Compreender os motivos que engendram desigualdades econômicas e sociais em nossa sociedade é um dos tópicos mais controversos e amplamente debatidos no campo do urbanismo. É evidente que esta é uma questão complexa, onde muitos fatores devem ser considerados—sendo um deles a localização e acessibilidade às áreas verdes em uma cidade. Embora parques urbanos sirvam como espaços de convívio e lazer, construindo comunidades, seus benefícios para a saúde pública nem sempre compensam. Em muitos casos, a instalação de áreas verdes se dá às custas de um amplo processo de gentrificação e expulsão das comunidades mais pobres. Neste contexto, nos cabe pensar em soluções que nos permitam construir cidades melhores, mais verdes e principalmente, mais inclusivas e portanto, menos desiguais.
Bill de Blasio: O mais recente de arquitetura e notícia
Como cidades mais verdes podem ajudar a criar um futuro equitativo?
7 Lições do Novo Guia de Projeto de Habitação Acessível de Nova Iorque
Quando pensamos em projetos de habitação social nos Estados Unidos, muitas vezes pensamos em caixas: grandes edifícios de tijolos, sem muito caráter estético. Mas as implicações dos arranha-céus padronizados e reluzentes podem ser muito mais do que estéticos para as pessoas que vivem lá. O geógrafo Rashad Shabazz, por exemplo, lembra em seu livro Spatializing Blackness, como o projeto habitacional em Chicago, onde cresceu - repleto de grades, vigilância por vídeo e detectores de metal - parecia mais uma prisão do que uma casa. Relatos de isolamento, confinamento e manutenção inadequada são ecoados por residentes de habitações públicas em todo o país.
Mas a habitação pública americana não precisa ser desolada. Um novo conjunto de padrões de projeto da Comissão de projeto Público de Nova Iorque (PDC) - em colaboração com a Federação de Belas Artes de Nova Iorque e o Instituto Americano de Arquitetos de Nova Iorque - espera virar uma nova página na arquitetura habitacional acessível.
Nova Iorque anuncia um ambicioso plano de construir 200 mil habitações a preços acessíveis
O crescimento demográfico de Nova Iorque, a especulação imobiliária num dos mercados mais atrativos do mundo e a enorme concentração milionários estão complicando as coisas para quem efetivamente vive na Big Apple e procura um lugar para morar. "Temos uma crise de acessibilidade habitacional em nossas mãos. Afeta todos: desde a base da pirâmide econômica [...] até a classe média", reconheceu Bill de Blasio, prefeito de Nova Iorque.
Posto isso, já estão sendo divulgados detalhes do mais ambicioso plano de habitação na história dos Estados Unidos: Housing New York, que pretende construir e preservar 200 mil unidades de habitação a preços acessíveis para famílias de baixa e média renda em cinco bairros da cidade nos próximos dez anos.
"Quando fizemos o anúncio as pessoas pensaram que havíamos enlouquecido", comenta Gary Rodney da Corporação de Desenvolvimento Habitacional de Nova Iorque (HDC).
Saiba mais sobre os detalhes desse plano, a seguir.