Apesar da atual tendência à verticalização das grandes cidades, as casas ainda são elementos tradicionais em diversos contextos urbanos e continuam se atualizando com o passar dos anos. Projetar uma casa na cidade envolve uma série de condicionantes específicas aos edifícios, e o virtuosismo da arquitetura nesses casos é buscar as oportunidades possíveis que lotes urbanos, em geral mais restritos em área, podem representar aos habitantes. Algumas propostas contrapõem o movimento cada vez mais visível de murar e isolar os ambientes residenciais, em condomínios ou grandes complexos habitacionais, e se lançam a estabelecer uma relação direta e amigável com o ambiente público, pela capacidade de compreensão de que a cidade tem uma série de interesses a oferecer ao desenho da arquitetura, mesmo quando privada.
Selecionamos um conjunto de projetos brasileiros de casas que lidam com a condicionante urbana a partir de respostas diversas e eficientes.
Julia Daudén
Arquiteta Urbanista formada pela Escola da Cidade, em São Paulo. Fez parte de sua graduação em intercâmbio com a Universidade IUAV de Veneza. Atua profissionalmente no campo de projeto e no ArchDaily Brasil como autora e tradutora de artigos.
Casas brasileiras: 25 residências urbanas
Água e espaços coletivos: 19 piscinas ao redor do mundo
Às vezes alguns elementos pontuais tomam uma proporção de destaque nos projetos de arquitetura, seja pela escala que assumem, ou pela possibilidade de proposição criativa que representam para o exercício de quem projeta. As piscinas são um bom exemplo desse tipo de elemento, já que sua condição de corpo d'água cria respostas muito diversas dependendo da sua situação de implantação nas obras. Elas podem ocupar espaços internos e externos, assumir desenhos dos mais variados, incorporar revestimentos que contribuem com cor aos espaços, além de serem um grande atrativo de uso coletivo nos projetos.
Bibliotecas brasileiras: 9 espaços de aprendizado
Do cômodo doméstico à infraestrutura pública, a biblioteca é um tipo de programa arquitetônico que lida com diversas especificidades por conta de suas incumbências básicas: preservar livros e publicações e servir como espaço para leitura, estudo e pesquisa. Seja qual for a escala, as bibliotecas devem ser eficientes ao lidar com as condições naturais de iluminação e ventilação, já que, muitas vezes, combinam funções de lazer e trabalho que demandam qualidades de conforto ambiental diversas.
Casas brasileiras: 13 residências brancas
A cor pode ser um elemento que contribui muito para a qualidade de projetos de arquitetura. Seu uso eficiente pode transformar completamente a atmosfera de ambientes internos e externos, sinalizar usos específicos em espaços com características diferentes, ressignificar cômodos e destacar elementos arquitetônicos. Este se provou um recurso de grande sucesso, que inclusive se tornou marca registrada de alguns arquitetos importantes, como o caso dos mexicanos Luis Barragan e Ricardo Legorreta.
Do parque ao edifício: 16 projetos de uso público no Brasil
Dentre os diversos programas nos quais a prática de arquitetura e urbanismo atua, talvez os projetos para espaços públicos sejam aqueles que mais estimulam os profissionais a concentrarem uma carga discursiva que convoca a toda a multidisciplinaridade característica do ofício. Propor o desenho de espaços que serão utilizados e apropriados pela vida cotidiana pública reflete os ideais e reflexões sobre como os arquitetos imaginam que deve ser a vida nas cidades, e abre espaço para a discussão coletiva a respeito desse tema.
Gênero e acesso à profissão: as mulheres na arquitetura
As discussões acerca do acesso de mulheres ao ensino superior e ao mercado de trabalho de forma geral, são tema de importância central ao pensar formas de estabelecer uma situação mais igualitária de condições de vida e protagonismo na sociedade contemporânea. Apesar de pautada em sensos e levantamentos ligados ao mercado formal de trabalho, trata-se de uma reflexão que informa um parâmetro geral das condições atuais da mulher frente às dificuldades produzidas por uma herança latente da estrutura patriarcal e moralista de hierarquias profissionais onde os protagonistas são, e foram historicamente, homens.
Casas brasileiras: 8 residências com bambu
Dos hashis aos templos religiosos, frequentemente associado à cultura e, mais especificamente, à arquitetura produzida nos países asiáticos, o bambu é um material muito versátil, com grande desempenho ecológico, seguro e resistente. Graças a seu rápido crescimento, é um material relativamente barato em relação a outras técnicas construtivas e tem seus exemplos de uso mais notável em projetos que se valem de sua materialidade, cor e ritmo.
