Parceiros de trabalho e amigos há mais de quatro décadas, Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura somam dois Pritzkers e uma série de outros prêmios que atraem a admiração e o respeito de qualquer profissional da arquitetura. Em conversa mediada por Isabel Lucas e publicada no jornal português Público.pt, a dupla discute os primeiros momentos dessa longa parceria que, com o passar do tempo, se transmutou em cumplicidade que permite um desenhar sobre o croqui do outro num processo que os próprios chamam de "osmose".
entrevista: O mais recente de arquitetura e notícia
O belo e o feio na arquitetura: uma conversa entre Álvaro Siza e Souto de Moura
Renzo Piano: "Criatividade só faz sentido quando compartilhada"
Se você perde a capacidade de criar emoções, então não funciona, não é suficiente.
- Renzo Piano
Neste minucioso vídeo biográfico do Louisiana Channel, Renzo Piano fala sobre suas influências, a importância de viajar, o prazer em desenhar, o verdadeiro significado da criatividade, quão estúpidos podem ser os computadores, como "a beleza pode transformar o mundo" e muito mais.
Renzo Piano: o prazer instintivo na leveza
"Leveza e transparência estão muito próximas. Você começa subtraindo algo e então você tira, tira, tira... E em um certo momento você tem que parar de tirar coisas, caso contrário, tudo desaba. Através disso, é possível encontrar uma espécie de beleza. É uma beleza profunda, não apenas uma maquiagem."
Neste vídeo de Luis Fernández-Galiano, o arquiteto italiano Renzo Piano fala sobre seu percurso para encontrar beleza na leveza e transparência. Este trecho é parte de um documentário e série de livretos da Fundación arquia, produzidos pela White Horse.
Paulo Mendes da Rocha: "O objeto da arquitetura é a realização da cidade"
Em entrevista ao jornal Carta Capital, Paulo Mendes da Rocha fala sobre o recém-inaugurado Sesc 24 de Maio e sua visão da arquitetura, que "saiu do interesse do edifício como um fato isolado e deteve-se na questão da cidade." "O objeto da arquitetura, hoje, é a cidade, a realização da cidade. E aí entram conflitos incríveis."
Urbanismo tático, utopias e curadoria ativista: uma entrevista com Pedro Gadanho
Apresentamos a seguir uma entrevista com o arquiteto e curador português, Pedro Gadanho, realizada pela arquiteta e pesquisadora Carol Farias. Na conversa, discutem temas como urbanismo tático, utopias e curadoria ativista, temas abordados em exposições realizadas pelo curador em Nova Iorque e Lisboa.
Frank Lloyd Wright confirma reputação de egocêntrico em entrevista aos 83 anos de idade
No começo da minha carreira, tive que escolher entre a honesta arrogância e a humildade hipócrita. Eu escolhi a arrogância, e até hoje não encontrei nenhuma razão para mudar.
Frank Lloyd Wright é o maior nome da arquitetura nos Estados Unidos. As histórias à respeito de seu ego são tão difusas quanto o seu prolífico trabalho. Ver Frank Lloyd Wright aos 83 anos de idade não é uma aula de história comum. A entrevista foi transmitida pela NBC Chicago em 1958 e mostra Frank Lloyd Wright contando histórias para Hugh Downs sobre a sua educação, o início de sua carreira com Louis Sullivan, as inspirações para os projetos Taliesin e Taliesin West e as suas contribuições para a arquitetura (digamos que esta questão não precisa necessariamente de uma resposta tão humilde).
Eduardo Souto de Moura: "Cada vez tenho menos prazer na arquitetura que me pedem"
Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, o Pritzker lusitano Eduardo Souto de Moura fala a Ana Sousa Dias sobre sua trajetória desde a escola de Belas Artes, seu trabalho ao lado de Noé Diniz e Álvaro Siza, até sua consolidada carreira internacional - que tem lhe rendido projetos, mas não prazer.
"Se tenho de fazer 30 projetos, há três que me dão gozo e 27 que não. Estou farto. Não me chateia discutir desde que o pressuposto seja inteligível. Mas neste momento só interessa o tempo e o dinheiro, até pode ficar feio. Politicamente, respeitar as eleições e economicamente ter grandes lucros", comentou Souto de Moura.
Christian de Portzamparc: “Ninguém além do arquiteto pode solucionar os problemas da cidade contemporânea"
Da ilustre lista de laureados do prêmio Pritzker, o vencedor de 1994, Christian de Portzamparc, talvez seja o menos coberto pela mídia. No entanto, esse reconhecimento aparentemente escasso desmente a compreensão sutil e perspicaz de questões arquitetônicas e urbanas que, em muitos aspectos, o coloca décadas à frente - com os princípios de base social que ele vem desenvolvendo desde o início dos anos 80, tornando-se agora amplamente populares nos círculos arquitetônicos . Nesta entrevista realizada por Vladimir Belogolovsky e publicada pelo ArchDaily, Portzamparc explica seu percurso profissional nas últimas décadas.
