Como marco da arquitetura religiosa contemporânea de Portugal, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus opõe-se formalmente aos modelos tradicionais representando uma obra livre de estigmas historicistas. Fruto de um concurso de projeto organizado em 1960, ela se destaca por sua dimensão cívica, pelo papel urbano e pelo seu significado antimonumental e social. Ao integrar-se na malha regular do bairro das Avenidas Novas, este exemplar do Movimento de Renovação da Arte Sacra (MRAR) faz parte de um complexo paroquial maior que passa despercebido ao transeunte. Sua rua exterior cria um espaço público inesperado, convidando à entrada e à integração num adro onde arquitetura e cidade se fundem. Finamente trabalhada em termos de espacialidade, detalhes e luz, a Igreja reserva muitas surpresas a quem nela adentra.
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Rituais diários: espaços de culto e conexão espiritual dentro de casa
A casa é constantemente associada a um espaço sagrado, um lugar que acolhe e respeita diferentes sentimentos e sensações. Assim como Bachelard afirma, ela é o nosso refúgio no mundo, nosso primeiro universo, um cosmos real em cada acepção da palavra. Uma simbologia complexa a qual faz dela um espaço que não pode ser definido apenas pelos aspectos funcionais, como número de quartos ou tamanho dos banheiros. Nas entrelinhas das suas paredes, universos inteiros são acomodados.
O eruv enquanto artifício de territorialização das comunidades judaicas ortodoxas nas metrópoles
O eruv divide o público do privado, o secular do sagrado e o trabalho do shabat. O presente ensaio pretende entender como as tradições da cultura judaica se atualizaram ao longo dos séculos e convivem hoje com a dinâmica da metrópole, deixando marcas identitárias no espaço urbano. Ou seja, buscamos aqui o tensionamento entre as relações de comunidade, identidade e pertencimento, que constroem outras leituras, compressões e compartilhamentos nos espaços públicos da cidade.
A arquitetura religiosa ainda é relevante nos dias de hoje?
Algumas das mais importantes obras de arquitetura ao longo da história da humanidade se devem à religiosidade e espiritualidade do ser humano. Ao longo das últimas décadas, um crescente número de pessoas têm se importado cada vez menos com as práticas religiosas no sentido mais tradicional, isso não significa que a maioria delas seja completamente cética, mas o fato é que muitos destes monumentos arquitetônicos têm lentamente começado a perder parte de seu significado. Aquilo que Louis Kahn chamou de “imensurável” e Le Corbusier se referia como “inefável” estaria deixando de ser relevante para as pessoas?
A proposta do Vaticano para a Bienal de Veneza de 2018 - primeira participação do país no mais importante evento de arquitetura do mundo - é apresentada como “uma espécie de peregrinação não apenas religiosa, mas também cética”. Com isso, está cada vez mais evidente que o papel dos espaços “religiosos” está se transformando pouco à pouco, de espaços iconográficos para ambientes mais ambíguos que procuram refletir a "espiritualidade" de uma maneira mais ampla.
E o que isso significa? Ainda há espaço para a espiritualidade na arquitetura? É possível criar espaços religiosos abertos para pessoas de diferentes crenças e até mesmo para aquelas mais céticas? E o que faz com que um espaço seja dotado de "espiritualidade"?
Prêmio Faith & Form de Arquitetura Religiosa seleciona os melhores projetos de arquitetura sacra
Como a arquitetura religiosa contemporânea se adapta às necessidades do mundo moderno? Todos os anos, a revista Faith & Form e o Interfaith Forum on Religion, Art and Architecture (IFRAA) reconhecem o melhor da arte e arquitetura religiosas. Os vencedores deste ano incluíram 27 projetos que variam em termos de escala, localização e religião. Além disso, o prêmio reconhece hoje três tendências comuns na arquitetura religiosa: re-adaptação de instalações existentes, espaços sagrados baseados na comunidade e simplicidade de projeto. Veja, a seguir, os 27 vencedores.
Projeto busca requalificar a relação da Índia com o rio Ganges
A empresa Morphogenesis, com sede em Déli, concluiu recentemente uma proposta para um projeto que reabilita e desenvolve os ghats (escadarias que levam ao rio) e crematórios ao longo de um trecho de 210 quilômetros do rio Ganges, o rio mais longo da Índia. O projeto, intitulado "A River in Need", faz parte da Missão Nacional de Ganges Limpa (NMCG), uma empresa do Ministério dos Recursos Hídricos do Governo indiano formada em 2011 com dois objetivos: garantir uma redução efetiva da poluição do rio além de conservá-lo e revitalizá-lo.