Maria Carlota de Macedo Soares nasceu em 1910 em Paris, onde o pai – responsável por um dos jornais mais influentes do Rio de Janeiro, o Diário Carioca – estava exilado. Criada em meio à elite, Lota chega ao Brasil em 1928, com 18 anos, e foi muitas vezes definida como uma figura controversa que gostava de carros de corrida, usava calça jeans e camisas masculinas e teve um discreto, porém duradouro, romance com a premiada poetisa americana Elizabeth Bishop.
O Arquicast convidou o arquiteto Matheus Seco, carioca do Bloco Arquitetos, para conversar sobre Brasília, cidade onde mora já há alguns anos. O assunto é de interesse porque não só a história da cidade é uma história sobre a imagem de um país, como também oferece uma enormidade de fotografias, mapas, plantas, entre outros tipos de registro iconográficos de uma qualidade incrível.
No início da década de 1920, uma época na qual as mulheres sequer podiam trabalhar sem a autorização do marido, Carmen Portinho ingressou no curso de engenharia na Escola Politécnica da Universidade do Brasil. Na vanguarda da profissão, como uma das três primeiras mulheres a se formarem engenheiras no Brasil, ela abria campo em um espaço de domínio inteiramente masculino.
O palestrante Aldo Urbinati e originais do livro Le lotissemnet du ciel, de Blaise Cendrars (1949). (créditos: divulgação / Teatro Unimed) Um
Centenário da Semana de Arte Moderna estimula reflexão sobre as origens da arquitetura moderna brasileira
Reud promove encontro com o arquiteto Aldo Urbinati sobre os mitos de fundação do modernismo na arquitetura, com acesso gratuito, no Teatro Unimed.
Um marco na história de São Paulo e uma das principais referências culturais brasileiras, a Semana de Arte Moderna rompeu com a tradição da produção artística da época, revelando uma nova estética vanguardista e, ao mesmo tempo, de valorização da brasilidade. Para marcar o início das celebrações do centenário da Semana, que aconteceu em São Paulo entre os dias 13 e 17 de fevereiro
Casa Curutchet em La Plata, Argentina. Foto: Wikimedia.org, licença CC
Neste episódio do Arquicast, a conversa é sobre um filme que, apesar de ambientado no único projeto de Le Corbusier efetivamente construído em toda a América Latina, tem toda sua trama centrada em um elemento arquitetônico, digamos, quase secundário, do ponto de vista compositivo da obra: o muro da divisa dos fundos. Estamos falando do premiado filme argentino O Homem ao Lado. As relações de vizinhança e a própria arquitetura servem de ponto de partida para os diretores falarem de temas espinhosos como direito de propriedade, desigualdade social, cultura e intolerância.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo buscava um recomeço e a população dos Estados Unidos, o lugar certo para viver o sonho americano. Passando por um amplo processo de desenvolvimento e crescimento populacional, porém com um estoque habitacional insuficiente, soluções rápidas e eficientes tiveram que ser inventadas da noite para o dia para poder suprir a paulatina demanda por moradia. Neste sentido, o surgimento de novas técnicas de construção e a popularização de materiais de construção industriais e pré-fabricados pareciam abrir caminho para um novo futuro mais digno e equitativo para todos.
https://www.archdaily.com.br/br/969639/a-evolucao-da-planta-residencial-nos-eua-o-periodo-pos-guerraAgustina Coulleri, Hana Abdel & Clara Ott
Após a polêmica gerada pela notícia de que o espólio de Lúcio Costa fora doado à Casa da Arquitectura, instituição portuguesa que se dedica a salvaguardar o arquivo de arquitetos nacionais e internacionais, o Arquivo Público do Distrito Federal, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) buscam agora estabelecer um acordo de cooperação com a instituição sediada em Portugal.
https://www.archdaily.com.br/br/970952/brasilia-recebera-arquivos-digitais-do-acervo-de-lucio-costa-doado-a-portugalEquipe ArchDaily Brasil
Após receber o acervo completo de Paulo Mendes da Rocha em 2020, a Casa da Arquitectura - Centro Português de Arquitectura, com sede na cidade de Matosinhos, acaba de receber o espólio de Lucio Costa. A doação foi feita pela família do arquiteto e urbanista e abrange cerca de onze mil documentos produzidos entre 1910 e 1998.
https://www.archdaily.com.br/br/970467/acervo-de-lucio-costa-e-doado-a-casa-da-arquitectura-em-portugalEquipe ArchDaily Brasil
Cortesia de Duo Dickinson Cephas Housing, Yonkers, Nova York
No século XIV, Geoffrey Chaucer escreveu “Familiaridade gera desprezo”. Por definição, “local” é “familiar”. Por que os humanos ficam tão entusiasmados em ir além do familiar, do local e buscar o que é novo, universal e redentor? A palavra “local” tem o peso do verdadeiro valor, como “densidade” ou “sustentável”. Mas a atração da conexão entre todos os humanos é poderosamente sedutora, e esse desejo de conectar quase sempre fica aquém de nossas esperanças.
A Romano Guerra Editora e o Instituto Tomie Ohtake lançam um novo livro sobre a obra de Ruy Ohtake, trazendo aspectos ainda pouco explorados em outras publicações sobre o arquiteto. Segundo os organizadores Abilio Guerra e Silvana Romano Santos, “nas nove publicações monográficas anteriores, destacava-se a carência de desenhos técnicos consistentes e, graças ao acesso franco ao acervo do arquiteto, foi possível analisar e apresentar a complexidade dos projetos”.
