Embora a indústria da construção esteja avançando em novos campos como nanotecnologia e impressão 3D há anos, ainda é uma das mais atrasadas em termos de tecnologia. Muitas das inovações permanecem apenas em fase experimental e, embora haja uma tentativa constante de reverter essa situação, ao mesmo tempo sabemos de um fato preocupante: a construção civil é uma das atividades que mais poluem e geram resíduos do mundo.
Reciclagem: O mais recente de arquitetura e notícia
Reciclados e biocompósitos: quais são os materiais do futuro
A inversão da ordem projetual através da reciclagem de materiais: uma entrevista com RUÍNA Arquitetura
A RUÍNA Arquitetura busca por uma maior consciência socioambiental, bem como a valorização dos materiais enquanto incentiva a reutilização como uma alternativa para a indústria da construção civil. Em sua prática, criam novas possibilidades para materiais recuperados, reduzem a quantidade de resíduos de demolição e, com eles, fornecem materiais de construção com um menor impacto ambiental. Em 2024, o escritório foi selecionado como parte das Melhores Novas Práticas de Arquitetura do ArchDaily por sua atenção ao contexto, visando minimizar o impacto no ambiente construído por meio do reuso eficaz de materiais e resíduos de construção. Sua participação na Trienal de Arquitetura de Sharjah de 2023 mostra como ideias locais podem alcançar reconhecimento global.
Pesquisadores australianos usam borracha de pneus velhos para produzir concreto
A borracha de pneus descartados pode substituir 100% dos agregados convencionais usados na fabricação de concreto. É o que descobriram os engenheiros da RMIT University, em Melbourne, na Austrália. O concreto fabricado com o material atende aos códigos de construção e prometendo ser um impulso para a economia circular.
O “concreto mais verde” usa a borracha de pneus que já não são mais usados no lugar de cascalho e brita. Segundo a equipe que desenvolveu o material, o novo concreto é mais leve e tem potencial para promete reduzir significativamente os custos de fabricação e transporte.
Fazer o edifício retornar ao solo: entrevista com a arquiteta e cientista Mae-ling Lokko
Agricultura e indústria alimentícia parecem ter pouco em comum com a arquitetura, mas é justamente a sobreposição destas três áreas que interessa à cientista e arquiteta filipino-ganesa Mae-ling Lokko, fundadora da Willow Technologies, com sede em Acra, capital do Gana. Trabalhando com reciclagem de resíduos agrícolas e materiais biopoliméricos, Lokko busca meios de transformar o chamado agrowaste em materiais construtivos.
Casas brasileiras: 10 residências com materiais reciclados
Segundo uma pesquisa realizada pela ABRECON (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição), houve, nos últimos anos, um crescimento na reciclagem de resíduos de construção e demolição (RCD) no Brasil. Segundo o relatório de 2015, o percentual de RCD reciclados no país naquele ano foi de 21%, enquanto em 2013 este total correspondeu a 19%.
O cenário, apesar de otimista, ainda não é ideal, e o crescimento de RCDs reciclados ainda é considerado pequeno. No Brasil, os resíduos da construção civil podem representar entre 50% e 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos. Ou seja, ainda é preciso defender uma prática comum de reciclagem e de reuso de materiais na arquitetura, sobretudo no contexto brasileiro.
Reciclagem de telhas: 15 exemplos de reuso na arquitetura contemporânea
Seja devido à demolição total ou parcial de um edifício, seja para reforma ou adaptação de uma estrutura existente — em busca de sistemas de cobertura mais eficientes —, telhas de barro e cimento são materiais que muito frequentemente acabam virando entulho. Devido ao seu baixo custo de produção, telhas não costumam ser recicladas e reaproveitadas cotidianamente, menos ainda utilizadas para cumprir outra função que não a de cobertura. Felizmente, somando-se a uma crescente conscientização sobre os custos ambientais da produção de materiais para a construção civil, a cada dia mais, arquitetos e arquitetas têm se comprometido a reciclar e reaproveitar resíduos de antigas estruturas obsoletas, estabelecendo uma arquitetura responsável e inovadora. A seguir, elencamos alguns recentes projetos que apresentam soluções alternativas para a reciclagem e reincorporação de telhas na arquitetura contemporânea, seja em paredes, fachadas, elementos de proteção solar, pisos e até mobiliário.
