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Camilla Ghisleni
Camilla Ghisleni é Arquiteta e Urbanista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e Mestre em Urbanismo, Cultura e História da Cidade pela mesma universidade. É sócia-fundadora do escritório Bloco B Arquitetura e colabora com o ArchDaily Brasil desde 2014.
Na arquitetura moderna, a promenade architecturale destacou-se como uma estratégia projetual essencial para concretizar os princípios de funcionalidade, estética e integração ao contexto urbano. Projetos icônicos de Le Corbusier, como a Villa Savoye (1929), ilustram esse conceito ao guiar o visitante por um percurso ascendente que culmina na contemplação do terraço-jardim, um espaço aberto onde a edificação dialoga harmoniosamente com a natureza. Passados cem anos, o conceito continua influenciando projetos contemporâneos, explorando a relação entre movimento e espaço em diferentes tipologias arquitetônicas como casas, museus, bibliotecas e parques.
A sustentabilidade há anos ocupa um papel central nas discussões arquitetônicas, envolvendo não apenas a responsabilidade da arquitetura frente às mudanças climáticas e à transição para economias de baixo carbono, mas também o resgate de heranças culturais e a valorização das tradições vernaculares. Em 2024, destacaram-se projetos e estudos que exploram o uso inovador de materiais naturais, com especial atenção às iniciativas do Sul Global. Essas propostas aliam criatividade e tecnologia ao aproveitamento de recursos renováveis, demonstrando como é possível criar espaços de alta qualidade que atendem às demandas contemporâneas de sustentabilidade e responsabilidade ambiental.
Entre 1977 e 1983, o Teatro Nacional de Praga passou por uma significativa transformação com a inauguração do Nová Scéna, um "irmão moderno" do tradicional teatro neorrenascentista. Durante muitos anos, o Nová Scéna foi a sede do famoso Laterna Magika, considerado o primeiro teatro multimídia do mundo. Essa experiência inovadora misturava performances clássicas com efeitos visuais gerados por computador, proporcionando uma ação dramática que se destacava no imponente edifício de vidro, um ícone da era comunista e um símbolo do poder político da época.
O papel da arquitetura em um centro de acolhimento para crianças ultrapassa a simples construção de um espaço físico; trata-se de conceber refúgios que promovam cura, proteção e oportunidades de desenvolvimento. Em meio a vulnerabilidade de seus pequenos usuários, o ambiente arquitetônico torna-se um elemento crucial para sua recuperação emocional. Cada detalhe do espaço – desde a iluminação natural até a disposição dos ambientes – contribui para criar uma atmosfera de segurança e acolhimento, favorecendo não apenas o bem-estar físico, mas também o fortalecimento psicológico e social das crianças.
Como marco da arquitetura religiosacontemporânea de Portugal, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus opõe-se formalmente aos modelos tradicionais representando uma obra livre de estigmas historicistas. Fruto de um concurso de projeto organizado em 1960, ela se destaca por sua dimensão cívica, pelo papel urbano e pelo seu significado antimonumental e social. Ao integrar-se na malha regular do bairro das Avenidas Novas, este exemplar do Movimento de Renovação da Arte Sacra (MRAR) faz parte de um complexo paroquial maior que passa despercebido ao transeunte. Sua rua exterior cria um espaço público inesperado, convidando à entrada e à integração num adro onde arquitetura e cidade se fundem. Finamente trabalhada em termos de espacialidade, detalhes e luz, a Igreja reserva muitas surpresas a quem nela adentra.
Reconhecido como uma prática essencial na arquitetura contemporânea, o retrofit vem ganhando destaque ao combinar os benefícios da revitalização de edifícios existentes — sem a necessidade de demolição — com diversas vantagens econômicas e sociais. Essa abordagem tem se consolidado no campo arquitetônico, tanto por meio de exemplos icônicos quanto por iniciativas públicas e privadas.
A arquitetura da América Latina é rica e diversificada, e isso também se reflete nos tipos de pedra utilizados ao longo dos séculos em suas diferentes regiões. Esses materiais não apenas refletem a geologia variada da América Latina, mas também mostram como as culturas locais adaptaram seus métodos de construção às condições naturais, criando uma arquitetura única e significativa. Na arquitetura contemporânea, o uso da pedra está alinhado com os preceitos da sustentabilidade por ser um material durável, com baixa pegada de carbono e disponível localmente. Seu apelo também pode ser enaltecido do ponto de vista estético, criando espaços atemporais e que fortalecem a relação com a natureza e a paisagem ao redor.
A primeira vila olímpica da história foi construída para os Jogos Olímpicos de Verão de 1924 em Paris. Antes disso, os atletas se hospedavam em hotéis, albergues, escolas, quartéis e até mesmo nos barcos em que viajavam para as cidades-sede. Pierre de Coubertin, co-fundador do Comitê Olímpico Internacional (COI), foi o idealizador da vila inaugural ao perceber que seria economicamente mais viável abrigar atletas em estruturas novas e temporárias do que em hotéis, enquanto as vilas poderiam incutir também um senso de comunidade entre os competidores internacionais.