Toda disciplina tem seus heróis. Na arquitetura, não são poucos os personagens que costumam ser celebrados e exaltados como figuras ilustres. Frank Lloyd Wright e Louis Kahn podem ser considerados uns dos maiores ícones da arquitetura do século XX. Mais recentemente, Zaha Hadid chegou a ser tão exaltada quanto suas próprias criações, ela se tornou uma “stararchitect” (para usar um termo bem específico e tão em voga atualmente) e sua morte prematura apenas colaborou para elevar ainda mais o seu status. Mas os nossos heróis são feitos de carne e osso, isso significa que após à morte, nem todos tem um lugar garantido em nosso panteão. Embora nossos heróis sejam todos mortais, suas contribuições tendem a perdurar ao logo dos séculos.
Neste verão, o governo federal americano divulgou uma estatística surpreendente: 87% dos lares americanos agora estão equipados com ar condicionado. Como o mundo está ficando inegavelmente mais quente, suponho que isso não seja tão surpreendente, mas lembre-se de que um grande número dessas casas refrigeradas mecanicamente localizam-se em climas razoavelmente temperados. Portanto, minha pergunta é simples: quando o ar condicionado nos Estados Unidos se tornou um requisito, e não um complemento?
Ao longo da última década, a Nigéria viveu sobre o espectro sombrio e a constante ameaça do grupo terrorista Boko Haram. De Maiduguri a Abuja, o conflito dilacerou o país, matando centenas de milhares de pessoas, destruindo milhões de casas e causando consideráveis impactos à já precária infraestrutura pública do país. Felizmente a situação está começando a mudar, isso porque ao longo dos últimos anos, grupos militares nigerianos conseguiram libertar várias das cidades ocupadas, dando início a um amplo trabalho de reconstrução do país. Entretanto, os efeitos da guerra deixaram uma marca indelével que transformou para sempre os espaços urbanos destas cidades. A Nigéria viu seu país ser completamente destruído, não apenas vidas foram perdidas mas também os espaços públicos e a infraestrutura básica, forçando a população a reconstruir o país do zero.
https://www.archdaily.com.br/br/924140/reconstruindo-a-nigeria-arquitetura-como-ferramenta-de-transformacao-culturalMathias Agbo, Jr.
"Eu odeio essa coisa toda de 'beleza' ", diz um amigo arquiteto e professor profundamente talentoso, reagindo a uma onda emergente da época.Ele não está sozinho. Palavras são perigosas. Desde a Segunda Guerra Mundial, tem havido um consenso geral na arquitetura: o cânone modernista. Mas a mudança está chegando na profissão — e em nossa cultura.
Os verdadeiros crentes se encolerizam com a palavra “beleza” como critério de projeto.Eles também descartam a palavra “estilo”. Como todas as ortodoxias, há simplesmente "certo" e "errado". As realidades do "errado" estão na ortodoxia arquitetônica: "errado" é qualquer coisa que se refere a qualquer coisa que não seja o próprio cânon.Uma racionalização que se retroalimenta dá conforto aos condenados.
Ao longo das últimas três décadas, Dubai floresceu em meio a um deserto desabitado para transformar-se em um centro urbano estratégico para o mundo dos negócios e do turismo. Como uma das diversas reações decorrentes deste novo fenômeno, várias cidades ao redor do mundo passaram a replicar esse modelo de desenvolvimento urbano - um urbanismo amplamente baseado no automóvel, arranha-céus luxuosos, centros comerciais gigantescos e tecnologias e sistemas "inteligentes" e "sustentáveis", tudo isso, à partir do zero. Surpreendentemente, estes novos empreendimentos tem se espalhado rapidamente pelo continente africano, assumindo nomes como Eko Atlantic City Nigéria, Vision City em Ruanda, Ebene Cyber City nas Ilhas Maurício; Konza Technology City no Quênia; Safari City na Tanzânia; Le Cite du Fleuve na República Democrática do Congo, entre vários outros. Ao que tudo indica, todas estas cidades parecem apenas meras tentativas de imitação daquilo que representa a cidade de Dubai.
https://www.archdaily.com.br/br/911073/o-que-as-cidades-africanas-podem-aprender-com-a-experiencia-de-dubaiMathias Agbo, Jr.
