Do deslocamento entre fronteiras ao deslocamento intra-urbano, a população migrante participa e transforma as paisagens e relações de sociabilidade estabelecidas no território onde habitam. A cidade, espaço de encontro e confronto de diferentes perspectivas, intensifica essa característica ao receber fluxos migratórios e acolher de formas distintas os diferentes atores deste processo. Migrantes latino-americanas – grupo múltiplo em raça, identidade de gênero, orientação sexual e classe – confrontam lógicas conservadoras ao se deslocarem por entre fronteiras nacionais e territórios urbanos. Dentro desta realidade, migrantes organizadas em coletivos reivindicam suas demandas e participação na cidade através de manifestações de suas culturas de origem.
Escola da Cidade: O mais recente de arquitetura e notícia
Territorialidades migrantes e a vivência de mulheres latino-americanas em São Paulo
Indissociável: Bernard Tschumi e o Pavilhão de Barcelona
Um manifesto, invariavelmente, antevê um trabalho. Ele vem antes, como forma de publicá-lo, transmiti-lo a um maior número de pessoas. Além disso, um manifesto, invariavelmente, pós-vê um manifesto outro. Ele relê um trabalho, para, assim, reescrevê-lo, adequando-o a suas próprias teorias.
Com a crise de toda uma ideologia, o período pós-guerra foi extremamente frutífero para a teoria da arquitetura. Revistas publicavam, com absurda frequência, os mais diversos manifestos. Esses textos são capazes de ilustrar os debates na arquitetura de forma muito mais eficaz que projetos datados do mesmo período. Afinal, como o próprio nome sugere, eram as publicações a principal responsável por tornar públicas as ideias, principalmente porque uma concretização projetual seria impossível. Eram as revistas, portanto, que fomentaram os debates, possibilitando constantes mudanças ideológicas dentro do campo arquitetônico.
O que acontece com o saco de lixo depois que o colocamos na calçada?
Já estamos acostumados com campanhas de educação ambiental, algumas gerações mais recentes tiveram aulas na escola sobre o tema, as informações são bem simples e já estão marteladas na cabeça de muita gente: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Apesar disso por algum motivo a maioria ainda não consegue seguir a simples recomendação de separar os diferentes resíduos que descartamos diariamente: os orgânicos (passíveis de serem reaproveitados como adubo), os sólidos (passíveis de reciclagem) e finalmente os rejeitos (o que não é reaproveitável) que vão necessariamente direto para os aterros sanitários.
Espaços públicos ociosos: práticas da gestão de áreas públicas em São Paulo
Não é surpresa que a questão fundiária no Brasil seja uma temática complexa. Como define Ermínia Maricato, o “nó da terra” está no centro de diversos conflitos; seja em questão da ocupação produtiva das terras nas áreas rurais, ou no cerne das questões de direito à cidade, habitação e infraestrutura nos centros urbanos. Mas, o que pouco se discute no campo do urbanismo e das políticas públicas urbanas são as relações de causa e efeito do conflito de terras na gestão atual de áreas públicas, principalmente no que diz respeito à organização do patrimônio municipal, e, mais importante, os seus efeitos práticos no desenho da cidade e nas dinâmicas urbanas.
Um (novo) fim para o entulho na cidade de São Paulo
De que forma um resíduo pode se tornar recurso? Ou melhor, quando que um resíduo deixou de ser um recurso? Porque a arquitetura contemporânea ainda constrói como se nossos edifícios fossem grandes titãs que sobreviverão às diversas eras e às adversidades? Essas são todas questões que passam pela mente de um recém-formado em arquitetura. Um dos desafios atuais da produção arquitetônica em uma metrópole como São Paulo é compreender que, após a demolição, o edifício não desaparece. O que nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos nos aponta?
Mesmo que latente, esta questão é ainda pouco debatida dentro da academia, espaço que deveria ser de proposições constantes de alternativas ao nosso estilo de vida. E mesmo que debatida, onde está seu retorno para a população? De que forma podemos difundir esses aprendizados? A educação ainda sim é a chave para a mudança de trilhos do nosso futuro.
Arquiteturas populares em sertões da Bahia: perspectivas sociais, econômicas e políticas
Diversas casas com fachadas de platibanda são observadas em espaços urbanos e rurais de sertões da Bahia. Muitas delas apresentam-se revestidas com módulos de porcelanato, gradis de ferro, além de portas e janelas metálicas. Esta recorrência pode ser entendida como um fato cultural: as construções aqui discutidas foram observadas em cidades, distritos e povoados localizados nos municípios de Monte Santo, Uauá e Curaçá no ano de 2019.
Estas fachadas trazem em si composições gráficas, produzidas por aqueles que as constróem em diálogo com os moradores das próprias casas. São diagramadas, por pedreiros e ou moradores-construtores¹, informações visuais impressas sobre os revestimentos cerâmicos, assentados sobre o plano. Ainda na composição do plano frontal, são fixadas grades que também desenham as aberturas de grande parte de residências e estabelecimentos estudados.
