Seja como ator, seja como escritor, Gregorio Duvivier faz a gente rir – e pensar – mesmo quando comenta os assuntos mais cinzentos dos dias de hoje. Uma forma, segundo ele, de criar laços e consolidar amizades.
Convidado do Betoneira Podcast, ele conversa também sobre Carnaval, espaços públicos e a rivalidade Rio-São Paulo, tema frequente de seu trabalho.
Visualize seu bairro ideal. Talvez seja em uma rua sem saída nos subúrbios, onde cada vizinho tem um gramado bem cuidado, uma garagem para dois carros e todos se cumprimentam amigavelmente a caminho do trabalho. Ou talvez você more em um arranha-céu em um centro urbano denso, use o transporte público para ir ao escritório cinco dias por semana e cumprimente o porteiro ao sair. Seja qual for a aparência do seu bairro, sempre há a sensação de querer conhecer as pessoas que moram perto de você — ou pelo menos uma confiança tácita umas nas outras para garantir que seu entorno esteja seguro. O que acontece quando a tecnologia junta você e seus vizinhos para relatar os acontecimentos locais? Seria isso algo bom, ou criaria uma estranha situação de vigilância distópica?
A implantação de um novo parque urbano sob o Viaduto Santa Ifigênia e de um mirante na Avenida Senador Queirós, a ampliação de calçadas e reorganização do trânsito na Praça Alfredo Issa, o aumento de área verde na Praça Dr. João Mendes e uma nova Praça Clóvis Beviláqua para ocupação das pessoas. Essas são algumas das soluções urbanísticas apresentadas pelos vencedores do Concurso Internacional Reinventing Cities São Paulo para a requalificação de quatros espaços públicos no centro da cidade.
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De acordo com o Relógio da População Mundial, a população humana chegou aos 8 bilhões em 15 de novembro. Segundo a ONU, este marco representa uma celebração da longevidade humana devido a melhorias na saúde pública e na medicina, mas também vem com alertas sobre desigualdade, acesso limitado a alimentos e recursos e danos ambientais. Apesar do número impressionante, o relatório anual Perspectivas da População Mundial mostra que a população global está crescendo no ritmo mais lento desde 1950 e prevê uma desaceleração contínua na segunda metade deste século.
Como mais da metade da população mundial vive nas cidades, cerca de 55,7%, de acordo com os últimos relatórios da ONU-Habitat, os desafios urbanos estão crescendo exponencialmente. A ONU espera que esse número aumente para 68% até 2050, com cerca de 90% desse aumento ocorrendo na Ásia e na África. A urbanização acelerada pode apresentar riscos significativos, como o aumento da desigualdade, da pobreza, do desenvolvimento setorizado, da exclusão social e da poluição. Nesse contexto, uma agenda urbana bem equilibrada torna-se crucial para conseguirmos cidades inclusivas, seguras e sustentáveis.
Nos últimos anos, os sistemas de compartilhamento de bicicletas experimentaram um renascimento potencializado pela pandemia que ocasionou um duro declínio de outras formas de transporte coletivo. Embora o número de ciclistas tenha parado de subir, uma vez que diversos aspectos da "vida normal" retornaram, muitas pessoas continuam a ver as bicicletas compartilhadas como um meio de transporte viável, atraídas pela facilidade e acessibilidade de ir de um lugar a outro.
No início do século XIX, em uma Paris prestes a ter seu tecido medieval rasgado pelos enormes bulevares de Haussmann, a romancista George Sand se vestia como homem para andar pelas ruas. Segundo seus diários, “de calças e botinas podia voar de uma ponta a outra da cidade, qualquer que fosse o clima, a hora e o local”. Ninguém lhe dava atenção, ninguém adivinhava seu disfarce, ninguém a olhava ou criticava, ela era mais um “átomo perdido naquela imensa multidão”. Graças às vestes masculinas, Sand vivenciou incursões destemidas e percursos solitários, como um verdadeiro flâneur. Experiências que, posteriormente, se tornaram fundamentais para a construção de suas narrativas de sucesso.
Espaços públicos urbanos têm potencial para transformar a vida dos bairros e das cidades e por isso precisam estar abertos às mudanças sociais, culturais e tecnológicas que ocorrem na sociedade. Da horta urbana ao espaço pet, dos jardins de chuva aos pavilhões de arte, a vida nas cidades contemporâneas criou novas demandas e novas formas de usar e se apropriar dos espaços públicos.
“A supertempestade Sandy em 2012 foi um alerta para Nova York e fez a cidade perceber que precisava se preparar melhor para as mudanças climáticas”, disse Adrian Smith, vice-presidente da ASLA e líder da equipe de projetos de capital de Staten Island com a NYC Parks. Devido às tempestades de Sandy, “várias pessoas em Staten Island morreram e milhões foram perdidos em danos materiais”.
No 10º aniversário de Sandy, Smith, junto com Pippa Brashear, diretora da SCAPE, e Donna Walcavage, diretora da Stantec, explicaram como projetar com a natureza pode levar a comunidades costeiras mais resilientes. Durante a Semana do Clima de Nova York, elas conduziram centenas de pessoas por dois projetos on-line interconectados no extremo sudoeste da ilha: Living Breakwaters e seu companheiro em terra — o Tottenville Shoreline Protection Project.
