Em termos de ativismo, a interrupção é um elemento necessário para um protesto eficaz. Quando atos de perturbação se espalham pelo domínio público, eles criam espaços por meio de bloqueios, defesas e reivindicações territoriais, dando origem à "arquitetura de protesto". Esse conceito é o foco da exposição organizada pelo DAM - Deutsches Architekturmuseum e pelo MAK - Museum für Angewandte Kunst, de Viena. Intitulada Protest/Architecture. Barricades, Camps, Superglue, o evento apresenta uma coleção de maquetes, fotografias e filmes sobre a arquitetura de protesto em todo o mundo. A exposição, com curadoria de Oliver Elser e assistência curatorial e pesquisa de Anna-Maria Mayerhofer, estará aberta até 14 de janeiro de 2024 no DAM OSTEND em Frankfurt.
Manifestações: O mais recente de arquitetura e notícia
Arquitetura e protesto: exposição aborda o papel da arquitetura em movimentos ativistas
Lugares de protesto na África: espaços públicos para engajar e promover a democracia
O protesto é uma ferramenta poderosa para gerar mudanças e os espaços públicos sempre foram uma plataforma para o engajamento social nas sociedades. No dia 15 de setembro foi comemorado o Dia Internacional da Democracia e para celebrar a data examinamos a África, os protestos emergentes do último ano e como os cidadãos de vários países africanos contestam a justiça política, exigem melhores condições de vida aos governos e questionam a soberania de suas nações.
Com manifestações que vão desde grandes marchas organizadas até movimentos espontâneos menores, os habitantes desses países ocupam os espaços públicos de maneiras simbólicas e significativas para amplificar suas vozes. Esses espaços incluem praças públicas com significado cultural e histórico, edifícios políticos ou áreas de protesto improvisadas, como estradas e locais abertos. Por meio disso, as cidades africanas mostram como as pessoas tornam esses espaços seus e como o poder de sua confluência não pode ser ignorado ao revelar a essência democrática dos espaços públicos.
Como alguns bairros estão usando o grafite para protestar contra a gentrificação
O grafite, como forma de arte, tem uma relação complexa com a gentrificação. Por um lado, ele envolve as ruas e o tecido urbano como uma tela para as pessoas se expressarem cultural, social e politicamente. Essa expressão pode ser uma forma de rebelião por minorias étnicas e grupos desfavorecidos em certos bairros, ou pode construir um senso de singularidade cultural e expressão social, conferindo a um bairro um caráter positivo e atraindo novos moradores. No entanto, ao longo dos anos, ele tem sido um agente de gentrificação, aumentando os valores imobiliários para acomodar residentes mais ricos e alienando as comunidades mais antigas.
Em certos casos, os artistas reconhecem seu papel nesse esquema urbano e modificam sua forma de arte por meio de seu estilo, mensagem, localização e ação como formas diretas de protesto contra a gentrificação. De Brixton, Shoreditch e Hackney em Londres, Williamsburg e Bushwick em Nova York, até o Canal Saint-Denis e Belleville em Paris, o uso do grafite nas paisagens urbanas desses bairros pode protestar ou inspirar diferentes formas de desenvolvimento.
Elo com o vivido: a memória e suas espacialidades
Tudo aquilo que é construído, pela força e trabalho físico e intelectual do homem, tem significado. É na matéria que encontramos resquícios de antigas civilizações, e a partir desses registros entendemos suas características, as tecnologias envolvidas e sua organização social. As cidades e os grandes centros urbanos têm camadas e camadas de acontecimentos que ficam registrados em suas ruas, edifícios, praças e parques. Muitas vezes, a depender do desenvolvimento do lugar, essas evidências vão sendo apagadas, desconsideradas e alteradas.
Memorial para as vítimas de feminicídio em espaços públicos na Cidade do México
No dia 8 de março de 2021 diferentes manifestações foram realizadas por ocasião do Dia Internacional da Mulher incluindo a #8M na Cidade do México que tem como objetivo tornar visível e exigir justiça diante da onda de feminicídios que ocorre todos os dias em todo o país e que aumenta a cada ano. Ela, por sua vez, tem desencadeado outras várias manifestações como a de 16 de agosto de 2019 e a de 8 de março de 2020, onde milhares de mulheres se reuniram para se manifestar de forma pacífica (e violenta), transgredindo o espaço público e deixando como resultado, diversos danos nas ruas, nos transportes públicos e principalmente - durante a marcha de 16 de agosto de 2019 - no Monumento ao Anjo da Independência (que ainda se encontra em processo de restauração), atitudes pelas quais o movimento feminista foi desacreditado com os danos sendo superpostos às demandas manifestadas.
