No âmbito da arquitetura, grande parte do século XX é marcada por uma produção que se lê, de modo geral, como moderna. As bases que configuram essa produção têm sido, há pelo menos seis décadas, objeto de discussão, reunindo opiniões divergentes sobre a verdadeira intenção por trás da gestalt moderna.
Publicada originalmente em 1995, Registro de uma vivência é uma autobiografia de Lucio Costa (1902-1998) formada de textos críticos e memorialísticos, planos, projetos, fotografias e desenhos especialmente escolhidos e compostos pelo autor.
Esgotada há quase 20 anos, a publicação foi reeditada pela Editora 34 em parceria com Edições Sesc SP, respeitando integralmente o projeto gráfico original, acrescida de uma apresentação de Maria Elisa Costa, filha de Lucio, de um índice onomástico, e de um ensaio de Sophia da Silva Telles, que procura decifrar o sentido da obra deste grande arquiteto e urbanista que foi também um dos mais importantes intelectuais brasileiros do século XX.
Em qualquer profissão é comum que filhos sigam a carreira dos pais, motivados pelo contexto em que cresceram e contagiados pela paixão pela profissão. Na arquitetura não poderia ser diferente. Viver rodeado de croquis, plantas e café parece despertar a vontade de seguir a mesma carreira.
Por razão do dia dos pais comemorado no Brasil neste próximo domingo, 12 de agosto, compilamos uma lista de arquitetos e arquitetas que seguiram os passos de seus pais. Confira a seguir:
Brasília não necessita de defesa. Sua realidade se impõe acima de qualquer discurso. Como escreveu Paulo Leminski, em seu Catatau: Brasília – alegria dos mapas.
Nestes tempos sombrios de nosso país, retoma-se a crítica sobre a inoportunidade, ou o erro, da transferência da capital do Rio de Janeiro para o cerrado do planalto central. Argumento conformista, com pretensão avant-garde, no qual se pretende estabelecer paralelo entre o desmonte da cidade do Rio de Janeiro e a mudança da capital.
A poeira da memória nos faz esquecer os embates e revoltas com a mudança da capital da Bahia para o Rio, também na ocasião considerada um erro. Junto com o deslocamento para o novo e belo recinto da baía da Guanabara, veio também o sistema escravocrata e a naturalização da violência, implícita em sua organização. O paralelo é possível entre Rio-Brasília e Bahia-Rio. A arquitetura ou o novo recinto geográfico não significa uma mudança das formas de organização ou gestão de uma sociedade.
Como exemplar figura contribuinte à produção arquitetônica moderna, Lúcio Costa atuou em diferentes frentes – do desenho do edifício ao desenvolvimento de planos urbanos, como é o caso da cidade de Brasília. Entre as muitas facetas do arquiteto, sua participação na valorização e estabelecimento de politicas capazes de atuar em prol da proteção do patrimônio histórico nacional são um marco em sua carreira e, sobretudo, aos bens do país.
"...Brasília é a execução, em alta modernidade, da ideia nutrida pelo Ocidente do que fora a plenitude grega" (Paulo Emilio Salles).
Sempre que, no eixo monumental, cruzo a linha imaginária que liga o Congresso Nacional ao Palácio do Itamaraty e vislumbro a Praça dos Três Poderes do alto da rampa que nela desemboca, me vem uma emoção genuína, que não se desgasta pela sua repetição. A visão privilegiada do conjunto da Praça, ladeada pelos seus três edifícios principais e adornada com a perspectiva do Itamaraty, à direita, é uma imagem que só se compara com a dos grandes espaços urbanos icônicos da humanidade.
Pensada como um microcosmo da vida e cultura brasileiras, Maison du Bresil é um exemplo significativo dos projetos residenciais de alta densidade de Le Corbusier. Inaugurada em 1959, é uma das vinte e três residências internacionais da Cité Internationale Universitaire de Paris, localizada no coração da capital francesa. Como "Casa do Brasil", o edifício funciona como residência para acadêmicos, estudantes, professores e artistas brasileiros, e como um centro para a cultura brasileira, fornecendo espaços de exposição e arquivos. Nomeadamente, o edifício tem proporcionado residência a famosos brasileiros, como o renomado jornalista Barroso Zózimo do Amaral.
Há 60 anos, Lucio Costa propôs uma cidade em forma de avião. Em 16 de março de 1957, a banca responsável por escolher o plano arquitetônico de Brasília assinou o documento que autorizava a execução do projeto apresentado pelo arquiteto, que elevou seu nome a um dos sinônimos da capital federal. A proposta apresentada pelo urbanista desbancou 26 projetos.
Para celebrar a data, o Arquivo Público do Distrito Federal exibe a exposição gratuita “A cidade que inventei” na Câmara Legislativa até 30 de março. A mostra reúne painéis de 2,5 metros de largura por 1,3 metro de altura, e apresenta croquis, frases e desenhos do arquiteto, além de fotos da construção da cidade na década de 1950.
Palco dos Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro apresenta diversos exemplares da Arquitetura Moderna brasileira que merecem uma visita. Confira uma seleção de obras icônicas que se localizam no Rio e em Niterói:
Planejador, preservacionista e pensador moderno, Lúcio Costa (27 de fevereiro de 1902 - 13 de junho de 1998) é o responsável pelo plano de Brasília, de 1957, que fez da capital nacional um monumento do modernismo. De personalidade firme e muitas vezes controversa, as contribuições de Costa para a arquitetura brasileira ajudaram a definir o modernismo nacional que continua até hoje a influenciar a arquitetura contemporânea produzida no Brasil.
"Marianne Peretti é uma artista de excepcional talento. Os vitrais maravilhosos que criou para a Catedral de Brasília são comparáveis, pelo seu valor e esforço físico, às monumentais obras da Renascença. Sua preocupação invariável é inventar coisas novas, influir com seu trabalho no campo das artes plásticas." Oscar Niemeyer.
Única mulher a fazer parte da equipe de Niemeyer em Brasília, a artista plástica franco-brasileira Marianne Peretti deixou sua marca na capital federal. Autora dos vitrais de algumas das obras mais emblemáticas do modernismo brasileiro, como o Congresso, Palácio do Jaburu, Memorial JK e Teatro Nacional, Peretti tem em sua obra uma combinação de grandeza, leveza e transparência – aspectos vistos também na própria arquitetura de Oscar em Brasília.
A ideia do Plano Piloto de Brasília pode ter surgido "já pronta", segundo seu autor, mas se apoia numa vasta cultura teórica e está inserida no contexto do pensamento da sua época. Das cidades-jardins à separação do tráfego e da monumentalidade clássica à destruição do quarteirão, é um universo amplo e, por vezes, contraditório que está sintetizado no projeto de Brasília.
“Na esteira da industrialização, surgiram novos materiais e novas formas de se estruturar a vida nas cidades. A arquitetura e o urbanismo encamparam com entusiasmo o modernismo, criando artefatos que impactariam para sempre a história. Brasília é um exemplo vivo dessa fase e a Superquadra se consagra como uma das mais abarcantes e longevas experiências modernistas. Entretanto, a expansão da cidade vem desconsiderando a proposta e o conhecimento gerado sobre como se fazer uma cidade melhor.”
É assim que Mário Salimon apresenta seu curta-metragem “Superquadras”, lançado há pouco mais de três meses com o apoio financeiro do Fundo de Apoio à Cultuda do Distrito Federal (FAC-DF).