Com o agravamento da emergência climática em escala global, um contingente cada vez maior de pessoas é forçado a abandonar suas casas devido a catástrofes naturais, secas e outros fenômenos meteorológicos. Esses deslocados são frequentemente referidos como “refugiados climáticos”. Esta crise humanitária exige ação imediata, mas antes é preciso entender quem são essas pessoas e de que maneira a comunidade internacional pode abordar de forma apropriada essa problemática crescente.
Refugiados: O mais recente de arquitetura e notícia
O que é refúgio climático?
Norman Foster Foundation e Holcim desenvolvem abrigos modulares para bem-estar de refugiados
Muita gente precisa de abrigo. Guerras, eventos climáticos extremos, fome… Infelizmente estes eventos são frequentes e geram migrações em grande escala. Receber pessoas que estão em uma situação extremamente vulnerável é um desafio. Garantir conforto, bem-estar e acolhimento é uma questão humanitária. Hoje são cerca de 103 milhões de pessoas deslocadas no mundo, e as mudanças climáticas podem aumentar muito este número.
Shigeru Ban apresenta protótipo de habitação temporária para vítimas do terremoto na Turquia e Síria
Shigeru Ban Architects, em colaboração com a ONG Voluntary Architects’ Network, desenvolveu uma versão aprimorada da habitação temporária projetada para ajudar as pessoas afetadas pelo recente terremoto na Turquia e Síria. O novo protótipo representa uma atualização do sistema de tubos de papelão implantado no noroeste da Turquia após o terremoto de 1999. Esta nova versão leva em consideração questões de eficiência e a necessidade de minimizar o tempo de construção no local.
Snøhetta projeta novo Tribunal Nacional de Refugiados em Montreuil, França
O escritório de arquitetura e paisagismo norueguês Snøhetta foi escolhido para projetar o novo Tribunal Nacional de Asilo para Refugiados e o novo Tribunal Administrativo de Montreuil, na França. A proposta reúne as duas instituições em um único local cercado por áreas verdes. O projeto inclui o desenho dos edifícios, paisagismo, sinalização, interiores e mobiliário. As obras devem iniciar em 2024, com conclusão prevista para 2026.
“Nossos projetos levam a descobertas”: uma conversa com Oleg Drozdov
No início deste ano, a invasão russa à vizinha Ucrânia forçou milhões de pessoas a fugir de suas cidades e do país em busca de segurança. Conversei com um dos principais arquitetos da Ucrânia, Oleg Drozdov, que foi forçado a mudar seu escritório e a escola de arquitetura que ajudou a fundar em Kharkiv, para Lviv, mil quilômetros a oeste, próximo à fronteira polonesa. Sua equipe de arquitetos e professores retomaram seu trabalho apenas algumas semanas após o início da guerra.
6 Meses de guerra na Ucrânia: iniciativas de preservação, abrigos temporários e medo de acidentes nucleares
Acabamos de ultrapassar a marca de seis meses desde que a Rússia iniciou guerra e invadiu cidades na Ucrânia, causando destruição em escala local e global. Desde o início da guerra, milhões de ucranianos foram obrigados a se deslocar internamente, perdendo suas casas, negócios e famílias. A UNESCO verificou danos em 139 localidades, incluindo 62 sítios religiosos, 12 museus, 26 edifícios históricos, 17 edifícios dedicados a atividades culturais, 15 museus e sete bibliotecas em Kiev, Chernihiv, Kharkiv, Zaporizhzhya, Zhytomyr, Donetsk, Lugansk e Sumy .
Para ajudar a mitigar as repercussões devastadoras da guerra sobre os ucranianos e o patrimônio do país, várias iniciativas humanitárias, de preservação e econômicas foram implementadas por ONGs e governos de todo o mundo.
Drozdov & Partners transforma escolas em abrigos temporários para desabrigados na Ucrânia
Um dos problemas mais urgentes enfrentados pelos ucranianos hoje é a situação incerta enfrentada pelos cidadãos deslocados, juntamente com o desafio de retornar às cidades que foram forçados a abandonar no início deste ano. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy compartilhou que os esforços para reconstruir a Ucrânia exigirão "investimentos colossais", e enquanto os líderes se reúnem para elaborar o “plano Marshall” para reconstruir o país, arquitetos locais já começaram a desenvolver moradias de emergência, e instalações de saúde e educacionais em cidades mais distantes da fronteira russa.
Como solução temporária para o deslocamento de ucranianos do nordeste e leste, a Drozdov & Partners, juntamente com o Replus Bureau e o Ponomarenko Bureau, começou a reformar abrigos para deslocados internos (IDPs) em Lviv e região, usando campi escolares e outras instalações como alojamentos temporários.