Seres humanos vivendo junto: manifestações, festividades e conflitos vistos de cima
Até 2050, estima-se que a população mundial atingirá 9,7 bilhões de pessoas, o que significa um crescimento de 2 bilhões de habitantes nos próximos 30 anos.
Com o aumento populacional no planeta, é esperado que além do agravamento de questões já enfrentadas hoje, surgirão novos desafios a serem enfrentados. Como viveremos juntos?, tema da Bienal de Arquitetura de Veneza postergada para 2021, busca instigar discussões e propostas em torno do papel da arquitetura em momentos de acirramento das diferenças políticas, da intolerância e do crescimento da desigualdade econômica.
Espaços públicos: lugares de protesto, manifestação e engajamento social
Por definição, “espaço público” é uma terminologia que aborda a noção de propriedade da terra, sugerindo que esse não pertence a ninguém em particular, mas ao próprio estado e portanto, a todos e cada um de nós. Isso significa que a manutenção destes espaços é uma obrigação que recai sobre as administrações públicas, seja em âmbito municipal, estadual ou federal. Abertos, gratuitos e acessíveis, espaços públicos encontram a sua relevância não apenas em suas definições legais, mas principalmente quando assumem um papel ativo em direção à mudança.
Espaços públicos são lugares de protestos e manifestações – poderosas ferramentas de expressão social e transformação política. Desde a marcha em Washington por melhores oportunidades e liberdade de expressão em 1963, passando pela Primavera Árabe em 2010 até a mais recente onda mundial de manifestações em defesa da vida e contra toda forma de discriminação racial, historicamente, espaços públicos operam como uma importante ferramenta de transformação social. Em momentos como esse, enquanto ainda precisamos “ir às ruas” para lutar por nossos direitos, para nos fazer ouvir e sermos vistos, os espaços públicos finalmente voltam à estar no centro das atenções – lançando uma nova luz sobre o seu importante papel na construção da identidade coletiva e como ferramenta de expressão social.
IAB-RJ promove debate sobre as recentes manifestações que ocorrem no Brasil
O Instituto de Arquitetos do Brasil do Rio de Janeiro (IAB-RJ) promove amanhã, 8 de julho, às 18h, um debate sobre as recentes manifestações que ocorrem no Brasil e os aspectos relacionados à arquitetura e ao urbanismo. O evento também pretende refletir sobre os temas trazidos pelas ruas à luz da experiência do Rio de Janeiro.
Lançamento do livro “Cidades rebeldes - Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil” e ciclo de debates
Na esteira dos recentes protestos que abalaram o país, a Editora Boitempo lança “Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil”. Trata-se do primeiro livro impresso inspirado nos megaprotestos que ficaram conhecidos como as Jornadas de Junho, além de ser o principal esforço intelectual até o momento de analisar as causas e consequências desse acontecimento marcante para a democracia brasileira. Escrito e editado no calor da hora, em junho e julho, Cidades rebeldes é um livro de intervenção, que traz perspectivas variadas sobre as manifestações, a questão urbana, a democracia e a mídia, entre outros temas.
A editora realiza, no dia 22 de agosto, um ciclo de debates sobre o direito à cidade e as "Jornadas de Junho", em São Paulo e no Rio de Janeiro, com alguns dos autores do livro. Veja abaixo os locais e datas dos debates.
Hangouts On Air – A importância da praça pública e da internet para as trocas de ideias
Manifestações em diversas capitais brasileiras contra o aumento das tarifas de transporte público (sim, isso também entra na pauta dos protestos), mas sobretudo contra a inércia social e política na qual o país se vê mergulhado há muito tempo, marcam um momento que não poderia ser mais propício para o lançamento da nova ferramenta do Google - Hangouts On Air – que permite transmissões de vídeo entre várias pessoas e que podem compartilhadas ao vivo para um público maior.