As ondas de calor, cada vez mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, representam um desafio crítico para o desenho dos espaços urbanos. As altas temperaturas exacerbam problemas de saúde pública, aumentam o consumo de energia e diminuem a qualidade de vida nas cidades. Para mitigar esses efeitos, é essencial que os espaços urbanos adotem estratégias para promover a resiliência e não apenas reproduzam formatos que não levam em conta o estresse térmico à qual muitos estão sendo submetidos.
Há tempos entende-se os benefícios dos espaços verdes urbanos, do contato com a natureza, com a água, com a terra, das vantagens relacionadas a saúde e ao bem-estar da população que convive com parques nos arredores de suas casas. Uma questão ainda mais reforçada depois do pânico instaurado durante o período da pandemia de Covid-19. No entanto, o momento atual traz à tona novamente o impacto dos modelos urbanos na vida contemporânea que lida agora com temperaturas extremas nunca antes vistas.
A crise climática tem acentuado as mudanças de quantidade de chuvas, provocando secas ou tempestades com grande volume de água, que resultam em enxurradas que podem causar um grande dano à infraestrutura urbana. Para combater isso, a cidade-esponja é uma solução que conta com uma infraestrutura verde para operar a infiltração, absorção, armazenamento e, até mesmo, purificação dessas águas superficiais.
No dia 23 de setembro, terça-feira da semana passada, teve início o fórum Arq. Futuro “A Cidade e a Água”. A abertura do evento contou com uma palestra de ninguém menos que Shigeru Ban, arquiteto japonês laureado com o Prêmio Pritzker deste ano. Além de Ban, a abertura contou também com apresentações de Tim Duggan e Lars Krückeberg, da fundação Make it Right criada pelo ator Brad Pitt.
Entre os dias 23 e 24 deste mês o Arq.Futuro promove o fórum “A Cidade e a Água”, com a participação de arquitetos, urbanistas, gestores públicos, empresários e especialistas nacionais e internacionais que se reúnem para discutir os desafios das cidades em tempo de escassez de recursos hídricos.
Shigeru Ban no Centre Pompidou - Metz, França. Image Courtesy of japantimes.co.jp
O Arq.Futuropromove nos dias 23 e 24 de setembro o fórum “A Cidade e a Água”, com a participação de arquitetos, urbanistas, gestores públicos, empresários e especialistas nacionais e internacionais que se reúnem para discutir os desafios das cidades em tempo de escassez de recursos hídricos.
A palestra inaugural do evento será feita pelo arquiteto japonês Shigeru Ban, laureado neste ano com o Prêmio Pritzker. Pioneiro no uso de papel reciclado e tecido em projetos urbanísticos, Shigeru Ban combina a tradição construtiva oriental com as necessidades contemporâneas, refletindo sobre o papel da arquitetura em situações de emergência e reconstrução. Professor da Universidade de Kioto, Ban desenvolve atualmente projeto de postos de visitação e pesquisa em parques nacionais da Amazônia, a convite do Ministério do Meio Ambiente.
O Teatro do Engenho, um exemplo de recuperação de patrimônio histórico em Piracicaba. Foto: Bolly Vieira. Image Courtesy of Arq.Futuro
A realização em Piracicaba do Arq.Futuro consolida a necessidade de levar o debate sobre o futuro das cidades para além do circuito das metrópoles brasileiras. Uma cidade de porte médio, como boa parte dos municípios brasileiros, Piracicaba abriga um conjunto importante de universidades e tem atraído empresas de grande porte. Ao mesmo passo, apresenta contínuo crescimento de renda e população, tendência também verificada em outros municípios pelo país.
No entanto, seu cenário se distingue no quadro nacional pela antecipação com que enfrentou desafios básicos de infraestrutura, tais como saneamento, coleta e tratamento de resíduos sólidos, limpeza e recuperação de seu principal rio, hoje (re)inserido na paisagem urbana na companhia de parques lineares adotados pela população. Em outras palavras, a cidade se diverte no rio. Enquanto muitas cidades tentam corrigir erros do passado com paliativos sobre um modelo urbano obsoleto, Piracicaba mostra que é possível se antecipar a situações críticas, estabelecendo paradigmas como planejamento de longo-prazo, gestão compartilhada e inovação tecnológica, temas que permearam as mesas de debate da edição piracicabana do “Arq.Futuro: A Cidade e a Água”, que, nos dias 4 e 5 de agosto, recebeu no palco do Teatro do Engenho 32 convidados, entre debatedores e moderadores.