Este livro procura examinar o fascínio que a cidade de Veneza exerce no pensamento e na obra de Paulo Mendes da Rocha, um dos mais importantes arquitectos da actualidade. Quem já leu ou ouviu as suas palavras sabe que Mendes da Rocha recorre frequentemente à cidade lacustre para tentar definir a natureza profunda — e os deveres genuínos — da arquitectura. Para o arquitecto, Veneza é um «exemplo» necessário, um «modelo» ou «paradigma» da arquitectura. Ao observar Veneza através de Mendes da Rocha, e ao descobrir Mendes da Rocha através de Veneza, este livro constrói novas perspectivas sobre ambos. Ao contrário da imagem estereotipada e vazia que Veneza teima em apresentar nos dias de hoje, Daniele Pisani põe-nos perante uma Veneza invulgar, rica em projectos e formas alternativas de ver o mundo, permitindo-nos acompanhar a descoberta de uma genealogia da imaginação — talvez a mais íntima e profunda de entre tantas possíveis — do arquitecto brasileiro.
Dafne editora: O mais recente de arquitetura e notícia
Uma Genealogia da Imaginação de Paulo Mendes da Rocha, Lições de Veneza
António Correia da Silva, Arquitecto Municipal
"Homem discreto, de comportamento sereno e seguras convicções, António Correia da Silva foi um típico portuense, criador de arquitecturas emblemáticas da cidade. A sua acção profissional nunca foi devidamente valorizada. Como excepção, ninguém contesta o significado da afirmação municipalista do edifício dos Paços do Concelho, no remate da Avenida dos Aliados, ou a importância do Mercado do Bolhão como dinamizador da vida cívica promovida pela burguesia liberal da Primeira República. O discurso crítico acerca dos seus trabalhos sempre revelou alguma desconfiança relativamente aos pressupostos programáticos daquelas arquitecturas, esquecendo a coerência conceptual que lhes esteve na origem. E quanto a outros trabalhos menos centrais, como o Matadouro de São Roque da Lameira ou a garagem dos Bombeiros Municipais da Foz do Douro, têm sido esquecidos enquanto marca de uma época. Mas Correia da Silva não desapareceu da narrativa da arquitectura portuense, porque aquelas duas obras emblemáticas tocaram desde cedo o coração do povo, que as tomou como marca identitária do centro cívico."
Uma Anatomia do Livro de Arquitectura / André Tavares
Examinar os cruzamentos entre as culturas do livro e da arquitetura expõe eixos ao longo dos quais o conhecimento circula entre páginas e edifícios e, de novo, regressa aos livros. Seja na celebração de construções específicas ou na produção de livros singulares, as páginas e a impressão são manipuladas para transmitir ideias arquitetônicas.
Arquitectura em Portugal - Um roteiro fotográfico / Gabriele Basilico
O trabalho de interpelação dos lugares levado a cabo por Gabriele Basilico, numa estratégia de trabalho equiparável às estratégias de projeto de alguns arquitetos, ofereceu uma ocasião única para ver melhor o desenho nas cidades, em cinco lugares que foram espaço para arquiteturas de qualidade. Seguindo o guião idealizado pelos co-comissários da exposição homónima, o fotógrafo italiano, viajante entusiasta e observador incansável, foi o condutor para a descoberta do olhar que este livro apresenta. As obras inserem os lugares percorridos numa geografia urbana de sentido lato, sugerindo que a arquitectura pode materializar movimentos e aspirações sociais através da configuração de espaços de sociabilidade. Observando-as, talvez se possa afirmar que o tempo e a transformação inexorável do espaço construído, sendo fatais, podem ser sinal de esperança.
Casas de Brasileiro - Erudito e Popular na Arquitectura dos Torna-Viagem / Domingos Tavares
A participação dos “torna-viagem” na formação da vanguarda artística portuguesa – a que se convencionou chamar futurista ou modernista – não é evidente. Mas estes novos-ricos dos alvores do século XX sempre tiveram grande disponibilidade para a ruptura, aceitando a importação do internacional como fator diferenciador e testemunha de sucesso na representação do seu regresso à terra natal. Nas Casas de Brasileiro que construíram – não só nas principais cidades e vilas mas também nas pequenas povoações do espaço rural – adotaram soluções inovadoras e requintadas. Muitas vezes, estas obras resultaram da intervenção de projetistas escolhidos pelo seu prestígio como construtores ou artistas capazes de responder às exigências de modernidade destes proprietários enriquecidos, conhecedores do conforto oferecido pelo mundo em transformação.
