Hoje, dia 08 de agosto, é comemorado o Dia Mundial do Pedestre. A data ficou reconhecida pela foto icônica dos Beatles atravessando a Abbey Road, em 1969. Estamos em 2020, mais de cinquenta anos se passaram e ainda encontramos muitas dificuldades em ser pedestre nas cidades: quantas vezes você enfrentou o desafio de atravessar a rua? Ou de ter que caminhar por calçadas estreitas e mal iluminadas?
Cidade Ativa: O mais recente de arquitetura e notícia
Andar a pé eu vou: como podemos defender cidades para pedestres?
Como viver em sociedade influencia nossos comportamentos individuais?
Essa pergunta já pode ter passado pela sua cabeça e ela é, de fato, objeto de reflexão de pesquisadores de diversas áreas, incluindo filosofia, ciências sociais e psicologia. Atualmente, somos mais de 4 bilhões de pessoas que vivem em áreas urbanas, índice que aumenta a cada ano. A vida em comunidade traz grandes desafios e, para coordenar muitos deles, os grupos estabeleceram uma série de princípios e padrões que estimulam um senso comum entre os indivíduos.
A cultura do carro: o que ela diz sobre nós mesmos?
Quem já se interessou pelo tema da mobilidade sabe que o advento do carro trouxe diversas mudanças importantes relacionadas ao ambiente construído das cidades e à vida das pessoas. Essas transformações já foram e ainda são amplamente discutidas nos mais diversos campos de estudo. Na história, por exemplo, ele serve como recorte do período da industrialização, na engenharia ele é relevante na tecnologia de motores, e no planejamento urbano é estudado pelo seu papel no processo de urbanização. Da sua invenção até os dias de hoje, o carro foi ganhando espaço e tornou-se cada vez mais presente em ruas e prédios, sendo incorporado na vida cotidiana e na imaginação das pessoas.
Graffiti: transformando paisagens, ocupando lugares
Caminhando pelas ruas, nos deparamos com diversas formas, cores, texturas, sons e cheiros. Nossos sentidos são ativados e esses estímulos nos fazem conectar com o lugar em que estamos. As cidades são, muitas vezes, sinônimo de fumaça, ruídos de motores e buzinas, tons de cinza. A escassez de elementos naturais ou construídos que transmitam a sensação de segurança, conforto e que nos agradem esteticamente influencia para que sigamos descontentes e frustrados no ambiente urbano. Esses sentimentos alimentam a falta de conexão entre pessoas e lugares, a falta de empatia com o outro e descompromisso com aquilo que é público.
Qual o impacto da primeira Rua Completa em São Paulo?
O conceito de Ruas Completas ganhou visibilidade nos últimos anos e chegou ao Brasil trazendo a visão de que ruas devem ser planejadas, projetadas, operadas e mantidas para permitir deslocamentos seguros, convenientes e confortáveis para todos os usuários, independente de sua idade, habilidades ou meio de transporte.
Você sabe o que é necessário para promover o uso da bicicleta como meio de transporte nas cidades brasileiras?
Como já tem sido discutido em diversos países do mundo, a promoção da bicicleta como meio de transporte tem diversos benefícios para as cidades e seus cidadãos, tais como: redução de doenças crônicas (como hipertensão e doenças cardiorespiratórias), taxas menores de sobrepeso e obesidade, menos mortes e lesões no trânsito, níveis mais baixos de poluição do ar, entre outros. Apesar de constantemente disseminados todos esses impactos positivos, na América Latina menos de 10% [1] da população adulta usa a bicicleta como meio de transporte, enquanto que em países europeus como Holanda e Dinamarca, esse número ultrapassa 25% das viagens [2].
Com o objetivo de melhor compreender a relação entre ambiente construído e promoção da bicicleta no Brasil, um estudo [3] buscou entender as associações entre uso da bicicleta como meio de transporte e ciclovias e transportes de massa na cidade de São Paulo. A pesquisa foi
Morar perto de praças e ciclovias pode influenciar na prática da caminhada no tempo de lazer?
O acesso a espaços livres públicos é importante para aumentar a prática de atividade física durante o lazer em países de alta renda, como mostram estudos, mas ainda há poucas evidências em países de renda média. Mais do que isso, em países como Brasil e Colômbia, por exemplo, a prática de atividade física no tempo de lazer ainda é menor do que em países de alta renda, como Estados Unidos, situação que não mudou nos últimos anos.
Como podemos planejar cidades que priorizem pedestres?
Cidades ativas são aquelas em que a população pode fazer escolhas mais saudáveis e sustentáveis. Para que isso seja possível, as cidades devem proporcionar acesso a espaços públicos e serviços de qualidade a todas as pessoas, garantindo que possam passear, descansar, brincar e se exercitar em praças, parques e equipamentos. Cidades ativas são também compactas, nas quais a proximidade entre a moradia e o trabalho, escola, serviços, lazer faz com que as redes de mobilidade a pé, cicloviária e de transporte público sejam mais eficientes e melhores distribuídas no território. Assim, a escolha pelo modal a pé ou bicicleta nos deslocamentos diários se torna viável. Por isso, cidades ativas são, necessariamente, mais caminháveis.
O que é necessário para sair da nossa zona de conforto e mudar nossa relação com a cidade?
