Sempre que a luz incidir sobre uma superfície haverá sombra, não importa o quão insignificante seja seu foco. Os contornos reais dificilmente serão visíveis, mas outras formas virão à tona nesse jogo de claro e escuro. No caso de serem projetadas pela dança solar, soma-se às sombras uma dinâmica latente que pode ser usada para intensificar fenômenos do cotidiano, quebrando a monotonia do espaço. Aberturas ortogonais em um longo corredor ou tramados de peças vazadas em um pátio são exemplos de elementos construtivos que criam manchas de luz e sombra trazendo, além do deleite estético, conforto térmico aos seus usuários. Dessa forma, torna-se evidente que esses elementos intangíveis são partes essenciais em um ambiente tanto que, muito antes de Louis Kahn declarar o poder das sombras, eles já vinham sendo manipulados.
Noticias de Arquitetura
O papel da sombra na arquitetura vernacular
Um parque, uma arena e uma reabilitação: vencedores do Prêmio Obra do Ano 2023
Na semana passada, anunciamos os 15 finalistas do Obra do Ano de 2023, um prêmio que celebra o melhor da arquitetura lusófona, convidando nossos leitores a escolherem seus projetos favoritos construídos nos países de língua portuguesa. Chegou o dia de conhecer os vencedores do ODA 2023.
O Prêmio Obra do Ano 2023 é oferecido pela Dornbracht, empresa conhecida internacionalmente por seus produtos para cozinhas e banheiros.
CHYBIK + KRISTOF transforma antiga fábrica têxtil em galeria de arte na República Tcheca
O escritório de arquitetura CHYBIK + KRISTOF venceu o concurso para a criação de um novo marco cultural que transformará e reativará o espaço público em Ústí nad Orlicí, na República Tcheca. Uma antiga fábrica têxtil será convertida em um centro cultural multifuncional aberto ao público. O edifício requalificado, localizada perto da praça principal da cidade, acrescentará à infraestrutura cultural existente.
Pavilhão da Bulgária na Bienal de Veneza 2023 explora o abandono das escolas no país
Na 18ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, o Pavilhão da Bulgária apresentará a exposição Educação é o movimento da escuridão para a luz. Os curadores Boris Tikvarski, Bojidara Valkova e Mariya Gyaurova, juntamente com o fotógrafo belga Alexander Dumarey, escolheram explorar os temas da despovoação, declínio urbano e êxodo rural, representados através de imagem de escolas abandonadas no país. O projeto foi selecionado após uma competição nacional organizada pelo Ministério da Cultura, a Câmara de Arquitetos da Bulgária e o Sindicato de Arquitetos do país.
Entre a luz e a sombra: explorando a iluminação para criar atmosferas na arquitetura
A luz é parte constitutiva de diversas disciplinas, dá forma para o mundo como se conhece. Na física, serve como medida de velocidade, explica a visão, o registro de imagens pelo olho, pela lente da câmera. Ao longo da história da arte, a representação da luz – ou ausência dela – pautou movimentos seculares em manifestações diversas com técnicas e suportes igualmente diferentes. O que significa dizer que a luz – e sua derivada, a sombra – são capazes de criar ambientes, atmosferas e sensações diversas, e que podem ser percebidas sobre os objetos e espaços. Dessa forma, a luz é constitutiva também da arquitetura.
Dez projetos em andamento de David Chipperfield, vencedor do Prêmio Pritzker 2023
Sir David Chipperfield recebeu o Prêmio Pritzker 2023, a mais alta distinção no campo da arquitetura. Conhecido por sua resposta bem trabalhada, precisa e sensível a ambientes complexos, o arquiteto tornou-se reconhecido pela habilidade na restauração e reforma de edifícios, sobretudo instituições culturais, antes de expandir o leque de projetos para incluir novas estruturas. Enquanto as obras já construídas demonstram muitos dos princípios fundamentais da boa arquitetura, os projetos em andamento revelam uma narrativa igualmente relevante: seguir em frente na evolução de sua abordagem a esses princípios.
Muitos dos projetos em andamento mantêm o interesse de Chipperfield em instituições museológicas e culturais, mas ele continua trabalhando com vários tipos de construção. Seu último grande projeto aborda uma das instituições mais notáveis da Grécia, o Museu Arqueológico Nacional. Isso representa mais uma oportunidade para o arquiteto apresentar os museus como instituições que proporcionam uma transformação na vida das cidades onde estão localizados, ao mesmo tempo em que evidenciam as camadas históricas que definem sua arquitetura. Outros projetos, como a Santa Giulia Arena em Milão ou a Elbtower em Hamburgo, ampliam o leque de programas e tipologias abordadas por Chipperfield.
Espaços ocasionais: intervenções temporárias para um desenvolvimento urbano duradouro
Quando as ruas estão vazias, as calçadas intocadas e as cortinas fechadas, a cidade parece sem vida. Quando as empresas fecham, os escritórios se tornam remotos e a atividade econômica diminui, os mecanismos que operam uma cidade ficam ociosos. Espaços e terrenos vagos são muitas vezes percebidos como “fracassados”, refletindo o declínio urbano e a deterioração econômica. O vazio, no entanto, mantém a esperança de possibilidades e mudanças. Quando os vazios urbanos estão à beira da transformação, o que acontece nesse meio tempo?
