As ondas de calor, cada vez mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, representam um desafio crítico para o desenho dos espaços urbanos. As altas temperaturas exacerbam problemas de saúde pública, aumentam o consumo de energia e diminuem a qualidade de vida nas cidades. Para mitigar esses efeitos, é essencial que os espaços urbanos adotem estratégias para promover a resiliência e não apenas reproduzam formatos que não levam em conta o estresse térmico à qual muitos estão sendo submetidos.
Há tempos entende-se os benefícios dos espaços verdes urbanos, do contato com a natureza, com a água, com a terra, das vantagens relacionadas a saúde e ao bem-estar da população que convive com parques nos arredores de suas casas. Uma questão ainda mais reforçada depois do pânico instaurado durante o período da pandemia de Covid-19. No entanto, o momento atual traz à tona novamente o impacto dos modelos urbanos na vida contemporânea que lida agora com temperaturas extremas nunca antes vistas.
Sempre que a luz incidir sobre uma superfície haverá sombra, não importa o quão insignificante seja seu foco. Os contornos reais dificilmente serão visíveis, mas outras formas virão à tona nesse jogo de claro e escuro. No caso de serem projetadas pela dança solar, soma-se às sombras uma dinâmica latente que pode ser usada para intensificar fenômenos do cotidiano, quebrando a monotonia do espaço. Aberturas ortogonais em um longo corredor ou tramados de peças vazadas em um pátio são exemplos de elementos construtivos que criam manchas de luz e sombra trazendo, além do deleite estético, conforto térmico aos seus usuários. Dessa forma, torna-se evidente que esses elementos intangíveis são partes essenciais em um ambiente tanto que, muito antes de Louis Kahn declarar o poder das sombras, eles já vinham sendo manipulados.
A Pantone revelou sua Cor do Ano para 2023, 18-1750 Viva Magenta, uma cor "corajosa e destemida, cuja exuberância promove uma celebração alegre e otimista". A tonalidade se enquadra na família dos vermelhos e é inspirada no tom do extrato de cochonilha, um dos corantes mais preciosos usados historicamente para colorir tecidos, cosméticos e alimentos.
Compreender como as sombras vão agir numa área e ao redor dela é um entendimento necessário para garantir maior qualidade espacial. As sombras podem influenciar na iluminação natural - portanto, na percepção do espaço - e também em questões de conforto térmico. Sendo assim, mapear suas projeções e visualizar seus movimentos durante cada estação do ano pode ser fundamental para aprimorar o seu projeto. A boa notícia é que existem ferramentas simples que ajudam a visualizar isso na sua cidade e em ambientes naturais.
https://www.archdaily.com.br/br/979078/mapeando-a-sombra-nas-cidades-a-trajetoria-solar-em-ferramentas-digitais-e-interativasEquipe ArchDaily Brasil
Pantone revelou sua Cor do Ano para 2022;17-3938 Very Peri, uma cor totalmente nova "cuja presença corajosa estimula a inventividade e a criatividade pessoais". O tom origina na família da cor azul, mas com toques de vermelho e violeta, ilustrando a fusão dos nossos tempos modernos e como o mundo digital transformou o nosso mundo físico. Na arquitetura, os tons de azul pervinca e lavanda são usados há muito tempo em instalações, espaços comerciais e iluminação, incutindo um efeito geral tranquilizador, otimista e positivo na mente humana.
Embora uma obra de arquitetura nasça de materiais palpáveis, também se define por qualidades intangíveis que lhe conferem riqueza, dinamismo e vitalidade. Entre eles, o jogo de luz e sombra - com suas várias nuances - pode transformar ambientes e definir a percepção de suas formas, determinando a experiência espacial do usuário. As treliças, além de proporcionarem ventilação natural, privacidade e conforto térmico, permitem essa dualidade ao filtrar a entrada da luz solar enquanto projetam figuras repetitivas na superfície. Desta forma, através de paredes ou tetos perfurados, emergem padrões geométricos de luz e sombra que se tornam mais um elemento projetual; em um gesto físico capaz de criar atmosferas únicas.
Plan B Guatemala / DEOC Arquitectos. Image Cortesía de DEOC Arquitectos
“Aqui nos trópicos, é a sombra que refresca aquele que se reúne e, ao contrário do fogão, ela está em todo lugar”, diz Bruno Stagno ao explicar sobre a arquitetura tropical.
A Guatemala vem construindo sua sombra ao longo dos anos. Encontramos 3 exemplos que propõem respostas interessantes a este clima. Projetos que materializam tanto grandes telhados com inclinações para criar sombra e evacuar rapidamente as águas da chuva, quanto fachadas perfuradas que permitem o fluxo de ventilação.