O centro das grandes cidades é alvo de diversos agentes públicos e privados. Normalmente com uma infraestrutura urbana completa, essas regiões condensam diversas camadas: de uma quantidade considerável de imóveis vazios até fenômenos como o da gentrificação, que aumentam o valor do custo de vida na região e expulsa as pessoas mais pobres para bairros distantes, acarretando em diversos problemas para o município.
Habitação de baixo custo: O mais recente de arquitetura e notícia
Novos modelos de moradia popular no centro de São Paulo
Projetada por Mecanoo, Brink Tower começa a ser construída em Amsterdã
A Brink Tower, de autoria do escritório Mecanoo, acaba de receber as permissções necessárias e as obras estão previstas para começarem meados de outubro de 2022. Localizado em Amsterdã, na Holanda, o edifício de 90 metros de altura foi desenvolvido pela Xior Student Housing e DubbeLL, vencedores do concurso de projeto para esta torre, em conjunto com o Mecanoo Architecten, em 2020. Ela oferecerá um programa misto, incluindo espaços para viver, trabalhar e relaxar em um ambiente saudável. A torre residencial está preparada para criar um "bairro com energia positiva, verde e inclusivo" e contribuir para o desenvolvimento de Overhoeks no norte de Amsterdã.
O que podemos aprender com a habitação coletiva na Índia
Em quase todas as línguas indianas, um termo coloquial para "família" (ghar wale em hindi, por exemplo) se traduz literalmente como "aqueles que estão em (minha) casa". Tradicionalmente, os lares indianos abrigavam gerações de uma família sob o mesmo teto, formando bairros próximos de parentes e amigos. A arquitetura residencial, portanto, foi influenciada pelas necessidades desse sistema familiar. Espaços de interação social são essenciais na habitação coletiva, assim como estruturas que se adaptam às necessidades de mudança de cada família. A relação matizada entre cultura, tradições e arquitetura é maravilhosamente manifestada na sintaxe espacial da habitação indiana.
Tendências urbanas: o modelo de habitação cooperativa em Barcelona
A habitação cooperativa ou co-habitação é um modelo habitacional que permite expandir o acesso à moradia nas cidades. Este modelo começou a ser desenvolvido em países como a Dinamarca e o Uruguai e está se tornando cada vez mais popular na Europa. Tanto que, há alguns anos, chegou a Barcelona e desde então não parou de se expandir na região, ultrapassando os limites da própria cidade. A seguir, explicaremos em que consiste o modelo de co-habitação em Barcelona e como ele contribui para uma arquitetura mais democrática para os cidadãos.
Startup Vantem, financiada por Bill Gates, está construindo casas econômicas e neutras em carbono
A Vantem é uma empresa startup de construção, que fabrica casas de alta eficiência, neutras em carbono, a custos competitivos e baixo carbono incorporado. Recentemente participou de uma rodada de investimentos da Série A da empresa Breakthrough Energy Ventures, fundada por Bill Gates. As casas neutras em carbono, edifícios que produzem tanta energia quanto consomem, são tipicamente mais baratas do que as casas padrão. Ainda assim, eles geralmente envolvem altos custos de construção, pois exigem tecnologia e engenharia de construção avançadas. A Vantem pretende mudar esta dinâmica através do emprego de tecnologia de construção modular.
Crianças: grandes atores na produção social do habitat
Quando falamos de produção social, tratamos dos processos em que os líderes das comunidades são adultos que representam e tomam as decisões por sua comunidade; mas deixamos de fora as crianças que também se apropriam e vivem em seus espaços. Quem têm imaginação e criatividade ilimitadas, que criam cenários em Marte em uma quadra de basquete. Quem têm as melhores corridas de carros na areia espalhada de seu quintal. Meninos e meninas que, por diferentes circunstâncias familiares ou econômicas, não podem escrever uma carta, mas conseguem dizer o que sentem e querem nas entrelinhas.
Bairro Maestranza Ukamau e o direito à moradia no Chile
"A cidade é conflito, assim como a sociedade é conflito, mas que conflitos são moldados e expressos em cada cidade fala de como é cada uma delas", diz a antropóloga urbana María Cristina Cravino quando se refere ao direito à cidade na América Latina. Em um contexto crescente de cidades com processos de gentrificação, onde os altos preços dos terrenos e da habitação expulsam os moradores de baixa renda, o novo bairro Maestranza Ukamau oferece um exemplo interessante que tem muito a dizer sobre possíveis caminhos de acesso à moradia pública em Santiago do Chile.