Como uma história em quadrinhos deu vida a uma obra não construída de Frank Lloyd Wright
A história da arquitetura está repleta de marcantes hipóteses nunca concretizadas, tenha sido pela inexequibilidade, radicalidade conceitual e/ou outros critérios específicos. Ainda que fruto das mais prestigiadas mentes do campo, tais ideias não transpuseram as inevitáveis imposições da realidade material, e tampouco puderam sofrer adaptações que as viabilizasse, mesmo que parcialmente. No entanto, a importância desses projetos ultrapassa o tangível. Para além de enriquecer o acervo intelectual da profissão, as propostas outrora naufragadas foram e ainda são insumo para reflexões e fonte de criação para diversas abordagens artísticas.
Estudo da NASA mostra quais são os países que mais emitem CO2 no mundo
Para calcular a quantidade de CO2 emitida por cada país do mundo, o método usado considera as emissões de cada setor da economia das diferentes nações, usando uma abordagem “de baixo para cima” em que as informações partem de dados levantados nos diferentes territórios do mundo. Mas, uma nova abordagem para responder esta pergunta usa dados de satélite da NASA.
Conheça os participantes da Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza 2023
Desde 1998, a Bienal de Arquitetura de Veneza tem se baseado em três pilares: os pavilhões nacionais (cada nação escolhe seus próprios curadores e projetos), a exposição internacional (organizada pelo curador da Bienal) e os eventos paralelos (aprovados pelo curador).
Na edição de 2023, a exposição internacional de arquitetura, que tem curadoria de Lesley Lokko, é estruturada em seis partes e conta com 89 participantes. Destes, mais da metade são da África ou da diáspora africana, com equilíbrio de gênero e uma média de idade de 43 anos para os participantes.
Apartamentos brasileiros: 10 projetos com instalações aparentes
Tubulações aparentes em destaque não são uma novidade no campo da arquitetura. Clássicos como o Centro Pompidou e o Sesc Pompeia já adotavam elementos da infraestrutura como objetos que ajudavam a compor a estética do edifício. Soluções que tiveram como inspiração a arquitetura industrial dos anos 50. A qual, na necessidade de remodelar galpões industriais para outros usos, tornou suas instalações aparentes para viabilizar a obra a custos mais baratos e execuções menos complexas. Passadas algumas décadas, hoje encontramos este partido também em outras escalas.
Madri lança serviço público e gratuito de bicicletas elétricas
A prefeitura de Madri quer incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte. Exemplo disso é que, desde 2014, a cidade possui o BiciMAD, um sistema público que dispõe de bicicletas como parte do serviço de transporte da capital da Espanha. A novidade agora é que o programa será gratuito em viagens de até 30 minutos.
Visões sobre a economia circular no desenho urbano
Se a economia circular está cada vez mais presente nos debates de arquitetura e planejamento urbano, é por uma razão: a população mundial que vive nas cidades crescerá para 68% até 2050. O desafio ambiental será significativo à medida que a demanda por recursos naturais, tais como materiais ou energia, aumentar, e parece que a circularidade oferece algumas oportunidades para reduzir este impacto.
Como podemos avançar em direção a um modelo mais sustentável em nossas cidades? Colocamos esta pergunta a nossos leitores e depois de analisar uma enorme quantidade de comentários e opiniões, tanto de profissionais da construção, estudantes e interessados em arquitetura, foi uma surpresa encontrar coincidências e visões sobre políticas e programas que incentivam o consumo responsável e a colaboração entre diferentes setores.
A seguir, conheça os pontos de vista mais recorrentes.
O futuro da água é tema da exposição portuguesa na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023
A representação de Portugal na 18ª Exposição Internacional de Arquitetura - La Biennale di Venezia 2023 apresentará o projeto Fertile Futures, com curadoria de Andreia Garcia e dos curadores adjuntos Ana Neiva e Diogo Aguiar. O projeto tem como objetivo abordar questões de recursos hídricos em sete hidrogeografias portuguesas e incentivar a reflexão sobre a construção de um futuro sustentável, equitativo e fértil. A exposição acontecerá no Palazzo Franchetti, de 20 de maio a 26 de novembro de 2023.
Suíça testa painéis solares em trilhos de trem
A energia solar é uma das fontes energéticas que mais cresce no mundo. Indo além das instalações em telhados ou grandes usinas, diversas inovações têm surgido para aproveitar o potencial energético da luz solar. Uma iniciativa recente, neste sentido, vem sendo implementada pela startup Sun-Ways, que vai implantar painéis solares removíveis ao longo de trilhos ferroviários na Suíça.