Archigram: trajetória e influências ao longo de suas produções
O texto ‘Algumas Notas sobre a Síndrome Archigram’, de Peter Cook, é o símbolo da arquitetura no início da era da reprodutibilidade em massa. Publicado pela primeira vez pela Perspecta 11 - Yale Architectural Journal de 1967 e republicado no livro ‘Textos de Arquitectura de la Modernidad’ de 1999, o texto retoma a partir do olhar do autor a cronologia e as consequências do pensar e fazer arquitetura proposto pelo grupo Archigram - publicação anual que deu origem ao coletivo de arquitetos de mesmo nome.
O grupo destaca-se como marco de transformações do pensamento da cidade, da representação, da arquitetura e do saber tecnológico aplicado ilimitadamente dentro da sua produção. E, dessa forma, fazendo com que suas elaborações não sejam isoladas, mas sim vinculadas às principais manifestações artísticas na Inglaterra e nos EUA - com o Independent Group e as ondas de ‘contracultura’.
Uma leitura sobre as exposições inaugurais do Museu Anahuacalli e do Museu de Arte Popular do Unhão
Em 1963, a exposição “Nordeste” inaugurou o Museu de Arte Popular do Unhão em Salvador. Apesar do fortuito cenário para que Lina Bo Bardi deslanchasse o projeto do museu nas dependências restauradas do Solar do Unhão, suas atividades foram interrompidas após um ano de existência. A mostra temporária e única aberta ao público contou com empréstimos de diferentes coleções particulares e acervos museológicos para apresentar uma extensa reunião de objetos variados, baixo um convite ao público geral para compreender o valor do fazer técnico popular. A exposição que a gosto da arquiteta teria sido intitulada ‘Civilização Nordeste’ acusou posturas de classe pouco relacionadas com o conhecimento do que qualificou como a "atitude progressiva da cultura popular ligada a problemas reais". (BO BARDI, 1963)
Escola da Cidade recebe exposição sobre Artacho Jurado
A Galeria da Cidade recebe a exposição Artacho Jurado no Desenho da Cidade, sobre o arquiteto autodidata que projetou e construiu marcos da São Paulo moderna como o edifício Bretagne, Cinderela, Louvre, entre outros. A abertura para o público ocorre no dia 4 de setembro, sábado, data que celebra os 114 anos de seu nascimento.
Avesso aos códigos rígidos do modernismo corrente na época, Jurado desenvolveu um estilo próprio, com detalhes requintados e muitas cores, além de uma generosidade dos espaços e dos programas, abrindo quase sempre o térreo de seus edifícios para a cidade. Graças à sua linguagem extrovertida, foi comparado, pelo crítico Décio Pignatari, ao arquiteto catalão Antoni Gaudí.
Achando potencial no não fazer: encarando as possibilidades no Edifício Bonpland de Adamo Faiden
Existe, ao estudar arquiteturas indeterminadas, um instinto, quase que natural, de tentar encontrar um rótulo para ela. E, se não um rótulo, uma forma de tentar solucioná-la para que ela possa, mesmo que momentaneamente, ser algo mais concreto. O que acontece se não tentarmos defini-la?
Em 2019, visitei, com alguns colegas, o Edifício Bonpland do escritório argentino Adamo Faiden. Antes de visitarmos, em conversa com amigos, tentei explicar o conceito por trás de muitos edifícios porteños do século XXI. A lógica de ocupação do terreno, que se articula como dois blocos, um frontal e outro traseiro ligados por uma circulação centralizada, os gabaritos e, no caso do edifício Bonpland, uma planta que tinha como elementos estruturais a circulação vertical e os núcleos hidráulicos. Comentei sobre o exercício de indeterminação que existia no prédio e recebi uma resposta muito interessante: fui dito que essa falta de resolução dos layouts dos espaços internos era preguiça dos arquitetos.
Arquiteturas do Sul Global: conversa com Adengo Architecture, Taller de Arquitectura e DnA Design and Architecture
Arquiteturas do Sul Global é o título do curso ministrado pelos arquitetos Marco Artigas e Pedro Vada, por meio da Associação Escola da Cidade, que tinha como objetivo ampliar o repertório sobre a produção arquitetônica contemporânea levando em consideração a urgente necessidade de novos olhares, fundamentalmente contra-hegemônicos. Partindo do conceito de Sul Global em consonância com uma visão de união entre os países que passaram por processos de colonização, o curso, ministrado entre setembro e dezembro de 2020, estabeleceu constantes diálogos com arquitetas e arquitetos que mantém sua atuação ou residência nos países deste chamado sul.
A ideia desses encontros foi discutir o que e como estão construindo nesses países, com base em uma conversa mais direta sobre as questões colocadas pelos diversos territórios, sociedades e culturas, explorando com maiores detalhes o processo e as decisões tomadas em cada projeto, com documentação mais rica que as utilizadas em publicações, abordando reflexões estruturais e temas urgentes.
Alfredo Bosi: Cultura ou culturas brasileiras?