Economia circular no desenho urbano: sustentabilidade e envolvimento comunitário
Embora a economia circular seja frequentemente discutida em relação ao objeto arquitetônico através das lentes da reciclagem de materiais, projetos para desmontagem e passaportes de materiais, a estrutura é mais plenamente implementada na escala do bairro e da cidade. Sejam visões de comunidades circulares que sugerem algum nível de autossuficiência ou políticas postas em movimento pelas cidades, projetos em escala urbana exemplificam os princípios orientadores da economia circular, fornecendo um vislumbre do que uma versão completa dela pode oferecer. A seguir, explore as estratégias usadas em ambientes urbanos circulares, desde a arquitetura e materiais de construção até a produção de energia, gestão de resíduos e produção de alimentos, bem como os processos e operações que regem esses projetos, fornecendo insights sobre as condições que informam a circularidade.
Banheiro portátil é impresso em 3D usando lixo plástico
O estúdio espanhol Nagami usou equipamentos médicos descartados para criar um banheiro portátil. O material era de plástico e foi fundido para ser impresso em 3D. Em larga escala, o projeto poderia ser uma alternativa para espalhar banheiros públicos onde fosse necessário.
Foram necessários apenas três dias para o banheiro ficar pronto. O espaço é composto basicamente por três partes: a estrutura em si (em formato oval), uma porta de correr e o vaso. Além da tecnologia, chama atenção o design do projeto. Ao contrário dos banheiros químicos comuns, este é “esteticamente agradável”.
O que acontece com o saco de lixo depois que o colocamos na calçada?
Já estamos acostumados com campanhas de educação ambiental, algumas gerações mais recentes tiveram aulas na escola sobre o tema, as informações são bem simples e já estão marteladas na cabeça de muita gente: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Apesar disso por algum motivo a maioria ainda não consegue seguir a simples recomendação de separar os diferentes resíduos que descartamos diariamente: os orgânicos (passíveis de serem reaproveitados como adubo), os sólidos (passíveis de reciclagem) e finalmente os rejeitos (o que não é reaproveitável) que vão necessariamente direto para os aterros sanitários.
Pás de turbinas eólicas viram bicicletários na Dinamarca
Enquanto alguns países estão apenas começando a aproveitar seu potencial eólico, outros já estão substituindo turbinas antigas por modelos mais novos e eficientes. Com isso, surgiu a questão: o que fazer com as pás das turbinas, um imenso material de difícil reciclagem?
A tecnologia de energia eólica cresceu rapidamente nos últimos 15 anos. Dada a vida útil de 20 anos – das atuais pás de turbinas eólicas – elas precisarão ser descartadas em um futuro próximo. Pensando nisso, empresas do setor criaram o programa Re-Wind, que apoia pesquisadores de várias partes do mundo a buscarem alternativas para reuso dos materiais das turbinas. O projeto explora o potencial de reutilização das lâminas das pás em estruturas arquitetônicas e de engenharia.
Um (novo) fim para o entulho na cidade de São Paulo
De que forma um resíduo pode se tornar recurso? Ou melhor, quando que um resíduo deixou de ser um recurso? Porque a arquitetura contemporânea ainda constrói como se nossos edifícios fossem grandes titãs que sobreviverão às diversas eras e às adversidades? Essas são todas questões que passam pela mente de um recém-formado em arquitetura. Um dos desafios atuais da produção arquitetônica em uma metrópole como São Paulo é compreender que, após a demolição, o edifício não desaparece. O que nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos nos aponta?
