Varanda fechada em vidro. Foto via Matison.se, usada sob termos de "fair use"
Vemos, nas cidades brasileiras, novas edificações residenciais sendo construídas com varandas em balanço, isso é, além do perímetro da edificação, avançando sobre os recuos mínimos exigidos (no Rio de Janeiro, sobre os afastamentos). Porém, o que temos visto nos últimos anos é um movimento crescente de fechamento dessas varandas com painéis de vidros e, consequentemente, o aumento dos compartimentos contíguos a eles. Mas qual seria o motivo deste fechamento? Se há necessidade de se aumentar os compartimentos, por que já não são projetados assim?
https://www.archdaily.com.br/br/987252/o-fechamento-de-varandas-como-artificio-de-vendaDavid Cardeman e Rogerio Goldfeld Cardeman
O que acontece quando ruas, praças e prédios começam a desaparecer em uma cidade?
Este é o caso de Cerro de Pasco, capital do distrito de Chaupimarca e da província de Pasco, localizada 4.380 metros acima do nível do mar nas terras altas dos Andesperuanos. É neste lugar que a constante expansão da prática de mineração "a céu aberto" tem devorado o tecido urbano, resultando em danos permanentes ao território à medida que seus espaços públicos, bens tombados e, consequentemente, sua história, desaparecem.
Toda cidade é um ambiente complexo, reunindo pessoas, culturas, arquitetura, comércio e até a natureza. Ao vivenciar uma cidade, muita atenção é dada à sua aparência, mas isso não é tudo. A teoria do design sensorial visa ir além da visão e explorar a riqueza do ambiente construído por meio de texturas, cheiros e sons. Para as autoridades e urbanistas da cidade, muita atenção geralmente vai para a paisagem visual e sonora de uma cidade, mas em termos de odor, o foco está principalmente no gerenciamento de resíduos ou na limpeza de áreas insalubres. No entanto, o olfato, tão frequentemente negligenciado, está fortemente ligado à criação de memórias afetivas. O sentido contribui para nossa compreensão do mundo; revela práticas culturais de outra forma ocultas, e completa a experiência de um ambiente.
As áreas verdes são consideradas uma das formas mais adequadas e acessíveis para mitigar os efeitos do aumento das temperaturas nos ambientes urbanos. À medida que o clima global aquece, as cidades em todo o mundo enfrentam ondas de calor mais frequentes e extremas, colocando seus cidadãos em risco. Muitas cidades estão adotando estratégias para reduzir o impacto das ilhas de calor urbanas, que são geradas quando a cobertura natural do solo é substituída por superfícies que absorvem e retêm calor, como pavimentos e edifícios. Isso aumenta a temperatura em vários graus. As cidades têm seu microclima, influenciado por esse fenômeno aliado a uma série de fatores muitas vezes esquecidos. Para que uma estratégia climática seja eficiente, todos os fatores precisam ser levados em consideração.
A socialização humana possui um grande vínculo com a refeição. Seja para sentar-se ao redor de uma mesa ou na hora de preparar um alimento, a interação que surge a partir do ato de cozinhar se torna ainda mais gostosa quando o espaço favorece o bem-estar. Além disso, a forma como as receitas são preparadas fazem toda a diferença, seja no fogão a lenha ou numa churrasqueira, cada um traz o seu tempero para essa atividade, assim como o forno a lenha.
A pergunta-título deste artigo parte da dedução de que, se as cidades — nos moldes modernos — são entes espaciais possuidores de um ponto originário e demarcatório de desenvolvimento, logo, as mesmas também detêm um ponto (ou linha) equivalente de finitude. A questão poderia ser sanada de imediato ao se valer da cartografia. Sob a ótica administrativa e organizacional, mapas permitem, de certo modo, definir a extensão de todo e qualquer aglomerado urbano. Contudo, os limites arbitrados por bases de representação escalar não dão conta de derrogar a reflexão, pois o senso de apreensão da cidade é muito mais complexo. Como elabora Ferrão (2003), numa fala que abarca, para além da geografia e arquitetura, a dimensão sociopolítica da matéria: a cidade é um “objeto de contornos cada vez mais invisíveis.”
