabelecemos algumas relações com a natureza que acabam fazendo parte do nosso imaginário se desenvolvendo e influenciando também na arquitetura. Selecionamos 22 projetos de usos variados que se inspiram na relação com a natureza e com esse imaginário.
Valorizando a simplicidade formal e com uma delicada atenção aos detalhes e acabamentos, o Studio MK27 foi fundado no final da década de 1970 pelo arquiteto Marcio Kogan e hoje conta com mais de 30 integrantes com sede em São Paulo e outros colaboradores pelo mundo. Seu trabalho, como é descrito em seu website, procura cumprir a tarefa de repensar e dar continuidade ao modernismo brasileiro.
Segundo o dicionário, equidade significa “disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um” enfatizando a importância de se levar em consideração as diferenças dos indivíduos. Nesse sentido, a equidade representa um senso de justiça que determina o modo de agir em relação a cada pessoa, reconhecendo suas características e necessidades específicas. Usando uma analogia médica, equidade significa entender que todos precisam de atenção, mas não necessariamente dos mesmos cuidados. Vale ressaltar ainda que este termo é frequentemente confundido com a palavra igualdade, porém, difere-se dela justamente porque a igualdade é baseada no princípio da universalidade, perante o qual todos os indivíduos deveriam ser regidos pelas mesmas regras, sem possibilidade de adaptação.
O mundo abriga milhares de parques nacionais, os quais podem ser definidos como espaços alocados para a conservação, hospedando terras geralmente deixadas em seu estado natural para as pessoas visitarem. O próprio termo “parque nacional” difere em todo o mundo. No Reino Unido, por exemplo, a frase simplesmente descreve uma área relativamente pouco desenvolvida que atrai turistas. Nos Estados Unidos, essa terminologia é muito mais rígida, descrevendo 63 áreas protegidas operadas pelo serviço de Parques Nacionais dos Estados Unidos.
Peter Zumthor, em uma de suas obras mais emblemáticas, dá ao concreto uma dimensão quase sacra. Trata-se da pequena Capela de Bruder Klaus, em um vilarejo na Alemanha, uma construção ao mesmo tempo robusta e sensível. O cimento branco, misturado a pedras e areia da região, trazem um tom terroso à construção. As 24 camadas desse concreto foram despejadas, dia após dia pela mão de obra local, e comprimidas em uma forma pouco usual. Seu exterior plano e liso contrasta com a outra face, feita de troncos de madeira inclinados, que forma um vazio triangular. Para remover as formas internas, os troncos foram incendiados em um processo controlado, reduzindo os troncos a cinzas e criando um interior carbonizado, variando entre o preto e o cinza, com a textura dos negativos dos troncos que outrora continha o concreto líquido. O resultado é uma obra prima da arquitetura, um espaço de reflexão e transformação, em que o mesmo material aparece de maneiras diametralmente opostas.
A atual pandemia escancarou as muitas desigualdades enraizadas em nossa sociedade, especialmente no que se refere à distribuição extremamente desigual de recursos e infraestruturas públicas em territórios urbanos. Desde o início da corrente crise sanitária mundial, aqueles que podiam pagar, por exemplo, optaram por trocar a vida na cidade por suas confortáveis casas de final de semana em meio à natureza. No outro extremo, também testemunhamos como as pessoas mais pobres sofreram com a dificuldade de acesso à cidade, espaços públicos e áreas verdes—sendo forçados a continuar suas rotinas de trabalho e deslocamento apesar das muitas restrições e dos evidentes riscos de saúde pública. Para piorar, não podemos deixar de mencionar a questão do acesso (ou a falta de) à moradia digna e de que forma deveríamos abordá-la para responder aos muitos desafios do presente e do futuro.