Certificados e prêmios de sustentabilidade são outorgados todos os dias à novos edifícios que prometem um futuro livre de carbono e impacto zero. Entretanto, a maioria dos esforços que empreendemos para construir edifícios cada vez mais "sustentáveis", acaba no dia de suas inaugurações. O custo energético global da arquitetura tem muito mais a ver com a vida útil de um edifício do que com a sua construção. Embora pareça não haver saída para este atual modelo de sucesso, cabe a nós arquitetos, repensar o significado de arquitetura sustentável nos dias de hoje. Talvez devemos parar de aplaudir e exaltar cegamente os novos edifícios e voltar a nossa atenção para os edifícios que já existem. Este artigo foi originalmente publicado no <em
Durante a primeira conferencia mundial do meio ambiente, realizada na cidade do Rio de Janeiro e chamada de Eco-1992, três alarmantes fatos vieram à tona: a temperatura da Terra está aumentando continuamente; a utilização de combustíveis fósseis é a principal causa deste fenômeno; precisamos, com urgência, adaptar o nosso ambiente construído considerando esta nova realidade. Naquele ano, publiquei um ensaio no Journal of Architectural Education intitulado “Architecture for a Contingent Environment”, sugerindo que arquitetos, naturalistas e preservacionistas deveriam se unir para discutir e enfrentar essa nova realidade.
https://www.archdaily.com.br/br/910021/por-que-o-reuso-de-edificios-existentes-pode-e-deve-ser-o-principal-foco-dos-arquitetosMark Alan Hewitt
Sarah Williams Goldhagen deu um grande passo. Seu novo livro, Bem-vindo ao seu mundo: como o ambiente construído tem moldado nossa vida, é nada menos que um argumento meticulosamente construído para repensar completamente nossa maneira de ver a arquitetura. Crítica de longa data da The New Republic e ex-professora da Harvard Graduate School of Design, Goldhagen mergulhou profundamente no campo da ciência cognitiva em rápida evolução, na tentativa de vinculá-la a uma nova abordagem centrada no ser humano da ciência construída no mundo. O livro é tanto um exame da ciência por trás da cognição (e sua relevância para a arquitetura) quanto uma polêmica contra o status estupidificante. Recentemente conversei com a autora, que estava ocupada preparando uma viagem de um ano pelo mundo, sobre o livro, a ciência e o estado da educação arquitetônica.
As decisões que um arquiteto toma ao longo de um projeto são freqüentemente orientadas por questões que vão muito além de suas inclinações estéticas ou até mesmo os anseios e desejos de seus clientes. Em um determinado grau, somos reféns das ferramentas e materiais disponíveis assim como das infinitas limitações legais impostas à cada contexto específico. Atualmente, os Estados Unidos estão encarando uma dura realidade no campo prático da arquitetura devido à difusão de um novo código bastante restritivo ao que se refere à liberdade criativa dos arquitetos.
O arquiteto Frank Harmon tem um compromisso diário: ele tenta fazer um desenho à mão livre todos os dias. Ele não gasta muito tempo com cada um. Cerca de cinco minutos. Esses gestos rápidos de representação são como capturar relâmpagos em uma garrafa ou, como Virginia Woolf disse uma vez sobre a importância de escrever todos os dias, “bater a rede para capturar a borboleta do momento”. Para capturar esses momentos, você deve ser rápido. O minuto se move. Os desenhos de Harmon parecem soltos, confusos nas bordas. Você sente sua duração de cinco minutos.
https://www.archdaily.com.br/br/904735/como-um-croqui-diario-melhorara-sua-arquiteturaMichael J. Crosbie
Seja qual for a forma - pessoal, teórica, erudita -, arquitetos freqüentemente buscam respaldo em conceitos filosóficos quando precisam defender certas decisões subjetivas de projeto. Pelo lado pessoal, isso até se justifica. Mas, profissionalmente, essa dependência de conceitos filosóficos é um dos principais motivos pelos quais a arquitetura difere fundamentalmente de outras disciplinas práticas da sociedade, como o direito, a economia ou a medicina. Essas disciplinas baseiam-se em estruturas de conhecimento (em códigos, sistemas econômicos e na ciência, respectivamente) que fazem a mediação entre as decisões profissionais e o julgamento subjetivo.