https://www.archdaily.com.br/br/985913/onde-comeca-e-onde-termina-uma-cidadeJoão G. Santos
Relembrando sua infância, Peter Zumthor disse uma vez: “Memórias como essa contêm a experiência arquitetônica mais profunda que eu conheço. São os reservatórios das atmosferas e imagens arquitetônicas que exploro em meu trabalho como arquiteto. ”Essas palavras aludem a um conceito fundamental por trás do design para crianças: tudo o que encontramos nos primeiros anos de nossas vidas, incluindo a arquitetura, pode ter um grande impacto em nossa perspectiva futura do mundo. Quando os espaços são projetados de acordo com as necessidades específicas das crianças, elas estimulam seu bem-estar físico e mental, além de aumentar as habilidades de autonomia, auto-estima e socialização. Arquitetos têm a responsabilidade de garantir que as crianças vivam, brinquem e aprendam em ambientes que contribuam para o seu desenvolvimento saudável de longo prazo.
Cena do filme "De onde eu te vejo", em que Vera atuou como diretora de arte. Imagem: screenshot do filme
Reais ou imaginadas, casas e cidades estão sempre presentes no cinema. Neste episódio, o Betoneira Podcast recebe a diretora de arte e cenógrafa Vera Hamburger para discutir de que forma profissionais como ela se apropriam do espaço urbano para criar ilusões, atingir o imaginário das pessoas e fazer nascer a mágica do cinema.
O Museu de Arte de Portland e os arquitetos da Dovetail Design Strategists anunciaram quatro renomados escritórios de arquitetura pré-selecionados para a unificação e expansão do novo campus do Museu de Arte de Portland, no coração do centro de Portland, Maine. Sob o tema "Arte para Todos", a missão, visão e compromisso do PMA com a sustentabilidade e diversidade, equidade, acessibilidade e inclusão foram a base da proposta de valor que norteou a unificação e expansão do museu, visando "refletir um desafio aos museus e instituições culturais para fazer mais, criar centros de pertencimento e promover mudanças sociais".
A prefeita de Chicago, Lori Lightfoot, e o Departamento de Ativos, Informações e Serviços (AIS) anunciaram que até 2025 todos os edifícios e instalações de propriedade da cidade serão totalmente operados com energia limpa e renovável. No momento, Chicago é uma das maiores cidades dos Estados Unidos a reduzir a pegada de carbono nesta escala, e já iniciou o processo de transição para que seus ônibus e carros sejam veículos totalmente elétricos até 2035. O acordo demonstra os planos da cidade para “impulsionar ações climáticas de alto impacto, construir a força de trabalho de energia limpa do futuro e distribuir para todos, de forma equitativa, benefícios significativos para promover a economia de energia limpa local”.
O ArchDaily apresenta os projetos de arquitetura mais inovadores através do olhar criativo de fotógrafos especializados. Seus registros nos aproximam das obras, refletem a visão dos arquitetos e, sobretudo, transmitem e despertam as mais variadas emoções.
A partir de conversas com esses talentosos fotógrafos, podemos entender, pelo menos um pouco, o que eles sentem ao se depararem com um projeto arquitetônico com uma câmera na mão.
Mesmo com todas as estranhas tendências de design de interiores residenciais voltando, você provavelmente não esperava pelos nichos rebaixados. Este conhecido recurso de design da década de 1970 é ao mesmo tempo retrô e moderno, que proporciona um lugar confortável para relaxar e uma fuga completa das distrações da televisão e do cinema. Em vez de um design que suporta e favorece uma conexão digital, ter uma grande área para sentar e, literalmente, conversar, pode ser o espaço que todos precisamos.