Mansão de Fim de Semana em La Celle-Saint-Cloud, projetada por Le Corbusier. Imagem via Fondation Le Corbusier
O presente texto analisa alguns aspectos das primeiras obras de Oscar Niemeyer e os compara com projetos de Le Corbusier, salientando como o aprendizado do mestre suíço foi essencial para o desenvolvimento da metodologia de projeto e poética do jovem brasileiro. Ressalta-se a assimilação, por parte de Niemeyer, das ideias e princípios de Le Corbusier, e a adaptação de tais princípios ao clima, cultura e geografia do Brasil.
O texto — que deriva da pesquisa Poesía y técnica, la herencia arquitectónica de Oscar Niemeyer, no curso de desenvolvimento no âmbito das pesquisas em história, crítica e projeto da Universidad Nacional de Colombia, em Medellín — analisa alguns aspectos das primeiras obras de Oscar Niemeyer e compara-os aos temas arquitetônicos de Le Corbusier.
Colagem mostrando Lina Bo Bardi na cadeira Bowl com um exemplar de "Des-Habitat" em mãos. Cortesia de Paulo Tavares
Entre as décadas de 1950 e 1960, Lina Bo Bardi foi editora da revista Habitat, conhecida por publicar matérias e pesquisas relacionadas a manifestações culturais e artísticas produzidas por povos originários. A publicação, que se manteve em circulação até 1965, foi um dos arautos da síntese entre o modernismo universal e o primitivismo local – elemento central da mitologia da modernidade brasileira. Quase seis décadas mais tarde, o arquiteto e curador Paulo Tavares realiza uma espécie de "des-edição" da revista, colocando em perspectiva essa noção de síntese à luz de discussões contemporâneas que exploram o território de justaposição entre modernidade e colonialismo. Lançada recentemente pela editora n-1, Des-Habitat explora artifícios gráficos e editoriais para criar quase que um fac-simile da antiga publicação chefiada por Lina, sobrepondo uma nova camada – crítica, revisionista e necessária – a uma discussão que vem revelando muitos novos desdobramentos.
Charles (17 de junho de 1097) e Ray Eames (15 de dezembro de 1912) são conhecidos por sua colaboração pessoal e artística e por seus projetos de mobiliário inovadores que ajudaram a definir o modernismo. Seu estúdio desenvolveu uma grande variedade de trabalhos, de projetos expográficos ao desenho de móveis, casas, monumentos e até mesmo brinquedos. Juntos, desenvolveram novos processos de produção para tirar proveito dos materiais e tecnologias da época, buscando produzir objetos cotidianos de alta qualidade a um custo acessível. Muitos de seus projetos de mobiliário são considerados clássicos contemporâneos, particularmente a Eames Lounge e as Shell Chairs, ao passo que a Casa Eames é tida como uma obra seminal da arquitetura moderna.
https://www.archdaily.com.br/br/768737/em-foco-charles-e-ray-eamesArchDaily Team
Conhecido no mundo todo por ter levado ao limite as exprimentações formais com concreto armado, Oscar Niemeyer contou em muitas de suas obras com a imprescindível colaboração de um engenheiro civil tão inventivo e ousado quando o próprio arquiteto: o recifense Joaquim Moreira Cardozo, formado em engenharia civil em 1930 pela Escola de Engenharia de Pernambuco, hoje integrada à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Responsável pelo projeto da Escola Rural Alberto Torres, de 1936 – uma obra que, à época, já mostrava sinergia com a arquitetura moderna – Cardozo conheceu Niemeyer quando trabalhava no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), no Rio de Janeiro. À época, desenvolveu o projeto estrutural do Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, inaugurado em 1943, colaboração inicial de uma parceria que duraria 30 anos e que teve nas obras de Brasília seu momento mais prolífico.
Pavilhão Barcelona. @ Flickr Renato Saboya. Used under Creative Commons
A alusão da síntese entre arte e arquitetura, embora remonte à origem da disciplina, alcança, nas vanguardas artísticas do início do século XX, significado e função social diferentes, constituindo uma das características mais marcantes do Movimento Moderno. Uma integração presente nas obras de grandes nomes do movimento como Mies van der Rohe, Le Cobusier, Oscar Niemeyer, para citar alguns.
Usina do Gasômetro. Foto: Ana Paula Hirama, via VisualHunt.com
Porto Alegre ganhou um guia online que tem como objetivo preservar a história e memória de seu patrimônio arquitetônico, antigo e contemporâneo. Idealizado pelos arquitetos e urbanistas Rodrigo Poltosi e Vlademir Roman, o Guia Arqpoa reúne textos, fotografias e informações sobre 100 obras arquitetônicas, urbanísticas, paisagísticas, históricas e culturais da cidade. O mapeamento parte dos edifícios e espaços públicos constantes na publicação impressa lançada em 2017, chamada Guia de Arquitetura de Porto Alegre, e possibilita o incremento desta lista inicial com a colaboração de novos autores.
https://www.archdaily.com.br/br/961427/arqpoa-porto-alegre-ganha-um-guia-online-de-arquiteturaEquipe ArchDaily Brasil
"Me senti como Nino Rotta e Oscar Niemeyer como Felini, eu fazendo uma música importante naquela obra." Athos Bulcão, renomado artista plástico, usa essa comparação entre o compositor italiano e o diretor de cinema para fazer alusão à relação entre seu trabalho nos azulejos e o projeto arquitetônico. Tal fusão entre arte e arquitetura marcou um importante período na história do Brasil utilizando a mescla entre as duas disciplinas para lançar luz à assuntos como fortalecimento da identidade nacional, massificação da arte e estratégias arquitetônicas relacionadas ao clima tropical.