Pavilhão Nacional de Kosovo explora transcendência migratória na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023
A República do Kosovo apresentará Transcendent Locality na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2023, explorando o papel significativo que a migração desempenha no desenvolvimento social do país. O pavilhão também mergulha no processo migratório e suas diferentes fases, incluindo o retorno para casa após a migração: temporária, sazonal ou permanente. No entanto, em sua essência, celebra as conexões com a pátria e sua relação com a terra de acolhimento. O pavilhão propõe que a localidade trans, conectada a mais de um lugar simultaneamente, tornou-se o modelo de vida predominante. Com efeito, manter as conexões entre a terra de acolhimento e a pátria supõe uma forma de comunicação, de transferência de conhecimento, informação, de bens materiais e imateriais.
Shahed Saleem apresenta "mesquita desconstruída" para o Pavilhão do Ramadã 2023 no Museu V&A em Londres
O Ramadan Tent Project e o Museu V&A apresentam o Pavilhão do Ramadã 2023, uma instalação arquitetônica inspirada no mês sagrado do Ramadã, que vai de 22 de março a 21 de abril deste ano. O pavilhão foi concebido pelo arquiteto Shahed Saleem e estará aberto ao público no Exhibition Road Courtyard do V&A South Kensington até 1 de maio de 2023. Como parte do festival anual, o pavilhão é acompanhado por uma série de eventos, performances e workshops com curadoria do Ramadan Tent Project.
Raio-que-o-parta: a arquitetura entre cacos e cores no Pará
O modernismo no Brasil foi moldado por diversas faces e concepções ligadas ao progresso e, no âmbito da arquitetura, uma das linguagens estéticas utilizadas para tal foram os painéis compostos por azulejos, como em obras dos artistas Athos Bulcão, Cândido Portinari e Burle Marx.
Na região norte, mais precisamente no Estado do Pará, o movimento moderno chega com adaptações aos padrões locais, com o uso amplo de platibandas encobrindo os telhados, jardins utilizando plantas regionais, esquadrias em madeira, fachadas em lajotas cerâmicas, entre outros. Além disso, engenheiros e arquitetos da época, como Ruy Meira e seu sobrinho Alcyr Meira, foram responsáveis pela composição de diversos murais na região, utilizando azulejos inteiros e em cacos.
O urbanismo de Le Corbusier ou por que vivemos todos distantes
“Uma cidade construída para a velocidade é uma cidade construída para o sucesso.” Esta frase, atribuída a Le Corbusier, um dos mais influentes urbanistas do século XX, condensa um dos mais importantes processos sociais vividos naquele período.
A mobilidade é um aspecto central na configuração do tecido social. Para o professor de Sociologia da Universidade de Sevilha Eduardo Bericat, toda forma de sociedade implica um sistema de mobilidade. Portanto, suas transformações supõem mudanças antropológicas de enorme importância.
Pavilhão da Hungria explora etnografia histórica na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023
Na Bienal de Arquitetura de Veneza de 2023, o Pavilhão Húngaro se concentra em um novo museu em Budapeste, o Museu de Etnografia. Ele foi projetado por Marcel Ferencz (Napur Architect) e concluído em 2022 como um dos programas de desenvolvimento cultural e urbano mais notáveis da Europa, o Liget Budapest Project. A exposição em Veneza, intitulada “Reziduum – The Frequency of Architecture” e com curadoria de Mária Kondor-Szilágyi, apresentará o acervo do museu através do meio digital. Um curta-metragem de animação intitulado Ethnozoom e um programa de computador interativo, o MotifCreator, permitirão que os visitantes se familiarizem com as tradições húngaras e criem suas próprias composições de motivos. O Pavilhão Húngaro exibirá obras do arquiteto Marcel Ferencz, do arquiteto e compositor Péter Mátrai, da arquiteta Judit Z. Halmágyi e do designer de iluminação Ferenc Haász.
Arquitetura na América Central: projetos para entender o território da Guatemala
A Guatemala é um país localizado na América Central que está organizado em 22 departamentos. Sua capital e cidade mais populosa é a Cidade da Guatemala. As fronteiras geográficas que contêm este território são formadas pelo México ao norte e oeste, Belize e Honduras ao leste, e El Salvador ao sul. Além disso, abre-se para o Oceano Pacífico e o Golfo de Honduras.
Arquitetura do engajamento: representação e publicização na era das redes sociais
A relação da arquitetura com os mais diversos suportes de representação, reprodução e publicização não é uma novidade. Desenhos, plantas e fotografias veiculados em livros, revistas e jornais, historicamente, fizeram parte e acompanharam, de algum modo, a trajetória da profissão. Na última década, com a popularização das redes sociais, sobretudo aquelas que têm na imagem o seu principal foco de comunicação, essas plataformas passaram a ser usufruídas de muitas maneiras pelos arquitetos e incorporadas de diversas formas em suas práticas profissionais. Mas, se por um lado elas podem ser capazes de produzir e popularizar uma série de conteúdos e alcançar diversos públicos, por outro lado, na era do engajamento, a arquitetura pode se tornar refém de sua própria representação?