Não é surpresa que a questão fundiária no Brasil seja uma temática complexa. Como define Ermínia Maricato, o “nó da terra” está no centro de diversos conflitos; seja em questão da ocupação produtiva das terras nas áreas rurais, ou no cerne das questões de direito à cidade, habitação e infraestrutura nos centros urbanos. Mas, o que pouco se discute no campo do urbanismo e das políticas públicas urbanas são as relações de causa e efeito do conflito de terras na gestão atual de áreas públicas, principalmente no que diz respeito à organização do patrimônio municipal, e, mais importante, os seus efeitos práticos no desenho da cidade e nas dinâmicas urbanas.
“Equidade” é um termo tão amplo quanto fugaz, e isso também se extende para o campo da arquitetura. Embora muitos arquitetos e arquitetas reafirmem constantemente seu desejo por uma maior equidade em nossa disciplina, motivações não são suficientes para alcançar resultados na prática. Além disso, há uma série de problemas históricos que contribuem e muito para que esses anseios ainda pareçam muito distantes de serem alcançados.
No século XIV, Geoffrey Chaucer escreveu “Familiaridade gera desprezo”. Por definição, “local” é “familiar”. Por que os humanos ficam tão entusiasmados em ir além do familiar, do local e buscar o que é novo, universal e redentor? A palavra “local” tem o peso do verdadeiro valor, como “densidade” ou “sustentável”. Mas a atração da conexão entre todos os humanos é poderosamente sedutora, e esse desejo de conectar quase sempre fica aquém de nossas esperanças.
Este artigo é uma colaboração doColectivo RE e foi publicado originalmente em 02 de agosto de 2020, na segunda edição de Huevo de Pato, uma publicação que tem por objetivo compartilhar reflexões e experiências como estratégia para a democratização do saber e do fazer.
As previsões para o futuro são alarmantes. Pelo menos é o que nos mostra o relatório do IPCC 2021, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (órgão da ONU) recentemente publicado. Segundo o documento, as mudanças climáticas causadas pelos seres humanos são irrefutáveis e irão se agravar nas próximas décadas se não houver esforços para modificar a situação, afirmando que o aquecimento de 1,5ºC a 2ºC será ultrapassado em um futuro muito próximo.
“Se a indústria do cimento fosse um país, seria o terceiro maior emissor de dióxido de carbono do mundo, com cerca 2,8 bilhões de toneladas, superado apenas por China e Estados Unidos.” Essa afirmação chama muita atenção na reportagem de Lucy Rodgers para a BBC, sobre a pegada ecológica do concreto. Com mais de 4 bilhões de toneladas produzidas por ano, o cimento responde por cerca de 8 por cento das emissões globais de CO2 e é elemento fundamental para a produção de concreto, o produto mais fabricado no mundo. Para se ter uma noção, produz-se cerca de meia tonelada de cimento por pessoa do mundo todo ano, o suficiente para construir 11.000 edifícios Empire State. Com esses números impressionantes, há alguma forma de reduzir este impacto?
Depois de quase um século do surgimento do Art Déco, parece que este icônico estilo do início do século XX está voltando à moda. Como podemos observar em muitos dos novos projetos de interiores e mobiliário que estampam as páginas das principais revistas de arquitetura ao redor do mundo, é impossível não associar o glamour, o brilho e a elegância dos anos 1920 com este revivalismo tardio do Déco em pleno século XXI. Com isso em mente, seria importante refletirmos sobre a influência da estética Art Déco na arquitetura contemporânea e de que maneira esta retomada poderia transformar a maneira como nos relacionamos com um estilo que parecia esquecido no passado.
Diferente do conceito de igualdade, a equidade nos ensina que todos precisam de atenção, mas não necessariamente dos mesmos auxílios. Por isso, através de um conceito de equidade urbana é possível manter singularidades de cada região de um munícipio, preservando sua diversidade e riqueza, mas sem esquecer as necessidades de infraestrutura que implicam diretamente desde a qualidade do espaço público até os serviços básicos que uma residência privada recebe - conceber a cidade de forma justa independente da região que recebe o investimento.