Mesmo que latente, esta questão é ainda pouco debatida dentro da academia, espaço que deveria ser de proposições constantes de alternativas ao nosso estilo de vida. E mesmo que debatida, onde está seu retorno para a população? De que forma podemos difundir esses aprendizados? A educação ainda sim é a chave para a mudança de trilhos do nosso futuro.
RUÍNA lança catálogo de materiais de construção recuperados em demolições
Responsável por grande parte das emissões de carbono na atmosfera, a indústria da construção civil segue, a rigor, um percurso linear que se inicia da extração de recursos naturais, passa pela construção da edificação e termina em sua eventual demolição – ou, em alguns casos, adaptação a outros usos. Buscando tensionar esse sistema, transformando-o em um processo circular, a RUÍNA, escritório paulistano fundado pelas arquitetas Julia Peres e Victoria Braga, lançou um catálogo de materiais de construção recuperados em demolições.
Repensando os ciclos de produção e uso dos materiais na arquitetura
Já ouviu falar em agrowaste design ou “design com agroresíduos”? É assim a arquiteta filipina-ganesa Mae-Ling Lokko intitula o seu trabalho, uma pesquisa pioneira sobre o uso dos biomateriais na arquitetura. Junto com a crescente demanda por produção de alimentos e habitação no século XXI, há um fluxo de recursos materiais de crescimento igualmente rápido na forma de subprodutos de agrotóxicos. Isso tem o potencial não apenas de fechar as lacunas do ciclo de vida de produtos, mas também de impulsionar formas de cidadania generativa por meio do upcycling.
Ling procura repensar os ciclos e uso dos produtos na construção civil através da economia circular, ou seja, nada é desperdiçado, tudo pode ser reutilizado, mesmo depois de obsoleto.
Caçando relíquias: elementos arquitetônicos e materiais reutilizados em novas obras
Alguns pesquisadores definem que o início do Antropoceno se deu com a Revolução Industrial, outros com a explosão da bomba nuclear ou até no advento da agricultura. Isso ainda não é um consenso científico. Mas a noção de que as atividades humanas vêm gerando alterações com repercussão planetária, seja na temperatura da Terra, nos biomas e ecossistemas, é algo cada vez mais disseminado. O antropoceno seria uma nova era geológica marcada pelo impacto da ação humana no planeta Terra. Isso é particularmente perturbador se considerarmos que se toda a história da Terra fosse condensada em 24 horas, os humanos só apareceriam nos últimos 20 segundos. Seja na extração massiva de recursos naturais, liberação de carbono dos veículos e indústrias, é sabido que boa parte da culpa é da construção civil, sobretudo na produção de resíduos sólidos, por conta de desperdícios e demolições. No Brasil, por exemplo, os Resíduos da Construção Civil podem representar entre 50% e 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos [1]. Muitos acabarão descartados irregularmente ou utilizados como aterros soterrados por tempo indeterminado.
Concurso Prémio Universidades Trienal de Lisboa Millennium bcp
As Universidades são centros críticos de produção de conhecimento e de inovação, e desde a criação da Trienal envolvemos estas instituições no programa das edições do seu evento mais emblemático. Convocam-se assim a participar, escolas de todo o mundo a fazer parte do programa central da 6.ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa para 2022.
O concurso está aberto directamente à área da arquitectura e também a disciplinas conexas, sejam estas das vertentes do projecto - como o urbanismo ou a arquitectura paisagista - de vertente técnica - como as tecnologias de construção ou de materiais - ou as
“Os materiais estão sendo produzidos de acordo com uma demanda fictícia”: uma conversa com Irene Roca
O projeto “Appropriating the grid”, de Irene Roca, nasce das ruínas contemporâneas de nossos processos de construção atuais. A exploração dos resíduos gerados e das complexidades jurídicas da sua eliminação despertou na arquiteta um sentido de urgência e criatividade, resultando numa recolha que molda e reformula os resíduos da construção em objetos versáteis de design de interiores.