O prédio do Virtual Museum of Art, o primeiro museu totalmente digital do mundo. Foto: Divulgação
Em um ano profundamente marcado pelas relações virtuais, uma temporária supressão dos espaços públicos das cidades e uma profusão de mostras e exposições em meio digital, foi inaugurado o Virtual Online Museum of Art (Voma), primeiro museu de arte totalmente virtual do mundo. Localizado em um contexto tão intangível quanto toda a proposta – pode ser às margens de um lago ou uma enseada, não se sabe ao certo – o edifício virtual tem uma arquitetura peculiar, composta por volumes complexos não muito claros e uma materialidade simulada que faz lembrar concreto pigmentado.
The Louvre Pyramid. Photo by Daniele D'Andreti on Unsplash
Não são poucos os edifícios históricos ao redor do mundo que necessitam, não sem certa urgência, de um projeto de reforma, restauro ou reaproveitamento. Ao longo das últimas décadas, centenas de estruturas obsoletas foram reinventadas, expandidas ou re-significadas para acolher novos usos e programas, permitindo-as a seguir existindo em um mundo onde tudo aquilo que não é mais útil, desaparece. Museus são as principais entidades que "adotam" este tipo de edifícios, trazendo-os de volta à vida. Alguns edifícios históricos insistem em não se render às agruras do tempo, muitos deles passam a ser re-significados para abrigar novos usos. Eles se transformam, evoluem para assumir novas formas que dão voz a resiliência do legado histórico da humanidade. Projetos de intervenção e adaptação tem demonstrado que até mesmo diferentes estilos de arquitetura, ou diferentes camadas temporais sobrepostas, são muito bem vindas quando se trata de proteger o nosso patrimônio arquitetônico.
A seguir, listamos dez projetos que ilustram este tipo de intervenção arquitetônica, onde passado, presente e futuro se sobrepõe para recriar e dar novo significado a estruturas históricas que um dia, estiveram ameaçadas de desaparecimento.
Assim como escolas, restaurantes, centros comerciais e outros locais de aglomeração de pessoas, os museus ao redor do mundo tiveram que fechar as portas com a chegada da Covid-19. Hoje, algumas cidades, onde as taxas de contágio diminuíram significativamente, estão se preparando para a reabertura das atividades consideradas não essenciais. Como parte deste grupo, os museus, que durante o período de isolamento buscaram novas formas de se conectar com o público à distância, devem agora se adaptar a uma nova forma de receber os visitantes.
Em meio a um período de restrições e isolamento, não é apenas o aspecto social que fica submetido ao distanciamento. O hábito de visitar museus e exposições também teve de ser interrompido na vida dos brasileiros e, apesar da experiência física frente às obras sempre representar uma oportunidade inesgotável de apreensão do impacto da imagem, a possibilidade de conhecer mostras e edifícios de museus online representa uma forma de manter preenchido este espaço no cotidiano de todos. As visitas online também são interessantes por viabilizarem o acesso à arte e à cultura de forma mais ampla e facilitada, e podem ser um estímulo àqueles que não têm por hábito na vida este tipo de atividade, para que um possível interesse se desperte e, passado o período de fechamentos, fomente a participação ativa no circuito museológico e artístico disponível nas cidades.
Museus são organizações complexas: curadores, arquitetos de exposições, restauradores, editores e profissionais de marketing precisam trabalhar juntos para garantir que as obras de arte em galerias e exposições sejam exibidas adequadamente ao público. Para esse processo, é fundamental o uso de vitrines eficazes, as quais devem proteger a arte e destacá-la esteticamente. Abaixo, delineamos algumas dessas considerações visuais e práticas com exemplos fotográficos da Goppion, dando algumas indicações de como alguém deve escolher quais casos de exibição usar.
Os espaços internos de museus, por meio de exposições, constroem narrativas que atribuem lógica e sentido (em outros contextos talvez não existentes) aos objetos expostos. Isto é, os recursos utilizados em uma mostra são capazes de conferir significados à medida em que são estabelecidas as conexões não só entre as peças expostas, mas também entre o projeto expográfico e a obra de arte.
Parcialmente destruído por um incêndio em 2015, o Museu da Língua Portuguesa passou por longo processo de restauro e já tem data para reabrir suas portas: 27 de junho de 2020. O anúncio foi feito por autoridades estaduais e municipais nesta segunda-feira, 16 de dezembro, em visita ao local.
A Revista Restauro, periódico independente voltado à publicação de artigos e entrevistas que tenham como foco as ações de preservação, conservação e restauro do patrimônio cultural, incluindo bens artísticos, museológicos, arquitetônicos e urbanos, lançará o seu primeiro número impresso para comemorar os três anos do periódico eletrônico. O intuito da revista é construir um espaço acessível para abrigar discussões criteriosas sobre as questões envolvidas na preservação. Desse modo, além de contribuir para o fortalecimento do debate entre acadêmicos e profissionais, o objetivo da publicação é difundir amplamente a temática da preservação, convidando um público mais amplo a acompanhar e participar ativamente
Um dos museus mais queridos pela população lusófona e de sucesso incontestável, o Museu da Língua Portuguesa se prepara para reabrir as portas após o incêndio que sofreu em 2015. A oportunidade de repensar a instituição e compreender sua própria relação com o público foram as principais premissas que foram de encontro com as novas necessidades de uso e desejos de melhoria que permearam todo o pensamento por trás da reabilitação do edifício.