A Prefeitura do Rio de Janeiro deu início, em setembro, às obras do novoParque de Realengo Jornalista Susana Naspolini, localizado na zona oeste da capital fluminense. Desenvolvido pelo escritório de urbanismo e paisagismo Ecomimesis, o novo parque prevê a construção de hortas, um percurso cultural, área esportiva, jardins de chuva e um ecoponto destinado ao recolhimento e triagem de todos os resíduos sólidos do parque.
Em termos legais, o espaço viário pertence aos entes federados e, por isso, é encarado como de natureza pública. Todavia, de acordo com a teoria econômica, os diversos bens produzidos pela sociedade apresentam características distintas.
Skidmore, Owings & Merrill (SOM) divulgou o projeto 8 Shenton Way, uma torre de 305 metros de altura. Uma vez concluída, ela se tornaria não apenas o edifício mais alto mas um dos arranha-céus mais sustentáveis da Ásia. A torre de uso misto se inspira nas florestas de bambu para criar uma comunidade vertical interna-externa com espaços públicos, escritórios, varejo, hotel e residências. Em parceria com a DCA Architects, o projeto está programado para ser concluído em 2028 e se tornará o mais novo marco na paisagem urbana de Singapura, junto com a Marina Bay e a CapitaSpring Tower.
Meninas adolescentes não são crianças nem adultas, o que significa que elas têm necessidades e comportamentos específicos diferentes desses dois grupos. Infelizmente, como muitos grupos marginalizados, essas necessidades e comportamentos não são atendidos ou incentivados em nosso ambiente construído, como aconteceu com outros. Por exemplo, playgrounds são construídos para as crianças e quadras esportivas que estimulam a competição são direcionadas para homens e meninos adolescentes.
Assim, não construir espaços públicos com as necessidades das meninas adolescentes em mente permite que outros grupos de pessoas, predominantemente homens que já ocupam 80% dos espaços públicos, continuem a dominá-los. Fazendo meninas adolescentes se sentirem dez vezes menos seguras em espaços públicos. Essa ausência não apenas afeta seu desenvolvimento social, físico e mental, mas também complica a maneira como elas veem seu lugar nos espaços públicos.
Os parquinhos infantis, conhecidos também como playgrounds, são espaços com equipamentos dedicados ao lazer das crianças, onde elas podem desenvolver diferentes habilidades motoras e sociais. Esses espaços, porém, são novos em nossas culturas e cidades e surgem a partir do reconhecimento da infância enquanto etapa fundamental do desenvolvimento humano.
As pessoas queer sempre estiveram presentes, encontrando formas de existir, se reunir e celebrar. Embora sua visibilidade nem sempre tenha sido destacada ao longo da história, por terem que se submeter estritamente à heteronormatividade no passado, não significa que antes não tinham espaços próprios para chamar de seus. Espaços queer, no passado e no presente, têm sido categorizados como locais fortes, vibrantes, vigorosos e dignos de ocuparem seu próprio lugar na história. São lugares seguros para identificação de individualidades, convivência, entretenimento e até oferta de moradia comunitária. Sendo assim, sempre haverá a necessidade de espaços queer.
Em um contexto em que a falta de segurança pública assola cotidianamente as grandes cidades brasileiras, impactando a maneira como nos comportamos no ambiente urbano, é importante observar não apenas como agimos nesse ambiente mas também como o construímos e com quais intenções o modificamos.
Muros altos, grades, câmeras, alarmes e concertinas já fazem parte de uma paisagem que se demonstra amedrontada e parece buscar constantemente uma “proteção” do patrimônio privado, muitas vezes em detrimento da apropriação do espaço público.
Se você mora em uma área urbana, suburbana ou rural, há uma boa chance de que usar uma calçada, de alguma forma, faça parte de sua rotina diária. Seja atravessando uma calçada para chegar ao seu carro em um estacionamento ou andando vários quarteirões em seu trajeto até o centro da cidade, as calçadas são essenciais para criar locais seguros para os pedestres distante das ruas. Mas o que acontece quando as cidades não se responsabilizam pela manutenção das calçadas e elas são deixadas sob cuidado das pessoas que apenas as usam?
Os espaços públicos de propriedade privada, apelidados de POPS devido à sigla de seu nome em inglês — privately owned public spaces —, nasceram em Nova York, em 1961, a partir de uma estratégia de incentivo do poder público à criação de áreas livres, de uso público, em imóveis privados, com zeladoria realizada pelo proprietário.
O final da temporada de verão é geralmente marcado por multidões que correm para as piscinas públicas para aproveitar seus últimos dias na água. As piscinas públicas são muito mais complexas do que apenas espaços cercados, barulhentos e com cloro. Uma história delicada e muitas influências socioeconômicas estão sob a superfície e ditam quem pode nadar. O que acontece quando as piscinas se tornam propriedade privada e uma espécie de símbolo de status, e quando estes espaços públicos deixam de atender a todos?