O projeto, localizado nos terrenos da antiga Maestranza de Ferrocarriles San Eugenio, no centro, entre as ruas Santiago Watt e Exposición no bairro da Estación Central, não foi projetado apenas pelo arquiteto Fernando Castillo Velasco nos últimos anos de sua vida e continuado por seu filho Cristián Castillo junto com Elías Becerra e Pamela González, mas também pela comunidade de famílias organizada nas assembléias do Movimento Social e Popular Ukamau, onde deliberaram e discutiram passo a passo o projeto de suas casas. São quase 3 hectares de terra, 424 apartamentos.
Nova York transformará hotéis subutilizados em moradias populares para combater a crise habitacional
O prefeito de Nova York, Eric Adams, expressou seu apoio a uma lei estadual que facilitaria para a cidade a conversão de hotéis subutilizados ou vagos em moradias acessíveis e de apoio. O prefeito estimula os legisladores do estado de Nova York a desbloquear uma ferramenta crítica no combate à crise da habitação a preços acessíveis e combater a falta de moradia no processo. A estrutura de conversão proposta pelo projeto de lei permitiria que as autoridades criassem unidades habitacionais acessíveis a dois terços do custo e a um terço do tempo necessário para a construção de uma casa de baixo custo.
Sustentabilidade e suas implicações no desenho do espaço
Nas discussões arquitetônicas atuais, a sustentabilidade é um tema chave. As empresas de arquitetura adotam o termo como uma parte fundamental de seu ethos de design, e as escolas de arquitetura globalmente integraram o projeto de arquitetura “verde” como um componente central de seus currículos. Essa conversa sobre sustentabilidade também foi filtrada em ações mais individuais que podem ser tomadas em seu contexto imediato. On-line, por exemplo, há muitos guias sobre como tornar sua casa mais ecológica e eficiente em termos de energia.
Estacionamentos de trailers e casas móveis têm futuro como habitação acessível?
O futuro das casas fabricadas pode reinventar algo que já existe amplamente nos Estados Unidos – os estacionamentos de trailers. Por todo o país, essas pequenas casas estão sendo reimaginadas por arquitetos, que estão utilizando materiais mais sustentáveis e técnicas de construção inventivas para criar casas acessíveis e ressignificar a conotação negativa que já cercou esse tipo de moradia.
Aldeia Navarro: um protótipo de habitação social rural na Colômbia
A Prefeitura de Santiago de Cali, o Fundo Especial de Habitação FEV e a Sociedade Colombiana de Arquitetos - Valle del Cauca (SCA Valle) promoveram um concurso público para um projeto preliminar envolvendo o desenho urbano, arquitetônico e paisagístico de um protótipo de habitação social rural sustentável destinado ao reassentamento de famílias com vocação produtiva.
Por estar localizado na cidade de Santiago de Cali, mais precisamente no Valle del Cauca, Colômbia, o júri decidiu conceder o primeiro lugar ao escritório de arquitetura DARP - De Arquitectura y Paisaje + Ana Elvira Vélez.
Novos modelos de moradia coletiva
Por séculos, a produção habitacional tem se amparado em um conjunto bastante limitado de configurações espaciais, uma conduta que finalmente parece não mais responder às correntes necessidades dos usuários. Somado a isso, a escassez generalizada de moradias acessíveis, o aumento de pessoas que vivem sozinhas e o envelhecimento da população têm nos forçado a reavaliar nossos principais modelos de habitação, a fim de propor soluções de moradia que possam melhor reponder a realidade humana das cidades. Com isso em mente, a seguir exploramos alguns dos modelos contemporâneos de habitação coletiva que buscam reinterpretar o conceito de moradia para melhor os amoldar aos estilos de vida atuais.
De Chicago a Nápoles: o fracasso de dois grandes projetos de habitação social
A atual pandemia escancarou as muitas desigualdades enraizadas em nossa sociedade, especialmente no que se refere à distribuição extremamente desigual de recursos e infraestruturas públicas em territórios urbanos. Desde o início da corrente crise sanitária mundial, aqueles que podiam pagar, por exemplo, optaram por trocar a vida na cidade por suas confortáveis casas de final de semana em meio à natureza. No outro extremo, também testemunhamos como as pessoas mais pobres sofreram com a dificuldade de acesso à cidade, espaços públicos e áreas verdes—sendo forçados a continuar suas rotinas de trabalho e deslocamento apesar das muitas restrições e dos evidentes riscos de saúde pública. Para piorar, não podemos deixar de mencionar a questão do acesso (ou a falta de) à moradia digna e de que forma deveríamos abordá-la para responder aos muitos desafios do presente e do futuro.