A Escola da Cidade, por meio da disciplina Seminário de Cultura e Realidade Contemporânea, recebeu o professor Alfredo Bosi para discutir a noção de cultura ou culturas. Na conversa, o professor partindo de experiências vividas por ele que tangenciam diversos tipos de vivências espaciais, tensiona e expõe várias faces que a palavra cultura apresenta.
Arquiteturas do Sul Global: conversa com Remígio Chilaule, O Norte – Oficina de Criação, Matri-Archi(tecture) e El Sindicato de Arquitectura
Arquiteturas do Sul Global é o título do curso ministrado pelos arquitetos Marco Artigas e Pedro Vada, por meio da Associação Escola da Cidade, que tinha como objetivo ampliar o repertório sobre a produção arquitetônica contemporânea levando em consideração a urgente necessidade de novos olhares, fundamentalmente contra-hegemônicos. Partindo do conceito de Sul Global em consonância com uma visão de união entre os países que passaram por processos de colonização, o curso, ministrado entre setembro e dezembro de 2020, estabeleceu constantes diálogos com arquitetas e arquitetos que mantém sua atuação ou residência nos países deste chamado sul.
A ideia desses encontros foi discutir o que e como estão construindo nesses países, com base em uma conversa mais direta sobre as questões colocadas pelos diversos territórios, sociedades e culturas, explorando com maiores detalhes o processo e as decisões tomadas em cada projeto, com documentação mais rica que as utilizadas em publicações, abordando reflexões estruturais e temas urgentes.
E se os Fab Labs fossem o “faça você mesmo” da arquitetura?
O movimento maker é uma filosofia que gira em torno da atividade criativa do fazer, intrínseca ao ser humano, e que se dá através da utilização, adaptação e modificação de recursos existentes sem ajuda profissional (HATCH, 2013). Além disso, é baseada na cultura do “faça você mesmo”, sendo sua principal diferença a utilização de ferramentas digitais que facilitam e potencializam a colaboração, a documentação e o compartilhamento entre as pessoas. Desta forma os projetos ficam abertos e adaptáveis, qualquer pessoa pode acessar e modificar.
"Nós temos medo da liberdade": entrevista com Paulo Mendes da Rocha
O consagrado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que no dia 23 de maio nos deixou, eternizando-se enquanto legado, concedeu entrevista à Revista América #1 publicada há pouco mais de dois anos. Nesta revista da pós-graduação da Escola da Cidade, o arquiteto, cujas reflexões estão no bojo do projeto editorial da publicação, expande – como fez em diversas outras ocasiões – o conceito de arquitetura atrelando a ela as dimensões geográfica e política.
Plano de Bairro do Jardim Lapenna: implementação de direitos e o fazer em comunidade
O Plano de Bairro é um instrumento de planejamento urbano que incentiva a população a pensar em ações para a melhoria do seu bairro. Ele foi instituído na cidade de São Paulo pela lei municipal do Plano Diretor Estratégico com os objetivos de articular as questões locais com as questões estruturais da cidade, levantar as necessidades por equipamentos públicos, sociais e de lazer nos bairros, além de fortalecer a economia local e estimular as oportunidades de trabalho.
Arquitetura japonesa em 7 aulas
A Escola da Cidade compartilhou conosco a série de aulas sobre Arquitetura e Cultura japonesa que integra o programa Estúdio Deriva. Nesta série conta com as seguintes aulas: "A ambiência sem hierarquia: Sanaa e a música eletrônica" com Guilherme Wisnik, "Cultura Contemporânea Japonesa" com Gabriel Kogan, "A atuação profissional dos arquitetos japoneses" com Lourenço Gimenes, "Uma análise gráfica das midiatecas de Toyo Ito" com Marina Lacerda, "Destruir para construir: O impacto dos planos de reconstrução de Tokyo em Akira" com Beatriz Oliveira, "Jidai no nagare, o fluxo das eras: encaixes japoneses em madeira" com Heloisa Ikeda e "A estrada de Tōkaidō: viagens, xilogravuras e cidades do período Tokugawa (1603-1868)" com Fernanda Sakano. Assista aqui todas as aulas.
O que podemos aprender com as cozinhas das ecovilas
De diversas formas a observação sobre a área rural e suas comunidades podem trazer ensinamentos para a implementação de dinâmicas sustentáveis nas cidades. Ao estudar especificamente as ecovilas, pontos importantes sobre a relação entre humanos e biosfera se tornam explícitos, principalmente em um espaço de importância a todas elas: a cozinha.
Na cultura ocidental capitalista é visível a dicotomia presente entre natureza e humanidade. O homem forma sua identidade como algo externo à natureza, e na maioria das vezes superior à ela. Como consequência dessa ruptura conceitual aparecem também as quebras espaciais. A cidade é vista como um produto humano, na qual os moradores destas, para entrarem em contato com a natureza, precisam encontrar os seus remanescentes em parques ou praças. Os “vazios” de ocupação humana, como as florestas, são vistas como falhas, espaços que a humanidade ainda não transformou.