Com a virada do ano, a rotina se atenua e podemos ler os livros que deixamos de lado durante o ano. Em tempos de crescimento das áreas urbanas e do aumento da representatividade das cidades para a sustentabilidade do planeta, é fundamental que busquemos entender melhor o lugar que escolhemos para viver a fim de, assim, construir uma melhor convivência para todos. Separamos algumas indicações de leitura para que sigamos alinhados nos debates sobre cidades sustentáveis.
Sergio Trentini
9 Livros fundamentais para saber mais sobre cidades
6 livros de ficção para refletir sobre as cidades
Se uma cidade não foi usada por um artista, nem mesmo os habitantes vivem lá de maneira imaginativa”, disse o escritor Alasdair Gray em seu primeiro e mais conhecido romance, Lanark: uma vida em quatro livros, cuja história se passa em uma Glasgow fantasiosa. A frase de Gray, citada neste artigo do Next City, convida à reflexão sobre as várias formas que a ficção encontra para elaborar o meio urbano ao longo do tempo.
Cenários urbanos utópicos e distópicos são representados tanto na literatura quanto em filmes, quadrinhos, séries de televisão e videogames. O serviço que essas construções imaginárias prestam, muitas vezes, é o de explicitar a inquietação e a insatisfação ao mesmo tempo que expõe aspirações e esperanças de novos espaços e arquiteturas: novas cidades.
Planejamento urbano e acesso ao transporte também afetam a saúde mental
A cidade pede atenção, os carros pedem passagem, o barulho invade o espaço físico e mental. Nenhum desses pedidos vem com aviso prévio e muitas vezes sequer são percebidos. O cenário urbano infiltra-se na rotina por todos os lados e vieses. Ainda que esses elementos passem despercebidos ou assimilados de forma natural, eles requerem atenção e esforço mental. Isso, somado à perspectiva de que 70% da população esteja morando nas cidades até 2050, faz com que cada vez mais sejam feitos estudos que refletem a relação entre planejamento urbano, arquitetura e saúde mental.
Os estudos somam esforços para entender como a vida urbana afeta o desenvolvimento cognitivo dos habitantes e qual o papel da cidade no desenvolvimento de transtornos mentais. Por outro lado, existem também pesquisas que pontuam os aspectos positivos dos centros urbanos. Elas analisam a inter-relação entre a vida humana e o ambiente que escolhemos para morar, do estresse causado por engarrafamentos até o bem-estar proveniente da arborização urbana.
Friday Fun: o esporte que se compete em sistemas de transporte urbano
Quando falamos em corridas de trânsito, logo pensamos em carros com motores barulhentos se arriscando clandestinamente pelas ruas vazias da cidade. Ou, ainda, corridas contra o tempo para não perder o ônibus, trem ou metrô. No entanto, existe uma modalidade peculiar de corridas de trânsito ou corridas de transporte de massa: uma em que as pessoas competem para percorrer todas as estações de uma rede de transporte no menor tempo possível. Depois, postam seus números online e outros tentam bater o recorde.
A modalidade é inusitada. E Adham Fisher, de Londres, um dos viciados nesses desafios, pretende percorrer a cidade usando 200 rotas diferentes de ônibus em 24h.
Qual a influência das cidades na promoção da saúde de seus moradores?
A densidade populacional favoreceu a proliferação de epidemias por algum tempo da história. Ao menos até o século XIX, quando a ciência sobre a transmissão de doenças se estabeleceu e se estruturou no sentido da saúde pública e de medidas sanitárias. Dessa forma, os centros urbanos se tornaram vantajosos à saúde da população. No entanto, a estrutura da cidade e a cultura voltada ao carro motivou doenças intrinsecamente relacionadas ao estilo de vida urbano. Como as cidades podem favorecer ou dificultar a promoção da saúde de seus moradores? é o título do artigo que aborda os tópicos acima, divulgado no recém lançado programa USP Cidades Globais, do Instituto de Estudos Avançados (IEA).
O Programa foi lançado recentemente e apresentado com o objetivo de buscar “a qualidade de vida dos paulistanos por meio de redes de pesquisa e parcerias com a sociedade”. As atividades de pesquisa “deverão embasar políticas públicas voltadas à qualidade de vida nas grandes cidades”, diz a USP. Com isso, São Paulo ganha um programa de pesquisa que direciona esforços para entender as cidades em suas várias dimensões – mobilidade, poluição, educação, saúde, uso e ocupação do solo e lazer.
Novo aplicativo permite avaliar a mobilidade urbana
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em parceria com o Instituto Clima e Sociedade(ICS) e o Laboratório de Experimentação Digital (LED) lançou o aplicativo MoveCidade. O app tem o objetivo de gerar dados sobre qualidade e conforto dos serviços e infraestrutura dos transportes. Por enquanto, disponível apenas para Android, o aplicativo permite avaliar quesitos como pontualidade, segurança e acessibilidade dos sistemas de transporte coletivo e de bicicletas compartilhadas.