Centenas de torres se repetem em um horizonte esfumaçado. Construções tradicionais caem aos pedaços, enquanto outras foram reconstruídas e se tornaram lojas para turistas. Lamborghinis coloridas dividem um trânsito lento com táxis velhos, triciclos de operários e executivas andando de bikes amarelas da Ofo, a maior empresa de bicicletas dockless do mundo. Alguns pedestres usam máscaras para filtrar o ar poluído, outros carregam sacolas de compras, outros cospem no chão ou andam de pijama pelas ruas. Ambulantes são raríssimos, ao contrário de policiais ou militares que podem ser vistos a cada esquina.
Caos Planejado: O mais recente de arquitetura e notícia
A urbanização da China: controle social e liberdade econômica
Circulação para trabalho explica concentração de casos de Covid-19
Desde o início da pandemia no Brasil muito tem se debatido acerca dos impactos nos diferentes territórios e segmentos sociais. Algo fundamental tanto para encontrar os melhores meios de prevenir a difusão da doença como de proteger aqueles que estão mais vulneráveis. Entretanto, a forma como as informações e os dados têm sido divulgados não auxilia na análise dos impactos territoriais e da difusão espacial da pandemia, dificultando também o seu devido enfrentamento.
Na cidade de São Paulo, a escala de análise da pandemia ainda são os distritos, que correspondem a porções enormes do território e com população maior do que muitas cidades de porte médio. Essa visão simplificadora ignora as heterogeneidades e desigualdades territoriais existentes na cidade. Conforme apontamos anteriormente, infelizmente a dimensão territorial não é considerada de forma adequada, prevalecendo uma leitura simplificada e, até mesmo, estigmatizada, como por exemplo quando se afirma “onde tem favela tem pandemia”.
6 Séries para entender e amar as cidades
Uma das formas mais instigantes de aprender sobre a cidade é através de filmes e séries. A seguir, Anthony Ling, da plataforma Caos Planejado, compartilha seis dicas de séries online para conhececer comunidades brasileiras, cidades soviéticas e outros cantos do mundo.
Quais as cidades que mais constroem moradia?
Um dos principais objetivos deste site é disseminar ideias que permitam que cidades tenham moradia mais acessível. Há alguns indicadores que podem ser úteis na observação e na análise do mercado habitacional de uma cidade, como a razão entre preço de imóveis e renda, que cobrimos em artigo anterior. Nenhum indicador será perfeito, mas pode servir de orientação em relação à escala de grandeza ou à direção que um determinado mercado imobiliário está indo.
Cidades inteligentes, mudanças climáticas e vulnerabilidades
Atualmente, mais da metade da população mundial vive em cidades e se espera que esse número cresça para cerca de 70% até 2050, sendo que a maior parte das construções se concentrará em cidades localizadas na África, Ásia e América Latina, de acordo com dados das Nações Unidas (2017).
Dessa forma, as cidades ocupam papel de destaque em relação às mudanças climáticas, já que tendem a ser os locais de maior emissão de gases de efeito estufa (GEE) causado pelas atividades antrópicas e onde muitos dos impactos ocorrerão.
Mobilidade urbana em tempos de pandemia
A pandemia COVID-19 tem sido gerida de forma diferente pelos países. No caso do Brasil, alguns estados e municípios impuseram restrições na liberdade de circulação. Tais medidas levaram a uma forte quebra na atividade econômica e nos volumes de tráfego de veículos e pessoas nas cidades. O Google divulgou dados sobre a alteração nos padrões de mobilidade e, para o caso brasileiro, há diferenças marcantes.
O que Paraisópolis pode ensinar ao Morumbi
Para a maioria dos moradores de São Paulo, favelas como Paraisópolis são um problema que deve ser enfrentado pela cidade. No entanto, quando se olha o processo de urbanização da cidade mais ao fundo, vemos que, apesar das dificuldades da região, ela tem muito a ensinar aos bairros nobres de São Paulo — como seu vizinho, o Morumbi.
Como resolver o problema da fiação aérea?