Cem dias de guerra na Ucrânia: UNESCO verifica danos em 139 locais
Sexta-feira, 3 de junho, marcou 100 dias de guerra na Ucrânia. Um dos muitos efeitos devastadores tem sido a destruição de ambientes urbanos e rurais. O patrimônio cultural e arquitetônico da Ucrânia está sob ameaça. Em 30 de maio, a UNESCO verificou danos em 139 locais afetados pela guerra em andamento. A lista inclui 62 locais religiosos, 12 museus, 26 edifícios históricos, 17 edifícios dedicados a atividades culturais, 15 museus e sete bibliotecas. Segundo a UNESCO, os edifícios mais afetados incluídos na lista estão em Kiev. Ainda assim, os danos também são encontrados nas regiões de Chernihiv, Kharkiv, Zaporizhzhya, Zhytomyr, Donetsk, Lugansk e Sumy. Isso representa uma avaliação preliminar de danos para bens culturais feita através da verificação cruzada dos incidentes relatados com várias fontes confiáveis. Os dados publicados serão atualizados regularmente.
Shigeru Ban cria sistema de divisórias de papel em abrigos emergenciais para refugiados ucranianos
A guerra na Ucrânia continua e o número de refugiados aumentou para 5 milhões, de acordo com a ONU. Reconhecido por seu envolvimento em ajuda humanitária, Shigeru Ban e a ONG Voluntary Architects' Network estão implementando um sistema de divisórias de papel (PPS) para abrigos emergenciais na Ucrânia e países vizinhos, projetado para fornecer alguma privacidade aos refugiados ucranianos. Desde o início de março, o PPS foi instalado na Polônia, Eslováquia, França e Ucrânia, por Shigeru Ban Architects e VAN, em colaboração com arquitetos locais e estudantes voluntários.
Crise de refugiados se agrava e profissão se mobiliza em apoio a designers e arquitetos ucranianos
No dia 24 de fevereiro de 2022 a Rússia iniciou uma invasão à Ucrânia, provocando a maior e mais rápida crise de refugiados da Europa moderna. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA), quase 6,5 milhões de pessoas foram deslocadas na Ucrânia, e 3,4 milhões delas saíram para países vizinhos desde o início da guerra. A crise humanitária uniu o mundo em protesto contra a violência militar direcionada a civis e provocou uma resposta global sem precedentes em apoio às iniciativas de ajuda. A comunidade da arquitetura também se uniu em apoio à Ucrânia, condenando a guerra, suspendendo trabalhos na Rússia e apoiando profissionais criativos ucranianos contratando seus serviços.
Uma crise de refugiados: guerra na Ucrânia desencadeia emergência humanitária
Na semana passada, o impensável aconteceu e a guerra voltou a acontecer na Europa. Mais de 520 mil pessoas já deixaram a Ucrânia — o maior êxodo de pessoas na Europa desde as guerras dos Bálcãs. A menos que haja um fim imediato das hostilidades, até 4 milhões de ucranianos devem deixar o país nos próximos dias ou semanas, segundo a ONU. A violência militar e os bombardeios indiscriminados em áreas residenciais e instalações civis, como hospitais e jardins de infância, agravam ainda mais a crise humanitária.
Instituições de arquitetura se unem em apoio à Ucrânia
Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia iniciou uma invasão em larga escala no território ucraniano. Sendo a maior crise de refugiados e o maior conflito armado no território europeu neste século até o momento, esta guerra está mobilizando pessoas em todo o mundo para pressionar as autoridades a encerrar o conflito armado. Personalidades e instituições do campo da arquitetura participaram desses atos de solidariedade, emitindo declarações, condenando ações e até encerrando atividades na Rússia. Da UIA ao MVRDV, e até organizações russas como o Instituto Strelka, o mundo da arquitetura está denunciando esses atos de violência e apoiando um cessar-fogo imediato.
Shigeru Ban e Philippe Monteil projetam abrigos para refugiados no Quênia com o apoio da ONU-Habitat
Desde 2017, a ONU-Habitat, juntamente com Shigeru Ban Architects, Philippe Monteil e a ONG Voluntary Architects' Network, desenvolveu várias tipologias de abrigos para um bairro piloto no Assentamento Kalobeyei, no Quênia. As Casas Turkana destinam-se a abrigar os sudaneses do sul e outros refugiados que vivem no norte do Quênia e não puderam retornar às suas aldeias originais devido a intermináveis guerras civis e conflitos. Ao contrário dos abrigos de refugiados típicos, essas estruturas foram feitas para fornecer um lar para longos períodos de deslocamento e as quatro tipologias desenvolvidas são informadas pela vasta experiência do Shigeru Ban Architects com projetos de suporte a desastres e as técnicas de construção da população local.