Após se desinteressar pela arquitetura, na década de 1960, Portzamparc, que na época vivia em Nova Iorque, preferiu trabalhar como garçom, uma ocupação que lhe renderia mais dinheiro que poderia ganhar como desenhista em um escritório e, além disso, lhe faria conhecer mais pessoas. "Meu interesse pela arquitetura foi retomado através de meu interesse em política e sociologia, a preocupação com as pessoas que não estavam felizes em seus bairros lotados e apartamentos claustrofóbicos. E nunca deixei de perceber o espaço como meio artístico. Compreendi que ninguém além do arquiteto poderia solucionar os problemas da cidade contemporânea."
Edward Glaeser: "Habitação acessível em uma favela é difícil e precisa ser específica do local"
A cidade, diria Claude Lévi-Strauss, é "a coisa humana por excelência." Possivelmente a criação mais complexa da humanidade, são ao mesmo tempo belas, repletas de potencialidade, e perversas, palco de conflitos, disputas e desigualdades.
Na entrevista a seguir, conversamos com Edward Glaeser, professor de economia da Universidade de Harvard e autor do livro “O Triunfo da Cidade” sobre economia urbana e como as tensões e dinâmicas do mundo globalizado atingem as grandes cidades dos países em desenvolvimento.
Norman Foster fala sobre a importância de uma arquitetura interdisciplinar para o futuro das cidades
A arquitetura, tanto como profissão como no ambiente construído, encontra-se atualmente em uma encruzilhada na tentativa de se adaptar a um mundo em constante fluxo. As cidades e seus habitantes enfrentam diariamente mudanças socioeconômicas, políticas e ambientais contínuas, levando a uma necessidade de repensar a evolução do urbanismo sustentável. Com foco em habitação, sociedade e patrimônio cultural, a Conferência Internacional da RIBA, intitulada Change in the City, teve como objetivo oferecer visões sobre a "Nova Agenda Urbana" e como os arquitetos podem desempenhar um papel interdisciplinar no desenvolvimento urbano futuro.
Palestrante da conferência, Norman Foster é um forte defensor de uma cuidadosa consideração sobre quais aspectos da vida urbana precisam ser priorizados no projeto das cidades do futuro. Para uma sociedade cada vez mais global, Foster enfatiza a necessidade da arquitetura de superar o projeto de edifícios e enfrentar o desafio maior - o aquecimento global, aprimorando suas raízes e fatores envolvidos para criar soluções urbanas viáveis.
Entrevista com Norman Foster sobre a sede da Prefeitura de Buenos Aires
A entrevista realizada pela arquiteta Cristina B. Fernández com o arquiteto Norman Foster, apresentada por Libido Cine (Jorge Gaggero) para o programa Moderna Buenos Aires - CPAU, evidencia certas reflexões em relação ao novo edifício da sede da Prefeitura da Cidade Autônoma de Buenos Aires, inaugurado em 2015, sobretudo acerca da importância da regeneração urbana e de avançar em direção a uma cidade sustentável.
Recontextualizar objetos cotidianos: o sucesso do projeto Superkilen do BIG e TOPOTEK 1
Fundado em 1996 por Martin Rein-Cano, de Buenos Aires, o TOPOTEK 1 desenvolveu rapidamente uma reputação como uma empresa multidisciplinar de arquitetura paisagística, focando na re-contextualização de objetos e espaços e em abordagens interdisciplinares de design, enquadradas no contexto contemporâneo do discurso cultural e social.
O premiado escritório com sede em Berlim completou uma série de espaços públicos, desde complexos desportivos e jardins até praças públicas e instalações internacionais. Projetos significativos incluem o telhado verde Railway Cover em Munique, o híbrido Heerenschürli Sports Complex em Zurique e da Embaixada da Alemanha em Varsóvia. A empresa também concluiu recentemente o Centro de Pesquisa e Recreação Schöningen Spears, perto de Hanover, trabalhando com tipologias contrastantes do prado aberto e da densa floresta em um terreno histórico.
Odile Decq: "Mais de 50% dos estudantes são mulheres, e desaparecem depois de formadas"
Em março deste ano aconteceu a quarta edição do MEXTRÓPOLI Festival Internacional de Arquitectura y Ciudad na Cidade do México. Por ocasião do festival, tivemos a oportunidade de conversar com Odile Decq, arquiteta fundadora do Studio Odile Decq e da escola de arquitetura CONFLUENCE INSTITUTE, que desde 2015 recebe alunos do mundo todo em Lyon, França.