Este artigo foi originalmente publicado como "What Marchers Today Can Learn from the May 1968 Protests in Paris" no CommonEdge em maio de 2018. Nos 50 anos desde os protestos históricos e mundiais de 1968, muita coisa mudou. Mas o clima político de hoje parece igualmente volátil, com mudanças sísmicas que ameaçam as instituições sociais e políticas em todo o mundo. Lições do passado são, para emprestar a frase do momento, mais relevantes do que nunca.
Recentemente, amigos americanos enviaram um e-mail: “O que está acontecendo com o sistema político francês? Por que tantas greves? E as infinitas marchas de protesto? Gostaríamos de visitá-lo em Paris, mas estamos um pouco desconfiados”.
No final de janeiro, participei de um comovente funeral na Capela de Battell, em Yale, para Vincent Scully, o homem que me mostrou a arquitetura como uma carreira, e que continua a me inspirar como escritor e historiador. Lá, aproveitei a oportunidade para fazer uma visita a Benjamin Franklin e Pauli Murray Colleges, as primeiras novas residências na universidade de Yale em meio século. Fui embora maravilhado com a qualidade da arquitetura e agradecendo minha alma mater pela visão e compromisso em melhorar a cidade e o campus.
https://www.archdaily.com.br/br/902802/esqueca-os-criticos-a-arquitetura-tradicional-ainda-pode-criar-espacos-contemporaneosMark Alan Hewitt
O Common Edge já publicou sobre a herança anti-urbana do arquiteto e empreendedor John Portman. Vale a pena entrar em mais detalhes sobre esses projetos, já que parece que aprendemos muito pouco com seus fracassos.
Vamos começar com Detroit. O Renaissance Center foi um dos seus maiores e mais celebrados projetos. Mas esse complexo de sete arranha-céus interconectados apresenta algumas questões difíceis para os planejadores urbanos hoje: pode o centro de Detroit se recuperar totalmente desse desenvolvimento gigantesco e mal pensado? E, mais importante, por que outras cidades não aprenderam com suas lições claras?
Caso você não tenha percebido, o mundo está indo do papel para os pixels. Você está lendo isso, aqui. Tudo está mudando e isso inclui como falamos, pensamos e escrevemos sobre arquitetura.
Como comida e roupa, os edifícios são essenciais. Toda edificação, mesmo a mais rudimentar, precisa de um projeto para ser construído. A arquitetura é tão central para a construção quanto a agricultura é para a alimentação, e nesta época de rápido avanço nas mudanças tecnológicas, a agricultura pode nos oferecer lições valiosas.
De acordo com o último censo, havia 233.000 arquitetos nos Estados Unidos; e os 113.000 que estão atualmente licenciados representam um aumento de 3% em relação ao ano passado. Além disso, há um número recorde dearquitetos que se qualificam para o licenciamento: mais de 5.000 este ano, quase o mesmo número de graduados com títulos profissionais. Existe agora 1-arquiteto-para-cada-2.900 pessoas nos EUA. Uma colheita abundante, certo?
Na arquitetura, o ato de criticar formalmente o projeto é onipresente. A crítica, como é chamada, é quase um rito de passagem. E, embora o formato dessa prática seja universal, seu objetivo, metas e propósito final não são fixados, além de um imperativo amplo e frequentemente vago para melhorar um determinado projeto. Isso é um problema, porque deixa um fundamento da profissão assumir a forma de qualquer discussão que surja entre um projetista e um crítico. Se a expectativa de evidência empírica para as decisões de projeto fosse introduzida como a base de um crítico de projeto, os efeitos cumulativos dessa mudança poderiam melhorar a credibilidade de toda a disciplina.