A Open House Madrid apresentou recentemente os vencedores dos “Premios Ciudad 2019”, um galardão criado com o intuito de reconhecer e celebrar as propostas mais inovadoras e socialmente comprometidas, as quais estão ajudando a construir o futuro melhor para as nossas cidades. Segundo os idealizadores do evento, “o prêmio foi concebido para homenagear projetos e iniciativas que contribuem com a qualidade de vida das pessoas através de projetos inovadores, fomentando a cultura da arquitetura e da inovação na Espanha.”
Paisaje Transversal: O mais recente de arquitetura e notícia
Conheça os vencedores dos Prêmios Cidade 2019 do Open House Madrid
5 pontos básicos para viver da arquitetura com dignidade
Este texto é a versão ampliada e traduzida para o português do artigo original "5 puntos básicos para una arquitectura digna", publicado em junho de 2017 no blog da Fundação Arquia.
Quando o Paisaje Transversal surgiu há 10 anos, na Espanha, uma das razões que também nos movia era exigir e propor uma profissão mais responsável e respeitosa com os próprios colegas e com o restante da sociedade. Naquele momento, víamos, e ainda vemos, uma das consequências mais perniciosas do ensimesmamento e a auto-suficiência da arquitetura, tanto no mundo profissional quanto (de forma superlativa) nas universidades, é a grave ignorância em torno de questões básicas como o trabalho, a gestão de negócios ou a lei, entre muitas outras.
Este desconhecimento generalizado imposto e auto-imposto com orgulho, por se tratarem de temas cinzentos e secundários, levou à prática um sistema anômalo onde, com demasiada frequência, explora, precariza e auto-precariza a profissão. E isso, naturalmente, acaba prejudicando os profissionais, a profissão e a sociedade.
Uma causa não evidente desse fenômeno vem do fato de que, em muitos casos, esse abandono de funções é voluntário, baseado em uma posição liberal não solidária e anti-sistêmica, ou causado pela precariedade de uma profissão que, em algum momento, esteve bem e que não quer assumir seu novo status.
Listamos abaixo cinco princípios que consideramos necessários para difundir e reivindicar para reconstruir uma profissão digna e responsável:
A Tripla Dimensão: uma metodologia para o projeto colaborativo do espaço público
Publicado originalmente como Desenho colaborativo do espaço público. A Tripla Dimensão, esta nova colaboração de Paisaje Transversal propõe uma metodologia específica, tanto para avaliar a qualidade do espaço público, quanto para facilitar o desenho urbano "se queremos transformar o espaço público em uma trama viva", explicam os autores.
O espaço público é o fluido que unifica a cidade, a trama que costura a edificação e tece as relações sociais, econômicas e ambientais; condiciona questões tão relevantes como a mobilidade, a convivência e o intercâmbio cultural de uma comunidade, assim como a qualidade ambiental que repercute diretamente sobre a saúde de todos.
O espaço público determina nosso dia a dia e nos oferece ou nega espaços de socialização. Trata-se, portanto, de um tema prioritário, tanto em termos de sustentabilidade das cidades, como na vida das pessoas que a habitam, uma questão com a qual devemos nos envolver, não só enquanto profissionais do urbanismo mas como todos os membros da sociedade. Para isso, é necessário que a população seja conhecedora dos fatores estabelecidos para habitabilidade e funcionalidade dos espaços públicos, além de reconhecer as características de uma moradia digna.
Como evitar que Amsterdã se transforme em um hotel? FairBnB pode ser a resposta
Intitulado originalmente como "FairBnB o cómo remediar que Ámsterdam se convierta en un hotel", neste artigo, o co-fundador de City Makers e membro da plataforma Fair City em Amsterdã, Sito Veracruz, mergulha no dilema urbano que enfrenta a cidade holandesa ante a pressão turística estimulada por plataformas como o Airbnb e o consequente aumento do valor da habitação para residentes.
Amsterdã é uma das poucas cidades onde alugar apartamentos através da Airbnb e outras plataformas similares é legalizado e regulamentado. É possível alugar um apartamento completo por 60 dias por ano sem registro. Também é legal alugar um ou dois quartos na casa sem um limite de tempo, para o qual você só precisa cumprir certos requisitos e informar a Câmara Municipal.
A cidade está entre as 10 principais cidades com mais acomodações oferecidas no site Airbnb, com 17.000 apartamentos listados, e pode se vangloriar de ser uma das poucas cidades do mundo que obtém um retorno econômico direto desses aluguéis. O acordo assinado entre Amsterdã e a Airbnb em 2014 inclui a obrigação da empresa de cobrar o imposto de turismo (5% do valor total de cada reserva) que reportou à cidade receitas de 5,5 milhões de euros no ano passado.
Como melhorar a mobilidade sem ser "anti-carros"?
São muitos os movimentos que reivindicam alternativas ao atual modelo de mobilidade nas cidades, feitas por e para a circulação de veículos e orientada pela antiga mentalidade urbanística que colocava o carro no centro de tudo. Os motivos também são muitos: melhorar a saúde das pessoas, começar a utilizar de forma mais racional os recursos econômicos na hora de nos movermos, diminuir os níveis de contaminação (tanto acústica quanto atmosférica), e, inclusive, a própria eficácia no momento de deslocamento, destinando o menor tempo possível.
Sim, nos referimos aos eternos e inevitáveis congestionamentos diários que todos enfrentam.
Então, se é vantagem para todos os setores, por que ainda não implantamos um sistema alternativo de mobilidade em nossas ruas? Há muitas respostas para esta pergunta. A começar pela resistência à mudança por parte dos cidadãos, à falta de prioridade dada a este assunto nos programas políticos e ao fato de não haver um modelo universal ou mágico que possa solucionar todos os problemas de uma vez em todos os lugares. Superando estas barreiras, podemos começar analisando quem usa de fato as ruas, quem não usa e seus motivos.
Quais ferramentas temos para projetar de forma colaborativa o espaço público?
Quando se trata de projeto, os canais que se abrem para a coleta de informações são vitais para o sucesso do processo. A diversidade e amplitude do público a quem se dirigem nossas perguntas, questões e interrogações é tão amplo que devemos pensar em processos que permitam que todos contribuam e, além disso, façam de modo construtivo sobre um jogo de tabuleiro comum, pois só assim, poderemos alcançar um projeto coletivo. Graças à nossa experiência, temos testado a eficácia de diferentes ferramentas e selecionamos as que para o Paisagem Transversal consideramos mais eficazes.
Como é sempre melhor dar exemplos para entender e aplicar o que fazemos na realidade, decidimos aproveitar o projeto em Torrelodones para mostrar essas ferramentas. Trata-se do projeto colaborativo de remodelação do parque Pradogrande, um parque com área de mais de 4 hectares localizado na parte da cidade de Madrid denominada como La Colonia e que se estende através do núcleo urbano. O atual uso do parque, assim como a diversidade de atividades que ele hospeda -há festas populares, outros eventos específicos, quadras esportivas, área infantil, canil, etc - torna ainda mais importante analisar junto a seus usuários cada mudança e cada reforma.
Então, como nos propomos escutar o parque e seus usuários?