Saskia Sassen, professora da Robert S. Lynd, de Sociologia da Universidade de Columbia, prevê em seu livro de coautoria "Os Documentos de Quito e a Nova Agenda Urbana" que, no futuro, as cidades serão um campo de batalha crucial, à medida que continuamos a lutar contra a gentrificação e o crescente grau de isolamento em nossas comunidades. Sassen argumenta que “as cidades devem ser um espaço inclusivo, tanto para os ricos quanto para os pobres. No entanto, nossas cidades nunca alcançaram igualdade para todos, já que nunca foram projetadas dessa forma. Mesmo assim, elas não devem ser lugares que toleram desigualdades ou injustiças”.
Era 2006, Frank Gehry foi contratado para projetar o impressionante Museu Guggenheim de Abu Dhabi. Desde então, passaram-se 15 anos e ainda faltam outros cinco para que possamos ver este edifício finalmente inaugurado.
A escolha pelos elementos dos banheiros, cozinhas e lavanderias é sempre um desafio de projeto. Seja no revestimento, nos metais ou nas louças, é importante reunir o máximo de informações possível para projetar um espaço funcional e harmonioso. Dentre esses elementos, destacamos aqui as informações necessárias para se escolher o melhor tipo de cuba e suas aplicações.
De que forma um resíduo pode se tornar recurso? Ou melhor, quando que um resíduo deixou de ser um recurso? Porque a arquitetura contemporânea ainda constrói como se nossos edifícios fossem grandes titãs que sobreviverão às diversas eras e às adversidades? Essas são todas questões que passam pela mente de um recém-formado em arquitetura. Um dos desafios atuais da produção arquitetônica em uma metrópole como São Paulo é compreender que, após a demolição, o edifício não desaparece. O que nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos nos aponta?
Mesmo que latente, esta questão é ainda pouco debatida dentro da academia, espaço que deveria ser de proposições constantes de alternativas ao nosso estilo de vida. E mesmo que debatida, onde está seu retorno para a população? De que forma podemos difundir esses aprendizados? A educação ainda sim é a chave para a mudança de trilhos do nosso futuro.
Neste ano, as duas organizações definiram temas relacionados à melhoria da qualidade de vida e redução dos efeitos da crise climática por meio de ações no ambiente construído. Enquanto o tema do Dia Mundial da Arquitetura 2021 da União Internacional de Arquitetos é "Meio ambiente limpo para um mundo saudável", o Dia Mundial do Habitat da UN-Habitat anunciou "Acelerando a ação urbana para um mundo livre de carbono" como tema.
Diversas casas com fachadas de platibanda são observadas em espaços urbanos e rurais de sertões da Bahia. Muitas delas apresentam-se revestidas com módulos de porcelanato, gradis de ferro, além de portas e janelas metálicas. Esta recorrência pode ser entendida como um fato cultural: as construções aqui discutidas foram observadas em cidades, distritos e povoados localizados nos municípios de Monte Santo, Uauá e Curaçá no ano de 2019.
Estas fachadas trazem em si composições gráficas, produzidas por aqueles que as constróem em diálogo com os moradores das próprias casas. São diagramadas, por pedreiros e ou moradores-construtores¹, informações visuais impressas sobre os revestimentos cerâmicos, assentados sobre o plano. Ainda na composição do plano frontal, são fixadas grades que também desenham as aberturas de grande parte de residências e estabelecimentos estudados.
É um equívoco comum que os beliches sejam usados exclusivamente para quartos de crianças e adolescentes. Embora os beliches sejam uma ótima solução para crianças, o aspecto prático dos beliches, que oferece amplo espaço para dormir e economiza espaço no chão, os torna excelentes para uma variedade de finalidades e aplicações. Com o aumento da densidade e a parcela da população vivendo em grandes centros urbanos fazendo uso de espaços cada vez menores, observou-se um impulso para a modularidade na arquitetura de interiores. Por esse motivo, beliches e áreas de dormir suspensas têm se tornado uma ótima solução para maximizar a metragem quadrada.