O Lugar dos Ricos e dos Pobres no Cinema e na Arquitectura em Portugal / José Neves
Desde sempre no cinema, como no mundo – nos quartos, nas casas e nas cidades –, os ricos e os pobres tiveram os seus lugares, mais ou menos nítidos: da fábrica de onde saem os operários dos irmãos Lumiére a Xanadu de Citizen Kane, dos “lugares de miséria atrás de magníficos edifícios” dos olvidados de Buñuel à Paris dos seus burgueses discretamente encantadores, da vila dos pescadores de La Terra Trema às villas das condessas, reis e príncipes de Visconti, dos albergues dos pobres de Preston Sturges aos hoteis de luxo de Lubitsch, dos borgate dos sub-proletários de Pasolini aos subúrbios das famílias remediadas de Ozu, das ruas da vergonha de Mizoguchi aos becos e ruelas do Anjo Azul, da casa da mãe siciliana de Huillet e Straub à Versalhes do Rei Sol de Rosselini, das roulottesdos lusty men de Nicholas Ray à Fat City de John Huston, do quarto alugado da rapariga da mala de Zurlini ao palácio dos seus amantes, os lugares dos criados e dos senhores de Jean Renoir, todos os lugares de Chaplin...
A Rua da Estrada / Álvaro Domingues
A Rua da Estrada é um conceito que emerge sobre os escombros da dupla perda da “cidade” e do “campo” e da oposição convencional entre o “urbano” e o “rural”. Da cidade, existe a ideia muito comum de que se trata ao mesmo tempo de uma forma de organização social (a polis ou a civitas) intensa e diversa que ocupa um território densamente construído, com uma forma, um centro e uns limites perfeitamente definidos. Esta imagem da cidade aparece como um “interior” confinado, rodeado pelos espaços extensivos e rarefeitos da agricultura, da floresta ou dos espaços ditos naturais. No mesmo registo, o rural seria o espaço da agricultura; agrícola porque maioritariamente dependente da economia agro-florestal, e rural, no sentido cultural, porque correspondente a estilos de vida e visões do mundo dominadas por um certo tradicionalismo atávico e pelo fechamento sobre si.
Primeiro fascículo da coleção “O Lugar dos Ricos e dos Pobres no Cinema e na Arquitetura em Portugal” disponível online
Está disponível o primeiro fascículo da coleção "O Lugar dos Ricos e dos Pobres no Cinema e na Arquitectura em Portugal". Ao longo de 2014, com uma regularidade mensal, a editora Dafne vai disponibilizar gratuitamente na sua página os PDF's com os textos de um livro que deverá ser publicado em maio.
O ciclo de cinema homônimo foi organizado pelo Núcleo de Cinema da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, onde aconteceu durante seis meses, entre Outubro de 2007 e Março de 2008. À projeção dos filmes seguiu-se uma conversa, na maior parte dos casos entre o diretor do filme e um arquiteto convidado e, quase sempre, moderada por José Neves, coordenador do Núcleo, e João Bénard da Costa (1935-2009), então diretor da Cinemateca. Os 12 fascículos desta coleção transcrevem essas conversas.
Dafne Editora organiza a conferência "Brasília 1957–1980: Arquitetura e artes em confronto", com Guilherme Wisnik
No dia 27 de março a Dafne Editora recebe Guilherme Wisnik para a conferência “Brasília 1957–1980: Arquitetura e artes em confronto” sobre os processos, nem sempre pacíficos, através dos quais a música e as artes plásticas se envolveram na construção de significados para arquitetura moderna.
Projetada em 1957, Brasília foi inaugurada três anos depois, coroando a bem sucedida “formação” da arquitetura moderna brasileira e o otimismo desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek, sob o som da Sinfonia da Alvorada de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
Michelangelo: aprendizagem da arquitetura / Domingos Tavares
Da editora. Michelangelo aprendeu a ser arquitecto quando os códigos de competência e estabilidade do saber tiveram de ser rompidos para se encontrar a resposta necessária a cada problema concreto. Senhor de uma fé inabalável e municipalista convicto, reteve os antecedentes neoplatónicos instalados no espírito artístico florentino, a componente de valorização do papel do homem como ser e destinatário da arte e o sentido eminentemente científico do conhecimento ao serviço da democratização da vida na República.
Arquitetura é vida. Prêmio Aga Khan para a Arquitetura 2013
Da editora. Este livro procura revelar as qualidades que unem arquitetura e vida. Destaca um conjunto de projetos e edifícios, situados em várias geografias e culturas, que deram um contributo significativo para a compreensão dos nossos valores e para a vida quotidiana dos seus utilizadores.