No dia 19 de agosto comemora-se o dia mundial da fotografia, ferramenta fundamental para o registro imagético da nossa sociedade. Se, por um lado, a fotografia é protagonista nos diálogos que envolvem arquitetura e cidade, retratando momentos históricos e valorizando os edifícios, por outro, ela também consegue nos guiar pelo contexto e bastidores do momento, eternizando o processo.
A capital da Coreia do Sul, oficialmente conhecida como Cidade Especial de Seul, é a maior metrópole do país. De arranha-céus modernos, metrôs de alta tecnologia e expressões da cultura pop a templos, palácios e pagodes tradicionais, Seul é uma mistura cativante entre o antigo e o novo que consegue agradar a todos.
Se você está planejando visitar Seul e aproveitar ao máximo o que esta cidade cheia de vida oferece aos seus moradores e aos turistas, a lista a seguir apresenta 30 projetos únicos para você aproveitar e explorar, oferecendo um ponto de partida para suas idas à metrópole.
Andrés Jaque foi nomeado o novo reitor da Escola de Pós-Graduação em Arquitetura, Planejamento e Preservação da Universidade de Columbia (GSAPP). Tendo lecionado na Columbia desde 2013 e dirigido o programa de Mestrado em Design Arquitetônico Avançado desde 2018, Jaque assumirá seu novo cargo em 1º de setembro de 2022.
Para além de sua funcionalidade primária, as coberturas são um dos elementos mais fundamentais na estética de um edifício, podendo assumir diferentes formas, compostas por variadas estruturas e vedadas por diversos materiais. Mas, para além da estética, as coberturas precisam atender às condições climáticas de onde estão localizadas, considerando as mudanças periódicas em relação à chuva, sol e ventos.
O antigo aeroporto de Berlim-Tegel está previsto para ser reestruturado. O plano diretor inclui o Schumacher Quartier, um novo bairro residencial com 200 hectares de área verde, e um parque industrial de pesquisa para tecnologias urbanas, o Berlin TXL – a Urban Tech Republic. Além de criar um espaço para a indústria, os negócios e a ciência, o parque de inovação pretende pesquisar e testar tecnologias urbanas. O parque se concentrará em temas principais no desenvolvimento das cidades: o uso eficiente da energia, construção sustentável, mobilidade ecológica, reciclagem, controle de sistemas em rede, água limpa e aplicação de novos materiais.
Alinhada com a agenda de neutralidade climática até 2050 das Nações Unidas, a Câmara Municipal de Roma anunciou a criação de um laboratório intitulado “Laboratorio Roma050 – il Futuro della Metropoli Mondo”, um projeto proposto e liderado pelo arquiteto italiano Stefano Boeri, que visa desenvolver uma visão ecológica para Roma até 2050. O projeto de regeneração urbana é composto por 12 jovens arquitetos e urbanistas com menos de 35 anos, juntos de 4 arquitetos renomados, como mentores, que têm experiência com estudos e pesquisas sobre a capital italiana.
Após dois anos de disputas judiciais, o vencedor da medalha de ouro AIA 2020, Marlon Blackwell, e a HBG Design chegaram a um acordo para o infame caso do Saracen Casino. A empresa premiada alegou que era responsável pelo projeto do Saracen Casino em Pine Bluff, Arkansas, no entanto, a HBG Design, uma empresa de design de Memphis contratada pela Blackwell para realizar o projeto legal, é que estava recebendo os créditos. Depois de realizar um extenso trabalho de design de 2017 a março de 2019 e ser abruptamente desligada do projeto, a HBG foi processadas pela MBA por “violação à propriedade intelectual, responsabilização como terceiro interessado (attribution), interferência indevida em relação alheia (tortious interference), violação contratual e enriquecimento sem causa”.
Embora o caso tenha sido resolvido, a batalha é mais um episódio no atual debate sobre propriedade intelectual na arquitetura e as implicações legais entre autores do projeto arquitetônico e firmas contratadas para assinar o projeto legal.
