“Os espaços públicos de sua cidade são suficientes? Como avalia a qualidade do serviço de água? Qual é o seu tempo médio de deslocamento? Estas foram algumas perguntas feitas a 5.000 habitantes da América Latina como parte da pesquisa “Megacidades e Infraestrutura na América Latina: o que pensam as pessoas”
A pesquisa foi realizada no final de 2013 pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em cinco cidades da região: Buenos Aires, Cidade do México, São Paulo, Bogotá e Lima. As três primeiras foram escolhidas pelo BID por considera-las megacidades, o que as duas últimas serão em breve.
As perguntas foram feitas a 1.000 habitantes de cada cidade e buscavam entender o que pensam sobre a qualidade de vida na cidade em que vivem, as necessidades de infraestrutura urbana e os padrões dos serviços públicos, entre outras questões.
Anthony Townsend é um pesquisador da Universidade de Nova York que se dedica a estudar o impacto das comunicações e da tecnologia nas cidades. Em seu primeiro livro, “Smart Cities: Big Data, Civic Hackers and the Quest for a New Utopia”, explica que as empresas de tecnologia estão implementando medidas para fazer das cidades lugares inteligentes, sendo que, em sua opinião, este processo deve envolver arquitetos, engenheiros e urbanistas.
Em uma entrevista publicada originalmente na revista Arup Connect, o pesquisador fala sobre isto, avalia como os governos e universidades desenvolvem o tema e o que os cidadãos podem fazer sobre isto.
A seguir, os três temas mais importantes tratados na entrevista.
O caminho entre a casa e a escola é um dos primeiros contatos das crianças com sua cidade. Dependendo de como o fazem - a pé, de carro, de bicicleta ou em algum transporte público - altera o que sabem de seu entorno e como o vêem, como mostrou um estudo feito pela Universidade de Aarhus (Dinamarca). A pesquisa demonstrou que uma criança que vai ao colégio a pé ou de bicicleta sabe mais de seu bairro e tem níveis de concentração mais elevados durante as quatro horas seguintes em comparação com outras crianças que vão de carro.
Saber quantas pessoas estão em um lugar em tempo real é uma informação muito útil para se ter uma noção de quanto um indivíduo pode demorar para realizar um trajeto antes mesmo de chegar ao seu destino. Em Nova York, isto pode ser visto há alguns meses com a utilização do aplicativo Placemeter, que combina dados de câmeras de segurança das ruas e dos uploads das fotos que as pessoas fazem de seus celulares.
Por enquanto, o sistema só utiliza os vídeos de 500 câmeras, gerando informação de certos setores da cidade. Contudo, quando o aplicativo tiver acesso a 3000 câmeras - quantidade total que há em Nova York - poderia ampliar a contagem de pedestres para a cidade toda, o que já foi criticado por aqueles que consideram que será uma perda de privacidade.
Em 2011 Hamburgo foi nomeada a Capital Verde da Europa pela Comissão Europeia. Esta indicação, refeita todos os anos, reconhece as cidades que desenvolvem planos para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes e cuidar do meio ambiente. No caso, Hamburgo estabeleceu como meta reduzir suas emissões de CO2 em 40% até 2020 e em 80% até 2050.
Como parte da nomeação, a cidade lançou um conjunto de planos, chamado “Trem de Ideias”, que busca melhorar os problemas que afetam seus cidadãos. Dois dos projetos mais emblemáticos são o plano para eliminar o uso de automóveis nos próximos 20 anos e a construção de uma cobertura verde sobre a rodovia A7 que formaria um parque urbano.
Contar com ciclovias bem projetadas não é apenas um desejo dos ciclistas, mas uma necessidade para que as cidades tenham uma opção de transporte sustentável. Se considerarmos que, apenas para 2014, se estima um aumento de 20% nas vendas de bicicletas num país como o Chile, torna-se ainda mais importante aumentar a infraestrutura cicloviária para suprir a demanda.
Para não repetir certos problemas de projeto, um bom exercício é aprender com a experiência de outros países.
O vídeo, produzido pelo urbanista norte americano Nick Falbo, mostra uma proposta para tornar mais seguros os cruzamentos, tanto para carros como para bicicletas e pedestres.
Pequim é uma cidade de costumes e tradições de centenas (se não milhares) de anos, porém, nas últimas décadas a capital chinesa vem sendo a protagonista de um acelerado processo de urbanização questionado em muitas frentes. Embora alguns apoiem as transformações culturais que tem ocorrido como resultado da urbanização, outros não estão de acordo com a perda da parte antiga da cidade e de seus espaços verdes.
Os edifícios que cercam o parque Madison Square apresentam reservatórios de água em suas coberturas que, por dominar a paisagem urbana e serem quase que exclusivos de Nova Iorque, representam – para o artista chileno Iván Navarro - um dos ícones da maior cidade norte americana. Por isso, Navarro construiu três destes reservatórios em sua instalação artística “This land is your land”, que ressalta a importância do direito à água e convida a pensar sobre as barreiras culturais enfrentadas pelos imigrantes em uma nova cidade.
A melhor forma para que arquitetos e urbanistas possam projetar cidades habitáveis, ou seja, com espaços públicos pensados para os cidadãos, é observando o comportamento humano nas cidades. É assim que definem o arquiteto dinamarquês Jan Gehl e a especialista em espaços urbanos Birgitte Svarre em seu livro “How to Study Public Life”, onde resgatam a observação como uma prática que ajuda a entender por que as pessoas agem de certa maneira em determinados lugares, como estes espaços tornam isso possível e qual a relação das pessoas com um determinado lugar, entre outros temas.
