Desde de 6 de novembro, líderes mundiais estão se reunindo em Sharm el Sheikh, no Egito, para a COP27. O nome significa a 27ª Conferência das Partes, um evento quase anual iniciado sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) de 1992. O objetivo dessas conferências é garantir que os países estejam comprometidos em tomar medidas para evitar mudanças climáticas perigosas e encontrar maneiras de reduzir globalmente as emissões de gases de efeito estufa de maneira equitativa. A eficácia dessas reuniões variou ao longo dos anos, com algumas iniciativas bem-sucedidas, como o Acordo de Paris de 2015, um tratado internacional juridicamente vinculativo adotado por 196 partes com o objetivo de limitar o aquecimento global em menos de 2ºC ou, preferencialmente, 1,5ºC em comparação com o período pré-industrial.
COP26: O mais recente de arquitetura e notícia
COP27 coloca em foco a necessidade de zerar emissões de gases de efeito estufa
Declaração de San Marino para arquitetura sustentável e inclusiva recebe assinaturas de Norman Foster e Stefano Boeri
Embora as Nações Unidas venham incitando arquitetos, engenheiros e modeladores de cidades a colocar a agenda de 2030 e os ODS em ação, e pesquisas do IPCC tenham revelado intensificação das mudanças climáticas, provocando ampla discussão sobre ações insuficientes, a 83ª sessão da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa - Comitê de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Gerenciamento de Terras da UNECE, que ocorre em San Marino, acaba de emitir uma declaração especial sobre "como construir cidades melhores, com mais segurança, mais inclusão e mais resiliência", à frente da COP27. Este conjunto de “Princípios para Design e Arquitetura Urbana Sustentáveis e Inclusivos”, ou Declaração de San Marino, reuniu as assinaturas de Norman Foster e Stefano Boeri.
O que são as “perdas e danos” das mudanças climáticas?
O planeta já está 1,1°C mais quente devido a alterações climáticas induzidas pelos humanos, e milhões de pessoas já enfrentam consequências reais do aumento das temperaturas, da elevação do nível dos oceanos, de tempestades mais severas e de chuvas que escapam às previsões meteorológicas. Uma redução rápida das emissões é essencial para conter o aumento da temperatura e garantir um futuro mais seguro para todos. Também são essenciais investimentos capazes de proteger as comunidades dos impactos cada vez mais severos que continuarão piorando com o tempo.
A pandemia interrompeu o processo para reduzir as emissões de carbono?
Com a magnitude e a urgência da crise imediata da Covid-19 no mundo, iniciativas foram concentradas em salvar vidas, ao invés de focarem em preocupações relacionadas ao caminho para zerar as emissões de carbono. Zerar as emissões líquidas de carbono no setor de construção é definido por quando a quantidade de emissões de carbono associadas com a construção de um prédio e sua finalização totalizam zero. Um prédio de zero energia terá um consumo total líquido de energia de zero; a quantidade total de energia utilizada pelo prédio anualmente é igual à quantidade de energia renovável gerada no terreno construído.
Enquanto a emergência climática se apresenta como uma ameaça existencial grave, é crucial que o caminho para zerar as emissões de carbono seja retomado em larga escala, tanto no sentido arquitetônico, quanto no comercial. Ao redor do mundo, iniciativas foram renovadas em uma tentativa de combater o que é quase inconcebível. De acordo com o relatório de status global de 2019 para edifícios e construções, o setor de construção representou 36% do uso final de energia e das emissões de carbono relacionadas ao processo em 2018. Embora as emissões de carbono tenham sido temporariamente reduzidas durante o pico da pandemia, elas devem retornar rapidamente aos números anteriores.
ONU lança guia que ensina como “refrescar” as cidades
Um estudo recente revelou que, desde 2014, ondas de calor em ecossistemas marinhos se tornaram “o novo normal”. A crise climática não é mais conversa para o futuro. Eventos extremos são cada vez mais comuns, basta acompanhar o noticiário. Pode até parecer que gestores públicos estão sendo pegos de surpresa, porém cientistas já alertam há muito tempo sobre a necessidade de mirar em um desenvolvimento sustentável.
Os bons exemplos ainda são poucos, mas existem. Na COP26, foi lançado um guia abrangente com estratégias comprovadas para alcançar o resfriamento urbano.
5 Prioridades para as cidades após a COP26
Sem solucionar os desafios das cidades, não resolveremos a crise climática. O papel central das cidades é inegável: elas contribuem com 75% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à energia. As escolhas das cidades influenciam e podem gerar mudanças em todos os sistemas que precisam ser descarbonizados e tornados resilientes, desde transporte até produção de alimentos e energia. Como mostrou o relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, as cidades – com sua concentração de pessoas, atividade econômica e infraestrutura – estão entre as alavancas mais poderosas que temos para impulsionar a descarbonização e construir resiliência com rapidez suficiente para cumprir as metas do Acordo de Paris.