Segundo Flávio Kiefer, os museus são tão antigos quanto a própria história da humanidade. Eles existem desde que o ser humano começou a colecionar e guardar objetos de valor em salas construídas especialmente para esse fim. Hoje, os museus são mais do que ambientes que organizam a história: seus programas são diversos e complexos, seus espaços flexíveis, e as inovações são constantes nas áreas de conservação, exibição e iluminação da obra de arte. O Arquicast da semana conversou com o arquiteto e especialista Carlos Eduardo Ribeiro sobre Arquitetura de Museus e todo o debate que envolve este prestigiado programa arquitetônico.
Álvaro Siza e Carlos Castanheira divulgaram o projeto de mais uma grande estrutura na Ásia, desta vez, para o Haishang Museum, localizado no distrito de Jiading, em Xangai, China. A proposta abrange um edifício para o museu e outras três estruturas menores - um pavilhão, uma casa de chá e uma ponte.
Quando perguntaram a Tadao Ando, arquiteto japonês vencedor do Prêmio Pritzker de 1995, qual seria o elemento mais consistente em sua obra, ele respondeu sem pestanejar: a luz. Através de sua arquitetura, Tadao Ando se apropria da luz e da sombra de uma forma quase coreográfica. Em determinados momentos, a sombra projetada em uma parede de concreto mais parece uma impressionante obra de arte. Em outros projetos são os reflexos na superfície d'água que transformam por completo a nossa compreensão do espaço. Sua abordagem arquitetônica enraizada na tradicional arquitetura japonesa e potencializada por um vasto vocabulário arquitetônico moderno, provocou profundas transformações em nossa disciplina durante a segunda metade do século XX colocando-o como uma das mais importantes figuras do regionalismo crítico. Cada um de seus projetos apresenta soluções individuais e profundamente conectadas à seus contextos específicos - como a Igreja da Luz, a Casa Koshino ou o Templo da Água-, aproximando a arquitetura tradicional japonesa à universalidade da arquitetura moderna. Ele foi capaz de reproduzir a luz difusa do interior das casas japonesas, filtrada pelas paredes de papel, através do uso criativo dos materiais e da simples configuração dos espaços.
O novo Museu Victoria & Albert Dundee, em colaboração com a Rapid Visual Media, acaba de divulgar uma série de imagens feitas com drones revelando o atual estado de construção do edifício, aquele que será o primeiro projeto de Kengo Kuma no Reino Unido. Inspirado na geografia escocesa, o novo V&A é uma estrutura que se projeta sobre o Rio Tay, na cidade de Dundee.
O novo museu à beira rio é conformado por mais de 2.500 painéis pré-moldados de concreto que revestem uma complexa estrutura de paredes curvas, criando sombras que vão variando ao longo do dia e do ano. Além de ser o primeiro projeto construído de Kuma no Reino Unido, o V&A de Dundee também será o primeiro museu da Escócia inteiramente dedicado ao design.
Nem todos os arquitetos têm a chance de projetar um museu. Por questões de orçamento, escala e forças externas ao campo da arquitetura que tornam complexa a realização de um equipamento desse tipo, conseguir a encomenda de um museu e concretizá-lo de fato talvez seja, para alguns escritórios, o ponto alto de suas trajetórias profissionais.
Para celebrar o Dia Internacional dos Museus, hoje, 18 de maio, compilamos algumas das obras de arquitetura museográfica mais relevantes publicados no ArchDaily no último ano. Veja-as, a seguir:
Novas imagens do Museu Nacional do Qatar, projetado por Jean Nouvel, foram divulgadas, mostrando o andamento das obras e os preparativos para a inauguração do edifício em dezembro deste ano. O projeto tem inspiração na rosa do deserto, uma formação mineral cristalizada, e busca criar um diálogo entre a forma fluida do museu e os objetos históricos que ele exibirá. De acordo com um recente comunicado de imprensa, o projeto “dará voz ao patrimônio do Qatar ao passo que celebra seu futuro."
https://www.archdaily.com.br/br/893436/em-construcao-museu-nacional-do-qatar-projetado-por-jean-nouvelNiall Patrick Walsh
Riken Yamamoto & Field Shop divulgou imagens de sua proposta para o Museu de Arte Taoyuan em Taiwan, tendo vencido um concurso internacional em 2018. Atuando como um portal simbólico para o coração da cidade, a visão do arquiteto era para um hub onde cada visita levasse a novas descobertas e experiências.
Chamado de “The Hill”, o esquema vencedor é definido por um telhado verde inclinado, abrigando obras de arte, pavilhões, árvores e um teatro ao ar livre. Sob o teto, uma estrutura chamada "The Cube" contém exposições permanentes e coleções, e estabelece uma ligação entre o museu e o Blue Pond Park além.
Steven Holl Architects venceu um concurso internacional para o projeto do Angers Collectors Museum e hotel adjacente na histórica cidade de Angers, na França. Trabalhando em colaboração com os empreendedores Compagine de Phalsbourg, o esquema de Holl inspira-se na fortaleza de Chateau d'Angers, do século IX, e procura conformar um novo portal cultural para a cidade.