Decq comentou conosco sobre a intenção por trás do uso da cor nos projetos que caracterizam seu estúdio, a motivação para fundar seu próprio instituto de arquitetura e os desafios que as mulheres ainda enfrentam para se posicionar no campo profissional. A arquiteta está convencida de que, para atingir a igualdade de gênero na arquitetura, é necessário colocar o tema em debate.
Toyo Ito: "As pessoas se orgulham das torres altas, de estar longe da terra... eu não gosto disso"
Toyo Ito, arquiteto vencedor do Prêmio Pritzker em 2013, deu uma conferência no The Real Estate Show 2017, o evento mais relevante do setor imobiliário no México e América Latina na última terça-feira, 21 de março.
Ito abriu sua conferência falando da relevância da natureza na prática arquitetônica contemporânea. Afirmou que com o passar do tempo, a disciplina se distanciou da natureza e, falando de arranha-céus modernos, disse: "As pessoas se orgulham das torres altas, de estar longe da terra... eu não gosto disso." Colocou, então, a pergunta: como podemos relacionar arquitetura e natureza?
Álvaro Siza: "Os muros [que querem erguer] não são arquitetura, são agressão e isolamento"
Costumava visitar Granada com os pais nos anos 40 e lembra-se de vaguear pelos jardins da Alhambra, uma fortaleza apalaçada que serviu de corte ao Rei, enquanto admirava a maneira como a paisagem natural e artificial se fundiam, os grandes pátios e os jogos de luz e sombra. Muitos anos mais tarde, em 2011, Álvaro Siza Vieira venceu um concurso internacional para a criação de um novo pavilhão de acesso à Alhambra, o segundo local mais visitado em Espanha (atrás da Sagrada Família, em Barcelona), com um projeto realizado em colaboração com o arquiteto espanhol Juan Domingo Santos. "Cada projeto é um desafio, mas este é mítico", afirmou Siza sobre a Porta Nova.
Depois de várias discussões em torno da sua viabilidade, foi anunciado em dezembro passado que o projeto tinha sido cancelado pelo governo de Andaluzia e pelo ICOM, órgão consultivo da UNESCO, e que não iria avançar devido à grande concentração de serviços comerciais. "Argumentam que o projeto não está integrado e é invasivo quando o próprio júri destacou a sua integração. Acho que houve motivos políticos, um conflito entre a junta e a cidade", explica Siza, e estranha que o ICOM sugira que o projeto seja adaptado a outro local.
AD Brasil Entrevista: Pedro Évora na Trienal de Arquitectura de Lisboa
Como parte de nossa seção de entrevistas, compartilhamos uma conversa com o arquiteto Pedro Évora, sócio do escritório Rua Arquitetos juntamente com Pedro Rivera, realizada na Trienal de Arquitetura de Lisboa. Os arquitetos participam da mostra O Mundo nos Nossos Olhos, na qual apresentam seu projeto na Favela da Maré, no Rio de Janeiro.
O arquiteto conta um pouco da história por trás da enorme maquete exposta em Lisboa que faz parte de um amplo processo de projeto na comunidade da Maré e que já rendeu, inclusive, a realização do Centro de Artes da Maré. Dividida em módulos, a maquete pode ter trechos expostos simultaneamente em vários locais e serve tanto de meio de representação como ferramenta de projeto, já que é completamente desmontável, como se pode ver no vídeo.
AD Brasil Entrevista: Alvaro Razuk / 32ª Bienal de Arte de São Paulo: Incerteza Viva
A 32ª Bienal de Arte de São Paulo, que nesta edição tem como título Incerteza Viva, fecha suas portas no próximo domingo, dia 11 de dezembro. Aberta em setembro, a mostra, que tem curadoria de Jochen Volz, reúne cerca de 90 artistas e coletivos que ocupam os espaços do Pavilhão Ciccillo Matarazzo.
Conversamos com o arquiteto Alvaro Razuk, responsável pela expografia da Bienal de Arte, sobre suas estratégias de projeto para dialogar com o tema da mostra e intervir em um edifício tão emblemático como o Pavilhão da Bienal.
Ampliação inspirada na azulejaria tradicional portuguesa por João Tiago Aguiar
Este artigo é parte da série "Material em Foco", onde entrevistamos os arquitetos sobre o processo de criação e pensamento na hora da escolha dos materiais que serão utilizados nos seus projetos.
A Casa Restelo, foi projetada pelo atelier português João Tiago Aguiar - arquitectos. O projeto com 225 metros quadrados, consiste na ampliação de uma residência dos anos 50 no bairro do Restelo, numa zona constituída por moradias geminadas. O projeto também renovou completamente os alçados (fachadas), considerando o pré-existente com uma nova leitura dos padrões inspirados na azulejaria tradicional portuguesa.Nós conversamos com o arquiteto João Tiago Aguiar para saber mais sobre as escolhas dos materiais e sobre os desafios do projeto.