Habitação social contemporânea na China: resposta às restrições
Saskia Sassen, professora da Robert S. Lynd, de Sociologia da Universidade de Columbia, prevê em seu livro de coautoria "Os Documentos de Quito e a Nova Agenda Urbana" que, no futuro, as cidades serão um campo de batalha crucial, à medida que continuamos a lutar contra a gentrificação e o crescente grau de isolamento em nossas comunidades. Sassen argumenta que “as cidades devem ser um espaço inclusivo, tanto para os ricos quanto para os pobres. No entanto, nossas cidades nunca alcançaram igualdade para todos, já que nunca foram projetadas dessa forma. Mesmo assim, elas não devem ser lugares que toleram desigualdades ou injustiças”.
O que ordens de despejo têm a dizer sobre a desigualdade social nas grandes cidades
Um dos principais impactos da atual pandemia na economia das cidades foi o aumento das ordens de despejo e multas por atrasos no pagamento dos aluguéis. Sabe-se que a vida nas grandes cidades não é fácil e embora o salário médio nas metrópoles costuma ser maior se comparados a cidades de menor porte, os custos de vida também são relativamente mais altos. Isso significa que, uma vez desempregados—como os milhares de trabalhadores que perderam seus postos de trabalho por conta da pandemia—, os moradores das grandes cidades passam a enfrentar sérios problemas para poder pagar as suas contas. Neste início de retomada, a medida que a economia começa a dar sinais de recuperação, há uma série de questões que ainda precisam ser resolvidas, principalmente em relação ao endividamento de muitos inquilinos que por meses não tinham meios para poder pagar seus aluguéis. Neste contexto, o que fica claro é que o custo de vida nas grandes cidades está tornando a vida nas metrópoles praticamente insustentável para muitos trabalhadores—os quais se vêm entre a cruz e a espada e sem nenhuma opção de escolha.
Rompendo o estigma estético da habitação social
Historicamente, a estética e a funcionalidade representam dois dos principais valores relacionadas à arquitetura e ao planejamento urbano—e isso não é diferente quando lidamos com projetos de habitações sociais e acessíveis. Embora os princípios de beleza e utilidade, com a adição do conceito de firmeza, tenham sido utilizados para definir à arquitetura desde Vitrúvio, por outro lado, ao analisarmos a paisagem construída através destas três lentes apenas, acabamos deixando de contemplar uma série de outros importantes aspectos que caracterizam estas duas disciplinas. Frutos desta nossa inaptidão em perceber os diferentes valores que a arquitetura engendra são o preconceito em relação as qualidades (ou da suposta falta delas) estéticas em projetos de habitação social e habitações acessíveis, a estereotipação dos aspectos socioeconômicos que as fazem necessárias e o discurso discriminatório associado as pessoas que se beneficiam destas políticas habitacionais.
A estética da automação: analisando uma habitação de baixo custo impressa em 3D
A viabilidade da impressão em 3D na arquitetura - passou por uma mudança sísmica nos últimos anos. Geralmente rebaixados a protótipos ou modelos conceituais, os projetos de construção impressos em 3D estão cada vez mais atualizados com os projetos físicos. Em 2013, a WinSun, uma empresa chinesa - conseguiu imprimir 10 casas em um período de 24 horas, tornando-se uma das primeiras empresas a obter esse resultado ao usar a tecnologia de impressão 3D. Mais recentemente, em 2018, uma família na França tornou-se a primeira no mundo a morar em uma casa impressa em 3D. A cidade de Dubai também pretende que um quarto de seus prédios sejam impressos até 2025. Esses exemplos indicam a ascensão dessa tecnologia e com o passar dos anos, é possível que a automação na fabricação de edifícios seja uniforme e mais integrada ao processo de construção.
Crise habitacional em Cuba e a esperança por um novo futuro
A idade média de uma casa em Cuba é de pouco mais de 75 anos, e além disso, três delas desaparecem a cada novo dia que nasce. Neste contexto, a crise habitacional cubana talvez seja um dos exemplos mais dramáticos da desigualdade urbana no planeta. Embora em sua extensa história, Cuba tenha testemunhado diversas ondas de influência estrangeira em seu governo e, por sua vez, em suas políticas públicas e estratégias de planejamento urbano, nenhum de seus habitantes jamais foi privado de um teto onde morar. Neste momento, entretanto, o seu estoque imobiliário envelhecido está ruindo e milhares de pessoas se vêm forçadas a viver em abrigos compartilhados. Dito isso, o acesso à moradia digna em Cuba nunca esteve tão ameaçado e muito se pergunta sobre como o país está enfrentando esta crise habitacional sem precedentes. Investir na preservação e manutenção de um patrimônio construído maltratado por anos ou lançar-se a construir novas casas, bairros e cidades? Como está se dando o processo de atualização das normas locais e códigos de obras específicos no que se refere ao processo de transferência de propriedade e autonomia em relações aos projetos de reforma e construção?