Cerca de 14% da população de Porto Alegre, quase 200 mil pessoas, moram em favelas, os chamados “aglomerados subnormais” do IBGE. Estas pessoas normalmente não têm assegurado seu direito de propriedade, não têm acesso a serviços e utilidades públicas básicas como saneamento, redes de drenagem ou iluminação pública. Em torno de 4 mil pessoas vivem em situação de rua. O sistema de transporte coletivo da cidade, que chega a transportar mais de 20 milhões de passageiros por mês, enfrenta a pior crise da sua história, com operações insustentáveis. Nossos espaços públicos são tomados por automóveis, cujos motoristas usufruem do privilégio de estacionar gratuitamente nas vias. Os contêineres de lixo, que deveriam receber apenas resíduos orgânicos e rejeito, recebem de tudo, inviabilizando a coleta adequada na cidade.
Todas as cidades precisam ser inteligentes?
“Todos os problemas podem ser resolvidos com tecnologia.”
O quão acertada (ou não) parece essa afirmação? Enquanto escrevia este artigo, meu editor eletrônico de texto apontou que as três primeiras palavras dessa frase estavam incorretas, e me sugeriu trocar por “A quão acertada”. Ele se engana, a frase está correta.
Nossa política habitacional precisa superar o paradigma da casa própria
Um dos problemas estruturais da sociedade brasileira é o crescimento excessivo da mancha urbana das cidades, comumente denominado de “espraiamento”, que resulta em uma ocupação urbana de baixa densidade. Essa ocupação dispersa dificulta a provisão de serviços públicos e compromete a qualidade de vida dos moradores, pois não gera demanda suficiente para o transporte de massa e induz à adoção do automóvel particular como modo de deslocamento. Para reverter esse quadro, a política urbana procura aumentar a densidade da cidade existente, seja construindo edificações novas nos lotes ociosos, seja recuperando edificações degradadas nas áreas centrais. No entanto, tal como atualmente concebida, a política habitacional favorece o espraiamento urbano.
Por que as cidades são tão caras?
Por que ficar na cidade?
A resposta dessa pergunta é óbvia para muitos dos moradores dos grandes centros: “é difícil achar emprego numa cidade menor, fora que lá nem cinema tem, são poucas as opções de restaurantes, e as escolas não são lá essas coisas.”
O que são cidades inteligentes dentro da realidade brasileira?
Smart Cities, ou as cidades inteligentes, estão cada vez mais em evidência, mas dificilmente sabemos descrever exatamente o que são.
Seriam cidades que conseguem adotar, de forma descentralizada, o conjunto de novos aplicativos de diversos provedores voltados a serviços urbanos que cada vez mais estão presentes no nosso dia a dia?
Ou então aquelas que contratam uma grande empresa para gerenciar e monitorar todos os serviços urbanos da cidade, como um grande centro de comando?
A solução para as enchentes não é inviabilizar a cidade
Nos últimos dias uma série de matérias e artigos diagnosticou corretamente o motivo das enchentes recentes nas capitais Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre, assim como em cidades menores como Iconha, no Espírito Santo. O principal motivo para estes desastres foi a urbanização das nossas cidades — tanto planejada quanto não planejada —, que reforçou os potenciais danos causados.
Território sem dono, calçadas brasileiras revelam negligência com o pedestre
Mesmo que um terço dos deslocamentos nas cidades brasileiras seja feito a pé, os cidadãos que usam as próprias pernas ou uma cadeira de rodas em seus trajetos não são tratados com prioridade. As palavras “pedestre” e “calçada”, aliás, nem aparecem na Lei 12.587/2012, que estabelece as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, sinal de um quadro de inconsistência jurídica em nível federal e municipal.
Como as guerras moldaram nossas cidades
Quando ainda éramos nômades, travávamos nossas primeiras batalhas com paus e pedras. As causas podem ser diversas quando se trata de agredir membros da mesma espécie, desde a obtenção de recursos, território, vingança ou mesmo poder. As batalhas entre tribos distintas acompanharam o ser humano em sua evolução na terra. Desde a criação das cidades, a guerra e os equipamentos de combate utilizados em cada período foram importantes instrumentos a serem considerados durante o planejamento do centro urbano.