Para observar o comportamento das pessoas nas cidades, os autores fizeram uma lista de sete ferramentas, citadas a seguir junto com alguns exemplos do livro.
Esse ano, os icônicos ônibus vermelhos de Londres completam 60 anos e são mais numeroso do que nunca, tanto que a cada dia transportam 6,5 milhões de passageiros – mais do que o dobro do metrô – e converteram-se em uma das maiores redes de ônibus públicos do mundo, com 8.600 ônibus, 700 rotas e 19.000 paradas. De fato, estima-se que em média cada residência tem um ponto de ônibus a não mais de 400 metros de distância.
Para celebrar esse símbolo, o prefeito de Londres, Boris Johnson, anunciou que 2014 será o Ano do Ônibus, período em que serão feitos desfiles nas ruas, exposições no Museu de Transportes, além de melhorias nesse sistema de transporte.
Nos últimos 20 anos, o ciclismo urbano em Amsterdã aumentou mais de 40%, mas este crescimento, ao invés de preocupar as autoridades, é um grande motivo para fortalecer ainda mais este meio de transporte. Assim, a cidade holandesa acaba de lançar um Plano Ciclista de Longo Prazo, considerando a construção de mais ciclovias, estacionamento de bicicletas perto do metrô e novas medidas de curto prazo para lidar com o alto fluxo de ciclistas.
A empresa americana de consultoria Mercer acaba de publicar seu ranking anual da qualidade de vida de 223 cidades ao redor do mundo. Os cinco primeiros lugares gerais foram ocupados majoritariamente por cidades europeias.
A avaliação é feita a partir de 39 índices que abrangem aspectos climáticos, culturais, econômicos, educacionais, políticos, sociais, de saúde, ambientais, entre outros. No total, foram estudadas 460 cidades, mas apenas 223 foram classificadas, levando em consideração também quais as que apresentam as melhores condições de vida para estrangeiros.
Em 2016, os habitantes de Sheffield, cidade situada a 270 km ao norte de Londres, terão um novo meio de transporte: um trem - metrô de superfície. Como o próprio nome diz, ele será um veículo híbrido que poderá circular tanto nos trilhos do metrô de superfície no centro da cidade quanto nos trilhos dos trens ao redor dela.
Embora já ter os trilhos instalados facilita o lançamento do modal, ainda falta realizar modificações no desenho das rodas, proporcionando maior controle nas curvas fechadas e velocidades mais altas. Por enquanto, a Universidade de Huddersfield está trabalhando em um desenho que possa circular nos dois tipos de trilho, evitando que os passageiros tenham que fazer baldeações durante o percurso.
“O lar não é só o lugar em que vivemos, é também onde nos sentimos tranquilos e seguros, é um lugar que nos pertence.” É assim que a artista chilena Antonieta Landa, membro do Laboratorio Escénico Visual (LEV), apresenta a instalação HOME, que acaba de realizar em Xangai (China).
A paisagem de Xangai muda bastante durante o dia e a noite. Durante o dia, por exemplo, caracteriza-se por ser bastante cinza devido à poluição e aos grandes edifícios que escondem o céu. Por outro lado, a noite de Xangai se destaca por suas luzes coloridas.
As ruas, estações de metrô e alguns parques em Paris estão vendo sua paisagem se transformar em uma sala de exposições com a "OMG, Who Stole my Ads?" (Meu Deus, quem roubou meus anúncios?), uma intervenção do artista francês Etienne Lavie. Sua proposta é colocar pinturas clássicas francesas nas placas e outdoors de publicidade para não apenas reconquistar um lugar onde os cidadãos podem apreciar a arte, mas para permitir mais opções de apropriações dos espaços públicos.
A boa reputação das cidades europeias em relação à cultura da bicicleta é o resultado de vários fatores que se combinam, entre eles, a motivação cívica e a vontade política para promover a bicicleta como meio de transporte eficiente, que afeta positivamente a qualidade de vida nas áreas urbanas.
Neste sentido, Groningen, no norte da Holanda, é um dos vários exemplos europeus notáveis nesse panorama. Nesta cidade não existem apenas mais bicicletas do que carros, mas também, mais bicicletas do que pessoas. A cidade implementou uma política pública favorável ao uso da bicicleta nos anos 70 que continua até hoje.
“Ver o ruído” parece ser uma ideia completamente ilógica. Entretanto, não pareceu assim para a empresa Urban Matter Inc. que buscou fazer disso uma realidade embaixo de uma parte elevada da rodovia Brooklyn Queens Expressway, em Nova Iorque.
Em uma das calçadas desse lugar foram colocados pórticos com 2.400 luzes LED que se iluminam com distintas frequências à medida que captam os sons e/ou ruídos provenientes do cruzamento da rodovia com as avenidas Park Avenue e Navy St. Since que passam por baixo.
Um aspecto que geralmente passa despercebido é que os símbolos dos semáforos de pedestres não são os mesmos em todos os países e, em alguns casos, nem mesmo entre cidades. Por isso em alguns lugares “os homens” dos semáforos se foram transformados em ícones urbanos que resgatam parte da identidade de cada local e são lembrados como elementos do cotidiano.
Com a intenção de conhecer as diferenças entre os sinais de pedestres ao redor do mundo, a fotógrafa israelense Maya Barkai convidou fotógrafos de todo o mundo a enviarem imagens dos semáforos de suas cidades. O resultado foi reunido na instalação “The Walking Man”, que reuniu 99 figuras.