Sempre que a luz incidir sobre uma superfície haverá sombra, não importa o quão insignificante seja seu foco. Os contornos reais dificilmente serão visíveis, mas outras formas virão à tona nesse jogo de claro e escuro. No caso de serem projetadas pela dança solar, soma-se às sombras uma dinâmica latente que pode ser usada para intensificar fenômenos do cotidiano, quebrando a monotonia do espaço. Aberturas ortogonais em um longo corredor ou tramados de peças vazadas em um pátio são exemplos de elementos construtivos que criam manchas de luz e sombra trazendo, além do deleite estético, conforto térmico aos seus usuários. Dessa forma, torna-se evidente que esses elementos intangíveis são partes essenciais em um ambiente tanto que, muito antes de Louis Kahn declarar o poder das sombras, eles já vinham sendo manipulados.
O Global Challenge acaba de anunciar os finalistas para a edição de 2022 da competição. Destacando e celebrando os esforços de iniciativas de autoconstrução lideradas por comunidades, o Global Challenge oferece uma plataforma para essas iniciativas se conectarem com parceiros e colaboradores em nível global.
Domesticidade, palavra-chave curatorial do Pavilhão de Taiwan na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023. Imagem Cortesia do Museu Nacional de Belas Artes de Taiwan
A 18ª Exposição Anual de ArquiteturaLa Biennale Di Venezia acontece de maio a novembro sob o temaO Laboratório do Futuro. Este ano, o Pavilhão de Taiwan, organizado pelo Museu de Belas Artes de Taiwan, analisará a inteligência imbuída nas paisagens. Aparelhos diacrônicos de Taiwan mostra como os habitantes locais ao longo da história de Taiwan usaram sua intuição para moldar o ambiente. Além disso, o projeto também abre um diálogo sobre terreno artificial e natural para redescobrir o que podemos aprender com a natureza.
Projeto Cuevas Civilizadas do arquiteto mexicano Carlos Lazo na Cidade do México. Imagem cortesia de The Isamu Noguchi Foundation and Garden Museum
A abordagem do espaço na arquitetura contemporânea é bastante linear: diz respeito a um volume específico dentro de alguma forma de construção material. Mas, se dermos uma olhada nas primeiras moradias intencionais da humanidade, fica claro que elas foram muito menos premeditadas.
Em vez de espaços feitos pelo homem para serem mobiliados, nossos primeiros lares eram covis em cavernas naturais que ofereciam aos caçadores-coletores proteção temporária contra as intempéries e predadores em potencial. Apenas com o desenvolvimento da agricultura é que nossos ancestrais começaram a construir residências permanentes. Até hoje, o "trogloditismo" - ou vida em cavernas - continua conectado a ideias de dissociação social e a um desejo hermético de existir fora das normas arquitetônicas ortodoxas. No entanto, do norte da China ao oeste da França, à Turquia central, centenas de milhões de pessoas ainda optam por passar suas vidas, pelo menos parcialmente, no subsolo.
As cidades são inseparáveis do estilo de vida acelerado. Aluguéis em alta e apartamentos “não tão pequenos” caracterizam os ambientes urbanos, perpetuando a busca por “mais, maior e mais rápido”. À medida que as economias se desenvolvem e as necessidades humanas aumentam, edifícios são erguidos em taxas alarmantes para acelerar o progresso. Os riscos da vida urbana estão sendo gradualmente expostos, levantando questões sobre ações conduzidas de forma intencional. Uma maneira de retornar a estilos de vida mais lentos é retornar à arquitetura lenta.
A Perkins & Will acaba de iniciar a construção do Projeto Gateway para a Universidade da Colúmbia Britânica. O projeto será o principal ponto de entrada para o campus e também o novo centro para enfermagem, cinesiologia, ciências da linguagem e clínicas de saúde da universidade. Este projeto é inspirado na paisagem local e no povo Musqueam, que há séculos ocupa esse território.
Os esforços arqueológicos destinados a explorar as civilizações do passado revelaram uma semelhança em todo o mundo, uma forma de arquitetura desenvolvida de forma independente em todos os continentes. As evidências mostram que as comunidades neolíticas usavam solos férteis e argila aluvial para construir habitações humildes, criando o primeiro material de construção durável e sólido da humanidade. A arquitetura de terra nasceu muito cedo na história da humanidade, e as técnicas sofreram um declínio gradual à medida que os estilos de vida mudaram, as cidades cresceram e os materiais industrializados floresceram. A arquitetura de terra tem lugar no mundo do século XXI?
"Um poeta do vago que projeta com engenhosa exatidão." Foi assim que a arquiteta e curadora Marta Bogéa descreveu Gustavo Utrabo em seu ensaio publicado na edição 207 da revista espanhola El Croquis. Famosa pelas caprichosas monografias de escritórios de renome mundo afora, foi a primeira vez que seu editorial lançou luz sobre um profissional brasileiro. Este não é, porém, o único reconhecimento internacional que Utrabo guarda no currículo: entre outros, suas Moradias Infantis em Canuanã, — desenvolvidas em parceria com Marcelo Rosembaum enquanto ainda era sócio da firma Aleph Zero, junto a Pedro Duschenes — venceram o Prêmio RIBA 2018 e foram incluídas na lista das 25 melhores obras de arquitetura do século XXI elaborada pelo jornal britânico The Guardian.