O que nos motiva a mudar a maneira como nos deslocamos pela cidade, onde fazemos compras ou o destino do lazer no domingo? Quais são os fatores determinantes que nos levam a rever como nos relacionamos com nossa vizinhança, com nosso bairro ou cidade?
Cidade Ativa Adverte: carros fazem mal à saúde
Por muitas décadas, fumar representou status, charme e elegância, sendo o cigarro objeto do desejo de inúmeras gerações. Ao perceber que aproximadamente 25% da população brasileira era fumante, o Ministério da Saúde impôs, em 2002, que os representantes das marcas de cigarro adicionassem mensagens de advertência sobre as substâncias tóxicas presentes no produto e suas graves consequências à saúde. Dez anos depois da medida, essa taxa já havia baixado para 15% da população.
Mas o que isso tem a ver com os automóveis?
Cidades ativas são cidades para o brincar
A importância de brincar na infância colabora para o desenvolvimento social, físico e emocional das crianças. Essa atividade permite que elas que interajam de modo espontâneo umas com as outras e com o espaço, desenvolvendo sua criatividade e sua capacidade de compartilhar e conviver em sociedade.
Para uma parcela da população, o ato de brincar é relacionado a playgrounds em condomínios fechados. Essa escolha por espaços privados está associada a uma visão negativa sobre a cidade, de que ela é insegura, violenta e degradada. Essas crianças só conhecem a cidade através da janela do carro, do transporte escolar, ou através de uma grade, e isso pouco contribui para seu aprendizado e desenvolvimento, já que deixam de conviver com pessoas diferentes e de aprender sobre o local em que vivem. Para outra parcela da população, o brincar é limitado a espaços informais, não projetados originalmente para essa atividade. Na maioria dos bairros periféricos faltam áreas de lazer para crianças, que, por falta de opção, acabam se expondo aos riscos de locais impróprios para o brincar.
Cidades mais ativas e segurança viária
A segurança viária e redução das mortes e lesões no trânsito têm sido encaradas como prioridade em diversos lugares do mundo. A OMS (Organização Mundial da Saúde), inclusive, definiu esta como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020, na qual governos de todo o mundo se comprometeram a tomar novas medidas para reduzir em 50% os níveis de mortalidade e lesões de trânsito nesses 10 anos.
A redução da velocidade nas vias é utilizada como ferramenta essencial para diminuir mortes e lesões. No Brasil, cidades como São Paulo e Curitiba implementaram, nos últimos anos, perímetros onde é regulamentada uma velocidade máxima baixa, como as Áreas 40 e Áreas Calmas, respectivamente. Essas medidas têm como objetivo melhorar a segurança dos usuários mais vulneráveis do sistema viário, pedestres e ciclistas, buscando a convivência pacífica e a mitigação de atropelamentos na área. Em São Paulo, essas mudanças se mostraram efetivas: 2015 foi o ano com menor número de mortes desde 1998, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Infelizmente, com o abandono de parte dessas medidas pela nova gestão, assiste-se agora a um novo aumento: no primeiro semestre de 2017 houve 23% mais óbitos de pessoas a pé e 75% de pessoas pedalando, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
A importância dos deslocamentos ativos na infância e adolescência
A escola faz parte do cotidiano das crianças e adolescentes, mas muito do que acontece além da sala de aula pode influenciá-los. Caminhar até a escola é uma atividade capaz de educar e auxiliar na formação do aluno, despertando novos olhares para os espaços públicos da cidade. Mas como andam as nossas crianças e adolescentes?
Como fazer calçadas ativas?
Uma cidade inclusiva, resiliente e saudável, deve, em primeira instância, colocar seus cidadãos como prioridade no planejamento e desenho urbano, com estratégias que ofereçam a eles boas experiências e que atendam às suas necessidades. As calçadas, como importantes elementos na rede de espaços públicos das cidades, são um território complexo pensado, geralmente, a partir de conceitos técnicos e construtivos que desconsideram aqueles que usufruem e transitam nestes espaços. É nesse contexto que se propõe o Safári Urbano, uma ferramenta para analisar calçadas a partir da experiência dos pedestres.
Mobilidade é questão de desenho urbano
A crise da mobilidade urbana inspirou a reflexão sobre os modais de transporte e sua relação com eficiência, tempos de trajetos, poluição gerada, infraestrutura necessária, custos de implantação e operação e os impactos na saúde dos usuários. Atualmente, governos realizam grandes investimentos em novas infraestruturas que permitem que populações equivalentes a cidades inteiras se desloquem longas distâncias diariamente. Em São Paulo, por exemplo, o equivalente à população do Uruguai sai da Zona Leste para o Centro todos os dias.
A sua cidade cuida de você?
Como é a sua rua? Dá vontade de caminhar na calçada? Você se sente seguro andando de bicicleta por ela?
Sabe essa sensação de que o seu dia poderia ser melhor aproveitado? Se você não está fazendo tanto exercício quanto gostaria, saiba que a preguicinha não é a única responsável. Talvez você ainda não tenha percebido, mas a forma da sua cidade também tem grande influência sobre seus hábitos.
Como anda a mobilidade a pé no Brasil?
Projeto ‘Como Anda’ quer fortalecer a mobilidade a pé no Brasil: compreender quem são e como atuam as organizações que trabalham com o tema, promover a pauta com levantamento de dados e estudos de caso e contribuir com a articulação do movimento.