“A demolição é um desperdício em todos os sentidos—um desperdício de energia, de materiais e também da nossa memória coletiva”, disse a arquiteta vencedora do Pritzker Anne Lacaton. Ao longo dos últimos anos, porém, a reciclagem de antigas estruturas e o reuso adaptativo de edifícios obsoletos se tornaram onipresentes no discurso arquitetônico contemporâneo, à medida que os profissionais estão se tornando mais conscientes sobre questões relativas aos resíduos, a exploração de recursos naturais e a pegada de carbono na industria da construção civil. Ainda assim, a prática de renovação e adaptação de estruturas existentes carece de consistência, especialmente quando tratamos de edifícios do pós-guerra. A seguir, procuramos analisar alguns dos muitos desafios e oportunidades dos projetos de renovação e reutilização de edifícios construídos durante a segunda metade do século XX, destacando como algumas destas estratégias podem desempenhar um papel significativo para minimizar o impacto da construção civil no agravamento da crise climática e na busca por construir cidades mais equilibras, ao mesmo tempo em que recupera importantes estruturas e lugares de memória.
Robin Hood Gardens: O mais recente de arquitetura e notícia
Reuso adaptativo e a renovação de edifícios brutalistas
Arquitetura brutalista: o monstro que todos amam
Certamente têm razão aqueles que dizem que as tendências aparecem tão rapidamente quanto subitamente desaparecem—na moda, na música, na arte e, especialmente, na arquitetura. O brutalismo tornou-se um estilo bastante popular ao longo da primeira metade do século XX, atingindo seu auge na década de 1970 para então cair no esquecimento, à medida que as tendências apontavam para edifícios de linhas puras, formas simples e atemporais. Mas hoje, praticamente meio século depois, o amor pelas superfícies brutas e rugosas do concreto aparente parecem estar ressurgindo com toda força.
Robin Hood Gardens de Alison e Peter Smithson começa a ser demolido
Iniciou-se oficialmente as demolições do projeto habitacional Robin Hood Gardens no leste de Londres, colocando um ponto final em qualquer possibilidade de preservação de um ícone da arquitetura brutalista do Reino Unido. Projetado pelos arquitetos britânicos Alison e Peter Smithson e concluído em 1972, os planos para a limpeza e reconstrução da área tem estado em pauta há mais de cinco anos, antes mesmo da indecisão do governo e de uma corajosa campanha de protesto liderada por arquitetos como Richard Rogers, Zaha Hadid, Robert Venturi e Toyo Ito, que questionava o plano.
Vídeo conta a história do projeto Robin Hood Gardens de Alison e Peter Smithson
O cineasta britânico Joe Gilbert realizou um breve filme sobre o projeto Robin Hood Gardens de Alison e Peter Smithson em Londres. Acompanhado por comentários de Timothy Brittain-Catlin, o filme apresenta a "história e o estado atual da obra a partir de uma série de imagens monocromáticas do projeto."
O que podemos aprender com o "novo brutalismo" dos Smithsons em 2014?
Alison Gill, posteriormente conhecida como Alison Smithson, foi uma das arquitetas brutalistas mais influentes da história. No ano em que completaria 86 anos, investigaremos como o impacto de sua arquitetura, produzida em parceria com Peter Smithson, ainda ressoa no século XXI, sobretudo no Pavilhão Britânico da Bienal de Veneza deste ano. Com o edifício Robin Hood Gardens, em Londres - um de seus mais famosos projetos de habitação social em grande escala - ameaçado de demolição, como pode seu estilo - aclamado por Reyner Banham em 1955 de "novo brutalismo", influenciar futuros projetos de habitação?