A arquitetura, entendida como qualidade espacial e de projeto, é muitas vezes vinculada diretamente à riqueza, quase um artigo de luxo destinado a ser aproveitado por poucos em nossa sociedade, sobretudo quando nos referimos a projetos habitacionais em países com grande desigualdade social. Apesar da amplitude que a análise de projetos habitacionais pode ter, este texto pretende refletir sobre a produção de habitação coletiva atual, que tem na qualidade do ambiente construído um resultado derivado da compreensão da moradia como mercadoria e não como direito.
Mutirão: O mais recente de arquitetura e notícia
Direito de morar bem: quem tem acesso à moradia de qualidade?
As mulheres e o canteiro de obras autogestionário
Muitas vezes despercebida ou desconsiderada, a desigualdade de gênero na arquitetura traz consequências tanto às mulheres e suas carreiras quanto aos espaços e produtos criados. Há, porém, um nicho de trabalho dentro da construção civil que contradiz essa lógica, propondo a criar um espaço de trabalho mais igualitário. Este texto propõe uma reflexão sobre essa desigualdade e como ela é desafiada pelas práticas autogestionárias.
"O mais importante é o povo, esse povo de luta": Paula Constante sobre os movimentos de moradia em São Paulo
No final de 2020 foi lançado o documentário Os Mutirões da Leste 1, que traz a história do Movimento Sem Terra Leste 1 a partir de cada um de seus projetos. O documentário foi produzido e dirigido por Paula Constante, que se apresenta como “mãe, documentarista de atuação, arquiteta e mestre pela FAUUSP.” Ao contar a história de um dos movimentos sociais mais ativos da cidade de São Paulo, Paula e o MST Leste 1 nos mostram a importância da luta, do coletivo, da afetividade, e da responsabilidade que precisamos ter com a nossa atuação. Tivemos a oportunidade de conversar com Paula e discutir sobre essa experiência.
Arquitetura participativa: quando a comunidade se faz presente no processo projetual
A experiência do usuário facilmente pode se contrapor aos ideais de um projeto, principalmente quando espaços devem ser pensados para comunidades. Sendo assim, recorrer a uma arquitetura na qual os futuros usuários possuem poder de decisão representa um movimento no qual distintos pontos de vistas podem se aliar ao olhar do arquiteto para gerar um partido inovador.
O que é um mutirão?
Este artigo tem como objetivo explorar um termo que é amplamente utilizado para descrever a prática de trabalho coletivo auto organizada, mas que, ao mesmo tempo, carrega um significado de luta anti-hegemônica ao ser empregado como sinônimo de projetos autogestionários. Os mutirões remetem à uma reflexão da importância do trabalho coletivo, e da luta popular, e de como a prática arquitetônica, e a construção civil se relaciona com esses temas.
Trabalhador coletivo: de dentro e através do mutirão
Desde 2009 o programa federal Minha Casa, Minha Vida contratou a construção de 4,6 milhões de unidades habitacionais no Brasil. Dessas, 72,3 mil estão inseridas no Minha Casa, Minha Vida - Entidades, modalidade do programa que tem como objetivo tornar acessível a habitação para famílias organizadas dentro de associações ou movimentos de moradia. Nesse número estão as 396 unidades dos condomínios Florestan Fernandes e José Maria Amaral na Cidade Tiradentes em São Paulo, sob regime de auto-gestão pelo Movimento Sem Terra - Leste 1.
Este documentário, desenvolvido para a disciplina de Estúdio Vertical na Escola da Cidade, é fruto do contato direto com a obra em andamento do mutirão, e surge da necessidade de atualizar a discussão acerca da produção de habitação a partir do regime de mutirão autogestionário. Reunindo depoimentos, entrevistas e imagens de diferentes momentos da luta do movimento social e da construção do conjunto, o filme busca lançar luz à possibilidade de uma revisão do tema, reconhecendo-o como um processo emancipador e formador que resiste como importante contraponto à produção capitalista hegemônica de habitação popular.
"Trabalhador coletivo" e autonomia / Sérgio Ferro
Este texto integra o livro Usina: entre o projeto e o canteiro (Edições Aurora, 380 páginas), uma antologia a respeito dos 25 anos da assessoria técnica paulistana Usina CTAH, grupo de arquitetos e cientistas sociais que trabalha junto a movimentos populares produzindo habitação de interesse social por meio de processos autogestionários. O livro, organizado pelos pesquisadores Ícaro Vilaça e Paula Constante, vai ser lançado no dia de 31 de maio, às 19h, na Casa do Povo (Rua Três Rios, 252, Bom Retiro).