Os jardins de Mina Klabin Warchavchik: modernidade pública e privada
A história de vida da paisagista paulistana Mina Klabin Warchavchik se confunde com a história da arte e arquitetura modernas no Brasil, sobretudo em São Paulo. Seu pai, Maurício Freeman Klabin, imigrante lituano, saíra da Rússia por um decreto que proibia os judeus de serem donos de terra no país. Recém chegado ao Brasil no fim do século XIX, passa a trabalhar em uma oficina que produzia livros em branco para o mercado tipográfico, da qual passa a ser proprietário em poucos anos.
Casas brasileiras: 14 residências sobre pilotis
Uma das principais contribuições da arquitetura moderna para a produção internacional foram os cinco pontos propostos pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier. Esse conjunto de diretrizes representava a expressão formal dos ideais e preceitos colocados pelo pensamento arquitetônico daquele contexto e tem como exemplo paradigmático de seu emprego a Villa Savoye, a emblemática residência projetada pelo mestre moderno em Poissy, na França.
A domesticidade como protagonista: exposição "Maria, José e menino" no MIS
Uma casa provavelmente da década de 50, com varal próximo ao tanque de três bocas, banheiro de azulejos grandes cobertos de tapetes e cozinha cheia de comida. Uma casa de uma família de classe média em Barretos, no interior do estado de São Paulo. Uma casa que figura como protagonista na narrativa proposta pelo trabalho "Maria, José e menino" da fotógrafa paulistana Marina Schiesari.
Pelas pessoas e para as pessoas: O que é arquitetura pública de acordo com nossos leitores
Na última semana convidamos nossos leitores pelas redes sociais a darem suas opiniões a respeito da pergunta: "O que significa arquitetura pública para você?". Essa é uma reflexão que faz parte do debate arquitetônico de forma permanente e entra em jogo em diversos tipos de projeto, sobretudo nos que se referem ao planejamento dos espaços de uso comum nas cidades.
Casas brasileiras: 11 residências com cobogó
O cobogó é um elemento bastante difundido na cultura arquitetônica brasileira. Sua origem e nome remontam aos criadores dessa peça que contribui tanto para filtrar a luz natural e a ventilação, quanto para proporcionar ritmo e leveza nas fachadas e repartições internas. Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis são os engenheiros que, no começo do século XX, trabalhando em Recife, idealizaram esse tipo de elemento vazado.
Casas portuguesas: 15 casas em terrenos estreitos
Muitas das soluções de projeto mais interessantes resultam das condições do local onde são construídas, seja pelo clima, pela disponibilidade de materiais e mão de obra, pelas técnicas construtivas e, sobretudo, pela forma com que esses critérios são pensados no contexto muito específico do lote em que se encontram. O terreno é, por excelência, o espaço para colocar em prática essas estratégias, e com cidades que apresentam cada vez mais parcelas de dimensões reduzidas, lidar com espaços estreitos para construir passa a ser uma realidade recorrente.
Casas brasileiras: 16 residências com telhado
Frequentemente usada para se referir a qualquer tipo de cobertura, a palavra "telhado", a rigor, refere-se a um tipo específico composto por um ou mais planos inclinados conhecidos como "águas" sobre as quais são assentadas telhas. Isso diferencia o telhado de outras coberturas, como lajes planas, cúpulas e abóbodas. O ângulo de inclinação destas "águas" está diretamente relacionado à incidência de ventos na edificação e ao tipo de telha usada, sendo essencial para o escoamento de águas pluviais e resguardo do interior da casa.
Casas brasileiras: 10 residências de vidro em planta e corte
A exploração plástica da arquitetura tem alguns espaços de experimentação possíveis dentro da prática de projeto. Propor formas, implantações e composições diversas é uma estratégia que ganha muito quanto aliada à investigação material nas obras. O vidro é um material que permite lidar com alguns dos componentes centrais do pensamento da arquitetura, isto é, iluminação natural, transparência e opacidade de superfícies, suspensão de limites espaciais e as relações visuais que se estabelecem entre partes de um edifício.
Quando deslocado de sua concepção imediata de uso enquanto janela, o vidro pode representar estratégias para lidar com situações complexas de trabalho, enriquecer a qualidade espacial de um projeto ou, ainda, servir como elemento de equilíbrio entre noções de peso e leveza a partir de sua combinação com outros materiais como aço, madeira e concreto.
"This building will balance": Mies van der Rohe e a arquitetura paulistana
Percorrer a sequência de croquis do projeto para o Consulado dos Estados Unidos em São Paulo, feito por Mies van der Rohe entre 1957 e 1962, e encontrar em uma das pranchas o comentário This building will balance! (1) é uma experiência representativa do que foi a influência do arquiteto alemão naturalizado nos Estados Unidos para a produção brasileira, sobretudo a paulista.