Hotelaria e a crise habitacional: recuperando a arquitetura abandonada
No mundo inteiro, os países estão enfrentando uma crise habitacional. As estatísticas das Nações Unidas estimam que o número de pessoas que vivem em moradias abaixo do padrão é de 1,6 bilhão, e 100 milhões de pessoas não tem acesso a uma casa. À medida que os conflitos e as mudanças climáticas forçam os refugiados a se deslocarem para novos países, e os preços das casas continuam a subir, as cidades estão tendo que buscar opções para fornecer moradia segura e acessível para seus habitantes.
Precisamos falar sobre o clima: arquitetura na construção e um futuro melhor para o continente africano
Quando pensamos em fenômenos migratórios, pensamos em movimento. Pensamos no fluxo de pessoas que se deslocam sobre a superfície da Terra em busca de pastagens mais verdes—de uma vida melhor para suas famílias. Mas a migração também nos faz pensar em conflitos e ameaças, na fome e no desespero em busca por sobrevivência. Historicamente, a guerra tem sido um dos principais motivos pelos quais as pessoas migram, a razão pela qual existem refugiados. A instabilidade, a falta de segurança e perspectiva em países como a Síria, o Iraque e a República da África-Central fizeram que ao longo dos últimos anos milhões de pessoas tivessem que abandonar suas casas, lançando-se em uma desesperada busca por refúgio além das fronteiras de sua terra natal. Somado-se a isso, existe também aqueles que são forçados a migrar para outros países por conta das consequências das mudanças climáticas na Terra—a esse fenômeno nos referimos como “a migração climática”.
Arquitetura do acolhimento: a dimensão subjetiva dos projetos de assentamentos para migrantes e refugiados
A ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, estima que em 2020 o número de pessoas obrigadas a deixar suas casas ultrapassou a marca de 80 milhões, o que equivale a mais ou menos 1% da população mundial. Destes, 67% são de apenas cinco países: Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar. Os motivos são inúmeros, desde conflitos bélicos até crises econômicas, políticas, ecológicas ou climáticas.
Embora seja um fenômeno mundial, baseado em dimensões geopolíticas, jurídicas e sociais, há também neste tipo de migração uma dimensão subjetiva, principalmente, porque os processos identificatórios de cada indivíduo se orientam a partir dos sistemas simbólicos que o rodeiam. Ou seja, além de enfrentar as dificuldades que o levaram a sair do seu país de origem, o refugiado também precisa lidar com os efeitos subjetivos agravados pela condição de “estrangeiro”, deixando-o à margem do sistema de representações simbólico-culturais estabelecido.
O papel da arquitetura na questão dos refugiados e migrantes latino-americanos
Juliana Coelho é arquiteta e urbanista com experiencia no setor humanitário, de desenvolvimento público e privado. Nos últimos três anos vem atuando no setor com o ACNUR, Agência da ONU para Refugiados. Durante este período, esteve envolvida no planejamento, design e implementação de 21 abrigos temporários, centros de trânsito e centros de recepção/documentação para refugiados e migrantes no Brasil, além de participar da elaboração de um plano de contingência e de projetos de melhoria de ocupações espontâneas e espaços cedidos prestando apoio técnico junto à Operação Acolhida, resposta do governo brasileiro ao fluxo de refugiados e migrantes venezuelanos para o Brasil que, neste ano de 2020, também incluiu ações de resposta à emergência da COVID-19.
Campos de refugiados: de assentamentos temporários a cidades permanentes
Segundo dados veiculados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), mais de 70 milhões de pessoas têm sido forçadas à abandonar suas casas ao longo dos últimos anos devido a conflitos, violência e catástrofes naturais, sendo que 26 milhões destas são consideradas refugiados de guerra. Em um contexto tão crítico, não podemos apenas continuar pensando em números. É preciso considerar, em primeiro lugar, que cada unidade desta conta representa uma vida – seres humanos que precisam de ajuda. Portanto, chegou a hora de superarmos este permanente estado de perplexidade e partirmos para a ação, isso porque situações como esta não se resolvem da noite para o dia – elas podem durar uma vida inteira. Na atual conjuntura, campos de refugiados não mais podem ser vistos apenas como estruturas temporárias, e é exatamente ai que os arquitetos podem fazer a diferença.
Quando lidamos com crises humanitárias provocadas por conflitos armados, não estamos falando de um fenômeno passageiro. Trata-se, na maioria dos casos, de um caminho sem volta. De fato, segundo o próprio Comissariado das Nações Unidas do Quênia, de todas aquelas pessoas que se veem forçadas a abandonar os seus países de origem ––e têm a felicidade de encontrar um lugar para viver––, “a maioria delas passam mais de 16 anos vivendo em estruturas temporárias.”