Estamos muito animados em compartilhar uma grande notícia: em breve lançaremos nosso primeiro livro, The ArchDaily Guide to Good Architecture [O Guia ArchDaily para uma Boa Arquitetura].
Em parceria com a renomada editora internacional gestalten, tiramos um tempo para recordar os mais de 40.000 projetos publicados nos últimos 15 anos, buscando identificar suas contribuições e responder à ousada questão do que é uma boa arquitetura. A grande abrangência do ArchDaily é um reflexo de quão importante é a arquitetura hoje, à medida que a complexidade cada vez maior do nosso mundo impõe cada vez mais pressão e demandas ao nosso ambiente construído. Para lidar com questões como a crise climática, escassez de energia, densidade populacional, desigualdade social, escassez de moradias, urbanização acelerada, identidade local e falta de diversidade, a arquitetura precisa se abrir.
A fotografia de arquitetura tem sido historicamente um gênero dominado por homens, assim como a própria arquitetura e a indústria da construção em geral. Mas esse cenário está mudando rapidamente. Alguns dos maiores nomes da fotografia de arquitetura muntial agora são mulheres e no campo nacional, não é diferente. Ao enfrentar barreiras de gênero, sendo uma das principais dificuldades a exposição ao espaço público em horas não usuais, carregando equipamentos valiosos — como a fotógrafa Ana Mello já afirmou em entrevista — essas profissionais estão rompendo paradigmas e eternizando as obras com seus olhares aguçados e sensíveis.
Plano Diretor para o Terminal Rodoviário Port Authority New York New Jersey Midtown. Imagem cortesia de Foster + Partners
A Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey anunciou a escolha de Foster + Partners e da empresa de design multidisciplinar A. Epstein and Sons International Inc, com sede nos EUA, para repensar o terminal de ônibus de Manhattan, o mais movimentado do mundo. O projeto visa expandir a sua capacidade, substituindo o antigo terminal de ônibus de 72 anos por uma nova instalação de padrão internacional. O novo terminal será projetado para oferecer a melhor experiência ao usuário, atendendo às necessidades de transporte público da região no século XXI, ao mesmo tempo em que impulsiona a comunidade ao redor e permite a remoção de ônibus intermunicipais das ruas locais.
A consultoria digital japonesa Gluon planeja preservar no metaverso a Nakagin Capsule Tower em Tóquio, um dos exemplos mais representativos do Metabolismo japonês de Kisho Kurokawa. O "3D Digital Archive Project” está usando uma combinação de técnicas de medição para registrar o icônico edifício em três dimensões e recriá-lo no metaverso. A torre encontra-se em fase de demolição devido ao estado precário da estrutura e à incompatibilidade com as normas sísmicas vigentes, bem como ao estado geral de decadência e falta de manutenção.
Ao longo dos anos, as configurações urbanas foram mudando e assumindo novas formas. Os espaços de trabalho tornaram-se mais flexíveis, os escritórios em casa são comuns e os crescentes custos na construção levaram a mudanças na forma como as edificações são concebidas e construídas, nos direcionando para áreas externas públicas e comunitárias destinadas à atividades de lazer e encontros sociais. Nossos estilos de vida em constante transformação estão, portanto, moldando uma nova paisagem urbana que influencia na maneira como concebemos e usamos esses espaços. Entretanto, algumas tipologias menores e muitas vezes não reconhecidas persistiram e permanecem tão necessárias como sempre foram.
Estes não são lugares de função definida, mas abrigam instâncias valiosas em nosso dia-a-dia. São os espaços intersticiais (ou intermediários) que atuam como amortecedores e conectam nossos espaços privados aos edifícios ou ambientes públicos e funcionais. São os corredores, áreas de espera, elevadores, escadas, entradas e outras zonas de transição que entrelaçam nosso ambiente construído.
https://www.archdaily.com.br/br/987010/espacos-intersticiais-e-vida-publica-pequenas-intervencoes-que-tecem-nosso-ambiente-construidoHana Abdel & Paula Pintos