Habitação Comunitária Aranya / Vastu-Shilpa Consultants . Imagem Cortesia de Vitra Design Museum
Em quase todas as línguas indianas, um termo coloquial para "família" (ghar wale em hindi, por exemplo) se traduz literalmente como "aqueles que estão em (minha) casa". Tradicionalmente, os lares indianos abrigavam gerações de uma família sob o mesmo teto, formando bairros próximos de parentes e amigos. A arquitetura residencial, portanto, foi influenciada pelas necessidades desse sistema familiar. Espaços de interação social são essenciais na habitação coletiva, assim como estruturas que se adaptam às necessidades de mudança de cada família. A relação matizada entre cultura, tradições e arquitetura é maravilhosamente manifestada na sintaxe espacial da habitação indiana.
Retomar técnicas e materiais ancestrais para trilhar novos espaços de convivência. Este é o mote que surgiu do desejo de "criar frestas de liberdade, alegria, amor e afetos potencializadores, que se propõem a pensar formas de habitar em convivência com a Terra e a ancestralidade". Um conceito materializado e que segue em construção na Terra Afefé: uma microcidade em Ibicoara, na Chapada Diamantina, realizada pela artista Rose Afefé.
Unindo novas e velhas técnicas construtivas, os pesquisadores do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha (IAAC) ergueram uma pequena estrutura de terra com impressão 3D. É o primeiro projeto do tipo realizado na Espanha.
“Trata-se de um protótipo que representa a ponte entre o passado – arquitetura vernacular de barro – e o futuro – tecnologia de impressão 3D em larga escala – que não só servirá para mudar a arquitetura do futuro, mas também será muito útil para enfrentar o clima atual e a crise habitacional em todo o mundo”, afirma o Instituto.
Atualmente, conhecer as propriedades dos materiais utilizados nas construções vernaculares é importante se quisermos garantir uma melhor qualidade de vida no que se refere à habitabilidade dos espaços que vêm evoluindo à medida que novas tecnologias surgem no mercado. Hoje, o desenho dos espaços representa um compromisso com o meio ambiente natural e, consequentemente, um compromisso com a melhoria da qualidade de vida.
Embora a indústria da construção esteja avançando em novos campos como nanotecnologia e impressão 3D há anos, ainda é uma das mais atrasadas em termos de tecnologia. Muitas das inovações permanecem apenas em fase experimental e, embora haja uma tentativa constante de reverter essa situação, ao mesmo tempo sabemos de um fato preocupante: a construção civil é uma das atividades que mais poluem e geram resíduos do mundo.
O premiado projeto Moradas Infantis em Canuanã foi desenvolvido pelos estúdios de arquitetura Aleph Zero e Rosenbaum entre 2016 e 2017. Localizado em uma escola rural mantida durante quase 40 anos em Formoso do Araguaia, no Tocantins, atende cerca de 842 alunos em um regime de internato. Os arquitetos foram escolhidos para requalificar o alojamento, formado por duas vilas idênticas, uma para mulheres e outra para homens, propostas para 270 alunos cada uma, e elaborar uma solução arquitetônica que organizasse o espaço habitacional dos estudantes em uma área escolar.
https://www.archdaily.com.br/br/985951/moradas-infantis-em-canuana-encontro-entre-arquitetura-vernacular-e-tecnologias-industriaisAlexandre Kok, Caio França, Gabriela Rudge, Lara Girardi, Lia Soares, Maria Clara Calixto, Marina Liesegang, Marina Saboya, Pedro Trama, Tamara Silberfeld e Valentina Kacelnik
Um antigo conto folclórico indiano narra a história de um semideus, Hiranyakashipu, que recebeu a dádiva da indestrutibilidade. Ele desejou que sua morte nunca fosse provocada por qualquer arma, humana ou animal, nem de dia ou de noite, e nem dentro nem fora de sua residência. Entretanto, para cessar sua trajetória, o Senhor Vishnu assumiu a forma de um ser meio-humano-meio-animal para matar o semideus durante crepúsculo no limiar de sua casa.
Ao se tornar um país soberano, livre do domínio britânico, o povo da Índia se viu diante de perguntas que nunca haviam respondido. Vindo de diferentes culturas e origens, os cidadãos começaram a se perguntar o que significaria a Índia pós-independência. Os habitantes agora tinham a opção de construir seu próprio futuro, com a responsabilidade de recuperar sua identidade — mas qual era a identidade da Índia? Eram os templos e as cabanas do povo indígena, os altos palácios da era Mughal ou os escombros do domínio britânico? Iniciou-se a busca por uma sensibilidade indiana contemporânea que levasse as histórias coletivas dos cidadãos em direção a um futuro de esperança.
Em 22 de março de 2022, ocorreu a vigésima nona comemoração do Dia Mundial da Água - enfatizando a crise hídrica que continua deixando as populações vulneráveis. E esta é uma questão extremamente multifacetada. Os governos infelizmente determinam o acesso à água, com pessoas marginalizadas desproporcionalmente afetadas. Além disso, as tipologias urbanas são outro fator. O bombeamento excessivo de fontes de água subterrânea para atender às demandas de água de Hanói, por exemplo, resultou na contaminação com arsênico nos poços das vilas do Vietnã.
A escolha de Kéré não é apenas simbólica em um momento de demandas identitárias, onde as instituições que compõem o mainstream enfim começam a representar mais fielmente as realidades sociais, culturais e sexuais que compõem nossas sociedades, mas também confirma a abordagem mais recente do júri do Prêmio Pritzker.